Ferro Rodrigues sem apoios para continuar

19-03-2008
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Ferro Rodrigues sem apoios para continuar

A decisão do secretário-geral do PS de anunciar a recandidatura ao cargo na noite da vitória eleitoral caiu mal no partido. A questão da liderança volta à agenda socialista. Com José Sócrates na calha Alterar tamanho António Pedro Ferreira Ferro Rodrigues, na noite das europeias: nenhum destacado socialista apoiou o anúncio da recandidatura do secretário-geral A EXPRESSIVA vitória eleitoral de domingo está longe de bastar para que Ferro Rodrigues tenha assegurada a reeleição como secretário-geral do PS, no final do ano. A EXPRESSIVA vitória eleitoral de domingo está longe de bastar para que Ferro Rodrigues tenha assegurada a reeleição como secretário-geral do PS, no final do ano. Se, logo no início da semana, se dava como adquirido o suplemento de alma interno que o resultado das europeias teria dado a Ferro, essa convicção foi diminuindo com o passar dos dias. E nos bastidores socialistas vai ganhando peso a ideia de que ou Ferro retira a candidatura antes do Congresso ou, a disputar efectivamente a preferência dos militantes a quem apelou directamente na noite eleitoral, acabará por perder.

Vitorino, o desejado. Sócrates, o provável

Contra quem? Dando por adquirido que nem a (já anteriormente assumida) candidatura de João Soares, nem a de José Lamego (que a anunciou esta semana, assegurando ao EXPRESSO que a vai «levar até ao fim») têm força para realmente disputar a chefia do partido, as alternativas que sobram são, por enquanto, do domínio da ficção. António Vitorino volta a surgir como a solução mais consensual, mas também a mais improvável: passaria por estar liberto de compromissos europeus e disponível para regressar à política interna. Ora, nem a primeira premissa está confirmada (mesmo que afastado da presidência da Comissão, Vitorino pode continuar como comissário), nem a segunda é muito crível. Com efeito. são quase tantos os socialistas que não acreditam na sua vontade de regressar ao PS quantos os que desejavam que isso acontecesse. E entre estes últimos está o outro nome que, eventualmente, mais federaria os militantes: José Sócrates. O ex-ministro do Ambiente recusa-se a antecipar a discussão da liderança (ver texto em baixo), mas está a ser pressionado para avançar se António Vitorino o não fizer. Sócrates é o ponta-de-lança de um conjunto de nomes com maior e menor influência no PS (entre eles, António Costa, Jaime Gama e Pina Moura) que já há algum tempo vêm alimentando um distanciamento crítico de Ferro, estando empenhados em encontrar uma alternativa a tempo das legislativas de 2006.

O papel-chave de Jorge Coelho

Jorge Coelho - peça-chave neste xadrez - recusa-se, para já, a tomar partido e a ser ele próprio candidato, para o que também tem sido pressionado. Mas há quem acredite que, mais perto da hora da verdade, poderá expressar o seu apoio a Sócrates. O coordenador das autárquicas disse, na reunião de terça-feira da Comissão Política: «Jamais estarei contra pessoas com quem tive cumplicidades políticas», numa declaração lida como de equidistância em relação a Ferro e a Sócrates. No entanto, em conversas privadas, Coelho deu sinais de incómodo com o actual secretário-geral, nomeadamente com as interpretações de que a sua ida ao Altis, na noite das eleições, representava um apoio ao líder: «Recuso que me utilizem», terá dito. Certo é que o anúncio da recandidatura de Ferro, na noite das eleições, caiu mal entre os socialistas, os quais consideraram que, dessa forma, o secretário-geral abriu a porta à discussão de questões internas do PS, em vez de capitalizar a vitória eleitoral. Pedro Adão e Silva, do Secretariado, discorda: «Ferro anunciou a candidatura para não alimentar tabus. Quem o criticou por o ter feito são, em muitos casos, as pessoas que ao longo dos últimos meses estiveram mais mobilizadas para a campanha da intriga interna do que para a campanha das europeias». Neste momento, há consenso num ponto: não é tempo de explorar publicamente as fracturas internas. Discussão aberta, só após as regionais de Outubro.

Cristina Figueiredo e Maria Teresa Oliveira «É pena que o PS não discuta o país» JOSÉ Sócrates resistiu estoicamente, ao longo da semana, às pressões para assumir uma candidatura à liderança do PS, e pretende continuar a fazê-lo... até ao dia em que ele próprio tome uma decisão sobre o assunto. O momento de discutir a vida interna socialista é no Congresso de Dezembro, afirma sempre que lhe perguntam se é ou não candidato. Ao EXPRESSO, o ex-ministro do Ambiente reitera: «Lamento que o PS se esteja a enganar nas prioridades. Este é o momento de discutir o país, não o partido». Já na terça-feira, na Comissão Política, Sócrates exortara o PS a virar-se para fora e retirar o máximo de dividendos da vitória eleitoral de domingo: «Deixá-la respirar, afirmá-la, evitar que seja diminuída com questões políticas menores». Quem sabe, talvez com o Verão o PS acolha a sugestão, dando-lhe o tempo de que ele precisa para fazer contas à vida.

C.F.

