Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74

01-07-2009
marcar artigo


1. Mensagem do nosso camarada Júlio Pinto, ex-2.º Sarg da CART 769, (Angola, 1967/69), com data de 13 de Setembro de 2008Amigo Luís Graça,Eu sou aquele combatente de Angola que um dia me dirigi a si para saber notícias sobre o desaparecimento do meu amigo e colega da juventude, Fur Mil Júlio Lemos, da CCAÇ 797 que esteve na Guiné, em Tite de 1965 a 1967 (1).Já tenho muita informação sobre o sucedido e sinto-me muito mais aliviado. Obrigado a si e aos tertulianos.Mas agora o motivo de me dirigir novamente a si, é outro.Eu estive no nordeste de Angola na fronteira com o ex-Congo Belga, mas sempre atento ao que ia sucedendo tanto em Moçambique como na Guiné e não há dúvida que os jovens deste País, mais sacrificados, foram aqueles que tiveram de passar pela Guiné, pois a Guiné era um Vietname em ponto mais pequeno. Numa área tão pequena, tantos e tantos jovens para sempre ficaram.Assim quero aqui prestar a minha HOMENAGEM a todos aqueles que estiveram na Guiné e para quem houve regresso, aos que pagaram com vida a defesa da Guiné espero que Deus lhes tenha reservado um lugar especial, pois eles merecem.Os meus cumprimentosJúlio Pinto,Ex-2.º Sarg MilCART 769Angola 1967/692. Comentário de CVCaro Júlio PintoSe não te importas, à maneira da Tabanca Grande, vamo-nos tratar por tu.Ficamos satisfeitos por te termos sido úteis na busca da causa do falecimento do teu amigo de infância, nosso malogrado camarada, Júlio Lemos.Aceitamos e agradecemos a tua homenagem em nome de todos quantos combateram na Guiné. Sentimo-nos honrados pelo teu reconhecimento.Na verdade neste TO, as condições de clima e terreno eram particularmente difíceis. O território ocupado por nós e pelo PAIGC, por vezes, estava separado por escassos quilómetros. Na Guiné, a guerra fazia-se quase porta a porta, mal se podendo sair do arame farpado em muitos quarteis. Permito-me salientar as ZA junto às fronteiras e no sul do território onde havia grandes dificuldades operacionais.Ou era o IN, que por se infiltrar a partir principalmente da Guiné-Conacri, dificultava o movimento das NT, quer flagelando os quarteis, quer atacando colunas auto e embarcações da Marinha, quer as condições do terreno no tempo das chuvas, que danificavam irremediavelmente as picadas, dificultando o fornecimento de víveres e munições aos aquartelamentos, originando muita carência alimentar, escassez de meios de defesa e principalmente sérias dificuldades na evacuação de feridos e mortos.Como deves saber, para se navegar nos rios da Guiné, mesmo nos principais, estávamos sujeitos às marés, pelo que até esta circunstância denunciava o momento da nossa passagem. Eles sabiam quando nos deviam esperar.Viveram-se horas muito difíceis e mesmo a tropa especial, como os Comandos, Páras e Fuzileiros Navais passaram momentos dramáticos nas bolanhas, rios e matas daquele pequeno território. Não podemos esquecer os nossos bravos pilotos da nossa Força Aérea que arriscavam o material e principalmente a própria vida, para tentar chegar onde mais ninguém chegava.Não se pode no entanto passar para segundo plano Angola e Moçambique, onde camaradas nossos passaram também maus bocados, embora com mais possibilidades de rotação para zonas menos más. Na Guiné não havia essa possibilidade, porque até Bissau chegou a ser atacada algumas vezes com foguetões.Queremos que te consideres amigo da nossa Tabanca Grande e aparece sempre que queiras.Um abraço fraterno da Tertúlia.Carlos Vinhal_____________Nota de CV(1) - Vd. postes de 18 de Setembro de 2007Guiné 63/74 - P2115: Em busca de...(12): Notícias do desaparecimento de Júlio Lemos, ex-Fur Mil da CCAÇ 797, Tite, 1965/67 (Júlio Pinto)Guiné 63/74 - P2116: Fur Mil Júlio Lemos, da CCAÇ 797, morto em Rio Louvado, por ferimentos em combate (A. Marques Lopes)


