Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74

01-10-2009
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Guiné > Mansoa > 9 de Setembro de 1974 > Um dia de sonhos e de esperanças para os guineenses... E de alguma nostalgia para os últimos soldados do império colonial português...Um privilégio que poucos tiveram e que provavelmente poucos quereriam ter... É de imaginar o tipo de sentimentos, contraditórios, que terá assaltado, naquele momento, o nosso camarada Eduardo Magalhães Ribeiro a quem coube a difícl (para ele) tarefa de arriar, definitivamente, a bandeira verde-rubra... Recorde que ele esteve em Mansôa, em 1974, na CCS do BCAÇ 4612/74 (o último batalhão que partiu para a Guiné e também o último que de lá saiu), participando, ali, na entrega do aquartelamento ao PAIGC e na simbólica entrega do território, que incluiu uma muito concorrida cerimónia do último arriar de bandeira nacional, com cerimónia oficial, na Guiné, e o hastear da primeira bandeira da Guiné-Bissau. Estiveram presentes nessa cerimónia: do lado português, a CCS do BCAÇ 4612/74, comandada pelo Major Ramos de Campos; o comandante do mesmo batalhão, Coronel António C. Varino; e, pelo CEME do CTIG, o Ten Cor Fonseca Cabrinha; do lado do PAIGC, um grupo de combate, um grupo de pioneiros, Maria Cabral (viúva de Amílcar Cabral) e o comissário político Manuel Ndinga... O nosso Eduardo, o pira de Mansoa - como ele próprio se intitula - ficou famoso pela sua foto a arriar a bandeira verde-rubra , em Mansoa, na presença da Maria Turra (sic), como era conhecida entre os tugas - com o sentido de humor, que é típico da caserna, mas com respeito e até carinho - a viúva do Amílcar Cabral... Afinal., houve para aqui de papéis e de personagens (1)... Foto: © Eduardo Magalhães Ribeiro (2005). Direitos reservados1. Mensagem da Diana Andringa, respondendo a dúvida nossa sobre a identidade da famosa Maria Turra que faz(ia) parte do imaginário dos soldados portugueses que estiveram no TO da Guiné... Para uns era a mulher e depois viúva do Amílcar Cabral; para mim, seria uma angolana que aparece no filme As Duas Faces da Guerra... Afinal, era (é) tão somente a Amélia Araújo, diz a Diana... (LG)Ui, que confusão!A Maria Turra era (é, porque está viva, em Cabo Verde) Amélia Araújo, natural de Angola, casada com o cabo-verdiano José Araújo, esse já falecido. No filme ouvimos a voz dela, em nova, a anunciar a emissão da Rádio Libertação e filmámo-la este ano, a ler, em estúdio, uma mensagem de Amílcar Cabral aos soldados portugueses.A mulher do dr. Manuel Boal - outro natural de Angola - era Maria da Luz (Lilica) Boal, nascida em Tarrafal de Santiago. Essa sim, dirigiu a Escola Piloto em Conacri, trabalhou nos manuais escolares, etc. (2) Filmámo-la em casa, em Cabo Verde, tal como o marido.Tanto os Araújo como os Boal estavam em Portugal em 1961 e fizeram parte do grupo que, nesse ano, fugiu de Portugal, com o apoio de oganizações protestantes, do qual muitos se foram juntar aos movimentos de libertação dos respectivos países. O dr. Boal começou por se juntar em Leopoldville ao MPLA para, mais tarde, quando este foi forçado a saír da cidade, ir ter com a mulher a Dakar e colaborar com o PAIGC.Quanto ao dr. Mário Pádua - que desertou do Exército colonial em Angola e veio a ser médico do PAIGC, no Hospital de Ziguinchor, onde tratou o soldado Fragata - não sei se era casado na altura.Entretanto, muito obrigada pela sua mensagem, Cardoso! Essas reacções - como as que houve na Guiné - compensam o trabalho e as dificuldades com que nos debatemos (3).Saudações,Diana2. Comentário de L.G.: Obrigado, Diana... Como vês, estamos mesmo a precisar de ver o teu/nosso filme outra vez... Foi muita areia para a nossa... camioneta... Gostava muito de ter os contactos desses amigos que citas, para os convidar a escrever no nosso blogue e partilhar, connosco, as suas memórias... Infelizmente, há um défice enorme de depoimentos do "outro lado da barricada", dos guineenses, cabo-verdianos e portugueses que empunhavam a "bandêra de strela negro"... Muito gostaria que eles soubessem que este blogue também é deles... LG________Notas de L.G.:(1) Vd. post de 21 Novembro 2005 > Guiné 63/74 - CCCIV: Eu estava lá, na entrega simbólica do território (Mansoa, 9 de Setembro de 1974) (Eduardo Magalhães Ribeiro)(2) Vd. post de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2221: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (1): Bandêra di Strela Negro (Luís Graça / Paulo Santiago) (3) Vd. post de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2223: A nossa Tabanca Grande e as Duas Faces da Guerra (12): A minha luta diária com a Maria Turra, no HM241 (Carlos Américo Cardoso)


