Especialistas da Base Aérea 12 Guiné 65

05-10-2009
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402-António DamasoSargºMor Paraquedista (Aposentado)Odemira Companheiro BarataNão me mandaram vir, portanto não obrigados a aturar-me.Fui eu que por acaso aterrei de para-quedas no vosso Blog.Aí vai a parte (II) da minha segunda comissão na Guiné:Nos dias 17 a 19JUL69, outra vez na zona de Palada concretizamos a operação «Marduque» desta vez só com a CCP123.De 24 a 30JUL69, operação «Atena», zona de Duas Fontes e Palada, com a participação de 3GC da CCP123, 1GC da CCP 121 e a C. Caç. 2446.Depois apareceu a minha grande dor de cabeça, que era a Guerra de quadrícula, sempre tive o entendimento de que as tropas especiais, eram para intervenções rápidas, ou não, também para servirem de reserva, mas pelos vistos, a situação não estava para brincadeiras.Comecei a operação «Nereu» 1.ª fase que foi de 31JUL a 31AGO69nas zonas de Madina do Boé, Dulombi, Bilonco e Madina Xaquili, aturam connosco além da CCP123 a C.caç. 2405 e C. Caç. 2446.Lembro-me que numa das operações de dois dias, tivemos de atravessar o mesmo rio, quatro vezes seguidas, para não andarmos mais Kms a contorná-lo, chegamos a Galomaro já depois do meio dia mas tínhamos à nossa espera uns franguinhos de churrasco.A fome era tanta, que nunca mais comi frangos que me soubessem tão bem.No decorrer deste período, ou não, julgo que a 24JUL69,não posso precisar a data, um dia à tarde chegamos a Dulombi, na altura era uma tabanca com algumas palhotas com abrigos, valas e arame farpado à volta, com uma espécie de portão de entrada na estrada de Galomaro a poente e a sul outro portão que dava para a mata, íamos passar lá a noite e de futuro serviria de acampamento base.Sempre tive um acordar estremunhado quando estava no primeiro sono, mas naquela noite, quando estava no primeiro sono, fui acordado com um festival de fogo - de -artifício, rebentamentos por todo o lado, balas tracejantes cruzavam o céu, o meu acordar foi igual a outros mas notei que o meu maxilar inferior, teimosamente batia ritmadamente no maxilar superior, durou alguns segundos até me aperceber do que se estava passar, rapidamente cerrei o os dentes e analisei a situação e vi que o ataque não era do nosso lado, mandei cessar o fogo que estava a ser efectuado para o lado do portão sul.A minha secção estava na parte sul, onde existia o tal portão, as balas tracejantes passavam por cima de nós, apesar de muitos rebentamentos à nossa volta, ninguém foi atingido, liguei o rádio, chamei como não obtive resposta, desliguei, quando estava a preparar-me para dormir novamente, apareceu-me um camarada a saber se estava tudo bem, escandalizado por eu não ter mantido o rádio ligado, nessa altura fiquei a saber que o ataque foi efectuado do arame farpado, à esquerda da entrada e que lamentavelmente, havia a lamentar uma baixa da C. Caç.2446, começara aqui o meu baptismo de fogo a ataques nocturnos.Também estivemos em Bivaque, em tendas de campanha junto do aquartelamento de Galomaro, depois iniciou-se a operação «Nereu» 2.ª fase de 01SET a 11OUT69, novamente em conjunto com as duas companhias já citadas e nas zonas de Duas Fontes, Cansissé, Contabane e Pelada.Durante a minha permanência no Gabu, fui duas vezes a Bissau à boleia, uma vez de Heli e outra de Cessna?? dos TAGCV, para tentar resolver problemas de saúde familiar, regressei ambas as vezes em DC 3 Dakota, com o nosso saudoso companheiro Vitorino, meu vizinho na altura, depois da guerra veio a ser vitima de acidente aéreo na Ilha Terceira com um aviocar.A minha mulher teve malária, teve de ser internada no Hospital Civil em Bissau, depois de curada ficou com os nervos em franja, enfrascava-se em comprimidos e tinham de ser as vizinhas a tomar conta da minha filha de 18 meses, situação que me levou a requerer a passagem ao SG da FAP, tendo a mesma sido indeferida posteriormente.Findos os três meses, os oficiais e sargentos seguiram rumo a Angola e as praças foram integradas nas Companhias existentes no BCP12, eu fui transferido para a CMI.Coincidência