Sol

25-05-2009
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O ex-secretário-geral do PS Ferro Rodrigues avisa que, se o actual Governo pede sacrifícios, éque o faça com, e adianta que irá até ao recurso final no processo Casa Pia

As posições do ex-ministro socialista são assumidas em entrevista à revista Visão, que será publicada quinta-feira, quebrando assim um período de cerca de três anos de silêncio em matéria de intervenções na vida política nacional.

Sobre o actual Governo socialista, Ferro Rodrigues começa por observar que lhe faz «confusão que, para algumas pessoas, dizer bem deste primeiro-ministro [José Sócrates] seja dizer mal de Guterres».

Depois, em relação à actual política do executivo de maioria absoluta socialista, Ferro Rodrigues deixa um aviso: «Pedem-se sacrifícios a uma parte importante da classe média e a uma determinada geração, que tem entre 45 e 65 anos (…). Se esses sacrifícios são pedidos, é indispensável que isso se faça com menos arrogância e mais humildade», sustenta.

Na entrevista, o processo Casa Pia é outro dos capítulos fortes.

O ex-secretário-geral do PS lamenta que, «até hoje, a justiça não tenha apurado as razões e as motivações» de indivíduos que diz terem-no caluniado na fase de inquérito do processo.

«Espero que os que me causaram tão graves danos expliquem porque mentiram e foram elementos activos numa tentativa, mais do que de assassínio político, de assassínio de carácter e cívico», advoga, antes de advertir que, «com grande inconformismo», irá «até ao recurso final» no processo Casa Pia.

Ainda em relação a este caso, Ferro assume que voltaria a alertar os então procurador Geral da República [Souto Moura] e o Presidente da República [Jorge Sampaio] quando soube que estavam «em marcha denúncias caluniosas» contra si «e outras pessoas da direcção do PS».

«Não fiz pressão para evitar isto ou fazer aquilo. Tentei alertar para o perigo de haver prisões ilegais, como houve, e para um ataque terrível a uma direcção partidária, como aconteceu», refere, numa alusão indirecta à detenção do seu ex-número dois Paulo Pedroso.

Ferro Rodrigues admite à revista Visão escrever mais tarde um livro sobre o processo Casa Pia e garante que nunca utilizou a expressão «cabala» em relação a este caso.

«Podem procurar à vontade», diz, antes de referir que houve no entanto «pessoas que prestaram declarações falsas e caluniosas, e sabe-se hoje quem são».

«Se houver vontade de investigar, confio em que, um dia, saberemos. Poderá ser é tarde de mais», alerta.

Ferro Rodrigues abandonou a liderança do PS em Julho de 2004, depois de o ex-Presidente da República Jorge Sampaio ter recusado a exigência do PS de convocar eleições legislativas antecipadas logo após a saída de Durão Barroso do cargo de primeiro-ministro para exercer as funções de presidente da Comissão Europeia.

Na entrevista à Visão, Ferro Rodrigues mantém que estava preparado para ter uma vitória eleitoral no Verão de 2004, se Jorge Sampaio não tivesse decidido antes empossar Santana Lopes no cargo de primeiro-ministro em substituição de Durão Barroso.

Apesar de tudo, o ex-ministro de António Guterres revela que continua a considerar Jorge Sampaio «amigo», embora adiante que já não encontra o ex-chefe de Estado há alguns anos.

Ferro Rodrigues explica também os motivos que o levaram a não entrar na corrida dentro do PS para ser candidato à presidência da Câmara de Lisboa em 2005, o que acabou por deixar o ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho sem qualquer opositor interno.

«Tendo-me demitido da liderança do PS, faria pouco sentido candidatar-me a Lisboa, a não ser que fosse apoiado, unanimemente, no partido», afirma.

Porém, o ex-líder socialista aponta que nunca sentiu que existisse essa unanimidade dentro do PS em relação a uma sua candidatura à Câmara de Lisboa.

«Naquela altura, a oposição veio daqueles que achavam, e tinham trabalhado para isso, que a candidatura de Manuel Maria Carrilho era vencedora. Depois de ser secretário-geral, nunca dividiria os socialistas», justifica.

Na entrevista, Ferro afasta o cenário de um regresso a curto prazo à vida política «com o actual sistema», alegando que não gosta «de algumas formas como o poder político, judicial e mediático se relacionam».

No domínio do emprego, em Portugal, o ex-ministro do Trabalho de António Guterres diz que «o problema é de flexibilidade a mais: há demasiados contratos a prazo e recibos verdes».

Em relação à forma de ratificar o Tratado da União Europeia, o ex-líder socialista defende que um referendo «resultaria numa abstenção enorme».

«A Europa precisa de estabilidade constitucional», sustenta.

