PSD diz que mandato de Cavaco tem sido “previsível”

23-02-2008
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Aniversário de eleição

PSD diz que mandato de Cavaco tem sido “previsível”

Mandato do Presidente não desperta entusiasmo nos meios partidários

Cavaco ajuda Sócrates mas alerta para crise económica global FOTO RUI OCHÔA

‘‘Tenho que dizer com seriedade que a economia portuguesa está melhor, na medida em que a taxa de crescimento é hoje mais forte do que era quando fui eleito’’. No dia do segundo aniversário da sua eleição como Presidente da República (PR), Cavaco Silva sentiu a necessidade de revisitar, em forma de elogio ao Governo, um tema que menos de um mês antes lhe tinha merecido comentários bem menos entusiásticos, à mistura com severos avisos à navegação para as consequências das políticas da equipa de José Sócrates.

Alguns profetas do fim da cooperação estratégica e outros tantos observadores mais desatentos às subtilezas da mensagem de Ano Novo poder-se-ão sentir um pouco frustrados ou confusos com esta aparente mudança da maré presidencial. A verdade é que nada mudou, pois Cavaco limitou-se a reposicionar o foco das suas atenções imediatas para acalmar um mercado financeiro nacional à beira de um ataque de nervos com o escândalo BCP e as suas metástases políticas na Caixa Geral de Depósitos e no Banco de Portugal.

Escaldado com o seu famoso «faux pas» de 1987, o PR quis moderar os ímpetos de uma oposição parlamentar que de forma considerada algo imprudente tem surfado as ondas de instabilidade no sistema bancário. Mas não deixou de arrefecer a eventual euforia do Governo ao referir que o mundo está em vésperas de uma crise económica a que Portugal não deverá ficar imune. O PR revelou-se igual a si próprio, prudente e equilibrado, como o reconhecem as vozes insuspeitas de Ângelo Correia (PSD) e Francisco Louçã (BE).

Recém-regressado à ribalta política, o social-democrata confessa com grande secura de adjectivos que o ex-primeiro-ministro tem sido um ‘‘homem previsível’’ ao afirmar-se no essencial como um estabilizador do regime: ‘‘O seu lado mais interventivo só se manifesta nos aspectos essenciais da gestão, economia, finanças e política europeia’’.

Do outro lado da barricada, o coordenador bloquista tem uma percepção diferente, pois identifica a política europeia, o pacto de estabilidade e crescimento e a contenção orçamental como as reformas estruturantes em que se nota ‘‘uma maior proximidade entre o Presidente e o primeiro-ministro’’.

Manuel Alegre partilha com Louçã a convicção de que Cavaco tem sido fiel aos seus compromissos eleitorais e sublinha como aspectos mais positivos do mandato a ‘‘cooperação institucional e a afirmação do Presidente da República como porta-voz dos portugueses’’. No entanto, o segundo candidato mais votado em 2006 assinala um défice de empenho no cumprimento das metas morais e sociais da Constituição e afirma que se tivesse sido eleito seria ‘‘mais claro’’ nas críticas a matérias como a política de saúde.

Também Paulo Portas encontra no mandato de Cavaco razões de aplauso (como os vetos da lei orgânica da GNR e do estatuto dos jornalistas) e de desagrado (exemplos: a oposição ao referendo europeu, e o patrocínio ao pacto de justiça). Mas o líder do CDS concentra-se no futuro, e destaca a necessidade de Belém intervir sobre o aumento da carga fiscal, e sobre “a tentativa do ‘bloco central’ de manipular as leis eleitorais”.

Bastante mais crítico, Jerónimo de Sousa sustenta que o ‘‘Governo realiza com o apoio do PR as políticas que a direita não estaria em condições de realizar’’. Por isso, o líder comunista dá nota negativa a Cavaco.

Já o porta-voz do PS, Vitalino Canas aparece com o discurso mais elogioso. O socialista aprecia no PR tanto o seu respeito pela solidariedade institucional e pela estabilidade política como as “dúvidas e sugestões apresentadas em parâmetros aceitáveis’’. Depois da validação presidencial do desempenho da economia esperava-se um pouco de entusiasmo do parceiro de cooperação estratégica. Andará por aí alguma divergência privada?

