.: Esquina . do . Mundo :.: Tudo (mais ou menos) na mesma

19-07-2005
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No rescaldo das "regionais" de ontem alguns factos merecem ser analisados.Não estando em causa a viória do PSD/, a verdade é que após quatro anos de investimento público sem precedentes os "laranja" aspiravam, legitimamente, a subir a votação. Desceram.No discurso de consagração, Jardim assumiu, indirectamente, que nem tudo tinha corrido bem:- "Acabou o "porreirismo". Vai começar a limpeza"!Como quem fala assim não é gago, e normalmente sabe o que diz, algumas "laranjas" vão cair. Se calhar por estarem demasiado... "maduras"! Curiosamente, nenhum membro do Governo foi considerado "culpado", ou seja, pela primeira vez Jardim decidiu manter todos os secretários, deitando por terra ambições de diversos quadrantes. Na Saúde e na Educação havia quem já sonhasse com uma promoção (rima é é verdade!)...Analisando os resultados do PSD/M, deve sempre salientar-se a descida no Funchal, concelho onde se decidem as eleições. E na capital, os social-democratas desceram quase quatro pontos percentuais. Mantiveram os quinze eleitos, mas viram o PS passar de seis para nove deputados. Já os socialistas beneficiaram do "desastre BE" - quem acha que Violante Saramago Matos é uma mais-valia não percebe nada de política - e da queda do PP, partido que acabou por, de forma injusta, "pagar as favas" da má governação da dupla Santana-Portas na Republica. O PS/M recolheu também dividendos do aumento do número de lugares atribuídos ao círculo. Lembre-se que o Funchal elegia 28 deputados, tendo, nestas eleições, eleito 29.Continuando a análise aos resultados do PSD/M, a perda de um mandato na Ponta do Sol era mais ou menos previsível. Fruto do "caso Lobo", mas também do trabalho feito pelo PS. Aqui, quem "venceu" foi o "laranja" Coito Pita. Brilhante a "jogada de antecipação" que o levou a candidatar-se pelo Funchal. Recorde-se que para além de deputado, Coito Pita é advogado, ou seja, lida nos meandros da justiça...Em São Vicente, João Carlos Gouveia, do PS, conseguiu chegar à Assembleia, "roubando" um lugar que era do PSD/M. As dissidências na familia Drumond tiveram muito a ver com o desfecho. Bem como o caso que envolve o presidente da Câmara, Duarte Mendes, e o Director Regional Daniel Figueiroa. Mais uma vez se prova que o PSD/M só pode quebrar... por dentro.Ainda a norte, no Porto Moniz, os "laranja" ganharam um lugar, tendo aumentado a votação em quase sete pontos percentuais. Influência das obras (nenhum concelho, tirando o Porto Santo, terá tido tanto investimento publico "per capita" como o Porto Moniz). Mas também do abandono a que foi votado, pela direcção do seu próprio partido, o candidato socialista Emanuel Câmara, que assim perdeu o mandato. É que Jacinto Serrão, Bernardo Trindade e Victor Freitas nunca pedoaram a Emanuel a posição que este manteve na "guerra" pela liderança parlamentar.E resumo, os social-democratas desceram a votação em sete dos onze concelhos da Região. as as subidas espectaculares na Calheta, no Porto Moniz ou em Santana acabam por atenuar o resultado. Diga-se, até, que Santana foi um concelho particularmente grato ao PSD/M, oferecendo o terceiro deputado aos "laranja". Lembre-se que o círculo apenas elegia dois parlamentares. Ontem, pela primeira vez, elegeu três.É fácil verificar que o PS/M é, a par do PSD/M - parece paradoxal, mas na Madeira não o é - o grande vencedor das eleições de ontem.Aumentou o número de votos e de deputados. Mais importante do que isso, ganhou uma liderança, ou seja, é a primeira vez, há muitos anos, que após umas eleições Legislativas Regionais o líder dos socialistas não é contestado, tendo a possibilidade de manter-se no cargo sem grande esforço, preparando os próximos anos e os próximos combates políticos. Aqui há mais um paradoxo. É que Jacinto Serrão é visto como um dos mais fracos (políticamente falando) líderes da história dos socialistas madeirenses. Pode então dizer-se que os números atingidos pelo PS/M ficaram a dever-se a vários factores entre os quais se destacam:- Algum descontentamento, ou cansaço, em relação aos sucessivos Executivos de Jardim;- Muito descontentamento com a actuação do Governo de