Ainda há lodo no cais: Sensibilidade e Bom Senso

27-06-2009
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A relação entre um sentimento e o outro nem sempre é fácil.Há acontecimentos que nos provocam sensações como tristeza, cólera, medo, desânimo e impotência. E quando esse cocktail de sentimentos nos inunda, torna-se complicado gerir o bom senso.É o que me parece que acontece nos últimos tempos relativamente ao trágico acontecimento que marca a actualidade: uma má gestão do melindre que o “Caso Madeleine” suscitou, tem levado a uma insensatez por parte da sociedade civil, mas sobretudo por parte dos operadores judiciários e da comunicação social nacional e internacional. Revolta-me o que aconteceu no passado dia 3 em Lagos, mas ainda me revolta mais o circo mediático que se criou à volta desta situação.Inquieta-me esta histeria colectiva.Incomodam-me os noticiários que dedicam interminavelmente horas a este caso, com directos dispensáveis, com revelações em nada surpreendentes e com entrevistas sórdidas nada conclusivas.Revolta-me ainda esta espécie de ‘amnistia social’ que imuniza os pais da criança, quando estes são claramente os responsáveis pelo que aconteceu e deviam mesmo ser punidos pelo comportamento negligente que tiveram.Lamento a não existência de um gabinete de comunicação da PJ que filtre o que deve passar e o que não deve passar para fora, atendendo sempre ao mui legítimo segredo de justiça. Indigna-me a postura arrogante e ignorante dos que nos olham lá de fora como se fossemos um país terceiro mundista, ao mesmo tempo que fazem da nossa PJ bode expiatório. Irrita-me o oportunismo mediático de algumas celebridades que fazem declarações que na prática são tão ocas quanto inúteis.Temo a reacção dos pais que também passaram pelo mesmo mas que não viram os seus casos ser resolvidos nem com a mesma determinação, nem com os mesmos recursos, nem com os mesmos apoios.Enfim, o “caso Madeleine” (não menosprezando a sua gravidade), acaba por servir também para fazer uma análise ao comportamento da sociedade. Uma sociedade que perante problemáticas desta dimensão revela uma compaixão compreensível e uma solidariedade imensurável. Mas que tem, simultaneamente, comportamentos excessivos e insensatos ao lidar com estas questões.É a tal relação difícil entre a inevitável sensibilidade e o desejável bom senso.


A relação entre um sentimento e o outro nem sempre é fácil.Há acontecimentos que nos provocam sensações como tristeza, cólera, medo, desânimo e impotência. E quando esse cocktail de sentimentos nos inunda, torna-se complicado gerir o bom senso.É o que me parece que acontece nos últimos tempos relativamente ao trágico acontecimento que marca a actualidade: uma má gestão do melindre que o “Caso Madeleine” suscitou, tem levado a uma insensatez por parte da sociedade civil, mas sobretudo por parte dos operadores judiciários e da comunicação social nacional e internacional. Revolta-me o que aconteceu no passado dia 3 em Lagos, mas ainda me revolta mais o circo mediático que se criou à volta desta situação.Inquieta-me esta histeria colectiva.Incomodam-me os noticiários que dedicam interminavelmente horas a este caso, com directos dispensáveis, com revelações em nada surpreendentes e com entrevistas sórdidas nada conclusivas.Revolta-me ainda esta espécie de ‘amnistia social’ que imuniza os pais da criança, quando estes são claramente os responsáveis pelo que aconteceu e deviam mesmo ser punidos pelo comportamento negligente que tiveram.Lamento a não existência de um gabinete de comunicação da PJ que filtre o que deve passar e o que não deve passar para fora, atendendo sempre ao mui legítimo segredo de justiça. Indigna-me a postura arrogante e ignorante dos que nos olham lá de fora como se fossemos um país terceiro mundista, ao mesmo tempo que fazem da nossa PJ bode expiatório. Irrita-me o oportunismo mediático de algumas celebridades que fazem declarações que na prática são tão ocas quanto inúteis.Temo a reacção dos pais que também passaram pelo mesmo mas que não viram os seus casos ser resolvidos nem com a mesma determinação, nem com os mesmos recursos, nem com os mesmos apoios.Enfim, o “caso Madeleine” (não menosprezando a sua gravidade), acaba por servir também para fazer uma análise ao comportamento da sociedade. Uma sociedade que perante problemáticas desta dimensão revela uma compaixão compreensível e uma solidariedade imensurável. Mas que tem, simultaneamente, comportamentos excessivos e insensatos ao lidar com estas questões.É a tal relação difícil entre a inevitável sensibilidade e o desejável bom senso.

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