Aniversário de eleição

PSD diz que mandato de Cavaco tem sido “previsível”

Mandato do Presidente não desperta entusiasmo nos meios partidários

Cavaco ajuda Sócrates mas alerta para crise económica global FOTO RUI OCHÔA

‘‘Tenho que dizer com seriedade que a economia portuguesa está melhor, na medida em que a taxa de crescimento é hoje mais forte do que era quando fui eleito’’. No dia do segundo aniversário da sua eleição como Presidente da República (PR), Cavaco Silva sentiu a necessidade de revisitar, em forma de elogio ao Governo, um tema que menos de um mês antes lhe tinha merecido comentários bem menos entusiásticos, à mistura com severos avisos à navegação para as consequências das políticas da equipa de José Sócrates.

Alguns profetas do fim da cooperação estratégica e outros tantos observadores mais desatentos às subtilezas da mensagem de Ano Novo poder-se-ão sentir um pouco frustrados ou confusos com esta aparente mudança da maré presidencial. A verdade é que nada mudou, pois Cavaco limitou-se a reposicionar o foco das suas atenções imediatas para acalmar um mercado financeiro nacional à beira de um ataque de nervos com o escândalo BCP e as suas metástases políticas na Caixa Geral de Depósitos e no Banco de Portugal.

Escaldado com o seu famoso «faux pas» de 1987, o PR quis moderar os ímpetos de uma oposição parlamentar que de forma considerada algo imprudente tem surfado as ondas de instabilidade no sistema bancário. Mas não deixou de arrefecer a eventual euforia do Governo ao referir que o mundo está em vésperas de uma crise económica a que Portugal não deverá ficar imune. O PR revelou-se igual a si próprio, prudente e equilibrado, como o reconhecem as vozes insuspeitas de Ângelo Correia (PSD) e Francisco Louçã (BE).

Recém-regressado à ribalta política, o social-democrata confessa com grande secura de adjectivos que o ex-primeiro-ministro tem sido um ‘‘homem previsível’’ ao afirmar-se no essencial como um estabilizador do regime: ‘‘O seu lado mais interventivo só se manifesta nos aspectos essenciais da gestão, economia, finanças e política europeia’’.

Do outro lado da barricada, o coordenador bloquista tem uma percepção diferente, pois identifica a política europeia, o pacto de estabilidade e crescimento e a contenção orçamental como as reformas estruturantes em que se nota ‘‘uma maior proximidade entre o Presidente e o primeiro-ministro’’.

Manuel Alegre partilha com Louçã a convicção de que Cavaco tem sido fiel aos seus compromissos eleitorais e sublinha como aspectos mais positivos do mandato a ‘‘cooperação institucional e a afirmação do Presidente da República como porta-voz dos portugueses’’. No entanto, o segundo candidato mais votado em 2006 assinala um défice de empenho no cumprimento das metas morais e sociais da Constituição e afirma que se tivesse sido eleito seria ‘‘mais claro’’ nas críticas a matérias como a política de saúde.

Também Paulo Portas encontra no mandato de Cavaco razões de aplauso (como os vetos da lei orgânica da GNR e do estatuto dos jornalistas) e de desagrado (exemplos: a oposição ao referendo europeu, e o patrocínio ao pacto de justiça). Mas o líder do CDS concentra-se no futuro, e destaca a necessidade de Belém intervir sobre o aumento da carga fiscal, e sobre “a tentativa do ‘bloco central’ de manipular as leis eleitorais”.

Bastante mais crítico, Jerónimo de Sousa sustenta que o ‘‘Governo realiza com o apoio do PR as políticas que a direita não estaria em condições de realizar’’. Por isso, o líder comunista dá nota negativa a Cavaco.

Já o porta-voz do PS, Vitalino Canas aparece com o discurso mais elogioso. O socialista aprecia no PR tanto o seu respeito pela solidariedade institucional e pela estabilidade política como as “dúvidas e sugestões apresentadas em parâmetros aceitáveis’’. Depois da validação presidencial do desempenho da economia esperava-se um pouco de entusiasmo do parceiro de cooperação estratégica. Andará por aí alguma divergência privada?

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