O Estado AFIRMAÇÃO: A vez de Manuel

21-07-2005
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Manuel Maria Carrilho deverá ser, esta semana, indigitado candidato do PS à Câmara Municipal de Lisboa. Há meses que não esperava outra coisa: o bom senso de José Sócrates, a perspicácia de Jorge Coelho e o altruísmo final das estruturas locais do PS, que a mim e a bem dizer à maioria dos concidadãos de Lisboa pouco interessava.Foi o próprio Pedro Santana Lopes que explicou, com a devida ampliação e repetição, que a aventura Laranja no Governo de Portugal, começou nas autárquicas de 2001. Sustentou que foi graças à sua vitória e derrota subsequente de toda a esquerda, que o país teve uma mudança política. Muito bem! Aceitemos esse argumento: só com a derrota final em Lisboa (e também no Porto) o país aspirará a acabar com esta longa e ruinosa aventura. A vitória de Manuel Maria Carrilho, do PS e dos restantes partidos de esquerda (caso entendam participar) fechará um ciclo que foi o ciclo do pessimismo, da má governação, da tanga, da depressão colectiva. O fim do ciclo político dominado pelo PSD, que nem a eles deixará saudades, quanto mais aos outros: militantes, militantes independentes (como gosto de me considerar) e independentes.Ainda hoje se descobrem diariamente escândalos, atrás de escândalos, seja a venda apressada e futebolística da Lusomundo, a central de 600 milhões, ou o agora evidenciado caso dos sobreiros de Benavente. E a lista só vai engrossar, especialmente quando se começar a perceber publicamente (porque nos círculos do poder, já se sabe), não só o número de nomeações, mas as extraordinárias perpetuações de altos cargos da administração pública, por via da extensão, nova contratação ou alteração das regras, políticas é óbvio, mas igualmente estatutárias. Nas águas, nas estradas, nas energias, nos hospitais, nas chefias militares e policiais e etc. o governo terá muita dificuldade em fazer valer os seus projectos, uma vez que foi quebrada a prática anteriormente comum de demissão e/ou não continuação dos mandatos em altos cargos estratégicos. Indemnizações luxuosas adivinham-se para gente sem escrúpulos nem nenhum respeito pelo jogo democrático. E pelas dificuldades dos portugueses.Portanto isto ainda não acabou. E para mim só acabará em Janeiro, nas eleições presidenciais. O país continua refém de muita gente que não interessa, de muitos lobbies, boys e jobs.O PS corria francamente o risco de errar a abordagem às eleições em Lisboa, caso continuasse com o tabu do candidato. E não sei, sinceramente, se não terá sido graças a Ferro Rodrigues ter prestado mais um excelente serviço ao partido, que a coisa não deu para o torto. Efectivamente a situação bicéfala de dois pré-candidatos, ao contrário das eleições para secretário geral (precisamente por não haver escrutínio), a prolongarem-se, tenderiam a fragilizar qualquer um que viesse a assumir a candidatura. Uma coisa é um cidadão, ainda que militante, dizer publicamente quem apoia, outra é uma estrutura partidária declarar apoio, ou ter preferência, ou declarar que não apoia. E ainda pior se for por fonte jornalística.Veja-se o PSD: tem neste momento dois pré-candidatos sem que nenhum saia beneficiado, Carmona perde espaço e credibilidade e para Santana tudo é igualmente mau, por via da sua manifesta incapacidade. É claro que poderá sempre organizar um mundialito de Futebol de Praia no Terreiro do Paço, mas nem isso o safaria...O PS, corria o risco de demonstrar que as estruturas concelhias e federativas têm um poder idêntico às do PSD pós-congresso, ou seja consoante a força de A, B é candidato. De uma vez por todas é altura de os partidos perceberem que há vida para além das quezílias partidárias e que isso só prejudica quem dá a cara. Os cidadãos estão-se borrifando para a secção, a concelhia ou a direcção sequer. Por isso toda a discussão, na praça pública, alimentada pelos dirigentes, é prejudicial. E alguém pensou que era favorável a Y ou a Z?Ao afastar-se, Ferro Rodrigues