Guiné > Mansoa > 9 de Setembro de 1974 > Um dia de sonhos e de esperanças para os guineenses... E de alguma nostalgia para os últimos soldados do império colonial português...Um privilégio que poucos tiveram e que provavelmente poucos quereriam ter... É de imaginar o tipo de sentimentos, contraditórios, que terá assaltado, naquele momento, o nosso camarada Eduardo Magalhães Ribeiro a quem coube a difícl (para ele) tarefa de arriar, definitivamente, a bandeira verde-rubra... Recorde que ele esteve em Mansôa, em 1974, na CCS do BCAÇ 4612/74 (o último batalhão que partiu para a Guiné e também o último que de lá saiu), participando, ali, na entrega do aquartelamento ao PAIGC e na simbólica entrega do território, que incluiu uma muito concorrida cerimónia do último arriar de bandeira nacional, com cerimónia oficial, na Guiné, e o hastear da primeira bandeira da Guiné-Bissau. Estiveram presentes nessa cerimónia: do lado português, a CCS do BCAÇ 4612/74, comandada pelo Major Ramos de Campos; o comandante do mesmo batalhão, Coronel António C. Varino; e, pelo CEME do CTIG, o Ten Cor Fonseca Cabrinha; do lado do PAIGC, um grupo de combate, um grupo de pioneiros, Maria Cabral (viúva de Amílcar Cabral) e o comissário político Manuel Ndinga... O nosso Eduardo, o pira de Mansoa - como ele próprio se intitula - ficou famoso pela sua foto a arriar a bandeira verde-rubra , em Mansoa, na presença da Maria Turra (sic), como era conhecida entre os tugas - com o sentido de humor, que é típico da caserna, mas com respeito e até carinho - a viúva do Amílcar Cabral... Afinal., houve para aqui de papéis e de personagens (1)... Foto: © Eduardo Magalhães Ribeiro (2005). Direitos reservados1. Mensagem da Diana Andringa, respondendo a dúvida nossa sobre a identidade da famosa Maria Turra que faz(ia) parte do imaginário dos soldados portugueses que estiveram no TO da Guiné... Para uns era a mulher e depois viúva do Amílcar Cabral; para mim, seria uma angolana que aparece no filme As Duas Faces da Guerra... Afinal, era (é) tão somente a Amélia Araújo, diz a Diana... (LG)Ui, que confusão!A Maria Turra era (é, porque está viva, em Cabo Verde) Amélia Araújo, natural de Angola, casada com o cabo-verdiano José Araújo, esse já falecido. No filme ouvimos a voz dela, em nova, a anunciar a emissão da Rádio Libertação e filmámo-la este ano, a ler, em estúdio, uma mensagem de Amílcar Cabral aos soldados portugueses.A mulher do dr. Manuel Boal - outro natural de Angola - era Maria da Luz (Lilica) Boal, nascida em Tarrafal de Santiago. Essa sim, dirigiu a Escola Piloto em Conacri, trabalhou nos manuais escolares, etc. (2) Filmámo-la em casa, em Cabo Verde, tal como o marido.Tanto os Araújo como os Boal estavam em Portugal em 1961 e fizeram parte do grupo que, nesse ano, fugiu de Portugal, com o apoio de oganizações protestantes, do qual muitos se foram juntar aos movimentos de libertação dos respectivos países. O dr. Boal começou por se juntar em Leopoldville ao MPLA para, mais tarde, quando este foi forçado a saír da cidade, ir ter com a mulher a Dakar e colaborar com o PAIGC.Quanto ao dr. Mário Pádua - que desertou do Exército colonial em Angola e veio a ser médico do PAIGC, no Hospital de Ziguinchor, onde tratou o soldado Fragata - não sei se era casado na altura.Entretanto, muito obrigada pela sua mensagem, Cardoso! Essas reacções - como as que houve na Guiné - compensam o trabalho e as dificuldades com que nos debatemos (3).Saudações,Diana2. Comentário de L.G.: Obrigado, Diana... Como vês, estamos mesmo a precisar de ver o teu/nosso filme outra vez... Foi muita areia para a nossa... camioneta... Gostava muito de ter os contactos desses amigos que citas, para os convidar a escrever no nosso blogue e partilhar, connosco, as suas memórias... Infelizmente, há um défice enorme de depoimentos do "outro lado da barricada", dos guineenses, cabo-verdianos e portugueses que empunhavam a "bandêra de strela negro"... Muito gostaria que eles soubessem que este blogue também é deles... LG________Notas de L.G.:(1) Vd. post de 21 Novembro 2005 > Guiné 63/74 - CCCIV: Eu estava lá, na entrega simbólica do território (Mansoa, 9 de Setembro de 1974) (Eduardo Magalhães Ribeiro)(2) Vd. post de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2221: PAIGC: O Nosso Livro da 2ª Classe (1): Bandêra di Strela Negro (Luís Graça / Paulo Santiago) (3) Vd. post de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2223: A nossa Tabanca Grande e as Duas Faces da Guerra (12): A minha luta diária com a Maria Turra, no HM241 (Carlos Américo Cardoso)

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