24 de Novembro de 1993

25-06-2009
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Há precisamente 12 anos, neste mesmo dia, realizou-se em Lisboa uma manifestação de estudantes do Ensino Superior. Estariam entre 1000 a 1500 manifestantes em frente ao Parlamento quando o inacreditável aconteceu.O Corpo de Intervenção carrega, de forma brutal, não só sobre os estudantes que se manifestavam mas também sobre os muitos transeuntes que por ali circulavam, alguns já com uma idade avançada.Polícias e cães fizeram dispersar os manifestantes, numa demonstração de força sem precedentes na hsitória das manifestações estudantis do pós-25 de Abril.No dia seguinte, e de forma quase espontânea, cerca de 10 mil estudantes de todo o país regressaram à escadaria do Palácio de S. Bento. Ao entrarem na praça fronteira ao Palácio sentam-se de costas para o mesmo. Quando a praça estava quase cheia começa a ouvir-se a «Grândola Vila Morena», assobiada pelos manifestantes. Alguns instantes depois, uma estudante levanta-se, dirige-se à cerca metálica que protegia a escadaria do Parlamento, e entrega a um dos membros do Corpo de Intervenção um ramo de cravos. Ao meu lado, muitos choravam. E eu com eles. Emoção e raiva contidas num gesto e num coro de assobios a entoar aquela melodia tão simbólica.Pelo meio dos manifestantes circulavam vários senhores de óculos escuros. O seu ar completamente comprometido e nada à vontade denunciava a presença de membros do SIS. Numa janela de uma velha casa situada num dos lados da praça, dois elementos da mesma «secreta» filmavam e fotogravam o que lá em baixo se passava e quem lá por baixo se manifestava.A violência da repressão policial viria a sentir-se mais vezes. Foram os trabalhadores da TAP, foi o buzinão da Ponte 25 de Abril, foram várias outras manifestações estudantis.O Primeiro-Ministro era Cavaco Silva e eu faço parte dessa geração que cresceu politicamente com a contestação ao seu Governo. Um Governo que permitiu o esbanjamento dos fundos comunitários sem qualquer tipo de controlo. Que demonstrou, por diversas vezes e das mais variadas formas, um autismo total perante a contestação social que aumentava de dia para dia.Não consigo deixar de abrir a boca de espanto quando ouço os elogios que agora se fazem ao rigor orçamental e à gestão eficiente com que o Professor e os seus pares governaram, durante uma década, os destinos de Portugal. Será a memória dos portugueses assim tão fraca?Por isto e por muito mais, eu não quero um Presidente assim para o meu País!

Há precisamente 12 anos, neste mesmo dia, realizou-se em Lisboa uma manifestação de estudantes do Ensino Superior. Estariam entre 1000 a 1500 manifestantes em frente ao Parlamento quando o inacreditável aconteceu.O Corpo de Intervenção carrega, de forma brutal, não só sobre os estudantes que se manifestavam mas também sobre os muitos transeuntes que por ali circulavam, alguns já com uma idade avançada.Polícias e cães fizeram dispersar os manifestantes, numa demonstração de força sem precedentes na hsitória das manifestações estudantis do pós-25 de Abril.No dia seguinte, e de forma quase espontânea, cerca de 10 mil estudantes de todo o país regressaram à escadaria do Palácio de S. Bento. Ao entrarem na praça fronteira ao Palácio sentam-se de costas para o mesmo. Quando a praça estava quase cheia começa a ouvir-se a «Grândola Vila Morena», assobiada pelos manifestantes. Alguns instantes depois, uma estudante levanta-se, dirige-se à cerca metálica que protegia a escadaria do Parlamento, e entrega a um dos membros do Corpo de Intervenção um ramo de cravos. Ao meu lado, muitos choravam. E eu com eles. Emoção e raiva contidas num gesto e num coro de assobios a entoar aquela melodia tão simbólica.Pelo meio dos manifestantes circulavam vários senhores de óculos escuros. O seu ar completamente comprometido e nada à vontade denunciava a presença de membros do SIS. Numa janela de uma velha casa situada num dos lados da praça, dois elementos da mesma «secreta» filmavam e fotogravam o que lá em baixo se passava e quem lá por baixo se manifestava.A violência da repressão policial viria a sentir-se mais vezes. Foram os trabalhadores da TAP, foi o buzinão da Ponte 25 de Abril, foram várias outras manifestações estudantis.O Primeiro-Ministro era Cavaco Silva e eu faço parte dessa geração que cresceu politicamente com a contestação ao seu Governo. Um Governo que permitiu o esbanjamento dos fundos comunitários sem qualquer tipo de controlo. Que demonstrou, por diversas vezes e das mais variadas formas, um autismo total perante a contestação social que aumentava de dia para dia.Não consigo deixar de abrir a boca de espanto quando ouço os elogios que agora se fazem ao rigor orçamental e à gestão eficiente com que o Professor e os seus pares governaram, durante uma década, os destinos de Portugal. Será a memória dos portugueses assim tão fraca?Por isto e por muito mais, eu não quero um Presidente assim para o meu País!

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