fez, como referi, um favor ao partido. Mas teve também humildade democrática. De facto, Manuel Maria Carrilho é candidato há mais de um ano, muito antes da derrocada laranja ser perceptível aos olhos de todos. Demonstrou vontade e convicção, antes de saber os acontecimentos trágicos, hoje conhecidos, que talvez (naquela lógica santanista) tenham começado com as eleições europeias de 2004. Apresentou-se com a ambição de mudar Lisboa, de alterar a Lisboa da fachada e da trapalhada e pensar um projecto global para a cidade. Manuel Maria Carrilho é o candidato desejado pelos lisboetas e é o legítimo candidato do PS.Nascido em Coimbra em 1951, é licenciado em Filosofia na Universidade de Lisboa e doutorado em Filosofia Contemporânea pela Universidade Nova, onde é professor desde 1994.Tenho falado com várias pessoas que conhecem, pessoal e politicamente, Manuel Maria Carrilho. Pessoas ligadas a várias áreas, em especial das artes e da cultura. Simpatizem politicamente ou não com o PS, todos são unânimes em reconhecer que foi o melhor ministro que a cultura já teve, desde sempre. Que foi o que demonstrou um projecto, uma visão e consequência em acção política. Que apaziguou agentes e criadores, que desenvolveu uma rede nacional de cultura em diversas frentes, que projectou e dinamizou o Cinema, o Teatro, as Artes Plásticas e a Literatura. Que enriqueceu a música erudita por via das orquestras, das escolas e escolas superiores e que entusiasmou a Ópera e o Bailado. Que deu relevância à cultura além fronteiras e que se dedicou à sua estruturação e projecção em Portugal.Para qualquer artista, a sua candidatura só pode ser positiva. E para os restantes?Eu nunca concordei com as declarações de Manuel Maria Carrilho sobre António Guterres. Simplesmente acho que foram, em grande medida, despropositadas: no tempo e na forma. Mas reconheço que foi frontal, que não mandou dizer por ninguém, que foi corajoso e despegado. Talvez muitas pessoas se tenham revisto nas suas posições, mas dizia o instinto protector ao partido, que não era altura de abrir aquela frente desgastante e dizimadora. Ao mesmo tempo tive sempre a sensação que Guterres era o receptor de tanta crítica, por via das suas funções enquanto secretário geral. Efectivamente era o partido que precisava (ainda precisa) de um puxão de orelhas e o seu líder o representante nominativo de alguma malta eleita para que não se faça, não se mexa, não se avance. Em certa medida, António Guterres, foi o receptáculo legítimo de uma certa crise que abalava o PS e que só as grandes vitórias de José Sócrates dissipam por agora (entendo que este é um problema extensível a todos os partidos, com maior enfoque para os grandes, que se afastam das pessoas em vez de se aproximarem, mas isso é outro assunto).Daí que não tenho dúvidas que, passado este tempo, Manuel Maria Carrilho apoiará sem hesitar uma eventual candidatura de António Guterres a Presidente. O que lá vai, lá vai e somos todos crescidos o suficiente para pormos o interesse nacional, acima das questões pessoais.Em qualquer eleição, não se trata de eleger pessoas, mas confiar projectos. O PS fará bem em esclarecer quem quer para coordenar e comandar um projecto para a cidade. Para o candidato só agora a luta vai começar. Terá de organizar uma equipa, que naturalmente contará com listas conjuntas do Bloco e do PCP, na proporção exacta das suas valias eleitorais. Acima de tudo terá de demonstrar a sua visão, a sua ideia para Lisboa. Esta passará por cinco vertentes essenciais (sem nenhuma ordem de importância): a requalificação urbana, a ordenação do tráfego, a emancipação cultural, a preocupação social (em especial com a 3a idade) e a afirmação ambiental, matérias que requerem actividade contínua, ao contrário do actualmente praticado. Afinal quase tudo o que se tem discutido, sempre, sem que tenha resolvido. Para tal terá de apresentar projectos suficientemente inovadores, bem como o seu plano de concretização.A isto acresce o necessário restabelecimento da