PRIMEIRA E ÚLTIMA

Sócrates adia avanço contra Ferro

PAÍS

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3

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A decisão do secretário-geral do PS de anunciar a recandidatura ao cargo na noite da vitória eleitoral caiu mal no partido. A questão da liderança volta à agenda socialista. Com José Sócrates na calha Alterar tamanho António Pedro Ferreira Ferro Rodrigues, na noite das europeias: nenhum destacado socialista apoiou o anúncio da recandidatura do secretário-geral A EXPRESSIVA vitória eleitoral de domingo está longe de bastar para que Ferro Rodrigues tenha assegurada a reeleição como secretário-geral do PS, no final do ano. A EXPRESSIVA vitória eleitoral de domingo está longe de bastar para que Ferro Rodrigues tenha assegurada a reeleição como secretário-geral do PS, no final do ano. Se, logo no início da semana, se dava como adquirido o suplemento de alma interno que o resultado das europeias teria dado a Ferro, essa convicção foi diminuindo com o passar dos dias. E nos bastidores socialistas vai ganhando peso a ideia de que ou Ferro retira a candidatura antes do Congresso ou, a disputar efectivamente a preferência dos militantes a quem apelou directamente na noite eleitoral, acabará por perder.

Vitorino, o desejado. Sócrates, o provável

Contra quem? Dando por adquirido que nem a (já anteriormente assumida) candidatura de João Soares, nem a de José Lamego (que a anunciou esta semana, assegurando ao EXPRESSO que a vai «levar até ao fim») têm força para realmente disputar a chefia do partido, as alternativas que sobram são, por enquanto, do domínio da ficção. António Vitorino volta a surgir como a solução mais consensual, mas também a mais improvável: passaria por estar liberto de compromissos europeus e disponível para regressar à política interna. Ora, nem a primeira premissa está confirmada (mesmo que afastado da presidência da Comissão, Vitorino pode continuar como comissário), nem a segunda é muito crível. Com efeito. são quase tantos os socialistas que não acreditam na sua vontade de regressar ao PS quantos os que desejavam que isso acontecesse. E entre estes últimos está o outro nome que, eventualmente, mais federaria os militantes: José Sócrates. O ex-ministro do Ambiente recusa-se a antecipar a discussão da liderança (ver texto em baixo), mas está a ser pressionado para avançar se António Vitorino o não fizer. Sócrates é o ponta-de-lança de um conjunto de nomes com maior e menor influência no PS (entre eles, António Costa, Jaime Gama e Pina Moura) que já há algum tempo vêm alimentando um distanciamento crítico de Ferro, estando empenhados em encontrar uma alternativa a tempo das legislativas de 2006.

O papel-chave de Jorge Coelho

Jorge Coelho - peça-chave neste xadrez - recusa-se, para já, a tomar partido e a ser ele próprio candidato, para o que também tem sido pressionado. Mas há quem acredite que, mais perto da hora da verdade, poderá expressar o seu apoio a Sócrates. O coordenador das autárquicas disse, na reunião de terça-feira da Comissão Política: «Jamais estarei contra pessoas com quem tive cumplicidades políticas», numa declaração lida como de equidistância em relação a Ferro e a Sócrates. No entanto, em conversas privadas, Coelho deu sinais de incómodo com o actual secretário-geral, nomeadamente com as interpretações de que a sua ida ao Altis, na noite das eleições, representava um apoio ao líder: «Recuso que me utilizem», terá dito. Certo é que o anúncio da recandidatura de Ferro, na noite das eleições, caiu mal entre os socialistas, os quais consideraram que, dessa forma, o secretário-geral abriu a porta à discussão de questões internas do PS, em vez de capitalizar a vitória eleitoral. Pedro Adão e Silva, do Secretariado, discorda: «Ferro anunciou a candidatura para não alimentar tabus. Quem o criticou por o ter feito são, em muitos casos, as pessoas que ao longo dos últimos meses estiveram mais mobilizadas para a campanha da intriga interna do que para a campanha das europeias». Neste momento, há consenso num ponto: não é tempo de explorar publicamente as fracturas internas. Discussão aberta, só após as regionais de Outubro.

Cristina Figueiredo e Maria Teresa Oliveira «É pena que o PS não discuta o país» JOSÉ Sócrates resistiu estoicamente, ao longo da semana, às pressões para assumir uma candidatura à liderança do PS, e pretende continuar a fazê-lo... até ao dia em que ele próprio tome uma decisão sobre o assunto. O momento de discutir a vida interna socialista é no Congresso de Dezembro, afirma sempre que lhe perguntam se é ou não candidato. Ao EXPRESSO, o ex-ministro do Ambiente reitera: «Lamento que o PS se esteja a enganar nas prioridades. Este é o momento de discutir o país, não o partido». Já na terça-feira, na Comissão Política, Sócrates exortara o PS a virar-se para fora e retirar o máximo de dividendos da vitória eleitoral de domingo: «Deixá-la respirar, afirmá-la, evitar que seja diminuída com questões políticas menores». Quem sabe, talvez com o Verão o PS acolha a sugestão, dando-lhe o tempo de que ele precisa para fazer contas à vida.

C.F.

PRIMEIRA E ÚLTIMA

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