Destaques a AMARELO: A comunicação social, essa escumalha de esquerda

16-04-2005
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Pois não. O dr. Manuel Queiró escreveu um artigo de opinião (“O Fracasso e a oportunidade”, Jornal O Público, 23 de Fevereiro 2005), que me deixou atónito. Nesse artigo, que tinha como principal missão enviar mensagens para o interior do seu próprio partido (ao jeito, pouco original, de militantes de outros partidos), acusa várias vezes os media de “agressividade política de esquerda”. Fala mesmo de “hostilidade dos media” como dificuldade sentida pelo governo e chega a afirmar que a nova maioria “conta ainda com uma grande vantagem sobre a anterior maioria: a persistente hegemonia cultural e mediática de esquerda” sublinhando que esta “poderá enfrentar os problemas que forem surgindo sem ser sistematicamente demolida na comunicação social”. Resumindo, o dr. Queiró reafirma a tese (depois não venha dizer que não disse) de que o PS foi “levado ao colo” pela comunicação social para o governo e ainda por cima com maioria absoluta. Embora também ache que a nossa comunicação social mereça um permanente e muito atento olhar crítico, até porque a sua independência e autonomia há muito que está posta em causa (esta tese poderá ser facilmente confirmada no dia em que os jornalistas puderem dizer o que se passa nas redacções dos diferentes meios de comunicação social), penso que é de uma injustiça e uma desonestidade intelectual bastante grande afirmar que existe uma “persistente hegemonia cultural e mediática de esquerda”. É fácil comprovar que tal afirmação é uma injustiça se fizermos um pequeníssimo exercício de memória. Eu sei que não estamos habituados, mas não custa nem dói nada. Onde estava essa hegemonia de esquerda durante os governos do eng. António Guterres que era todos os dias sujeito a uma permanente coscuvilhice mediática? Onde estava essa hegemonia de esquerda durante a asfixia do PS e do dr. Ferro Rodrigues, em que até chamadas telefónicas privadas eram publicadas diariamente? Onde estava essa hegemonia de esquerda, quando anunciaram o desaparecimento do PCP assim que o Sr. Jerónimo de Sousa foi eleito? E, com um pouco mais de tempo, muitos outros exemplos poderiam ser evidenciados. Já agora, onde foi parar essa hegemonia mediática de esquerda que já começa a questionar as capacidades da nova maioria de esquerda? Não estava e não está. A hegemonia da comunicação social é, infelizmente, bem outra.Mas penso que é ainda mais interessante propôr um exercício de memória especial para o dr. Manuel Queiró. Então o dr. Manuel Queiró já se esqueceu quem era e o que fez o líder do seu partido antes de o ser? Ah, pois, ele já não é o líder do seu partido... Bom, mas mesmo sendo muito curta a memória, eu dou uma ajudo. O dr. Paulo Portas, enquanto jornalista e director do Jornal Independente foi – esta foi uma opinião generalizada e muito aplaudida na época, principalmente pela “tal comunicação social” - o grande responsável pela queda do “cavaquismo”. O dr. Paulo Portas, quando não usava gravata e não dizia “oiça” no começo de cada frase, foi quem cavou a funda cova em que o PSD ainda se encontra. Dizem aliás as más línguas, que a sua grande ambição nunca foi outra senão a de destruir o PSD, um partido onde não encontrou o lugar que pretendia. E deixe que lhe diga dr. Queiró que, de facto, este mérito ninguém pode tirar ao dr. Paulo Portas. Aliás, o dr. Paulo Portas justificou o seu abandono da liderança do PP na noite de 20 de Fevereiro com o fim de um ciclo. Sim, de facto, foi o fim do ciclo em que o dr. Paulo Portas fez de tudo para destruir o PDS e, consequentemente, a direita em Portugal.Finalmente dr. Manuel Queiró, lamento desiludi-lo, mas a comunicação social em Portugal não é, na generalidade, dominada por nenhum paradigma ideológico. Entenda uma coisa de uma vez por todas (ou “oiça” como afirmava o seu líder partidário): a comunicação social é, na generalidade (e sublinho “a comunicação social” e “na generalidade” porque obviamente há relevantes excepções quer por parte de vários órgãos de comunicação social e, sobretudo, por parte de vários profissionais deste sector), controlada por grupos económicos cada vez mais concentrados a quem pouco interessa se é a esquerda ou a direita que está no governo. Aliás, a única coisa que interessa a esses grupos e interesses é que não esteja ninguém no governo para que possam governar-se à vontade. Não me diga dr. Queiró que ainda não tinha ouvido falar disto aí por Bruxelas? Ou com esta agressividade contra a agressividade mediática de esquerda pretende estar de acordo com o “habituem-se” do dr. António Vitorino? Sim, porque seguramente o dr. António Vitorino não deve achar que essa hegemonia cultural e mediática de esquerda existe... Se assim fosse, para quê tantos cuidados? O dr. António Vitorino já percebeu, até por experiência própria, que tal coisa não existe. Mas também é verdade que ele esteve mais tempo em Bruxelas.