ou não, baixei a guarda e como resultado, em 14 de Abril fui punido com 5 dias de prisão e em vez de iniciar o cumprimento da pena, fui de imediato transferido para a CCP 121 de que o citado oficial era comandante.No dia 16 fui a caminho do Guilege que já na altura estava a ferro e fogo, não havia nada para comer a não ser feijão com chouriço, eu andava de diarreia, nem os ataques com morteiros 120 me tiravam das latrinas, quando saia para o mato levava o tempo de" calças na mão".A fome era de tal ordem que os cães na tabanca começaram a desaparecer, uma hiena que caiu numa armadilha foi comida e até os abutres, diziam os rapazes que de vinho e alhos, eram um pitéu, quem lá esteve nesta data sabe que isto não é invenção.Neste período tomei parte nas seguintes operações:Operação «Lobo Verde» de 20 a 30ABR70 na zona Guileje e Gadamael Porto também tomaram parte a C. Caç. 2617 e C. Art. .Operação «Lacrau Verde», 29ABR70, no Corredor do Guileje, juntamente com uma equipa de sapadores do B. de Art. 2866, nesta operação fomos ao local onde o in tinha ido com uma viatura carregada de granadas que despejou sobre o aquartelamento, seguidamente fomos ao Corredor colocar minas anti-carro.Operação «Leão Verde» 30ABR70, no Cantahez, fomos até Gadamael Porto de viaturas e depois de Heli-assalto, não houve contacto, destruímos acampamentos.Muito tempo depois, vim a saber que aquela minha ida repentina para o Guileje tinha sido um teste porque a vontade de alguém, era correr comigo para o Exército, destino que muitos camaradas tiveram.Iniciei em 2 de Maio o cumprimento da pena e fiquei a aguardar transferência por motivos disciplinares para o BCP32 em Nacala tendo começado por me desfazer do calhambeque que tinha comprado na sucata e de dois fiz um, um Peugeot 203, com motor de 403, que bastante trabalho me tinha dado a recuperar, vendi então a viatura e algumas peças de mobiliário a um Sr. Tenente Especialista da FA que tinha acabado de chegar à Província e ficou com a casa onde eu morava, claro que exigi o pagamento em escudos em vez de "Pesos".


402-António DamasoSargºMor Paraquedista (Aposentado)Odemira Companheiro BarataNão me mandaram vir, portanto não obrigados a aturar-me.Fui eu que por acaso aterrei de para-quedas no vosso Blog.Aí vai a parte (II) da minha segunda comissão na Guiné:Nos dias 17 a 19JUL69, outra vez na zona de Palada concretizamos a operação «Marduque» desta vez só com a CCP123.De 24 a 30JUL69, operação «Atena», zona de Duas Fontes e Palada, com a participação de 3GC da CCP123, 1GC da CCP 121 e a C. Caç. 2446.Depois apareceu a minha grande dor de cabeça, que era a Guerra de quadrícula, sempre tive o entendimento de que as tropas especiais, eram para intervenções rápidas, ou não, também para servirem de reserva, mas pelos vistos, a situação não estava para brincadeiras.Comecei a operação «Nereu» 1.ª fase que foi de 31JUL a 31AGO69nas zonas de Madina do Boé, Dulombi, Bilonco e Madina Xaquili, aturam connosco além da CCP123 a C.caç. 2405 e C. Caç. 2446.Lembro-me que numa das operações de dois dias, tivemos de atravessar o mesmo rio, quatro vezes seguidas, para não andarmos mais Kms a contorná-lo, chegamos a Galomaro já depois do meio dia mas tínhamos à nossa espera uns franguinhos de churrasco.A fome era tanta, que nunca mais comi frangos que me soubessem tão bem.No decorrer deste período, ou não, julgo que a 24JUL69,não posso precisar a data, um dia à tarde chegamos a Dulombi, na altura era uma tabanca com algumas palhotas com abrigos, valas e arame farpado à volta, com uma espécie de portão de entrada na estrada de Galomaro a poente e a sul outro portão que dava para a mata, íamos passar lá a noite e de futuro serviria de acampamento base.Sempre tive um acordar estremunhado quando estava no primeiro sono, mas naquela noite, quando estava no primeiro sono, fui acordado com um festival de fogo - de -artifício, rebentamentos por todo o lado, balas tracejantes cruzavam o céu, o meu acordar foi igual a outros mas notei que o meu maxilar inferior, teimosamente batia ritmadamente no maxilar superior, durou alguns