Ainda há lodo no cais: Juntaram-se os três à esquina

27-06-2009
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Realiza-se, hoje, em Brasília, um encontro entre os Presidentes do Brasil e da África do Sul, e o Primeiro-Ministro da Índia. À partida, parece algo banal mencionar a cimeira, que visa dar força e relevância económica a uma aliança que formaram, há três anos. Contudo, pondo os óculos de leitura política, vários são os factos que, topicamente, podemos apontar:Trata-se de três potências emergentes do mundo actual, com relevância só suplantada - para além dos crónicos E.U.A., U.E. e Japão - pela China e pela Rússia, a meu ver.São países que reivindicam um lugar permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (para horror da Argentina e do Paquistão, por exemplo). Não digo que sejam os candidatos ideais, mas, de facto, fica por perceber, hoje em dia, a hegemonia das potências vencedoras da II Guerra Mundial naquele clube de elite.Eis mais um eixo que se forma para contornar a antiga (já lá vão uns séculos) e decrépita supremacia ocidental (EUA & UE, entenda-se), à semelhança do regabofe que se vai instalando no resto da América Latina.Quem achar que isto não é relevante, veja melhor: basta mencionar que se trata de nações riquíssimas em recursos naturais e que, por exemplo, a Índia tem a maior classe média do mundo, está no pelotão da frente de sectores como a electrónica e a informática, domina a língua inglesa e é uma democracia.A África de Sul é líder, no continente africano, só se antevendo novidades adicionais, a breve trecho e por aquelas paragens, da Líbia.O Brasil tem papel preponderante em iniciativas de integração na América do Sul, como o Mercosul, a que preside nesta altura.É uma pena que não se lhe atribua, de uma vez por todas, a liderança de facto da CPLP, o que aumentaria geometricamente a importância da organização e, consequentemente, a nossa força junto da UE, de quem dependemos excessivamente, em meu entender.Em suma, creio que há muitas dependências a combater em Portugal; a que nos liga quase exclusivamente à União Europeia é mais uma.Não me entendam mal: a União Europeia foi a salvação de Portugal, que sem ela seria uma outra Albânia. Porém, fomos do oito do pós 25 de Abril ao oitenta "euro-histérico" de muita da actual (falta de) classe política.Estou em crer que ainda seriamos mais escutados na União, se diversificássemos os nossos pólos geopolíticos.


Realiza-se, hoje, em Brasília, um encontro entre os Presidentes do Brasil e da África do Sul, e o Primeiro-Ministro da Índia. À partida, parece algo banal mencionar a cimeira, que visa dar força e relevância económica a uma aliança que formaram, há três anos. Contudo, pondo os óculos de leitura política, vários são os factos que, topicamente, podemos apontar:Trata-se de três potências emergentes do mundo actual, com relevância só suplantada - para além dos crónicos E.U.A., U.E. e Japão - pela China e pela Rússia, a meu ver.São países que reivindicam um lugar permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (para horror da Argentina e do Paquistão, por exemplo). Não digo que sejam os candidatos ideais, mas, de facto, fica por perceber, hoje em dia, a hegemonia das potências vencedoras da II Guerra Mundial naquele clube de elite.Eis mais um eixo que se forma para contornar a antiga (já lá vão uns séculos) e decrépita supremacia ocidental (EUA & UE, entenda-se), à semelhança do regabofe que se vai instalando no resto da América Latina.Quem achar que isto não é relevante, veja melhor: basta mencionar que se trata de nações riquíssimas em recursos naturais e que, por exemplo, a Índia tem a maior classe média do mundo, está no pelotão da frente de sectores como a electrónica e a informática, domina a língua inglesa e é uma democracia.A África de Sul é líder, no continente africano, só se antevendo novidades adicionais, a breve trecho e por aquelas paragens, da Líbia.O Brasil tem papel preponderante em iniciativas de integração na América do Sul, como o Mercosul, a que preside nesta altura.É uma pena que não se lhe atribua, de uma vez por todas, a liderança de facto da CPLP, o que aumentaria geometricamente a importância da organização e, consequentemente, a nossa força junto da UE, de quem dependemos excessivamente, em meu entender.Em suma, creio que há muitas dependências a combater em Portugal; a que nos liga quase exclusivamente à União Europeia é mais uma.Não me entendam mal: a União Europeia foi a salvação de Portugal, que sem ela seria uma outra Albânia. Porém, fomos do oito do pós 25 de Abril ao oitenta "euro-histérico" de muita da actual (falta de) classe política.Estou em crer que ainda seriamos mais escutados na União, se diversificássemos os nossos pólos geopolíticos.

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