currupto: Tiros nos Pés

20-05-2009
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A propósito das suspeições levantadas pelo PSD em relação a uma possível falta de isenção do Presidente do Tribunal de contas, Guilherme d' Oliveira Martins Era previsível! Apenas a manifesta incompetência, inabilidade e imaturidade(?!) política dos membros do governo pode justificar a nomeação para um cargo tão sensível de um “boy” rosa. Não alimentemos confusões. Não está em causa se o Presidente do Tribunal de Contas é ou não um bom profissional. De igual modo, não se contestam as suas características/qualidades pessoais. Mais, não obstante o ataque do PSD ter surgido pelo questionar simultâneo da idoneidade e da competência técnico-profissional, a verdade é que tal apenas ocorre pela inépcia do PS em proteger um dos seus quadros, atirando-o literalmente às feras. Para o PSD não importa aferir da justeza e/ou rigor do relatório apresentado pelo visado. O que está em causa é o conteúdo (altamente desfavorável a um dirigente do PSD, no caso, Manuela Ferreira Leite, muito próximo da linha de pensamento de Cavaco Silva), o modo (conferência de imprensa, i.e., apresentação pública) o contexto temporal (em período eleitoral decisivo para a eleição presidencial) e a forma (leia-se a proximidade/promiscuidade(?) de Guilherme d’Oliveira Martins ao PS e a coincidência do relatório apresentado ser profundamente favorável à agenda politico-mediática dos seus correligionários partidários).Ninguém, minimamente informado e moderadamente inteligente duvidará que o relatório apresentado se encontre muito divergente da realidade. Quando muito, terá sido alvo de uma maquilhagem por forma a conferir-lhe um carácter mais dramático, negro, trágico. Mesmo assim, não será credível tal cenário, pelo que as acusações do PSD configuram, obviamente, uma falácia de desresponsabilização. A direita sempre foi, aliás, useira e abuseira em tais expedientes.Alguém no seu perfeito juízo acredita que o Estado lucrou com a integração dos fundos de pensões de várias instituições na Segurança Social? É óbvio que não. Para mais tratava-se de uma operação de financiamento, leia-se, empréstimo. Alguém empresta dinheiro a alguém sem a devida compensação?Mas é também óbvio que o PSD não poderia, por questões de “identidade” do partido, por razões políticas mas, essencialmente, de ordem simbólica (é pública a proximidade de Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite em matéria de doutrina económica), engolir o golpe, sem ripostar. Os dirigentes do PSD, ainda que, não lhes cabendo razão, fizeram o que se esperaria: recusaram as acusações e, conseguirão capitalizar a opinião pública a seu favor.Por seu lado, o PS, esteve mal. Esteve mal quando nomeou um conhecido e destacado militante para presidir a um órgão de enorme responsabilidade e do qual se exige independência política. Esteve mal pela imagem que passou para a opinião pública ao nomear um ex-Ministro de um seu governo para um cargo que acima de tudo exige transparência, porquanto passou a imagem de estarem a ser colocados “boys” nos lugares-chave do aparelho de Estado, visando o seu controlo ilegítimo, violando o espírito e a letra da constituição. Esteve mal quando orquestrou e/ou permitiu a famigerada conferência de imprensa (alguém acredita que a posição de Guilherme d’Oliveira Martins foi tomada à revelia do partido, ou sem informação prévia isto, excluindo a hipótese de uma ardilosa manobra conspirativa urdida entre o Presidente do Tribunal de Contas e o seu partido), num contexto de campanha eleitoral.O PSD mais não fez que aproveitar a oportunidade e o convite que lhe foram feitos. Depois do adversário cometer um penalty estúpido, restava marcar. Ainda que, tendencialmente verdadeiras, as acusações do Presidente do Tribunal de Contas que deveriam capitalizar votos e a opinião pública a favor do PS, acabam por ter o efeito contrário, por força da inexistente autoridade moral de Guilherme d’Oliveira Martins porquanto, passou para o público a ideia de que se estava perante um ataque de cariz eleitoral à oposição com o intuito de conquistar votos.Correu mal...Não por causas directamente atribuíveis a Guilherme d’Oliveira Martins, antes sim, porque o PS, não o soube proteger e, mais, não se soube proteger. Não é necessária uma bola de cristal para adivinhar o que se seguirá. Se for sério, o Presidente do Tribunal de Contas, depois das dúvidas levantadas por PSD e CDS-PP, quanto à sua independência perceberá que não tem condições políticas e materiais para se manter no cargo e demitir-se-á. O PS e o Governo ficarão mal na fotografia por, depois de repetido o discurso moralizador até à exaustão, terem tentado, por meios ilegítimos, o controlo de sectores-chave do Estado. A oposição sairá, naturalmente, reforçada.Eis o preço do amadorismo, combinado com laivos de sede de poder e totalitarismo…


