quinta-feira, janeiro 27, 2005
Carta para O Público
Como não deverá ser publicado de qualquer maneira...
Exmo Sr. Director,
Junto mando uma carta para vossa apreciação e que julgo merecer ser publicada nas vossas páginas. Naturalmente, apesar da origem deste e-mail as opiniões são minhas e não da publicação para a qual trabalho.
Cumprimentos,
Filipe d'Avillez
Na edição de dia 25 de Janeiro do vosso jornal, publica-se um artigo de opinião de Francisco Louça entitulado "Bem Vindas As Críticas" e no qual ele afirma que procurará esclarecer a tal frase lamentável que dirigiu ao seu opositor Paulo Portas sobre o aborto.
Li e reli o artigo, mas para além da repetição dos chavões do costume e das acusações de fanatismo disparadas a tudo e todos quantos não concordam com a posição do BE, não vi qualquer explicação sobre a frase propriamente dita. Pouco me interessa se o Dr. Francisco Louçã estaria a fazer alusões infantís ao modo de vida de Paulo Portas, o que me interessa saber é se, de facto o dirigente do BE pensa que quem nunca gerou vida não pode ter opinião sobre este assunto.
Mais tarde num notíciário, confrontado com a questão de se saber se voltaria a dizer as coisas da mesma maneira, FL disse que não, para evitar interpretações ambíguas...
No meio disto tudo, continuamos sem saber: quem nunca teve um filho pode, ou não pode ter opinião sobre a questão do aborto? Não se percebe de que forma uma afirmação como a sua pode ser vista de forma ambígua, pareceu-nos perfeitamente clara, especialmente tendo em conta que em todas as explicações que deu nunca o vimos a retirá-la ou a contextualizá-la.
Compreende-se que FL de facto pense assim. Por um lado dá-lhe jeito pois dessa forma consegue retirar do debate uma parte significativa dos opositores do aborto que mais dão a cara na luta (o clero por exemplo) e os inúmeros jovens que, sem nunca terem gerado vida deram o seu tempo, esforço e trabalho para acolher e defender as vidas de outros através das dezenas de instituições que existem (sem qualquer apoio do BE) para verdadeiramente ajudar as mulheres em dificuldades.
Mas é também uma posição incómoda, pois Francisco Louçã sabe muito bem que essa sua posição elimina do debate sobre o aborto a quase totalidade do seu eleitorado. Daí o seu incómodo, daí a sua ambiguidade em explicar aquilo que disse.
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quinta-feira, janeiro 27, 2005
Carta para O Público
Como não deverá ser publicado de qualquer maneira...
Exmo Sr. Director,
Junto mando uma carta para vossa apreciação e que julgo merecer ser publicada nas vossas páginas. Naturalmente, apesar da origem deste e-mail as opiniões são minhas e não da publicação para a qual trabalho.
Cumprimentos,
Filipe d'Avillez
Na edição de dia 25 de Janeiro do vosso jornal, publica-se um artigo de opinião de Francisco Louça entitulado "Bem Vindas As Críticas" e no qual ele afirma que procurará esclarecer a tal frase lamentável que dirigiu ao seu opositor Paulo Portas sobre o aborto.
Li e reli o artigo, mas para além da repetição dos chavões do costume e das acusações de fanatismo disparadas a tudo e todos quantos não concordam com a posição do BE, não vi qualquer explicação sobre a frase propriamente dita. Pouco me interessa se o Dr. Francisco Louçã estaria a fazer alusões infantís ao modo de vida de Paulo Portas, o que me interessa saber é se, de facto o dirigente do BE pensa que quem nunca gerou vida não pode ter opinião sobre este assunto.
Mais tarde num notíciário, confrontado com a questão de se saber se voltaria a dizer as coisas da mesma maneira, FL disse que não, para evitar interpretações ambíguas...
No meio disto tudo, continuamos sem saber: quem nunca teve um filho pode, ou não pode ter opinião sobre a questão do aborto? Não se percebe de que forma uma afirmação como a sua pode ser vista de forma ambígua, pareceu-nos perfeitamente clara, especialmente tendo em conta que em todas as explicações que deu nunca o vimos a retirá-la ou a contextualizá-la.
Compreende-se que FL de facto pense assim. Por um lado dá-lhe jeito pois dessa forma consegue retirar do debate uma parte significativa dos opositores do aborto que mais dão a cara na luta (o clero por exemplo) e os inúmeros jovens que, sem nunca terem gerado vida deram o seu tempo, esforço e trabalho para acolher e defender as vidas de outros através das dezenas de instituições que existem (sem qualquer apoio do BE) para verdadeiramente ajudar as mulheres em dificuldades.
Mas é também uma posição incómoda, pois Francisco Louçã sabe muito bem que essa sua posição elimina do debate sobre o aborto a quase totalidade do seu eleitorado. Daí o seu incómodo, daí a sua ambiguidade em explicar aquilo que disse.