Lisboa, liderado por Santana Lopes;- Desconfiança em relação ao comportamento de vários actores políticos ligados ao PSD/M, alimentada pelos recentes casos "Lobo" ou "Duarte Mendes";Em resumo, não me parece haver um "efeito-Serrão" na votação obtida pelos socialistas. Quando muito, o líder "rosa" pode vangloriar-se de um feito importante: manteve unidas as tropas em ano de eleições. O que já não é pouco.Jacinto Serrão acabou por beneficiar de uma conjugação de variáveis que não controla. A sua manutenção na "cadeira do poder" da Rua do Surdo é boa, a médio prazo, e aqui está o paradoxo... para o PSD/M.No rol de mágoas socialistas há a destacar a já referida saída de Emanuel Câmara, e a não eleição de um deputado em Santana, círculo de onde é originário o "homem da máquina" socialista, Victor Freitas. O conturbado processo de escolha dos candidatos teve enorme influência no resultado final obtido em Santana.Se a CDU teve um crescimento previsível - muito às custas do BE - já o CDS-PP desceu de forma quase trágica. Teve menos votos em todos os concelhos, perdeu um dos três deputados que elegera no Funchal e ficou muito aquém das expectativas na Calheta ou em Câmara de Lobos.Aquele que foi um dos partidos que mais e melhor oposição fez ao PSD/M na Assembleia Regional acabou por ser fortemente penalizado no momento decisivo. Razão: não se conseguiu descolar da coligação que governa, da forma que se sabe, o país.José Manuel Rodrigues tem sido um bom líder. Ontem, mostrou coragem e colocou o lugar à disposição, assumindo as responsabilidades políticas pelo resultado. Creio, contudo, que os militantes do CDS/PP da Madeira devem fazer justiça, reelegendo Rodrigues como líder do partido na Madeira.O Bloco de Esquerda fecha a galeria dos derrotados. Razão principal: a forma como decorreu o processo de transformação da UDP. A entrada de novos quadros foi feita à custa do afastamento de "velhos combatentes", companheiros de estrada de muitos anos de Paulo Martins e de Guida Vieira. O descontentamento era visível em muitos sectores dos "democrata-populares". Que ontem responderam. Abstendo-se, ou pior, votando... na CDU.Gonçalo Nuno Santos

No rescaldo das "regionais" de ontem alguns factos merecem ser analisados.Não estando em causa a viória do PSD/, a verdade é que após quatro anos de investimento público sem precedentes os "laranja" aspiravam, legitimamente, a subir a votação. Desceram.No discurso de consagração, Jardim assumiu, indirectamente, que nem tudo tinha corrido bem:- "Acabou o "porreirismo". Vai começar a limpeza"!Como quem fala assim não é gago, e normalmente sabe o que diz, algumas "laranjas" vão cair. Se calhar por estarem demasiado... "maduras"! Curiosamente, nenhum membro do Governo foi considerado "culpado", ou seja, pela primeira vez Jardim decidiu manter todos os secretários, deitando por terra ambições de diversos quadrantes. Na Saúde e na Educação havia quem já sonhasse com uma promoção (rima é é verdade!)...Analisando os resultados do PSD/M, deve sempre salientar-se a descida no Funchal, concelho onde se decidem as eleições. E na capital, os social-democratas desceram quase quatro pontos percentuais. Mantiveram os quinze eleitos, mas viram o PS passar de seis para nove deputados. Já os socialistas beneficiaram do "desastre BE" - quem acha que Violante Saramago Matos é uma mais-valia não percebe nada de política - e da queda do PP, partido que acabou por, de forma injusta, "pagar as favas" da má governação da dupla Santana-Portas na Republica. O PS/M recolheu também dividendos do aumento do número de lugares atribuídos ao círculo. Lembre-se que o Funchal elegia 28 deputados, tendo, nestas eleições, eleito 29.Continuando a análise aos resultados do PSD/M, a perda de um mandato na Ponta do Sol era mais ou menos previsível. Fruto do "caso Lobo", mas também do trabalho feito pelo PS. Aqui, quem "venceu" foi o "laranja" Coito Pita. Brilhante a "jogada de antecipação" que o levou a candidatar-se pelo Funchal. Recorde-se que para além de deputado, Coito Pita é advogado, ou seja, lida nos meandros da justiça...Em São Vicente, João Carlos Gouveia, do PS, conseguiu chegar à Assembleia, "roubando" um lugar que era do PSD/M. As dissidências na familia Drumond tiveram muito a ver