Ainda há lodo no cais: Reuniões de elite

01-10-2009
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Numa altura em que todos nos arrepiamos com os aumentos da taxa de juro decretados pelo BCE, há outra espécie de juro, aparentemente, mais indolor, mas pela qual, temo-o bem, viremos a pagar um preço muitíssimo mais penalizador. Falo do preço que pagaremos, sem apelo nem agravo, por mantermos grande parte da classe política actual. E nem se pense que falo por despeito ou eivado de súbito assomo de arrogância. Bem ao invés, falo procurando assestar baterias contra o comodismo de muito cidadão bem colocado na vida empresarial, profissional liberal ou académica que prefere o cifrão ou o artigo nos media a meter pés ao caminho. A lógica que subjaz a esta censura não é a de que todos temos de gostar de política, mas sim a ideia de Cícero de que o mal-estar social não desculpa o absentismo, antes clamando por envolvimento. E é assim, largando o acessório, que explico a razão de ciência do que comecei por dizer: arrepiei-me de morte com o conselho nacional do PSD, no último fim-de-semana. De facto, julgando eu que as intervenções de Cavaco Silva, Luís Filipe Menezes, Rui Rio e Nuno Morais Sarmento haviam “feito a festa, atirado os foguetes e apanhado as canas”, guardado estava o bocado. Enquanto o engº Sócrates se passeia por toda e qualquer sondagem, e perante um confrangedor esforço do dr. Marques Mendes para ser escutado a propósito das razões de Estado, os mais diversos fidalgos (nem atribuo títulos, pois creio que os barões já se retiraram) do PSD entretiveram-se com uma questão crucial para o nosso futuro enquanto Estado-nação: saber se pode ou não criticar-se o líder do partido nos media e se isso é ou não fazer o “jogo da oposição” (dúvida de tal modo existencial que nem o dr. Mendes resistiu a filosofar a este pretexto)… Se os meus amigos imaginassem os nomes consagrados da actual elite laranja que consumiram horas da sessão partidária a debater se deve ou não criticar-se o presidente, e em que sitio se deve dizer tudo e qualquer coisa, veriam que, por vezes, a realidade é pior do que o pesadelo.


Numa altura em que todos nos arrepiamos com os aumentos da taxa de juro decretados pelo BCE, há outra espécie de juro, aparentemente, mais indolor, mas pela qual, temo-o bem, viremos a pagar um preço muitíssimo mais penalizador. Falo do preço que pagaremos, sem apelo nem agravo, por mantermos grande parte da classe política actual. E nem se pense que falo por despeito ou eivado de súbito assomo de arrogância. Bem ao invés, falo procurando assestar baterias contra o comodismo de muito cidadão bem colocado na vida empresarial, profissional liberal ou académica que prefere o cifrão ou o artigo nos media a meter pés ao caminho. A lógica que subjaz a esta censura não é a de que todos temos de gostar de política, mas sim a ideia de Cícero de que o mal-estar social não desculpa o absentismo, antes clamando por envolvimento. E é assim, largando o acessório, que explico a razão de ciência do que comecei por dizer: arrepiei-me de morte com o conselho nacional do PSD, no último fim-de-semana. De facto, julgando eu que as intervenções de Cavaco Silva, Luís Filipe Menezes, Rui Rio e Nuno Morais Sarmento haviam “feito a festa, atirado os foguetes e apanhado as canas”, guardado estava o bocado. Enquanto o engº Sócrates se passeia por toda e qualquer sondagem, e perante um confrangedor esforço do dr. Marques Mendes para ser escutado a propósito das razões de Estado, os mais diversos fidalgos (nem atribuo títulos, pois creio que os barões já se retiraram) do PSD entretiveram-se com uma questão crucial para o nosso futuro enquanto Estado-nação: saber se pode ou não criticar-se o líder do partido nos media e se isso é ou não fazer o “jogo da oposição” (dúvida de tal modo existencial que nem o dr. Mendes resistiu a filosofar a este pretexto)… Se os meus amigos imaginassem os nomes consagrados da actual elite laranja que consumiram horas da sessão partidária a debater se deve ou não criticar-se o presidente, e em que sitio se deve dizer tudo e qualquer coisa, veriam que, por vezes, a realidade é pior do que o pesadelo.

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