A propósito das suspeições levantadas pelo PSD em relação a uma possível falta de isenção do Presidente do Tribunal de contas, Guilherme d' Oliveira Martins Era previsível! Apenas a manifesta incompetência, inabilidade e imaturidade(?!) política dos membros do governo pode justificar a nomeação para um cargo tão sensível de um “boy” rosa. Não alimentemos confusões. Não está em causa se o Presidente do Tribunal de Contas é ou não um bom profissional. De igual modo, não se contestam as suas características/qualidades pessoais. Mais, não obstante o ataque do PSD ter surgido pelo questionar simultâneo da idoneidade e da competência técnico-profissional, a verdade é que tal apenas ocorre pela inépcia do PS em proteger um dos seus quadros, atirando-o literalmente às feras. Para o PSD não importa aferir da justeza e/ou rigor do relatório apresentado pelo visado. O que está em causa é o conteúdo (altamente desfavorável a um dirigente do PSD, no caso, Manuela Ferreira Leite, muito próximo da linha de pensamento de Cavaco Silva), o modo (conferência de imprensa, i.e., apresentação pública) o contexto temporal (em período eleitoral decisivo para a eleição presidencial) e a forma (leia-se a proximidade/promiscuidade(?) de Guilherme d’Oliveira Martins ao PS e a coincidência do relatório apresentado ser profundamente favorável à agenda politico-mediática dos seus correligionários partidários).Ninguém, minimamente informado e moderadamente inteligente duvidará que o relatório apresentado se encontre muito divergente da realidade. Quando muito, terá sido alvo de uma maquilhagem por forma a conferir-lhe um carácter mais dramático, negro, trágico. Mesmo assim, não será credível tal cenário, pelo que as acusações do PSD configuram, obviamente, uma falácia de desresponsabilização. A direita sempre foi, aliás, useira e abuseira em tais expedientes.Alguém no seu perfeito juízo acredita que o Estado lucrou com a integração dos fundos de pensões de várias instituições na Segurança Social? É óbvio que não. Para mais tratava-se de uma operação de financiamento, leia-se, empréstimo. Alguém empresta dinheiro a alguém sem a devida compensação?Mas é também óbvio que o PSD não poderia, por questões de “identidade” do partido, por razões políticas mas, essencialmente, de ordem simbólica (é pública a proximidade de Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite em matéria de doutrina económica), engolir o golpe, sem ripostar. Os dirigentes do PSD, ainda que, não lhes cabendo razão, fizeram o que se esperaria: recusaram as acusações e, conseguirão capitalizar a opinião pública a seu favor.Por seu lado, o PS, esteve mal. Esteve mal quando nomeou um conhecido e destacado militante para presidir a um órgão de enorme responsabilidade e do qual se exige independência política. Esteve mal pela imagem que passou para a opinião pública ao nomear um ex-Ministro de um seu governo para um cargo que acima de tudo exige transparência, porquanto passou a imagem de estarem a ser colocados “boys” nos lugares-chave do aparelho de Estado, visando o seu controlo ilegítimo, violando o espírito e a letra da constituição. Esteve mal quando orquestrou e/ou permitiu a famigerada conferência de imprensa (alguém acredita que a posição de Guilherme d’Oliveira Martins foi tomada à revelia do partido, ou sem informação prévia isto, excluindo a hipótese de uma ardilosa manobra conspirativa urdida entre o Presidente do Tribunal de Contas e o seu partido), num contexto de campanha eleitoral.O PSD mais não fez que aproveitar a oportunidade e o convite que lhe foram feitos. Depois do adversário cometer um penalty estúpido, restava marcar. Ainda que, tendencialmente verdadeiras, as acusações do Presidente do Tribunal de Contas que deveriam capitalizar votos e a opinião pública a favor do PS, acabam por ter o efeito contrário, por força da inexistente autoridade moral de Guilherme d’Oliveira Martins porquanto, passou para o público a ideia de que se estava perante um ataque de cariz eleitoral à oposição com o intuito de conquistar votos.Correu mal...Não por causas directamente atribuíveis a Guilherme d’Oliveira Martins, antes sim, porque o PS, não o soube proteger e, mais, não se soube proteger. Não é necessária uma bola de cristal para adivinhar o que se seguirá. Se for sério, o Presidente do Tribunal de Contas, depois das dúvidas levantadas por PSD e CDS-PP, quanto à sua independência perceberá que não tem condições políticas e materiais para se manter no cargo e demitir-se-á. O PS e o Governo ficarão mal na fotografia por, depois de repetido o discurso moralizador até à exaustão, terem tentado, por meios ilegítimos, o controlo de sectores-chave do Estado. A oposição sairá, naturalmente, reforçada.Eis o preço do amadorismo, combinado com laivos de sede de poder e totalitarismo…

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