“A Palavra”, de Carl Dreyer (1955)

01-10-2009
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“A Palavra”, de Carl Dreyer (1955)

Por Guilherme d’Oliveira Martins

“A Palavra” de Carl Dreyer (1955) é uma das grandes referências da história do cinema.

Tendo como tema a fé e o milagre, sob a forte influência do pensamento do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard, o filme apresenta uma forte tensão existencial que lhe permite não só representar o tempo de transição em que foi concebido e produzido mas também assumir uma dimensão intemporal que hoje lhe concede uma aura muito especial.

O velho Morten Borgen e os filhos Mikkel e André começam por procurar Johannes o irmão mais novo que na sua loucura julga ser uma encarnação de Jesus Cristo. Inger mulher de Mikkel está grávida, tenta consolá-los. Entretanto as coisas precipitam-se, acontece o parto prematuro do filho de Inger, a que se segue a morte do recém-nascido. Isto enquanto Borgen discute com Peter a hipótese de casamento da filha deste com Johannes. Mas Inger não resiste e morre, como Johannes profetizara. Quando se prepara o funeral da jovem mãe, Johannes aparece, com uma surpreendente lucidez e acusa Mikkel de falta de fé por nada ter feito para fazer voltar à vida a mulher cuja alma, mas também o corpo, amava … E é a partir deste momento que o milagre ocorre, com o surpreendente regresso à vida de Inger, fazendo reviver o episódio de Lázaro.

Trata-se de uma adaptação da peça teatral homónima de Kaj Munk (1898-1944), pastor e dramaturgo, que Carl Dreyer viu em cena em 1932 – e que causou no cineasta uma forte impressão, obrigando-o a uma relação inteiramente nova com a espiritualidade.

“A paixão de Joana d’Arc” (1928), “O Vampiro” (1932), “Dias de Ira” (1943) e “Gertrud” (1964) são obras marcantes de Dreyer que permitem seguir um percurso de exigência ética, estética e religiosa em que o cinema e o pensamento se interinfluenciam. É a força da dignidade humana o grande tema perene de Dreyer.

Guilherme d’ Oliveira Martins

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“A Palavra”, de Carl Dreyer (1955)

Por Guilherme d’Oliveira Martins

“A Palavra” de Carl Dreyer (1955) é uma das grandes referências da história do cinema.

Tendo como tema a fé e o milagre, sob a forte influência do pensamento do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard, o filme apresenta uma forte tensão existencial que lhe permite não só representar o tempo de transição em que foi concebido e produzido mas também assumir uma dimensão intemporal que hoje lhe concede uma aura muito especial.

O velho Morten Borgen e os filhos Mikkel e André começam por procurar Johannes o irmão mais novo que na sua loucura julga ser uma encarnação de Jesus Cristo. Inger mulher de Mikkel está grávida, tenta consolá-los. Entretanto as coisas precipitam-se, acontece o parto prematuro do filho de Inger, a que se segue a morte do recém-nascido. Isto enquanto Borgen discute com Peter a hipótese de casamento da filha deste com Johannes. Mas Inger não resiste e morre, como Johannes profetizara. Quando se prepara o funeral da jovem mãe, Johannes aparece, com uma surpreendente lucidez e acusa Mikkel de falta de fé por nada ter feito para fazer voltar à vida a mulher cuja alma, mas também o corpo, amava … E é a partir deste momento que o milagre ocorre, com o surpreendente regresso à vida de Inger, fazendo reviver o episódio de Lázaro.

Trata-se de uma adaptação da peça teatral homónima de Kaj Munk (1898-1944), pastor e dramaturgo, que Carl Dreyer viu em cena em 1932 – e que causou no cineasta uma forte impressão, obrigando-o a uma relação inteiramente nova com a espiritualidade.

“A paixão de Joana d’Arc” (1928), “O Vampiro” (1932), “Dias de Ira” (1943) e “Gertrud” (1964) são obras marcantes de Dreyer que permitem seguir um percurso de exigência ética, estética e religiosa em que o cinema e o pensamento se interinfluenciam. É a força da dignidade humana o grande tema perene de Dreyer.

Guilherme d’ Oliveira Martins

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