O líder do PS-Madeira, Jacinto Serrão, esteve ontem com os pescadores de Câmara de Lobos para protestar contra o acordo de pescas conseguido por Portugal na União Europeia.Os homens do mar mostraram-se preparados para «entrar em confronto» com as embarcações espanholas que vierem pescar às águas da Madeira (ver Diário de Noticías). E Jacinto, tácitamente, secundou a ideia. Pois bem, se a predisposição bélica dos pescadores de Câmara de Lobos é facilmente explicável por questões socio-culturais (e até pela quantidade excessiva de poncha consumida durante os dias que passam em terra), a postura do líder socialista é dificil de entender.Que o doutor Jacinto tenha sonhos de grandeza, e que acredite poder chegar à presidência do Governo, é uma coisa (e ninguém tem nada a ver com isso!), agora que se imagine como almirante de uma frota de "xavelhas", combatendo em alto mar contra pesqueiros espanhóis e contra os "infieis" Manuel António Correia (secretário do Ambiente), Alberto João Jardim, Durão Barroso ou Paulo Portas, é outra completamente diferente, merecendo alguma atenção. E eu acredito que não é esse o casoEstou em crer que tudo não passou de um lamentável engano e que o líder socialista tem bom-senso suficiente para perceber que as intervenções públicas devem ser geridas cuidadosamente. Já agora, um conselho: a ACIPS promoveu um curso de formação destinado a políticos, quadros públicos e gestores, no qual se ensina a falar aos jornalistas. O presidente do PS poderia aproveitar a dica. É que não basta ter ideias e a noção de "timing" político. É preciso saber transmitir correctamente aquilo que se pretende. E ter a percepção de que a liderança do maior partido da oposição exige serenidade, não se coadunando com a participação em certos "espectáculos" de qualidade muito duvidosa.Gonçalo Nuno Santos
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O líder do PS-Madeira, Jacinto Serrão, esteve ontem com os pescadores de Câmara de Lobos para protestar contra o acordo de pescas conseguido por Portugal na União Europeia.Os homens do mar mostraram-se preparados para «entrar em confronto» com as embarcações espanholas que vierem pescar às águas da Madeira (ver Diário de Noticías). E Jacinto, tácitamente, secundou a ideia. Pois bem, se a predisposição bélica dos pescadores de Câmara de Lobos é facilmente explicável por questões socio-culturais (e até pela quantidade excessiva de poncha consumida durante os dias que passam em terra), a postura do líder socialista é dificil de entender.Que o doutor Jacinto tenha sonhos de grandeza, e que acredite poder chegar à presidência do Governo, é uma coisa (e ninguém tem nada a ver com isso!), agora que se imagine como almirante de uma frota de "xavelhas", combatendo em alto mar contra pesqueiros espanhóis e contra os "infieis" Manuel António Correia (secretário do Ambiente), Alberto João Jardim, Durão Barroso ou Paulo Portas, é outra completamente diferente, merecendo alguma atenção. E eu acredito que não é esse o casoEstou em crer que tudo não passou de um lamentável engano e que o líder socialista tem bom-senso suficiente para perceber que as intervenções públicas devem ser geridas cuidadosamente. Já agora, um conselho: a ACIPS promoveu um curso de formação destinado a políticos, quadros públicos e gestores, no qual se ensina a falar aos jornalistas. O presidente do PS poderia aproveitar a dica. É que não basta ter ideias e a noção de "timing" político. É preciso saber transmitir correctamente aquilo que se pretende. E ter a percepção de que a liderança do maior partido da oposição exige serenidade, não se coadunando com a participação em certos "espectáculos" de qualidade muito duvidosa.Gonçalo Nuno Santos