EXPRESSO: Artigo

16-03-2008
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4/1/2003

Moeda única

Por Francisco Ferreira da Silva REUTERS Em Abril de 92, Portugal iniciou, pela mão de Cavaco, o longo caminho que o levou a estar no pelotão da frente do euro Aníbal Cavaco Silva definiu a integração de Portugal no pelotão da frente da moeda única como um desígnio nacional, mas quando o escudo aderiu, em Abril de 1992, pela mão do então ministro das Finanças, Braga de Macedo, ao mecanismo de taxas de câmbio do Sistema Monetário Europeu, poucos eram os que acreditavam nessa possibilidade. O cumprimento dos exigentes critérios de Maastricht - designadamente no que dizia respeito à baixa inflação, ao controlo do défice num patamar inferior ou igual a 3% do Produto Interno Bruto e da dívida pública até ao máximo de 60% do PIB - foi considerado missão impossível para Portugal. Aníbal Cavaco Silva definiu a integração de Portugal no pelotão da frente da moeda única como um desígnio nacional, mas quando o escudo aderiu, em Abril de 1992, pela mão do então ministro das Finanças, Braga de Macedo, ao mecanismo de taxas de câmbio do Sistema Monetário Europeu, poucos eram os que acreditavam nessa possibilidade. O cumprimento dos exigentes critérios de Maastricht - designadamente no que dizia respeito à baixa inflação, ao controlo do défice num patamar inferior ou igual a 3% do Produto Interno Bruto e da dívida pública até ao máximo de 60% do PIB - foi considerado missão impossível para Portugal. Mas, sob a batuta de Sousa Franco como ministro das Finanças, o país entrou por mérito próprio no comboio do euro e o Mundo despertou para aquilo que chegou a ser conhecido como «o milagre português». A 1 de Janeiro de 1999, o euro, ainda virtual, passou a ser utilizado em todas as transacções internacionais, com Portugal a ficar privado das políticas monetária e cambial, deixando assim de poder decidir eventuais desvalorizações da moeda - o euro a ter um valor fixo de 200,482 escudos -, e sem mandar na taxas de juro, que se aproximaram rapidamente da média europeia. O dinheiro mais barato e mais fácil de obter junto dos bancos, bem como o ciclo económico favorável, aliado a um discurso político triunfalista, fizeram alguns pensar que o país tinha passado a ser rico e as crises eram coisa do passado. A substituição de escudos por euros, a partir de 1 de Janeiro de 2002, provou, uma vez mais, que os portugueses são, entre os europeus, dos povos que mais facilmente se adaptam às mudanças, mesmo as que parecem difíceis. 2 Jorge Simão Constâncio, governador do Banco de Portugal, e Oliveira Martins, ministro das Finanças, apadrinharam a entrada em circulação do euro

COMENTÁRIOS

9 comentários 1 a 9

7 de Janeiro de 2003 às 18:40

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

Aliás,a fotografia de GOM e VC aí está!

6 de Janeiro de 2003 às 22:26

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

"brilhante intelectual".

6 de Janeiro de 2003 às 22:25

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

MUI SURPRESO

Guilherme d'Oliveira Martins é um brilhante actual: dizer que é palavroso, é outra "boutade" - só quem o não lê é que pode fazer uma afirmação dessas: "palavroso" é aquele que escreve muito sem conteúdo, o que, não é, manifestamente, o caso. De resto, não houve descontrolo das Finanças, como se pode ver pelo lado das despesas, mais arrefecimento da economia em toda a zona euro, com reflexo nas receitas. GOM traçou uma política de contenção que, nas suas grandes linhas, nunca foi explicitamente contestada nem pelo actual Governo, não obstante, aí sim, a verborreia da crise, sem aspas, que ela aí está, agora económica: agradeçam ao Governo PP-D (Partido Popular-Durão).

5 de Janeiro de 2003 às 18:34

ramos18 ( jrcontreiras@netcabo.pt )

Miguel Luís - Concordo com os seus comentários. Parabéns!

5 de Janeiro de 2003 às 16:36

surpreso

A adesão ao "euro" não é um acontecimento factual.Foi preparado

ao longo de anos,no que parecia ser impossivel resultou.Guterres limitou-se a colher factualmente o que vinha preparado.GOM não era o ministro das Finanças da altura.Pode ser um palavroso intelectual,mas infelizmente acabou o guterrismo como ministro das Finanças,como um piloto que ignora os instrumentos.Claro que dizer que Guterres nos ia fazendo sair é uma "boutade",mas,o facto é que descontrolou as contas publicas,bem longe do que se tinha comprometido.Infelizmente ainda há portugueses que defendem essa anedota...

