Uma espécie de mim: Dos sonhos aos Reis…

14-07-2009
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Tinha a mesa posta desde a Consoada. A mesa onde raramente comia, reservada para as visitas, raras, mas por quem sempre se ficava à espera que aparecessem, Quem sabe não aparece por aí alguém hoje…, pensava e dizia, de si para si.É tempo de Festas, das tais que nos trazem bolos e tradições e memórias. Tempo de arroz doce e filhoses, bolo-rei e sonhos. Vários. Sempre gordos e com muito açúcar e canela, daqueles que nos dá prazer lambuzarmo-nos e carregarmos depois o sentimento de culpa da certeza de mais uns quilos no corpo.Tinha a mesa posta desde o 24, desde a Noite, a tal, e assim permanecia até ao Dia de Reis. Quem sabe não aparece por aí alguém hoje…, voltava a pensar. E escutava o tiquetaque do relógio de parede, cadenciado nas horas, as completas e as meias, e depenicava uma noz, de quando em vez.Ela, a outra, cresceu a ouvir o tiquetaque do relógio de parede, que fazia companhia à mesa posta com os sonhos e as filhoses e o arroz doce. Acompanhou, sem grande partilha, uma espera de bocas alegres que tudo comeriam, com gula e satisfação, por entre beijocas repenicadas e o barulho do desembrulhar dos presentes. E os laços no chão. E as fitas.Por entre os dias, um ou outro alguém ia aparecendo para saborear o doce da época e se regalar com a iguaria servida. Entrava e saía, distribuía sorrisos e prendas, largava uma beijoca e um Até breve! recebido com carinho mas na certeza de um retorno mais largo.No Dia de Reis é tempo de levantar a mesa e de guardar os sonhos que sobraram; os bons, que os outros já não prestam. Dobrar a toalha e sacudir o açúcar derramado. E não esquecer de acertar o relógio de parede, para que o tempo chegue a horas certas.


Tinha a mesa posta desde a Consoada. A mesa onde raramente comia, reservada para as visitas, raras, mas por quem sempre se ficava à espera que aparecessem, Quem sabe não aparece por aí alguém hoje…, pensava e dizia, de si para si.É tempo de Festas, das tais que nos trazem bolos e tradições e memórias. Tempo de arroz doce e filhoses, bolo-rei e sonhos. Vários. Sempre gordos e com muito açúcar e canela, daqueles que nos dá prazer lambuzarmo-nos e carregarmos depois o sentimento de culpa da certeza de mais uns quilos no corpo.Tinha a mesa posta desde o 24, desde a Noite, a tal, e assim permanecia até ao Dia de Reis. Quem sabe não aparece por aí alguém hoje…, voltava a pensar. E escutava o tiquetaque do relógio de parede, cadenciado nas horas, as completas e as meias, e depenicava uma noz, de quando em vez.Ela, a outra, cresceu a ouvir o tiquetaque do relógio de parede, que fazia companhia à mesa posta com os sonhos e as filhoses e o arroz doce. Acompanhou, sem grande partilha, uma espera de bocas alegres que tudo comeriam, com gula e satisfação, por entre beijocas repenicadas e o barulho do desembrulhar dos presentes. E os laços no chão. E as fitas.Por entre os dias, um ou outro alguém ia aparecendo para saborear o doce da época e se regalar com a iguaria servida. Entrava e saía, distribuía sorrisos e prendas, largava uma beijoca e um Até breve! recebido com carinho mas na certeza de um retorno mais largo.No Dia de Reis é tempo de levantar a mesa e de guardar os sonhos que sobraram; os bons, que os outros já não prestam. Dobrar a toalha e sacudir o açúcar derramado. E não esquecer de acertar o relógio de parede, para que o tempo chegue a horas certas.

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