1. Mensagem do nosso camarada Júlio Pinto, ex-2.º Sarg da CART 769, (Angola, 1967/69), com data de 13 de Setembro de 2008Amigo Luís Graça,Eu sou aquele combatente de Angola que um dia me dirigi a si para saber notícias sobre o desaparecimento do meu amigo e colega da juventude, Fur Mil Júlio Lemos, da CCAÇ 797 que esteve na Guiné, em Tite de 1965 a 1967 (1).Já tenho muita informação sobre o sucedido e sinto-me muito mais aliviado. Obrigado a si e aos tertulianos.Mas agora o motivo de me dirigir novamente a si, é outro.Eu estive no nordeste de Angola na fronteira com o ex-Congo Belga, mas sempre atento ao que ia sucedendo tanto em Moçambique como na Guiné e não há dúvida que os jovens deste País, mais sacrificados, foram aqueles que tiveram de passar pela Guiné, pois a Guiné era um Vietname em ponto mais pequeno. Numa área tão pequena, tantos e tantos jovens para sempre ficaram.Assim quero aqui prestar a minha HOMENAGEM a todos aqueles que estiveram na Guiné e para quem houve regresso, aos que pagaram com vida a defesa da Guiné espero que Deus lhes tenha reservado um lugar especial, pois eles merecem.Os meus cumprimentosJúlio Pinto,Ex-2.º Sarg MilCART 769Angola 1967/692. Comentário de CVCaro Júlio PintoSe não te importas, à maneira da Tabanca Grande, vamo-nos tratar por tu.Ficamos satisfeitos por te termos sido úteis na busca da causa do falecimento do teu amigo de infância, nosso malogrado camarada, Júlio Lemos.Aceitamos e agradecemos a tua homenagem em nome de todos quantos combateram na Guiné. Sentimo-nos honrados pelo teu reconhecimento.Na verdade neste TO, as condições de clima e terreno eram particularmente difíceis. O território ocupado por nós e pelo PAIGC, por vezes, estava separado por escassos quilómetros. Na Guiné, a guerra fazia-se quase porta a porta, mal se podendo sair do arame farpado em muitos quarteis. Permito-me salientar as ZA junto às fronteiras e no sul do território onde havia grandes dificuldades operacionais.Ou era o IN, que por se infiltrar a partir principalmente da Guiné-Conacri, dificultava o movimento das NT, quer flagelando os quarteis, quer atacando colunas auto e embarcações da Marinha, quer as condições do terreno no tempo das chuvas, que danificavam irremediavelmente as picadas, dificultando o fornecimento de víveres e munições aos aquartelamentos, originando muita carência alimentar, escassez de meios de defesa e principalmente sérias dificuldades na evacuação de feridos e mortos.Como deves saber, para se navegar nos rios da Guiné, mesmo nos principais, estávamos sujeitos às marés, pelo que até esta circunstância denunciava o momento da nossa passagem. Eles sabiam quando nos deviam esperar.Viveram-se horas muito difíceis e mesmo a tropa especial, como os Comandos, Páras e Fuzileiros Navais passaram momentos dramáticos nas bolanhas, rios e matas daquele pequeno território. Não podemos esquecer os nossos bravos pilotos da nossa Força Aérea que arriscavam o material e principalmente a própria vida, para tentar chegar onde mais ninguém chegava.Não se pode no entanto passar para segundo plano Angola e Moçambique, onde camaradas nossos passaram também maus bocados, embora com mais possibilidades de rotação para zonas menos más. Na Guiné não havia essa possibilidade, porque até Bissau chegou a ser atacada algumas vezes com foguetões.Queremos que te consideres amigo da nossa Tabanca Grande e aparece sempre que queiras.Um abraço fraterno da Tertúlia.Carlos Vinhal_____________Nota de CV(1) - Vd. postes de 18 de Setembro de 2007Guiné 63/74 - P2115: Em busca de...(12): Notícias do desaparecimento de Júlio Lemos, ex-Fur Mil da CCAÇ 797, Tite, 1965/67 (Júlio Pinto)Guiné 63/74 - P2116: Fur Mil Júlio Lemos, da CCAÇ 797, morto em Rio Louvado, por ferimentos em combate (A. Marques Lopes)

marcar artigo