5 de Janeiro de 2003 às 15:31

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

Sem esquecer o último Ministro das Finanças de António Guterres, um brilhante intelectual, GOM, escolha pessoal de AG. (Sair do euro com 3,6%, ou mais meio por vontade de DB? E a Alemanha, Itália, França, com défice à volta de 4%? Não nos atirem poeira para os olhos! Sejam objectivos e não partidários, não adulterem a História, por favor!

5 de Janeiro de 2003 às 15:00

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

Mas como é que se pode atribuir a entrada ao Ministro das Finanças sem atribuir ao Primeiro-Ministo António Guterres? E se ele esteve quase a conseguir a saída, por ser Primeiro Ministro, como não é responsável político pela entrada, sendo o mesmo Primeiro Ministro? Só uma mente enviesada não vê!

4 de Janeiro de 2003 às 16:01

surpreso

Só faltava atribuir méritos a Guterres na entrada para o "euro".Êle esteve quase a conseguir a saida...

4 de Janeiro de 2003 às 11:44

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

Se muitos se esquecem do Ministro Pina Moura na ultrapassagem dos três por cento, e falam do então Primeiro Ministro, é justo lembrar António Guterres na entrada da moeda única. Na altura, o PSD, com Manuela Ferreira à frente, dizia ser impossível cumprir os critérios de convergência, a não ser que se aumentassem os impostos. Guterres não só não os aumentou, como desceu o IRC e IRS, não aumentou, como ultrapassou os obstáculos não só orçamentais como políticos que se levantaram a nível europeu para a entrada de Portugal no Euro. Só os de memória curta esqueceram declarações de dirigentes europeus, como o Ministro das Finanças Holandês, na altura em que à Holanda presidia à União Europeia, levantando obstáculos à nossa entrada. É justo, pois, uma palavra para António Guterres, um esquecimento imperdoável do Expresso.

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4/1/2003

Moeda única

Por Francisco Ferreira da Silva REUTERS Em Abril de 92, Portugal iniciou, pela mão de Cavaco, o longo caminho que o levou a estar no pelotão da frente do euro Aníbal Cavaco Silva definiu a integração de Portugal no pelotão da frente da moeda única como um desígnio nacional, mas quando o escudo aderiu, em Abril de 1992, pela mão do então ministro das Finanças, Braga de Macedo, ao mecanismo de taxas de câmbio do Sistema Monetário Europeu, poucos eram os que acreditavam nessa possibilidade. O cumprimento dos exigentes critérios de Maastricht - designadamente no que dizia respeito à baixa inflação, ao controlo do défice num patamar inferior ou igual a 3% do Produto Interno Bruto e da dívida pública até ao máximo de 60% do PIB - foi considerado missão impossível para Portugal. Aníbal Cavaco Silva definiu a integração de Portugal no pelotão da frente da moeda única como um desígnio nacional, mas quando o escudo aderiu, em Abril de 1992, pela mão do então ministro das Finanças, Braga de Macedo, ao mecanismo de taxas de câmbio do Sistema Monetário Europeu, poucos eram os que acreditavam nessa possibilidade. O cumprimento dos exigentes critérios de Maastricht - designadamente no que dizia respeito à baixa inflação, ao controlo do défice num patamar inferior ou igual a 3% do Produto Interno Bruto e da dívida pública até ao máximo de 60% do PIB - foi considerado missão impossível para Portugal. Mas, sob a batuta de Sousa Franco como ministro das Finanças, o país entrou por mérito próprio no comboio do euro e o Mundo despertou para aquilo que chegou a ser conhecido como «o milagre português». A 1 de Janeiro de 1999, o euro, ainda virtual, passou a ser utilizado em todas as transacções internacionais, com Portugal a ficar privado das políticas monetária e cambial, deixando assim de poder decidir eventuais desvalorizações da moeda - o euro a ter um valor fixo de 200,482 escudos -, e sem mandar na taxas de juro, que se aproximaram rapidamente da média europeia. O dinheiro mais barato e mais fácil de obter junto dos bancos, bem como o ciclo económico favorável, aliado a um discurso político triunfalista, fizeram alguns pensar que o país tinha passado a ser rico e as crises eram coisa do passado. A substituição de escudos por euros, a partir de 1 de Janeiro de 2002, provou, uma vez mais, que os portugueses são, entre os europeus, dos povos que mais facilmente se adaptam às mudanças, mesmo as que parecem difíceis. 2 Jorge Simão Constâncio, governador do Banco de Portugal, e Oliveira Martins, ministro das Finanças, apadrinharam a entrada em circulação do euro

