Saúde SA: Simples negócio

26-06-2009
marcar artigo

Mascarado de compromissoA pública encenação, representada há alguns tempos entre a ANF e o Governo, exibiu uma aviltante claudicação dos interesses públicos.linkO governo mostrou-se incapaz de legislar sobre a propriedade das farmácias da mesma maneira que trata das questões normativas de outros sectores privados, sociais ou até públicos. Quando tentou mexer no tabu da ANF foi-lhe imposto um pacote de contrapartidas. Como não podia dar uma imagem de condescendência, de fraqueza, tornou-se necessário arquitectar um cenário de idílico interesse público. Aí, perante o olhar atónito dos portugueses, foi exibida a peça: “Compromisso para a Saúde”.Má escolha! O repositório pode ser tudo menos isso.A “intrusão” das farmácias nos HH’s é um secreto desejo, desde há muito, alimentado pela ANF. A reacção de JC à proposta de “farmácias sociais” efectuada, há uns anos, por Ferro Rodrigues, mostrou como esta questão é fundamental para a ANF. E não são necessárias especulações para além da indisfarçável pretensão hegemónica do mercado farmacêutico. Trata-se de um negócio de 320 milhões de euros.O Governo conhecendo essa apetência das farmácias pelos HH’s e, não sejamos pudicos, pelo negócio, vislumbrou o tal “compromisso”. Trata-se, em relação aos doentes portadores de doença oncológica ou infectados por HIV, cujo arsenal terapêutico traduz-se em custos economicamente pesados, de uma despesa passível de ser eliminada/“escondida” do orçamento (OE). E este factor (orçamental) passa a ser o fundamental, para quem continua com o PAC às costas. Portanto, se a tentação foi grande, a imprudência foi ainda maior.O restante, i.e., o que vem nos 28 artigos que incorporam o “compromisso”, incluindo a expansão do negócio (artº. 13) até parecem meros aconchegos. Parecem, mas não são! Também aqui se deu um salto em frente, embora muitos dos itens já viessem a ser praticados, como por exemplo, a venda de produtos naturais, veterinários e de saúde e conforto (presume-se cosméticos, etc.).O que é novo e interessaria questionar, no interesse dos doentes, é a competência e aptidão técnica para exercer outros, como por exemplo, administrações de:- vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação da Direcção-Geral de Saúde,- de medicamentos e primeiros socorros;Ou, ainda, a realização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica; Infelizmente, não inibe a interpretação destes exames donde podem nascer as mais variadas confusões e danos.Assim, numa “penada” ou pernada passou-se por cima, ou ao lado dos sectores: de enfermagem e dos MCDT.A dispensa em farmácias hospitalares destes medicamentos é outra ultrapassagem. Desta vez das estruturas hospitalares e Institutos que ao longo de anos foram criadas e treinadas para as particularidades da terapêutica oncológica e antiretroviral. Um simples negócio, mascarado de compromisso, pode perturbar as mais valias que estes doentes foram obtendo ao longo dos anos.Afirma-se nesse tal documento: “As farmácias em Portugal funcionam com qualidade assinalável e o sector tem-se mostrado disponível para participar na resolução dos problemas de saúde que a sociedade vai colocando.”Tal asserção não se aplica a este novo “negócio”. Falta-lhe conhecimento, desempenho e treino neste “ramo”.O que estamos a assistir é a atribuição de uma escandalosa benesse que, como a administração de muitos medicamentos oncológicos, precisa de ser monitorizada, ao longo do tempo.Dada a atipicidade do caso (no meio hospitalar, entenda-se) falta saber por quem:- pela ERS?ou,- pela ASAE? É-Pá "Compromisso Prá Saúde" (continuação) link

Mascarado de compromissoA pública encenação, representada há alguns tempos entre a ANF e o Governo, exibiu uma aviltante claudicação dos interesses públicos.linkO governo mostrou-se incapaz de legislar sobre a propriedade das farmácias da mesma maneira que trata das questões normativas de outros sectores privados, sociais ou até públicos. Quando tentou mexer no tabu da ANF foi-lhe imposto um pacote de contrapartidas. Como não podia dar uma imagem de condescendência, de fraqueza, tornou-se necessário arquitectar um cenário de idílico interesse público. Aí, perante o olhar atónito dos portugueses, foi exibida a peça: “Compromisso para a Saúde”.Má escolha! O repositório pode ser tudo menos isso.A “intrusão” das farmácias nos HH’s é um secreto desejo, desde há muito, alimentado pela ANF. A reacção de JC à proposta de “farmácias sociais” efectuada, há uns anos, por Ferro Rodrigues, mostrou como esta questão é fundamental para a ANF. E não são necessárias especulações para além da indisfarçável pretensão hegemónica do mercado farmacêutico. Trata-se de um negócio de 320 milhões de euros.O Governo conhecendo essa apetência das farmácias pelos HH’s e, não sejamos pudicos, pelo negócio, vislumbrou o tal “compromisso”. Trata-se, em relação aos doentes portadores de doença oncológica ou infectados por HIV, cujo arsenal terapêutico traduz-se em custos economicamente pesados, de uma despesa passível de ser eliminada/“escondida” do orçamento (OE). E este factor (orçamental) passa a ser o fundamental, para quem continua com o PAC às costas. Portanto, se a tentação foi grande, a imprudência foi ainda maior.O restante, i.e., o que vem nos 28 artigos que incorporam o “compromisso”, incluindo a expansão do negócio (artº. 13) até parecem meros aconchegos. Parecem, mas não são! Também aqui se deu um salto em frente, embora muitos dos itens já viessem a ser praticados, como por exemplo, a venda de produtos naturais, veterinários e de saúde e conforto (presume-se cosméticos, etc.).O que é novo e interessaria questionar, no interesse dos doentes, é a competência e aptidão técnica para exercer outros, como por exemplo, administrações de:- vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação da Direcção-Geral de Saúde,- de medicamentos e primeiros socorros;Ou, ainda, a realização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica; Infelizmente, não inibe a interpretação destes exames donde podem nascer as mais variadas confusões e danos.Assim, numa “penada” ou pernada passou-se por cima, ou ao lado dos sectores: de enfermagem e dos MCDT.A dispensa em farmácias hospitalares destes medicamentos é outra ultrapassagem. Desta vez das estruturas hospitalares e Institutos que ao longo de anos foram criadas e treinadas para as particularidades da terapêutica oncológica e antiretroviral. Um simples negócio, mascarado de compromisso, pode perturbar as mais valias que estes doentes foram obtendo ao longo dos anos.Afirma-se nesse tal documento: “As farmácias em Portugal funcionam com qualidade assinalável e o sector tem-se mostrado disponível para participar na resolução dos problemas de saúde que a sociedade vai colocando.”Tal asserção não se aplica a este novo “negócio”. Falta-lhe conhecimento, desempenho e treino neste “ramo”.O que estamos a assistir é a atribuição de uma escandalosa benesse que, como a administração de muitos medicamentos oncológicos, precisa de ser monitorizada, ao longo do tempo.Dada a atipicidade do caso (no meio hospitalar, entenda-se) falta saber por quem:- pela ERS?ou,- pela ASAE? É-Pá "Compromisso Prá Saúde" (continuação) link

marcar artigo