Bad girls go everywhere: Areia, hipermercados e a Torre dos Clérigos

04-10-2009
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Torre dos Clérigos, obra de Nicolau NasoniAinda não estava lá em casa sequer há 24 horas, e já eu era obrigada a fazer cedências por causa do Nicolau.Pouco passava das 10 da manhã de Domingo, quando o despertador tocou (reparem, eu usei manhã, Domingo e despertador na mesma frase). Arrastei-me para o chuveiro a tentar mentalizar-me que depois do duche e do prato de cereais, teria mesmo de ir ao hipermercado do elefante para comprar areia para o coelho. O parque de estacionamento não denunciava o que por lá dentro havia: um verdadeiro freak show ou, se preferirem, o circo das aberrações:- Senhoras e senhores, meninos e meninas, venham ver a mulher peluda, o homem da meia branca por debaixo da sandália, o fato de treino lilás, e as maiores variações da bandeira portuguesa: em top, em saia, em peúga, em fita do cabelo, em cobertor de bébé... Tirem-me daqui, eu já não aguento!Em abono da verdade, admito que a secção de rações para animais estava bem mais calma que a secção dos congelados, dos brinquedos ou das roupas. Aliás, eramos só dois. Perfeitas anormalidades no epicentro de um tornado de mau gosto: eu de calças brancas de corrida, sapatilhas e T-shirt cor camel. Ele de calças de ganga e T-shirt branca (olhos verdes, moreno, alto e giro). Foi no momento em que desliguei o telefone, que serviu para desabafar parte da minha fúria por estar ali naquele dia e àquela hora, que ele me disse:- Pois é, parece que andamos os dois perdidos.Ao lado dele, um carro com dois sacos gigantes de comida para cão. Aos meus pés, um cesto com 2,5Kg de areia para coelho.- Desculpe?- Não pude deixar de ouvir a conversa. Também me esqueci de comprar comida para o cão. Fui obrigado a vir para cá hoje.- Eu não posso dizer o mesmo. É o primeiro dia do coelho lá em casa. Ainda estou a fazer um check list.- Como se chama o teu coelho?- Nicolau.- De Breyner?- Não, se tiver de ser de alguma coisa, é de Nasoni.***Conversa, conversa, conversa***Carissimos (mas principalmente carrissimas), já diz o ditado que quando se fecha uma porta, eis que se abre uma janela, e nem sempre podemos falhar. Então não é que o meu congénere de compras afinal é arquitecto (como o Nicolau Nasoni himself)? Achou imensa piada, e eu dei-lhe o meu número de telefone. Vamos tomar café amanhã. Afinal, já diz o povo, que nada é melhor para uma ressaca de whisky que um escocês puro???


Torre dos Clérigos, obra de Nicolau NasoniAinda não estava lá em casa sequer há 24 horas, e já eu era obrigada a fazer cedências por causa do Nicolau.Pouco passava das 10 da manhã de Domingo, quando o despertador tocou (reparem, eu usei manhã, Domingo e despertador na mesma frase). Arrastei-me para o chuveiro a tentar mentalizar-me que depois do duche e do prato de cereais, teria mesmo de ir ao hipermercado do elefante para comprar areia para o coelho. O parque de estacionamento não denunciava o que por lá dentro havia: um verdadeiro freak show ou, se preferirem, o circo das aberrações:- Senhoras e senhores, meninos e meninas, venham ver a mulher peluda, o homem da meia branca por debaixo da sandália, o fato de treino lilás, e as maiores variações da bandeira portuguesa: em top, em saia, em peúga, em fita do cabelo, em cobertor de bébé... Tirem-me daqui, eu já não aguento!Em abono da verdade, admito que a secção de rações para animais estava bem mais calma que a secção dos congelados, dos brinquedos ou das roupas. Aliás, eramos só dois. Perfeitas anormalidades no epicentro de um tornado de mau gosto: eu de calças brancas de corrida, sapatilhas e T-shirt cor camel. Ele de calças de ganga e T-shirt branca (olhos verdes, moreno, alto e giro). Foi no momento em que desliguei o telefone, que serviu para desabafar parte da minha fúria por estar ali naquele dia e àquela hora, que ele me disse:- Pois é, parece que andamos os dois perdidos.Ao lado dele, um carro com dois sacos gigantes de comida para cão. Aos meus pés, um cesto com 2,5Kg de areia para coelho.- Desculpe?- Não pude deixar de ouvir a conversa. Também me esqueci de comprar comida para o cão. Fui obrigado a vir para cá hoje.- Eu não posso dizer o mesmo. É o primeiro dia do coelho lá em casa. Ainda estou a fazer um check list.- Como se chama o teu coelho?- Nicolau.- De Breyner?- Não, se tiver de ser de alguma coisa, é de Nasoni.***Conversa, conversa, conversa***Carissimos (mas principalmente carrissimas), já diz o ditado que quando se fecha uma porta, eis que se abre uma janela, e nem sempre podemos falhar. Então não é que o meu congénere de compras afinal é arquitecto (como o Nicolau Nasoni himself)? Achou imensa piada, e eu dei-lhe o meu número de telefone. Vamos tomar café amanhã. Afinal, já diz o povo, que nada é melhor para uma ressaca de whisky que um escocês puro???

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