auto-estima dos lisboetas, por via de eventos únicos, à escala internacional, como foram a Capital da Cultura em 1994 e a Expo 98, ou o próximo MTV Europe Music Awards. Por exemplo: Lisboa pode acolher o Earth Day, celebrado a 15 de Abril, promovido pela Time Magazine e patrocinado por grandes empresas, como a Ford Motor Company, ou a criação e organização dos I Jogos PALOP, destinados aos atletas dos países de língua oficial portuguesa. Talvez isso fosse um bom ponto de partida para uma eventual candidatura olímpica de Lisboa.Se há matéria em que o PS não tem vergonha é do seu passado na gestão da Câmara Municipal. Jorge Sampaio e João Soares foram excelentes presidentes. O seu legado é indiscutivelmente positivo e merecedor do reconhecimento geral dos lisboetas. Desta vez, seria bom que Bloco entendesse essa necessidade de voltar a ter um projecto para Lisboa e não se afastasse desta missão, por via da sua ambição eleitoralista. Em Lisboa poderemos começar um projecto comum, que passará pelo referendo sobre a interrupção voluntária de gravidez e poderá conduzir à eleição de um Presidente do espectro socialista e social democrático. Sem prejuízo para as diferenças existentes sobre a Constituição Europeia: isso só engrandece a pluralidade democrática das Esquerdas Unidas e fortalece a visão que de nós tem o eleitorado.Espero que todos tenham consciência do que está em jogo. Espero que, ao contrário das autárquicas de 2001, a esquerda entenda e leia bem a vontade popular, inclusivamente expressa nas recentes legislativas. Mas cuidado: parece-me consensual que o PS tem condições únicas para vencer sozinho, caso os partidos à esquerda entendam ficar fora deste desígnio.Uma última palavra para Manuel Maria Carrilho. Por diversos motivos as suas missões não são fáceis: nem a de ganhar, nem a de, em caso afirmativo, reorganizar e projectar a sua ideia para Lisboa. Mas pode contar connosco. Nem que seja, como é o humilde caso, simplesmente para lhe dizer: Força Manuel! Bem haja! A cidade precisa de si!

Manuel Maria Carrilho deverá ser, esta semana, indigitado candidato do PS à Câmara Municipal de Lisboa. Há meses que não esperava outra coisa: o bom senso de José Sócrates, a perspicácia de Jorge Coelho e o altruísmo final das estruturas locais do PS, que a mim e a bem dizer à maioria dos concidadãos de Lisboa pouco interessava.Foi o próprio Pedro Santana Lopes que explicou, com a devida ampliação e repetição, que a aventura Laranja no Governo de Portugal, começou nas autárquicas de 2001. Sustentou que foi graças à sua vitória e derrota subsequente de toda a esquerda, que o país teve uma mudança política. Muito bem! Aceitemos esse argumento: só com a derrota final em Lisboa (e também no Porto) o país aspirará a acabar com esta longa e ruinosa aventura. A vitória de Manuel Maria Carrilho, do PS e dos restantes partidos de esquerda (caso entendam participar) fechará um ciclo que foi o ciclo do pessimismo, da má governação, da tanga, da depressão colectiva. O fim do ciclo político dominado pelo PSD, que nem a eles deixará saudades, quanto mais aos outros: militantes, militantes independentes (como gosto de me considerar) e independentes.Ainda hoje se descobrem diariamente escândalos, atrás de escândalos, seja a venda apressada e futebolística da Lusomundo, a central de 600 milhões, ou o agora evidenciado caso dos sobreiros de Benavente. E a lista só vai engrossar, especialmente quando se começar a perceber publicamente (porque nos círculos do poder, já se sabe), não só o número de nomeações, mas as extraordinárias perpetuações de altos cargos da administração pública, por via da extensão, nova contratação ou alteração das regras, políticas é óbvio, mas igualmente estatutárias. Nas águas, nas estradas, nas energias, nos hospitais, nas chefias militares e policiais e etc. o governo terá muita dificuldade em fazer valer os seus projectos, uma vez que foi quebrada a prática anteriormente comum de demissão e/ou não continuação dos mandatos em altos cargos