Londres, 31 Out (Lusa) - A comissão para as queixas sobre a imprensa britânica recebeu meia centena de reclamações contra uma crónica publicada num tablóide onde o embaixador português no país é atacado por declarações sobre o "caso Madeleine".
"Chegaram cerca de 50 queixas de todo o mundo, na maioria de [cidadãos] portugueses, mas também de outras nacionalidades", adiantou à agência Lusa um porta-voz do organismo estatal [Press Complaints Comission em inglês, PCC].
A comissão vai agora analisar o conteúdo das reclamações e a legislação que é invocada nas queixas para "decidir se se justifica uma investigação mais profunda", disse a mesma fonte.
Em causa está uma crónica no diário "Daily Mirror" publicada na segunda-feira onde o autor qualifica declarações do embaixador português no Reino Unido, António Santana Carlos, sobre o "caso Madeleine" como "estúpidas e desnecessárias".
Assinado pelo polémico jornalista Tony Parsons, este cita uma entrevista do diplomata ao diário "The Times" no passado sábado.
Nesta, o embaixador afirma que em Portugal "as famílias vivem todas juntas", razão pela qual, sugere, alguns portugueses terão criticado os McCann por terem deixado os seus filhos sozinhos a dormir num apartamento enquanto jantavam num restaurante próximo.
"Eles erraram, embaixador. As vidas deles foram destruídas. Isso é um castigo suficiente, sem os seus comentários estúpidos e desnecessários", escreve o articulista do Mirror, que aconselha que no futuro Santana Carlos "mantenha fechada a boca estúpida e trituradora de sardinhas".
O conteúdo da crónica, assim como o provocador título "Oh, up yours, senor", foi considerado por vários portugueses como uma "ofensa escandalosa", iniciando uma corrente de correios electrónicos a incitar a apresentação de uma queixa à PCC.
Os autores deste apelo invocam uma infracção à lei de ordem pública de 1986 - a qual proíbe os insultos raciais ou o uso de termos que instiguem o ódio racial - e que no artigo em causa teria atingido os portugueses.
O assunto originou também dezenas de comentários na página electrónica do tablóide, onde pessoas de diferentes nacionalidades, incluindo vários que se identificam como britânicos, condenam Parsons, enquanto outros concordam.
A PCC tenciona tomar uma primeira decisão sobre os procedimentos a tomar neste caso "dentro de duas a três semanas", podendo, se decidir prosseguir, pedir esclarecimentos ao jornal, disse o porta-voz à agência Lusa.
Se a publicação for considerada culpada, esta poderá ser obrigada a retratar-se nas suas páginas.
A agência Lusa tentou obter um comentário do "Daily Mirror" às queixas apresentadas, mas até ao momento não obteve resposta.
Também o embaixador António Santana Carlos recusou reagir à polémica, estando a ponderar uma tomada de posição mais formal, adiantou fonte da representação diplomática portuguesa, remetendo para a entrevista ao "Times" os esclarecimentos sobre o intuito das suas palavras.
BM.
Lusa/Fim
Categorias
Entidades
Londres, 31 Out (Lusa) - A comissão para as queixas sobre a imprensa britânica recebeu meia centena de reclamações contra uma crónica publicada num tablóide onde o embaixador português no país é atacado por declarações sobre o "caso Madeleine".
"Chegaram cerca de 50 queixas de todo o mundo, na maioria de [cidadãos] portugueses, mas também de outras nacionalidades", adiantou à agência Lusa um porta-voz do organismo estatal [Press Complaints Comission em inglês, PCC].
A comissão vai agora analisar o conteúdo das reclamações e a legislação que é invocada nas queixas para "decidir se se justifica uma investigação mais profunda", disse a mesma fonte.
Em causa está uma crónica no diário "Daily Mirror" publicada na segunda-feira onde o autor qualifica declarações do embaixador português no Reino Unido, António Santana Carlos, sobre o "caso Madeleine" como "estúpidas e desnecessárias".
Assinado pelo polémico jornalista Tony Parsons, este cita uma entrevista do diplomata ao diário "The Times" no passado sábado.
Nesta, o embaixador afirma que em Portugal "as famílias vivem todas juntas", razão pela qual, sugere, alguns portugueses terão criticado os McCann por terem deixado os seus filhos sozinhos a dormir num apartamento enquanto jantavam num restaurante próximo.
"Eles erraram, embaixador. As vidas deles foram destruídas. Isso é um castigo suficiente, sem os seus comentários estúpidos e desnecessários", escreve o articulista do Mirror, que aconselha que no futuro Santana Carlos "mantenha fechada a boca estúpida e trituradora de sardinhas".
O conteúdo da crónica, assim como o provocador título "Oh, up yours, senor", foi considerado por vários portugueses como uma "ofensa escandalosa", iniciando uma corrente de correios electrónicos a incitar a apresentação de uma queixa à PCC.
Os autores deste apelo invocam uma infracção à lei de ordem pública de 1986 - a qual proíbe os insultos raciais ou o uso de termos que instiguem o ódio racial - e que no artigo em causa teria atingido os portugueses.
O assunto originou também dezenas de comentários na página electrónica do tablóide, onde pessoas de diferentes nacionalidades, incluindo vários que se identificam como britânicos, condenam Parsons, enquanto outros concordam.
A PCC tenciona tomar uma primeira decisão sobre os procedimentos a tomar neste caso "dentro de duas a três semanas", podendo, se decidir prosseguir, pedir esclarecimentos ao jornal, disse o porta-voz à agência Lusa.
Se a publicação for considerada culpada, esta poderá ser obrigada a retratar-se nas suas páginas.
A agência Lusa tentou obter um comentário do "Daily Mirror" às queixas apresentadas, mas até ao momento não obteve resposta.
Também o embaixador António Santana Carlos recusou reagir à polémica, estando a ponderar uma tomada de posição mais formal, adiantou fonte da representação diplomática portuguesa, remetendo para a entrevista ao "Times" os esclarecimentos sobre o intuito das suas palavras.
BM.
Lusa/Fim