Bad girls go everywhere: A moda do colete

04-10-2009
marcar artigo


Eu devo confessar que já me apetecia. Há mais de um ano que ele estava parado, ainda dentro da embalagem, a olhar para mim sempre que eu ia conduzir. Já tinha visto tanta gente com o colete vestido, e tantos coletes expostos nas costas dos bancos de tantos carros, que eu achava que estava a reprimir o meu. Já me estava a sentir uma opressora. Mas não. Ontem, o meu colete saiu, finalmente, à rua!Tinha eu deixado a praia há pouco menos de 15 minutos e dirigia-me calmamente para o Hipermercado para comprar o jantar, quando vejo uma mota a 'voar' para cima do meu pobre carro.As coisas que esta gente é capaz de fazer só para conseguir o meu número de telefone! E sim, essa é mesmo a única explicação que eu vejo para isto ter acontecido. Senão, vejamos: era dia, o pobre do rapaz não estava alcoolizado, e decidiu ultrapassar uma camioneta sem olhar a meios. Nem a meios, nem a frentes. Veio ter directo ao meu carro, sem apelo nem agravo. A mota (ou o que sobrou dela) ficou num estado deplorável. O meu carro, do alto dos seus experientes 12 anos, sobreviveu com o pára-choques partido, e poucos mais danos dignos de menção. Depois do embate, que me provocou uma pequena lesão no polegar direito (pisei a unha!), tive de sair do carro e tirar o famoso colete verde. A coisa até nem estava a correr mal: o dito é fluorescente, e a minha pele recentemente queimada pelo sol ganhava algum realce no meio de tanta luz. O problema é que o dito cujo é alguns tamanhos acima da minha silhueta. Tanto, que, de um momento para o outro, eu parecia uma boneca de trapos (das mais desajeitadas que há), visível até por satélite.Depois da papelada preenchida, números de telefone trocados e de dispersar a multidão (sim, porque apesar de não haver feridos nem danos de maior, é sempre interessante parar e opinar), onde não faltavam os orçamentistas:- A menina aí com € 250,00 já arranja isto. Agora ali o moço é que vai ter que gastar muito dinheiro - dizia o senhor do talho, que saiu do estabelecimento para espreitar, na expectativa que ali houvesse mais sangue que na sua própria bata.- Isso se a mota ainda tiver arranjo - opinava o senhor que ia a passar, que certamente não se dirigia a lado nenhum, dado o tempo que por lá perdeu.- Esta juventude anda por aí sempre a acelerar, e depois estragam a vida das pessoas.(ora nesta altura eu percebi que 'juventude' era o termo depreciativo para o rapaz, sendo que 'pessoas' se referia ao circulo de adultos responsáveis - eu estava de sandálias, calções, top e boné na cabeça - cuja vida era abalada constantemente e de sobremaneira por aqueles 'jovens' - classe horrorosa cuja única função é transtornar a vida das 'pessoas').Meia hora depois já estava tudo resolvido. Já o meu colete estava de volta à embalagem de onde nunca deveria ter saído, já o meu carro rumava de volta ao Hipermercado, e já o puto levava certamente nas orelhas dos papás. E agora, que já vi o quão mal me encaixa o meu colete, posso dizer com toda a segurança que espero que da próxima vez que alguém pretender ter o meu número de telefone seja menos original...


Eu devo confessar que já me apetecia. Há mais de um ano que ele estava parado, ainda dentro da embalagem, a olhar para mim sempre que eu ia conduzir. Já tinha visto tanta gente com o colete vestido, e tantos coletes expostos nas costas dos bancos de tantos carros, que eu achava que estava a reprimir o meu. Já me estava a sentir uma opressora. Mas não. Ontem, o meu colete saiu, finalmente, à rua!Tinha eu deixado a praia há pouco menos de 15 minutos e dirigia-me calmamente para o Hipermercado para comprar o jantar, quando vejo uma mota a 'voar' para cima do meu pobre carro.As coisas que esta gente é capaz de fazer só para conseguir o meu número de telefone! E sim, essa é mesmo a única explicação que eu vejo para isto ter acontecido. Senão, vejamos: era dia, o pobre do rapaz não estava alcoolizado, e decidiu ultrapassar uma camioneta sem olhar a meios. Nem a meios, nem a frentes. Veio ter directo ao meu carro, sem apelo nem agravo. A mota (ou o que sobrou dela) ficou num estado deplorável. O meu carro, do alto dos seus experientes 12 anos, sobreviveu com o pára-choques partido, e poucos mais danos dignos de menção. Depois do embate, que me provocou uma pequena lesão no polegar direito (pisei a unha!), tive de sair do carro e tirar o famoso colete verde. A coisa até nem estava a correr mal: o dito é fluorescente, e a minha pele recentemente queimada pelo sol ganhava algum realce no meio de tanta luz. O problema é que o dito cujo é alguns tamanhos acima da minha silhueta. Tanto, que, de um momento para o outro, eu parecia uma boneca de trapos (das mais desajeitadas que há), visível até por satélite.Depois da papelada preenchida, números de telefone trocados e de dispersar a multidão (sim, porque apesar de não haver feridos nem danos de maior, é sempre interessante parar e opinar), onde não faltavam os orçamentistas:- A menina aí com € 250,00 já arranja isto. Agora ali o moço é que vai ter que gastar muito dinheiro - dizia o senhor do talho, que saiu do estabelecimento para espreitar, na expectativa que ali houvesse mais sangue que na sua própria bata.- Isso se a mota ainda tiver arranjo - opinava o senhor que ia a passar, que certamente não se dirigia a lado nenhum, dado o tempo que por lá perdeu.- Esta juventude anda por aí sempre a acelerar, e depois estragam a vida das pessoas.(ora nesta altura eu percebi que 'juventude' era o termo depreciativo para o rapaz, sendo que 'pessoas' se referia ao circulo de adultos responsáveis - eu estava de sandálias, calções, top e boné na cabeça - cuja vida era abalada constantemente e de sobremaneira por aqueles 'jovens' - classe horrorosa cuja única função é transtornar a vida das 'pessoas').Meia hora depois já estava tudo resolvido. Já o meu colete estava de volta à embalagem de onde nunca deveria ter saído, já o meu carro rumava de volta ao Hipermercado, e já o puto levava certamente nas orelhas dos papás. E agora, que já vi o quão mal me encaixa o meu colete, posso dizer com toda a segurança que espero que da próxima vez que alguém pretender ter o meu número de telefone seja menos original...

marcar artigo