com o desfecho. Bem como o caso que envolve o presidente da Câmara, Duarte Mendes, e o Director Regional Daniel Figueiroa. Mais uma vez se prova que o PSD/M só pode quebrar... por dentro.Ainda a norte, no Porto Moniz, os "laranja" ganharam um lugar, tendo aumentado a votação em quase sete pontos percentuais. Influência das obras (nenhum concelho, tirando o Porto Santo, terá tido tanto investimento publico "per capita" como o Porto Moniz). Mas também do abandono a que foi votado, pela direcção do seu próprio partido, o candidato socialista Emanuel Câmara, que assim perdeu o mandato. É que Jacinto Serrão, Bernardo Trindade e Victor Freitas nunca pedoaram a Emanuel a posição que este manteve na "guerra" pela liderança parlamentar.E resumo, os social-democratas desceram a votação em sete dos onze concelhos da Região. as as subidas espectaculares na Calheta, no Porto Moniz ou em Santana acabam por atenuar o resultado. Diga-se, até, que Santana foi um concelho particularmente grato ao PSD/M, oferecendo o terceiro deputado aos "laranja". Lembre-se que o círculo apenas elegia dois parlamentares. Ontem, pela primeira vez, elegeu três.É fácil verificar que o PS/M é, a par do PSD/M - parece paradoxal, mas na Madeira não o é - o grande vencedor das eleições de ontem.Aumentou o número de votos e de deputados. Mais importante do que isso, ganhou uma liderança, ou seja, é a primeira vez, há muitos anos, que após umas eleições Legislativas Regionais o líder dos socialistas não é contestado, tendo a possibilidade de manter-se no cargo sem grande esforço, preparando os próximos anos e os próximos combates políticos. Aqui há mais um paradoxo. É que Jacinto Serrão é visto como um dos mais fracos (políticamente falando) líderes da história dos socialistas madeirenses. Pode então dizer-se que os números atingidos pelo PS/M ficaram a dever-se a vários factores entre os quais se destacam:- Algum descontentamento, ou cansaço, em relação aos sucessivos Executivos de Jardim;- Muito descontentamento com a actuação do Governo de Lisboa, liderado por Santana Lopes;- Desconfiança em relação ao comportamento de vários actores políticos ligados ao PSD/M, alimentada pelos recentes casos "Lobo" ou "Duarte Mendes";Em resumo, não me parece haver um "efeito-Serrão" na votação obtida pelos socialistas. Quando muito, o líder "rosa" pode vangloriar-se de um feito importante: manteve unidas as tropas em ano de eleições. O que já não é pouco.Jacinto Serrão acabou por beneficiar de uma conjugação de variáveis que não controla. A sua manutenção na "cadeira do poder" da Rua do Surdo é boa, a médio prazo, e aqui está o paradoxo... para o PSD/M.No rol de mágoas socialistas há a destacar a já referida saída de Emanuel Câmara, e a não eleição de um deputado em Santana, círculo de onde é originário o "homem da máquina" socialista, Victor Freitas. O conturbado processo de escolha dos candidatos teve enorme influência no resultado final obtido em Santana.Se a CDU teve um crescimento previsível - muito às custas do BE - já o CDS-PP desceu de forma quase trágica. Teve menos votos em todos os concelhos, perdeu um dos três deputados que elegera no Funchal e ficou muito aquém das expectativas na Calheta ou em Câmara de Lobos.Aquele que foi um dos partidos que mais e melhor oposição fez ao PSD/M na Assembleia Regional acabou por ser fortemente penalizado no momento decisivo. Razão: não se conseguiu descolar da coligação que governa, da forma que se sabe, o país.José Manuel Rodrigues tem sido um bom líder. Ontem, mostrou coragem e colocou o lugar à disposição, assumindo as responsabilidades políticas pelo resultado. Creio, contudo, que os militantes do CDS/PP da Madeira devem fazer justiça, reelegendo Rodrigues como líder do partido na Madeira.O Bloco de Esquerda fecha a galeria dos derrotados. Razão principal: a forma como decorreu o processo de transformação da UDP. A entrada de novos quadros foi feita à custa do afastamento de "velhos combatentes", companheiros de estrada de muitos anos de Paulo Martins e de Guida Vieira. O descontentamento era visível em muitos sectores dos "democrata-populares". Que ontem responderam. Abstendo-se, ou pior, votando... na CDU.Gonçalo Nuno Santos

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