Pois não. O dr. Manuel Queiró escreveu um artigo de opinião (“O Fracasso e a oportunidade”, Jornal O Público, 23 de Fevereiro 2005), que me deixou atónito. Nesse artigo, que tinha como principal missão enviar mensagens para o interior do seu próprio partido (ao jeito, pouco original, de militantes de outros partidos), acusa várias vezes os media de “agressividade política de esquerda”. Fala mesmo de “hostilidade dos media” como dificuldade sentida pelo governo e chega a afirmar que a nova maioria “conta ainda com uma grande vantagem sobre a anterior maioria: a persistente hegemonia cultural e mediática de esquerda” sublinhando que esta “poderá enfrentar os problemas que forem surgindo sem ser sistematicamente demolida na comunicação social”. Resumindo, o dr. Queiró reafirma a tese (depois não venha dizer que não disse) de que o PS foi “levado ao colo” pela comunicação social para o governo e ainda por cima com maioria absoluta. Embora também ache que a nossa comunicação social mereça um permanente e muito atento olhar crítico, até porque a sua independência e autonomia há muito que está posta em causa (esta tese poderá ser facilmente confirmada no dia em que os jornalistas puderem dizer o que se passa nas redacções dos diferentes meios de comunicação social), penso que é de uma injustiça e uma desonestidade intelectual bastante grande afirmar que existe uma “persistente hegemonia cultural e mediática de esquerda”. É fácil comprovar que tal afirmação é uma injustiça se fizermos um pequeníssimo exercício de memória. Eu sei que não estamos habituados, mas não custa nem dói nada. Onde estava essa hegemonia de esquerda durante os governos do eng. António Guterres que era todos os dias sujeito a uma permanente coscuvilhice mediática? Onde estava essa hegemonia de esquerda durante a asfixia do PS e do dr. Ferro Rodrigues, em que até chamadas telefónicas privadas eram publicadas diariamente? Onde estava essa hegemonia de esquerda, quando anunciaram o desaparecimento do PCP assim que o Sr. Jerónimo de Sousa foi eleito? E, com um pouco mais de tempo, muitos outros exemplos poderiam ser evidenciados. Já agora, onde foi parar essa hegemonia mediática de esquerda que já começa a questionar as capacidades da nova maioria de esquerda? Não estava e não está. A hegemonia da comunicação social é, infelizmente, bem outra.Mas penso que é ainda mais interessante propôr um exercício de memória especial para o dr. Manuel Queiró. Então o dr. Manuel Queiró já se esqueceu quem era e o que fez o líder do seu partido antes de o ser? Ah, pois, ele já não é o líder do seu partido... Bom, mas mesmo sendo muito curta a memória, eu dou uma ajudo. O dr. Paulo Portas, enquanto jornalista e director do Jornal Independente foi – esta foi uma opinião generalizada e muito aplaudida na época, principalmente pela “tal comunicação social” - o grande responsável pela queda do “cavaquismo”. O dr. Paulo Portas, quando não usava gravata e não dizia “oiça” no começo de cada frase, foi quem cavou a funda cova em que o PSD ainda se encontra. Dizem aliás as más línguas, que a sua grande ambição nunca foi outra senão a de destruir o PSD, um partido onde não encontrou o lugar que pretendia. E deixe que lhe diga dr. Queiró que, de facto, este mérito ninguém pode tirar ao dr. Paulo Portas. Aliás, o dr. Paulo Portas justificou o seu abandono da liderança do PP na noite de 20 de Fevereiro com o fim de um ciclo. Sim, de facto, foi o fim do ciclo em que o dr. Paulo Portas fez de tudo para destruir o PDS e, consequentemente, a direita em Portugal.Finalmente dr. Manuel Queiró, lamento desiludi-lo, mas a comunicação social em Portugal não é, na generalidade, dominada por nenhum paradigma ideológico. Entenda uma coisa de uma vez por todas (ou “oiça” como afirmava o seu líder partidário): a comunicação social é, na generalidade (e sublinho “a comunicação social” e “na generalidade” porque obviamente há relevantes excepções quer por parte de vários órgãos de comunicação social e, sobretudo, por parte de vários profissionais deste sector), controlada por grupos económicos cada vez mais concentrados a quem pouco interessa se é a esquerda ou a direita que está no governo. Aliás, a única coisa que interessa a esses grupos e interesses é que não esteja ninguém no governo para que possam governar-se à vontade. Não me diga dr. Queiró que ainda não tinha ouvido falar disto aí por Bruxelas? Ou com esta agressividade contra a agressividade mediática de esquerda pretende estar de acordo com o “habituem-se” do dr. António Vitorino? Sim, porque seguramente o dr. António Vitorino não deve achar que essa hegemonia cultural e mediática de esquerda existe... Se assim fosse, para quê tantos cuidados? O dr. António Vitorino já percebeu, até por experiência própria, que tal coisa não existe. Mas também é verdade que ele esteve mais tempo em Bruxelas.

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