Lusa / SOL

O ex-secretário-geral do PS Ferro Rodrigues avisa que, se o actual Governo pede sacrifícios, éque o faça com, e adianta que irá até ao recurso final no processo Casa Pia

As posições do ex-ministro socialista são assumidas em entrevista à revista Visão, que será publicada quinta-feira, quebrando assim um período de cerca de três anos de silêncio em matéria de intervenções na vida política nacional.

Sobre o actual Governo socialista, Ferro Rodrigues começa por observar que lhe faz «confusão que, para algumas pessoas, dizer bem deste primeiro-ministro [José Sócrates] seja dizer mal de Guterres».

Depois, em relação à actual política do executivo de maioria absoluta socialista, Ferro Rodrigues deixa um aviso: «Pedem-se sacrifícios a uma parte importante da classe média e a uma determinada geração, que tem entre 45 e 65 anos (…). Se esses sacrifícios são pedidos, é indispensável que isso se faça com menos arrogância e mais humildade», sustenta.

Na entrevista, o processo Casa Pia é outro dos capítulos fortes.

O ex-secretário-geral do PS lamenta que, «até hoje, a justiça não tenha apurado as razões e as motivações» de indivíduos que diz terem-no caluniado na fase de inquérito do processo.

«Espero que os que me causaram tão graves danos expliquem porque mentiram e foram elementos activos numa tentativa, mais do que de assassínio político, de assassínio de carácter e cívico», advoga, antes de advertir que, «com grande inconformismo», irá «até ao recurso final» no processo Casa Pia.

Ainda em relação a este caso, Ferro assume que voltaria a alertar os então procurador Geral da República [Souto Moura] e o Presidente da República [Jorge Sampaio] quando soube que estavam «em marcha denúncias caluniosas» contra si «e outras pessoas da direcção do PS».

«Não fiz pressão para evitar isto ou fazer aquilo. Tentei alertar para o perigo de haver prisões ilegais, como houve, e para um ataque terrível a uma direcção partidária, como aconteceu», refere, numa alusão indirecta à detenção do seu ex-número dois Paulo Pedroso.

Ferro Rodrigues admite à revista Visão escrever mais tarde um livro sobre o processo Casa Pia e garante que nunca utilizou a expressão «cabala» em relação a este caso.

«Podem procurar à vontade», diz, antes de referir que houve no entanto «pessoas que prestaram declarações falsas e caluniosas, e sabe-se hoje quem são».

«Se houver vontade de investigar, confio em que, um dia, saberemos. Poderá ser é tarde de mais», alerta.

Ferro Rodrigues abandonou a liderança do PS em Julho de 2004, depois de o ex-Presidente da República Jorge Sampaio ter recusado a exigência do PS de convocar eleições legislativas antecipadas logo após a saída de Durão Barroso do cargo de primeiro-ministro para exercer as funções de presidente da Comissão Europeia.

Na entrevista à Visão, Ferro Rodrigues mantém que estava preparado para ter uma vitória eleitoral no Verão de 2004, se Jorge Sampaio não tivesse decidido antes empossar Santana Lopes no cargo de primeiro-ministro em substituição de Durão Barroso.

Apesar de tudo, o ex-ministro de António Guterres revela que continua a considerar Jorge Sampaio «amigo», embora adiante que já não encontra o ex-chefe de Estado há alguns anos.

Ferro Rodrigues explica também os motivos que o levaram a não entrar na corrida dentro do PS para ser candidato à presidência da Câmara de Lisboa em 2005, o que acabou por deixar o ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho sem qualquer opositor interno.

«Tendo-me demitido da liderança do PS, faria pouco sentido candidatar-me a Lisboa, a não ser que fosse apoiado, unanimemente, no partido», afirma.

Porém, o ex-líder socialista aponta que nunca sentiu que existisse essa unanimidade dentro do PS em relação a uma sua candidatura à Câmara de Lisboa.

«Naquela altura, a oposição veio daqueles que achavam, e tinham trabalhado para isso, que a candidatura de Manuel Maria Carrilho era vencedora. Depois de ser secretário-geral, nunca dividiria os socialistas», justifica.

Na entrevista, Ferro afasta o cenário de um regresso a curto prazo à vida política «com o actual sistema», alegando que não gosta «de algumas formas como o poder político, judicial e mediático se relacionam».

No domínio do emprego, em Portugal, o ex-ministro do Trabalho de António Guterres diz que «o problema é de flexibilidade a mais: há demasiados contratos a prazo e recibos verdes».

Em relação à forma de ratificar o Tratado da União Europeia, o ex-líder socialista defende que um referendo «resultaria numa abstenção enorme».

«A Europa precisa de estabilidade constitucional», sustenta.

Lusa / SOL

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