Bichísses: Sopas de Ameixoeira às 16h

12-07-2009
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Estava eu a meditar (já não tinha Vogue, Elle, Máxima nem a Caras no Quarto de Banho e o WCPato tem letras cada vez mais piquenas e uma moça tem de se distrair enquanto caga), quando consegui atingir duas ou três conclusões. Como isto não dá para muito mais, esqueci-me de todas e limpei o cu aos dedos. Depois de tomar um duche e de muito esfregar as mãos e os entrefolhos da xôxa, lembrei-me de uma das ideias que tive: e se eu vender a casa e me mudar para uma com menos despesas? Como sei que sou brilhante e o resto do povo é tonto, resolvi iniciar a minha busca por um petit appartement luxuoso mas de preço acessível. Resolvi começar a visitar as propostas que me apareciam. Pois lá fui eu ter com o vendedor, um carequinha deliciosamente bronco, mas sexy, com ar de estúpido fodilhão que me arrepiou os mamilos ao ponto de se notar na seda da blusa La Perla. E assim, disfarçada de pessoa humilde dirigi-me até um Bairro duvidoso ali prós lados do Lumiar, numa terra chamada Ameixoeira. Só o nome dá soltura intestinal. Entrei no prédio e era maravilhoso. Tinha aqueles ares de anos 60 com imensos azulejos e ainda por cima cheirava a sopa nas escadas, apesar de serem 16h. Claro, pobre adora sopinha. Subi (horror dos horrores - a pé) até ao terceiro andar e sentei-me no degrauzinho de mármore barato, cor-de-rosa pálido, para recuperar o fôlego. Entrei e soltei um gritinho masculino de aflição (parecia uma gaivota perneta) quando reparei que a velhota que me abriu a porta tinha apenas dois dentes. Somados aos 2 dentes do marido e aos 4 do Canixe encardido mais rafeiro que a pintelheira do Cláudio Ramos, dava uns maravilhosos 8 dentes por agregado familiar. O resto foi indescritível. O bolôr, a gordura nos tachos e nos azulejos, a tinta a descascar nas ombreiras, os sanitários em forma de concha, mas carcomidos e rachados, a colcha de renda com carrapetas, a sagrada família na parede, o crucifixo florescente, o poster da paisagem bucólica a tapar a janelinha da casa de banho. Enfim, foi um oceano de maravilhas! Regressei à Quinta da Marinha envolvida em pensamentos de melancolia, pois lembrei-me do ZéTó que morava num anexo parecido, mas que fez de mim uma esfregona sem igual naquele linólio amarelado e puído.Aqui fica o testemunho desta vossa menina de polyester.Tyrilene Bisus


Estava eu a meditar (já não tinha Vogue, Elle, Máxima nem a Caras no Quarto de Banho e o WCPato tem letras cada vez mais piquenas e uma moça tem de se distrair enquanto caga), quando consegui atingir duas ou três conclusões. Como isto não dá para muito mais, esqueci-me de todas e limpei o cu aos dedos. Depois de tomar um duche e de muito esfregar as mãos e os entrefolhos da xôxa, lembrei-me de uma das ideias que tive: e se eu vender a casa e me mudar para uma com menos despesas? Como sei que sou brilhante e o resto do povo é tonto, resolvi iniciar a minha busca por um petit appartement luxuoso mas de preço acessível. Resolvi começar a visitar as propostas que me apareciam. Pois lá fui eu ter com o vendedor, um carequinha deliciosamente bronco, mas sexy, com ar de estúpido fodilhão que me arrepiou os mamilos ao ponto de se notar na seda da blusa La Perla. E assim, disfarçada de pessoa humilde dirigi-me até um Bairro duvidoso ali prós lados do Lumiar, numa terra chamada Ameixoeira. Só o nome dá soltura intestinal. Entrei no prédio e era maravilhoso. Tinha aqueles ares de anos 60 com imensos azulejos e ainda por cima cheirava a sopa nas escadas, apesar de serem 16h. Claro, pobre adora sopinha. Subi (horror dos horrores - a pé) até ao terceiro andar e sentei-me no degrauzinho de mármore barato, cor-de-rosa pálido, para recuperar o fôlego. Entrei e soltei um gritinho masculino de aflição (parecia uma gaivota perneta) quando reparei que a velhota que me abriu a porta tinha apenas dois dentes. Somados aos 2 dentes do marido e aos 4 do Canixe encardido mais rafeiro que a pintelheira do Cláudio Ramos, dava uns maravilhosos 8 dentes por agregado familiar. O resto foi indescritível. O bolôr, a gordura nos tachos e nos azulejos, a tinta a descascar nas ombreiras, os sanitários em forma de concha, mas carcomidos e rachados, a colcha de renda com carrapetas, a sagrada família na parede, o crucifixo florescente, o poster da paisagem bucólica a tapar a janelinha da casa de banho. Enfim, foi um oceano de maravilhas! Regressei à Quinta da Marinha envolvida em pensamentos de melancolia, pois lembrei-me do ZéTó que morava num anexo parecido, mas que fez de mim uma esfregona sem igual naquele linólio amarelado e puído.Aqui fica o testemunho desta vossa menina de polyester.Tyrilene Bisus

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