“Real Gone”, de Tom Waits, é um disco muito razoável para quem, como eu, não se choca com o experimentalismo de algumas canções, já explorado em “Bone Machine”. A utilização do chamado “Human Beat Box” – processo rítmico apoiado em vocalizações humanas – e o abandono parcial do piano, trocado pela guitarra, causa engulhos em alguns incondicionais adeptos de discos como “Mule Variations”, marcados pela ambiência rural. A mim, contudo, não me surpreende.“Real Gone” não será um álbum para principiantes. “Alice” e “Blood Money”, os dois anteriores, também não eram. Mas é um bom disco, marcado por canções como “Make it Rain” ou “Sins of my Father” – autênticas concessões aos fans de “Mule Variations” – ou “Circus”, “Hoist that Rag”, “Top of the Hill”, “Shake It” – as duas últimas bem mais experimentais, ou “perigosamente experimentais”, como as definem alguns incondicionais do excelente músico norte-americano.A ouvir.Já agora, e se me permitem outra sugestão, aproveitem enquanto é tempo e vão ao cinema ver “Noite Escura”, o terceiro filme de João Canijo.Se os anteriores - “Ganhar a Vida” e “Sapatos Pretos” - já permitiam perceber em Canijo um cineasta de algum talento, “Noite Escura”, cujo arguento se baseia numa tragédia de Eurípides, “Ifigénia em Aulis”, concretiza as promessas, mostrando de forma brilhante aquilo que o realizador sempre quisera mostrar, ou seja, o Portugal interior, rural e inestético.A ver no Anadia. Presumivelmente, só até quinta-feira.Gonçalo Nuno SantosPost-Scriptum: Já agora, era bom que o nosso critico cinematográfico de serviço – Angel Anjo – escrevesse qualquer coisa sobre o filme de Canijo. Ele, mais do que eu que sou um leigo na matéria, pode falar com propriedade sobre “Noite Escura”
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“Real Gone”, de Tom Waits, é um disco muito razoável para quem, como eu, não se choca com o experimentalismo de algumas canções, já explorado em “Bone Machine”. A utilização do chamado “Human Beat Box” – processo rítmico apoiado em vocalizações humanas – e o abandono parcial do piano, trocado pela guitarra, causa engulhos em alguns incondicionais adeptos de discos como “Mule Variations”, marcados pela ambiência rural. A mim, contudo, não me surpreende.“Real Gone” não será um álbum para principiantes. “Alice” e “Blood Money”, os dois anteriores, também não eram. Mas é um bom disco, marcado por canções como “Make it Rain” ou “Sins of my Father” – autênticas concessões aos fans de “Mule Variations” – ou “Circus”, “Hoist that Rag”, “Top of the Hill”, “Shake It” – as duas últimas bem mais experimentais, ou “perigosamente experimentais”, como as definem alguns incondicionais do excelente músico norte-americano.A ouvir.Já agora, e se me permitem outra sugestão, aproveitem enquanto é tempo e vão ao cinema ver “Noite Escura”, o terceiro filme de João Canijo.Se os anteriores - “Ganhar a Vida” e “Sapatos Pretos” - já permitiam perceber em Canijo um cineasta de algum talento, “Noite Escura”, cujo arguento se baseia numa tragédia de Eurípides, “Ifigénia em Aulis”, concretiza as promessas, mostrando de forma brilhante aquilo que o realizador sempre quisera mostrar, ou seja, o Portugal interior, rural e inestético.A ver no Anadia. Presumivelmente, só até quinta-feira.Gonçalo Nuno SantosPost-Scriptum: Já agora, era bom que o nosso critico cinematográfico de serviço – Angel Anjo – escrevesse qualquer coisa sobre o filme de Canijo. Ele, mais do que eu que sou um leigo na matéria, pode falar com propriedade sobre “Noite Escura”