Ainda há lodo no cais: Depois de Torres, defender a dama

27-06-2009
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Olhado o Congresso do PSD de há uns dias e ao invés da intriga barata que se tem feito, podemos concluir pelo domínio de Luís Filipe Menezes que pauta claramente a agenda, mesmo no que à indigitação de Santana Lopes para a liderança parlamentar diz respeito.Desde logo, conseguiu que o conclave decorresse sem história e sem discursos tribunícios. Mesmo onde podia vislumbrar-se novidade – falo de Passos Coelho – cedo foi percebido que o tempo era ainda de consagração de um líder que fizera a sua “longa marcha” e que estava popular e claramente legitimado.Por seu turno, aos chamados barões, muitos dos quais sem algo a perder, competia materializar o horror de Drácula que veiculavam em relação à cruz de Menezes. E, nada…Por fim, justiça feita ao sempre corajoso discurso de Alberto João Jardim, que voltou a balizar a acção dos eleitos, é de antologia – tenha ou não havido acordo de cavalheiros – passar-se um congresso sem que o “menino guerreiro” arrebate a audiência. Certo que ganhou em poder, mas aceitou moderar a tendência para brilhar em palco. A meu ver, maturidade de saudar e a seguir.Se erros ou menores êxitos existem nas opções do dr. Menezes, eles podem, a meu ver, cifrar-se em dois: por um lado, creio que a expectativa em relação à comissão política era maior. Subentende-se a preocupação de gerir o xadrez interno (equilíbrios em face dos apoios) e de apaziguar fantasmas (personalidades que serviram em vários governos). Todavia, esperava-se mais arrojo nas figuras convidadas; mais gente nova na idade e no envolvimento com os mecanismos partidários formais. À parte de José Manuel Canavarro, fica um certo sentimento de déjà vu, por muito estimáveis e sabedoras que sejam as pessoas do novel politburo.Por outro lado, sendo a aliança de risco, veremos até que ponto foi acertado o protagonismo autorizado ao dr. Santana, conferindo-lhe a liderança parlamentar. Como social-democrata parece-me bem, prevendo elevada dose de combatividade por parte do grupo parlamentar. Depois, percebo que não só não convinha a Menezes enfrentar uma guerra com os deputados escolhidos ao tempo da liderança de Santana Lopes (o que importa ao novo premier é afirmar externamente a sua marca), como, assim, aliando-se ao santanismo, encosta às cordas (como se viu nas mudanças de presidências nas comissões parlamentares) a ala mais cerebral (afecta a Durão Barroso) que, até ver, paga o preço de ter procurado, durante algum tempo, passar entre os pingos da chuva. O paralelo 38 (zona desmilitarizada entre as duas Coreias) é sempre um mau sítio para ver os comboios passar, digo eu…Todavia, o protagonismo em Santana Lopes não é algo que se modere institucionalmente. Para o bem e para o mal (e tanto mal lhe fez no Governo…), o talento é inato e dispensa estudos estratégicos, pelo que a luz que lhe for dirigida não é “desligável” por interruptor, da São Caetano à Lapa.E acresce que, bem pensada a coisa, Sócrates poderá optar por entronizar Santana enciumando, mesmo que não o próprio, os mais acríticos menezistas.Ou seja, fiel ao seu estilo, que me agrada, Menezes arrisca, tendo já ganho parte substancial da aposta e mostrando que não é “rapaz” de assobiar para o ar, quando as coisas correm mal; tal percebe-se quando atribui o seu sucesso futuro aos resultados a obter nas várias eleições de 2009.Veremos no próximo conselho nacional até que ponto é que a glasnost menezista se traduz numa real abertura a um debate aberto. Até lá, voto em São Tomé: é ver para crer.


Olhado o Congresso do PSD de há uns dias e ao invés da intriga barata que se tem feito, podemos concluir pelo domínio de Luís Filipe Menezes que pauta claramente a agenda, mesmo no que à indigitação de Santana Lopes para a liderança parlamentar diz respeito.Desde logo, conseguiu que o conclave decorresse sem história e sem discursos tribunícios. Mesmo onde podia vislumbrar-se novidade – falo de Passos Coelho – cedo foi percebido que o tempo era ainda de consagração de um líder que fizera a sua “longa marcha” e que estava popular e claramente legitimado.Por seu turno, aos chamados barões, muitos dos quais sem algo a perder, competia materializar o horror de Drácula que veiculavam em relação à cruz de Menezes. E, nada…Por fim, justiça feita ao sempre corajoso discurso de Alberto João Jardim, que voltou a balizar a acção dos eleitos, é de antologia – tenha ou não havido acordo de cavalheiros – passar-se um congresso sem que o “menino guerreiro” arrebate a audiência. Certo que ganhou em poder, mas aceitou moderar a tendência para brilhar em palco. A meu ver, maturidade de saudar e a seguir.Se erros ou menores êxitos existem nas opções do dr. Menezes, eles podem, a meu ver, cifrar-se em dois: por um lado, creio que a expectativa em relação à comissão política era maior. Subentende-se a preocupação de gerir o xadrez interno (equilíbrios em face dos apoios) e de apaziguar fantasmas (personalidades que serviram em vários governos). Todavia, esperava-se mais arrojo nas figuras convidadas; mais gente nova na idade e no envolvimento com os mecanismos partidários formais. À parte de José Manuel Canavarro, fica um certo sentimento de déjà vu, por muito estimáveis e sabedoras que sejam as pessoas do novel politburo.Por outro lado, sendo a aliança de risco, veremos até que ponto foi acertado o protagonismo autorizado ao dr. Santana, conferindo-lhe a liderança parlamentar. Como social-democrata parece-me bem, prevendo elevada dose de combatividade por parte do grupo parlamentar. Depois, percebo que não só não convinha a Menezes enfrentar uma guerra com os deputados escolhidos ao tempo da liderança de Santana Lopes (o que importa ao novo premier é afirmar externamente a sua marca), como, assim, aliando-se ao santanismo, encosta às cordas (como se viu nas mudanças de presidências nas comissões parlamentares) a ala mais cerebral (afecta a Durão Barroso) que, até ver, paga o preço de ter procurado, durante algum tempo, passar entre os pingos da chuva. O paralelo 38 (zona desmilitarizada entre as duas Coreias) é sempre um mau sítio para ver os comboios passar, digo eu…Todavia, o protagonismo em Santana Lopes não é algo que se modere institucionalmente. Para o bem e para o mal (e tanto mal lhe fez no Governo…), o talento é inato e dispensa estudos estratégicos, pelo que a luz que lhe for dirigida não é “desligável” por interruptor, da São Caetano à Lapa.E acresce que, bem pensada a coisa, Sócrates poderá optar por entronizar Santana enciumando, mesmo que não o próprio, os mais acríticos menezistas.Ou seja, fiel ao seu estilo, que me agrada, Menezes arrisca, tendo já ganho parte substancial da aposta e mostrando que não é “rapaz” de assobiar para o ar, quando as coisas correm mal; tal percebe-se quando atribui o seu sucesso futuro aos resultados a obter nas várias eleições de 2009.Veremos no próximo conselho nacional até que ponto é que a glasnost menezista se traduz numa real abertura a um debate aberto. Até lá, voto em São Tomé: é ver para crer.

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