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9 comentários 1 a 9

7 de Janeiro de 2003 às 18:40

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

Aliás,a fotografia de GOM e VC aí está!

6 de Janeiro de 2003 às 22:26

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

"brilhante intelectual".

6 de Janeiro de 2003 às 22:25

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

MUI SURPRESO

Guilherme d'Oliveira Martins é um brilhante actual: dizer que é palavroso, é outra "boutade" - só quem o não lê é que pode fazer uma afirmação dessas: "palavroso" é aquele que escreve muito sem conteúdo, o que, não é, manifestamente, o caso. De resto, não houve descontrolo das Finanças, como se pode ver pelo lado das despesas, mais arrefecimento da economia em toda a zona euro, com reflexo nas receitas. GOM traçou uma política de contenção que, nas suas grandes linhas, nunca foi explicitamente contestada nem pelo actual Governo, não obstante, aí sim, a verborreia da crise, sem aspas, que ela aí está, agora económica: agradeçam ao Governo PP-D (Partido Popular-Durão).

5 de Janeiro de 2003 às 18:34

ramos18 ( jrcontreiras@netcabo.pt )

Miguel Luís - Concordo com os seus comentários. Parabéns!

5 de Janeiro de 2003 às 16:36

surpreso

A adesão ao "euro" não é um acontecimento factual.Foi preparado

ao longo de anos,no que parecia ser impossivel resultou.Guterres limitou-se a colher factualmente o que vinha preparado.GOM não era o ministro das Finanças da altura.Pode ser um palavroso intelectual,mas infelizmente acabou o guterrismo como ministro das Finanças,como um piloto que ignora os instrumentos.Claro que dizer que Guterres nos ia fazendo sair é uma "boutade",mas,o facto é que descontrolou as contas publicas,bem longe do que se tinha comprometido.Infelizmente ainda há portugueses que defendem essa anedota...

5 de Janeiro de 2003 às 15:31

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

Sem esquecer o último Ministro das Finanças de António Guterres, um brilhante intelectual, GOM, escolha pessoal de AG. (Sair do euro com 3,6%, ou mais meio por vontade de DB? E a Alemanha, Itália, França, com défice à volta de 4%? Não nos atirem poeira para os olhos! Sejam objectivos e não partidários, não adulterem a História, por favor!

5 de Janeiro de 2003 às 15:00

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

Mas como é que se pode atribuir a entrada ao Ministro das Finanças sem atribuir ao Primeiro-Ministo António Guterres? E se ele esteve quase a conseguir a saída, por ser Primeiro Ministro, como não é responsável político pela entrada, sendo o mesmo Primeiro Ministro? Só uma mente enviesada não vê!

4 de Janeiro de 2003 às 16:01

surpreso

Só faltava atribuir méritos a Guterres na entrada para o "euro".Êle esteve quase a conseguir a saida...

4 de Janeiro de 2003 às 11:44

MIGUEL LUIS ( miguelfonseca@netmadeira.com )

Se muitos se esquecem do Ministro Pina Moura na ultrapassagem dos três por cento, e falam do então Primeiro Ministro, é justo lembrar António Guterres na entrada da moeda única. Na altura, o PSD, com Manuela Ferreira à frente, dizia ser impossível cumprir os critérios de convergência, a não ser que se aumentassem os impostos. Guterres não só não os aumentou, como desceu o IRC e IRS, não aumentou, como ultrapassou os obstáculos não só orçamentais como políticos que se levantaram a nível europeu para a entrada de Portugal no Euro. Só os de memória curta esqueceram declarações de dirigentes europeus, como o Ministro das Finanças Holandês, na altura em que à Holanda presidia à União Europeia, levantando obstáculos à nossa entrada. É justo, pois, uma palavra para António Guterres, um esquecimento imperdoável do Expresso.

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