estratégicos. Indemnizações luxuosas adivinham-se para gente sem escrúpulos nem nenhum respeito pelo jogo democrático. E pelas dificuldades dos portugueses.Portanto isto ainda não acabou. E para mim só acabará em Janeiro, nas eleições presidenciais. O país continua refém de muita gente que não interessa, de muitos lobbies, boys e jobs.O PS corria francamente o risco de errar a abordagem às eleições em Lisboa, caso continuasse com o tabu do candidato. E não sei, sinceramente, se não terá sido graças a Ferro Rodrigues ter prestado mais um excelente serviço ao partido, que a coisa não deu para o torto. Efectivamente a situação bicéfala de dois pré-candidatos, ao contrário das eleições para secretário geral (precisamente por não haver escrutínio), a prolongarem-se, tenderiam a fragilizar qualquer um que viesse a assumir a candidatura. Uma coisa é um cidadão, ainda que militante, dizer publicamente quem apoia, outra é uma estrutura partidária declarar apoio, ou ter preferência, ou declarar que não apoia. E ainda pior se for por fonte jornalística.Veja-se o PSD: tem neste momento dois pré-candidatos sem que nenhum saia beneficiado, Carmona perde espaço e credibilidade e para Santana tudo é igualmente mau, por via da sua manifesta incapacidade. É claro que poderá sempre organizar um mundialito de Futebol de Praia no Terreiro do Paço, mas nem isso o safaria...O PS, corria o risco de demonstrar que as estruturas concelhias e federativas têm um poder idêntico às do PSD pós-congresso, ou seja consoante a força de A, B é candidato. De uma vez por todas é altura de os partidos perceberem que há vida para além das quezílias partidárias e que isso só prejudica quem dá a cara. Os cidadãos estão-se borrifando para a secção, a concelhia ou a direcção sequer. Por isso toda a discussão, na praça pública, alimentada pelos dirigentes, é prejudicial. E alguém pensou que era favorável a Y ou a Z?Ao afastar-se, Ferro Rodrigues fez, como referi, um favor ao partido. Mas teve também humildade democrática. De facto, Manuel Maria Carrilho é candidato há mais de um ano, muito antes da derrocada laranja ser perceptível aos olhos de todos. Demonstrou vontade e convicção, antes de saber os acontecimentos trágicos, hoje conhecidos, que talvez (naquela lógica santanista) tenham começado com as eleições europeias de 2004. Apresentou-se com a ambição de mudar Lisboa, de alterar a Lisboa da fachada e da trapalhada e pensar um projecto global para a cidade. Manuel Maria Carrilho é o candidato desejado pelos lisboetas e é o legítimo candidato do PS.Nascido em Coimbra em 1951, é licenciado em Filosofia na Universidade de Lisboa e doutorado em Filosofia Contemporânea pela Universidade Nova, onde é professor desde 1994.Tenho falado com várias pessoas que conhecem, pessoal e politicamente, Manuel Maria Carrilho. Pessoas ligadas a várias áreas, em especial das artes e da cultura. Simpatizem politicamente ou não com o PS, todos são unânimes em reconhecer que foi o melhor ministro que a cultura já teve, desde sempre. Que foi o que demonstrou um projecto, uma visão e consequência em acção política. Que apaziguou agentes e criadores, que desenvolveu uma rede nacional de cultura em diversas frentes, que projectou e dinamizou o Cinema, o Teatro, as Artes Plásticas e a Literatura. Que enriqueceu a música erudita por via das orquestras, das escolas e escolas superiores e que entusiasmou a Ópera e o Bailado. Que deu relevância à cultura além fronteiras e que se dedicou à sua estruturação e projecção em Portugal.Para qualquer artista, a sua candidatura só pode ser positiva. E para os restantes?Eu nunca concordei com as declarações de Manuel Maria Carrilho sobre António Guterres. Simplesmente acho que foram, em grande medida, despropositadas: no tempo e na forma. Mas reconheço que foi frontal, que não mandou dizer por ninguém, que foi corajoso e despegado. Talvez muitas pessoas se tenham revisto nas suas posições, mas dizia o instinto protector ao partido, que não era altura de abrir aquela frente