segundos até me aperceber do que se estava passar, rapidamente cerrei o os dentes e analisei a situação e vi que o ataque não era do nosso lado, mandei cessar o fogo que estava a ser efectuado para o lado do portão sul.A minha secção estava na parte sul, onde existia o tal portão, as balas tracejantes passavam por cima de nós, apesar de muitos rebentamentos à nossa volta, ninguém foi atingido, liguei o rádio, chamei como não obtive resposta, desliguei, quando estava a preparar-me para dormir novamente, apareceu-me um camarada a saber se estava tudo bem, escandalizado por eu não ter mantido o rádio ligado, nessa altura fiquei a saber que o ataque foi efectuado do arame farpado, à esquerda da entrada e que lamentavelmente, havia a lamentar uma baixa da C. Caç.2446, começara aqui o meu baptismo de fogo a ataques nocturnos.Também estivemos em Bivaque, em tendas de campanha junto do aquartelamento de Galomaro, depois iniciou-se a operação «Nereu» 2.ª fase de 01SET a 11OUT69, novamente em conjunto com as duas companhias já citadas e nas zonas de Duas Fontes, Cansissé, Contabane e Pelada.Durante a minha permanência no Gabu, fui duas vezes a Bissau à boleia, uma vez de Heli e outra de Cessna?? dos TAGCV, para tentar resolver problemas de saúde familiar, regressei ambas as vezes em DC 3 Dakota, com o nosso saudoso companheiro Vitorino, meu vizinho na altura, depois da guerra veio a ser vitima de acidente aéreo na Ilha Terceira com um aviocar.A minha mulher teve malária, teve de ser internada no Hospital Civil em Bissau, depois de curada ficou com os nervos em franja, enfrascava-se em comprimidos e tinham de ser as vizinhas a tomar conta da minha filha de 18 meses, situação que me levou a requerer a passagem ao SG da FAP, tendo a mesma sido indeferida posteriormente.Findos os três meses, os oficiais e sargentos seguiram rumo a Angola e as praças foram integradas nas Companhias existentes no BCP12, eu fui transferido para a CMI.Coincidência ou não, baixei a guarda e como resultado, em 14 de Abril fui punido com 5 dias de prisão e em vez de iniciar o cumprimento da pena, fui de imediato transferido para a CCP 121 de que o citado oficial era comandante.No dia 16 fui a caminho do Guilege que já na altura estava a ferro e fogo, não havia nada para comer a não ser feijão com chouriço, eu andava de diarreia, nem os ataques com morteiros 120 me tiravam das latrinas, quando saia para o mato levava o tempo de" calças na mão".A fome era de tal ordem que os cães na tabanca começaram a desaparecer, uma hiena que caiu numa armadilha foi comida e até os abutres, diziam os rapazes que de vinho e alhos, eram um pitéu, quem lá esteve nesta data sabe que isto não é invenção.Neste período tomei parte nas seguintes operações:Operação «Lobo Verde» de 20 a 30ABR70 na zona Guileje e Gadamael Porto também tomaram parte a C. Caç. 2617 e C. Art. .Operação «Lacrau Verde», 29ABR70, no Corredor do Guileje, juntamente com uma equipa de sapadores do B. de Art. 2866, nesta operação fomos ao local onde o in tinha ido com uma viatura carregada de granadas que despejou sobre o aquartelamento, seguidamente fomos ao Corredor colocar minas anti-carro.Operação «Leão Verde» 30ABR70, no Cantahez, fomos até Gadamael Porto de viaturas e depois de Heli-assalto, não houve contacto, destruímos acampamentos.Muito tempo depois, vim a saber que aquela minha ida repentina para o Guileje tinha sido um teste porque a vontade de alguém, era correr comigo para o Exército, destino que muitos camaradas tiveram.Iniciei em 2 de Maio o cumprimento da pena e fiquei a aguardar transferência por motivos disciplinares para o BCP32 em Nacala tendo começado por me desfazer do calhambeque que tinha comprado na sucata e de dois fiz um, um Peugeot 203, com motor de 403, que bastante trabalho me tinha dado a recuperar, vendi então a viatura e algumas peças de mobiliário a um Sr. Tenente Especialista da FA que tinha acabado de chegar à Província e ficou com a casa onde eu morava, claro que exigi o pagamento em escudos em vez de "Pesos".

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