JÓIAS DA COROA

22-03-2005
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... e ficámos só pela "excessiva futebolização da política" ...

No programa "Debate da Nação" de 27 de Maio, exibido na RTP 1 (esta semana moderado pela jornalista e Directora-adjunta de Informação, Judite de Sousa) aconteceu uma situação que pode deixar um telespectador na dúvida.

Já no final do programa, a moderadora pediu a cada um dos representantes dos partidos políticos com assento na Assembleia da República, que normalmente compõem a mesa do debate, que comentassem uma imagem. A conquista da taça da Liga dos Campeões da Europa pelo Futebol Clube do Porto foi a proposta apresentada, como se ao longo de uma madrugada, de uma manhã, de uma tarde e de uma noite, aquela imagem não tivesse sido já repetida e comentada as suficientes vezes nas “emissões especiais” e nos serviços informativos da estação pública.

Há outros assuntos com mais relevância jornalística, política, económica e social e a necessitarem de ser comentados, como o facto da ministra Manuela Ferreira Leite e mais os seus três irmãos esquecerem-se de escrever na declaração de IRS de 2002 os 15.000,00€ de mais valias que cada um lucrou com a venda de uma habitação de família. E a gravidade deste acto, cometido por um membro do governo, não é a mesma, por exemplo, que a de um eventual jornalista ter o valor de um champô escondido numa qualquer factura da farmácia, como a responsável pela pasta das finanças portuguesas quis fazer ver ao jornalista que lhe colocou o microfone à frente. Era possível conseguir-se uma imagem que ilustre este assunto.

O facto de ter sido escolhida esta ou aquela imagem pode não contribuir para deixar os telespectadores na dúvida. As dúvidas surgem quando quem está em frente ao televisor não tem acesso às opiniões de todos os presentes no debate sobre o tema sugerido, a vitória do F.C. do Porto. Fernando Rosas, do Bloco de Esquerda (BE), foi o primeiro a usar da palavra e começou por dar os parabéns ao clube. Depois conduziu o assunto para “a excessiva futebolização da política(...)”. De repente há um corte abrupto na emissão do debate e começa a entrar pela casa dos telespectadores adentro um excerto da série telesiva “Joana D’Arc” que a estação pública tinha programado transmitir nessa noite mas só e depois de terminado o “Debate da Nação”.

Noutro repente a emissão volta aos estúdios onde ainda se teciam considerações sobre a vitória do F.C. do Porto. No debate que estava a ser transmitido em directo pela RTP ouviram-se, ainda, os comentários de Pires de Lima, do CDS/Partido Popular e de Dias Loureiro, do PPD/Partido Social Democrata, que felicitaram a equipa do Porto pela prestação na Liga europeia.

Os telespectadores viram-se, assim, privados de ficar a conhecer o que pensam António Filipe, do Partido Comunista Português e António José Seguro, do Partido Socialista, assim como, viu-se privado da conclusão do raciocíno de Fernando Rosas, do BE, sobre “a excessiva futebolização da política.”

Depois da suposta falha técnica, certamente alheia ao telespectador e a quem estava presente no debate, não houve nenhuns esclarecimentos para o sucedido e nem um pedido de desculpas por parte da estação pública do serviço público de televisão. A “Joana D´Arc” voltou à emissão e desta feita à hora programada.

Poderá o telespectador ficar na dúvida e pensar o seguinte:

- Será que não se pode dizer que em Portugal há uma excessiva futebolização da política?

José Coimbra (enviado por e-mail)

... e ficámos só pela "excessiva futebolização da política" ...

No programa "Debate da Nação" de 27 de Maio, exibido na RTP 1 (esta semana moderado pela jornalista e Directora-adjunta de Informação, Judite de Sousa) aconteceu uma situação que pode deixar um telespectador na dúvida.

Já no final do programa, a moderadora pediu a cada um dos representantes dos partidos políticos com assento na Assembleia da República, que normalmente compõem a mesa do debate, que comentassem uma imagem. A conquista da taça da Liga dos Campeões da Europa pelo Futebol Clube do Porto foi a proposta apresentada, como se ao longo de uma madrugada, de uma manhã, de uma tarde e de uma noite, aquela imagem não tivesse sido já repetida e comentada as suficientes vezes nas “emissões especiais” e nos serviços informativos da estação pública.

Há outros assuntos com mais relevância jornalística, política, económica e social e a necessitarem de ser comentados, como o facto da ministra Manuela Ferreira Leite e mais os seus três irmãos esquecerem-se de escrever na declaração de IRS de 2002 os 15.000,00€ de mais valias que cada um lucrou com a venda de uma habitação de família. E a gravidade deste acto, cometido por um membro do governo, não é a mesma, por exemplo, que a de um eventual jornalista ter o valor de um champô escondido numa qualquer factura da farmácia, como a responsável pela pasta das finanças portuguesas quis fazer ver ao jornalista que lhe colocou o microfone à frente. Era possível conseguir-se uma imagem que ilustre este assunto.

O facto de ter sido escolhida esta ou aquela imagem pode não contribuir para deixar os telespectadores na dúvida. As dúvidas surgem quando quem está em frente ao televisor não tem acesso às opiniões de todos os presentes no debate sobre o tema sugerido, a vitória do F.C. do Porto. Fernando Rosas, do Bloco de Esquerda (BE), foi o primeiro a usar da palavra e começou por dar os parabéns ao clube. Depois conduziu o assunto para “a excessiva futebolização da política(...)”. De repente há um corte abrupto na emissão do debate e começa a entrar pela casa dos telespectadores adentro um excerto da série telesiva “Joana D’Arc” que a estação pública tinha programado transmitir nessa noite mas só e depois de terminado o “Debate da Nação”.

Noutro repente a emissão volta aos estúdios onde ainda se teciam considerações sobre a vitória do F.C. do Porto. No debate que estava a ser transmitido em directo pela RTP ouviram-se, ainda, os comentários de Pires de Lima, do CDS/Partido Popular e de Dias Loureiro, do PPD/Partido Social Democrata, que felicitaram a equipa do Porto pela prestação na Liga europeia.

Os telespectadores viram-se, assim, privados de ficar a conhecer o que pensam António Filipe, do Partido Comunista Português e António José Seguro, do Partido Socialista, assim como, viu-se privado da conclusão do raciocíno de Fernando Rosas, do BE, sobre “a excessiva futebolização da política.”

Depois da suposta falha técnica, certamente alheia ao telespectador e a quem estava presente no debate, não houve nenhuns esclarecimentos para o sucedido e nem um pedido de desculpas por parte da estação pública do serviço público de televisão. A “Joana D´Arc” voltou à emissão e desta feita à hora programada.

Poderá o telespectador ficar na dúvida e pensar o seguinte:

- Será que não se pode dizer que em Portugal há uma excessiva futebolização da política?

José Coimbra (enviado por e-mail)

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