desgastante e dizimadora. Ao mesmo tempo tive sempre a sensação que Guterres era o receptor de tanta crítica, por via das suas funções enquanto secretário geral. Efectivamente era o partido que precisava (ainda precisa) de um puxão de orelhas e o seu líder o representante nominativo de alguma malta eleita para que não se faça, não se mexa, não se avance. Em certa medida, António Guterres, foi o receptáculo legítimo de uma certa crise que abalava o PS e que só as grandes vitórias de José Sócrates dissipam por agora (entendo que este é um problema extensível a todos os partidos, com maior enfoque para os grandes, que se afastam das pessoas em vez de se aproximarem, mas isso é outro assunto).Daí que não tenho dúvidas que, passado este tempo, Manuel Maria Carrilho apoiará sem hesitar uma eventual candidatura de António Guterres a Presidente. O que lá vai, lá vai e somos todos crescidos o suficiente para pormos o interesse nacional, acima das questões pessoais.Em qualquer eleição, não se trata de eleger pessoas, mas confiar projectos. O PS fará bem em esclarecer quem quer para coordenar e comandar um projecto para a cidade. Para o candidato só agora a luta vai começar. Terá de organizar uma equipa, que naturalmente contará com listas conjuntas do Bloco e do PCP, na proporção exacta das suas valias eleitorais. Acima de tudo terá de demonstrar a sua visão, a sua ideia para Lisboa. Esta passará por cinco vertentes essenciais (sem nenhuma ordem de importância): a requalificação urbana, a ordenação do tráfego, a emancipação cultural, a preocupação social (em especial com a 3a idade) e a afirmação ambiental, matérias que requerem actividade contínua, ao contrário do actualmente praticado. Afinal quase tudo o que se tem discutido, sempre, sem que tenha resolvido. Para tal terá de apresentar projectos suficientemente inovadores, bem como o seu plano de concretização.A isto acresce o necessário restabelecimento da auto-estima dos lisboetas, por via de eventos únicos, à escala internacional, como foram a Capital da Cultura em 1994 e a Expo 98, ou o próximo MTV Europe Music Awards. Por exemplo: Lisboa pode acolher o Earth Day, celebrado a 15 de Abril, promovido pela Time Magazine e patrocinado por grandes empresas, como a Ford Motor Company, ou a criação e organização dos I Jogos PALOP, destinados aos atletas dos países de língua oficial portuguesa. Talvez isso fosse um bom ponto de partida para uma eventual candidatura olímpica de Lisboa.Se há matéria em que o PS não tem vergonha é do seu passado na gestão da Câmara Municipal. Jorge Sampaio e João Soares foram excelentes presidentes. O seu legado é indiscutivelmente positivo e merecedor do reconhecimento geral dos lisboetas. Desta vez, seria bom que Bloco entendesse essa necessidade de voltar a ter um projecto para Lisboa e não se afastasse desta missão, por via da sua ambição eleitoralista. Em Lisboa poderemos começar um projecto comum, que passará pelo referendo sobre a interrupção voluntária de gravidez e poderá conduzir à eleição de um Presidente do espectro socialista e social democrático. Sem prejuízo para as diferenças existentes sobre a Constituição Europeia: isso só engrandece a pluralidade democrática das Esquerdas Unidas e fortalece a visão que de nós tem o eleitorado.Espero que todos tenham consciência do que está em jogo. Espero que, ao contrário das autárquicas de 2001, a esquerda entenda e leia bem a vontade popular, inclusivamente expressa nas recentes legislativas. Mas cuidado: parece-me consensual que o PS tem condições únicas para vencer sozinho, caso os partidos à esquerda entendam ficar fora deste desígnio.Uma última palavra para Manuel Maria Carrilho. Por diversos motivos as suas missões não são fáceis: nem a de ganhar, nem a de, em caso afirmativo, reorganizar e projectar a sua ideia para Lisboa. Mas pode contar connosco. Nem que seja, como é o humilde caso, simplesmente para lhe dizer: Força Manuel! Bem haja! A cidade precisa de si!

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