Saúde SA: PSD quer acabar com o SNS (2)

01-10-2009
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Bem pode Manuela Ferreira Leite proclamar aos sete ventos que reserva ao sector privado um papel de complementaridade ao SNS que ninguém acredita. Lendo o programa do PSD é bom de ver que tal afirmação só pode ser falsa. Se assim não fosse não teria proscrito a referência ao SNS, dando unicamente relevo aos subsistemas, sistemas regionais, sistemas de saúde oriundos da economia social e do mercado privado.É evidente que não irá acabar com o serviço público de um dia para o outro por tal ser na prática impossível. É que é o SNS que dá resposta às patologias pesadas e assegura o tratamento de doenças que, pelos custos que comportam e pela sua natureza crónica, não interessam ao sector privado e ao dito social, suportar nem ao Estado alienar. Se tivermos a infelicidade da Direita voltar ao poder, seguir-se-á pois todo um processo de desnatação do SNS que, a seu tempo, o conduzirá a um papel residual na prestação de cuidados de saúde.Particularmente sensível, por desprotegido, a esta ameaça é o sector hospitalar. Se nos cuidados primários há uma reforma em curso que podendo ser travada é difícil de reverter, já o hospital público está à mercê de um qualquer ataque das forças de mercado. Se não vejamos:- Á parte a mudança de estatuto dos hospitais SA para EPE, tão fácil de reverter por via legislativa como foi de o consagrar, pouco mudou nos últimos quatro anos em termos de organização interna e de governação clínica.- Enquanto que o trabalho nas USF se fez acompanhar de um aumento substancial dos salários dos profissionais (médicos em particular), os salários hospitalares estão completamente degradados.- Embora aprovado na generalidade o novo regime de carreiras médicas, enfermagem e de técnicos de saúde; por falta de tempo os aspectos mais sensíveis da negociação (regimes de trabalho, avaliação de desempenho e salários) ficarão para discutir com o próximo governo. Adivinha-se a luta que irá ser travada tendo em conta a conjuntura económica do País, as expectativas dos profissionais e o período em que as negociações irão decorrer. Levar a negociação a bom porto fica pois à mercê da vontade política do próximo governo.- Com progressão técnica e salarial congelada há longos anos, a não haver uma rápida modificação da situação, será fácil atrair os profissionais para o sector privado e social se ao mesmo for conferido o estatuto de parceiro em concorrência com o SNS.- O sector privado hospitalar adquiriu nos anos de LFP e CC uma dimensão na oferta e expectativas de negócio, que, para se fazer substituir ao sector público só precisa de vento que lhe enfune as velas. E, não se duvide, com MFL o vento irá seguramente soprar de feição.Temos pois que, quem acredita e confia nas vantagens de um SNS Público, tem todas as razões para votar à Esquerda. Os argumentos de liberdade de escolha do utente, melhoria da resposta e qualidade do serviço por aumento da competição, não passam de papel de celofane para embrulhar o role de iniquidades a que conduzirá a política de MFL para a Saúde.távistoEtiquetas: Tá visto

Bem pode Manuela Ferreira Leite proclamar aos sete ventos que reserva ao sector privado um papel de complementaridade ao SNS que ninguém acredita. Lendo o programa do PSD é bom de ver que tal afirmação só pode ser falsa. Se assim não fosse não teria proscrito a referência ao SNS, dando unicamente relevo aos subsistemas, sistemas regionais, sistemas de saúde oriundos da economia social e do mercado privado.É evidente que não irá acabar com o serviço público de um dia para o outro por tal ser na prática impossível. É que é o SNS que dá resposta às patologias pesadas e assegura o tratamento de doenças que, pelos custos que comportam e pela sua natureza crónica, não interessam ao sector privado e ao dito social, suportar nem ao Estado alienar. Se tivermos a infelicidade da Direita voltar ao poder, seguir-se-á pois todo um processo de desnatação do SNS que, a seu tempo, o conduzirá a um papel residual na prestação de cuidados de saúde.Particularmente sensível, por desprotegido, a esta ameaça é o sector hospitalar. Se nos cuidados primários há uma reforma em curso que podendo ser travada é difícil de reverter, já o hospital público está à mercê de um qualquer ataque das forças de mercado. Se não vejamos:- Á parte a mudança de estatuto dos hospitais SA para EPE, tão fácil de reverter por via legislativa como foi de o consagrar, pouco mudou nos últimos quatro anos em termos de organização interna e de governação clínica.- Enquanto que o trabalho nas USF se fez acompanhar de um aumento substancial dos salários dos profissionais (médicos em particular), os salários hospitalares estão completamente degradados.- Embora aprovado na generalidade o novo regime de carreiras médicas, enfermagem e de técnicos de saúde; por falta de tempo os aspectos mais sensíveis da negociação (regimes de trabalho, avaliação de desempenho e salários) ficarão para discutir com o próximo governo. Adivinha-se a luta que irá ser travada tendo em conta a conjuntura económica do País, as expectativas dos profissionais e o período em que as negociações irão decorrer. Levar a negociação a bom porto fica pois à mercê da vontade política do próximo governo.- Com progressão técnica e salarial congelada há longos anos, a não haver uma rápida modificação da situação, será fácil atrair os profissionais para o sector privado e social se ao mesmo for conferido o estatuto de parceiro em concorrência com o SNS.- O sector privado hospitalar adquiriu nos anos de LFP e CC uma dimensão na oferta e expectativas de negócio, que, para se fazer substituir ao sector público só precisa de vento que lhe enfune as velas. E, não se duvide, com MFL o vento irá seguramente soprar de feição.Temos pois que, quem acredita e confia nas vantagens de um SNS Público, tem todas as razões para votar à Esquerda. Os argumentos de liberdade de escolha do utente, melhoria da resposta e qualidade do serviço por aumento da competição, não passam de papel de celofane para embrulhar o role de iniquidades a que conduzirá a política de MFL para a Saúde.távistoEtiquetas: Tá visto

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