O Famalicense: “Sampaio Ferreira” encerra portas

20-07-2005
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Não fica nada...A centenária empresa têxtil “Sampaio Ferreira”, de Riba d’Ave, no concelho de Famalicão, vai encerrar as portas e colocar no desemprego cerca de 200 trabalhadores.A intenção de iniciar o processo de insolvência da empresa foi comunicada, esta semana, pela administração aos trabalhadores, que se encontram em greve, reivindicando o pagamento da totalidade do salário do mês de Dezembro (a parte dos trabalhadores) e o subsídio de Natal, os salários de Janeiro e Fevereiro, a todos os funcionários.Os trabalhadores não ficaram satisfeitos com a notícia e decidiram manter a greve que iniciaram no passado dia 14. Os pormenores da decisão de encerrar a empresa deverão ser comunicados pela administração aos trabalhadores na próxima quarta-feira.Segundo Joaquim Simões, do Sindicato Têxtil do Minho, a administração vai afixar uma informação na próxima semana, comunicando qual a decisão final que tomou.O sindicalista não esconde que «há muito que os trabalhadores esperavam por um desfecho destes». Joaquim Simões indica ainda que «já há 40 anos que se dizia que a Sampaio Ferreira iria fechar mais dia, menos dia».Na opinião de Joaquim Simões, aquela empresa está ferida de morte há muito tempo «porque a evolução tecnológica nunca foi uma prioridade das diversas administrações» que a Sampaio Ferreira conheceu.«Quando ainda existiam lucros, esses eram inteiramente divididos e nunca houve a preocupação de modernizar verdadeiramente a empresa», salientou o sindicalista, acrescentando que «as máquinas que entravam de novo na Sampaio Ferreira eram já usadas».Agora, Joaquim Simões garante apenas que «os trabalhadores vão continuar a reivindicar os seus direitos e aguardar pelo desfecho de toda a situação».Segundo é narrado na Rota do Património Industrial do Vale do Ave – da qual a empresa ribadavense faz parte –, a Sampaio Ferreira foi fundada em 1896 pelo tecelão Narciso Ferreira, com a designação inicial de Fábrica de Fiação, Tecidos e Tinturaria de Riba d’Ave.Aquela foi a primeira fábrica têxtil moderna do concelho de Famalicão e iniciou a sua actividade com 200 teares e uma estrutura vertical que incluía fiação, tecelagem e tinturaria.Por seu turno, Narciso Ferreira assume uma estratégia empresarial com base na diversidade do investimento. É sócio fundador da Sampaio Ferreira e de várias outras unidades fabris na área dos têxteis; investe em experiências pioneiras na produção de energia eléctrica e aposta na transformação urbanística da aldeia onde implantou a sua primeira fábrica.A acção daquele homem, continuada pelos seus filhos, resulta num verdadeiro império industrial com centro em Riba d’Ave e que se estende de Caniços, com a fábrica Têxtil Eléctrica e a Central Térmica, ao aproveitamento hidroeléctrico do Ermal.Narciso Ferreira implantou a fábrica junto do rio e os primeiros equipamentos urbanos (bairros operários; hospital; escola primária e posto da guarda), no ponto mais alto do lugar e perto do núcleo da primitiva aldeia. Todo este conjunto – fábrica, equipamentos e bairros – é estruturado pela EN 310 que liga Caniços à Póvoa do Lanhoso.Ora, é nesta estrada, ao longo do muro da fábrica, que mais tarde Raul Ferreira implanta o novo centro urbano de Riba d’Ave, transformando a estrada em alameda e construindo todos os equipamentos representativos de uma centralidade: o mercado; o teatro (Salão Recreativo dos Operários das Fábricas de Riba d’Ave); a estalagem; o quartel de bombeiros e a estação de correios.Esta estratégia de localização reforçou o poder simbólico da fábrica, que está localizada em pleno centro urbano da vila de Riba d’Ave.[26/03/2005] [Diário do Minho]

Não fica nada...A centenária empresa têxtil “Sampaio Ferreira”, de Riba d’Ave, no concelho de Famalicão, vai encerrar as portas e colocar no desemprego cerca de 200 trabalhadores.A intenção de iniciar o processo de insolvência da empresa foi comunicada, esta semana, pela administração aos trabalhadores, que se encontram em greve, reivindicando o pagamento da totalidade do salário do mês de Dezembro (a parte dos trabalhadores) e o subsídio de Natal, os salários de Janeiro e Fevereiro, a todos os funcionários.Os trabalhadores não ficaram satisfeitos com a notícia e decidiram manter a greve que iniciaram no passado dia 14. Os pormenores da decisão de encerrar a empresa deverão ser comunicados pela administração aos trabalhadores na próxima quarta-feira.Segundo Joaquim Simões, do Sindicato Têxtil do Minho, a administração vai afixar uma informação na próxima semana, comunicando qual a decisão final que tomou.O sindicalista não esconde que «há muito que os trabalhadores esperavam por um desfecho destes». Joaquim Simões indica ainda que «já há 40 anos que se dizia que a Sampaio Ferreira iria fechar mais dia, menos dia».Na opinião de Joaquim Simões, aquela empresa está ferida de morte há muito tempo «porque a evolução tecnológica nunca foi uma prioridade das diversas administrações» que a Sampaio Ferreira conheceu.«Quando ainda existiam lucros, esses eram inteiramente divididos e nunca houve a preocupação de modernizar verdadeiramente a empresa», salientou o sindicalista, acrescentando que «as máquinas que entravam de novo na Sampaio Ferreira eram já usadas».Agora, Joaquim Simões garante apenas que «os trabalhadores vão continuar a reivindicar os seus direitos e aguardar pelo desfecho de toda a situação».Segundo é narrado na Rota do Património Industrial do Vale do Ave – da qual a empresa ribadavense faz parte –, a Sampaio Ferreira foi fundada em 1896 pelo tecelão Narciso Ferreira, com a designação inicial de Fábrica de Fiação, Tecidos e Tinturaria de Riba d’Ave.Aquela foi a primeira fábrica têxtil moderna do concelho de Famalicão e iniciou a sua actividade com 200 teares e uma estrutura vertical que incluía fiação, tecelagem e tinturaria.Por seu turno, Narciso Ferreira assume uma estratégia empresarial com base na diversidade do investimento. É sócio fundador da Sampaio Ferreira e de várias outras unidades fabris na área dos têxteis; investe em experiências pioneiras na produção de energia eléctrica e aposta na transformação urbanística da aldeia onde implantou a sua primeira fábrica.A acção daquele homem, continuada pelos seus filhos, resulta num verdadeiro império industrial com centro em Riba d’Ave e que se estende de Caniços, com a fábrica Têxtil Eléctrica e a Central Térmica, ao aproveitamento hidroeléctrico do Ermal.Narciso Ferreira implantou a fábrica junto do rio e os primeiros equipamentos urbanos (bairros operários; hospital; escola primária e posto da guarda), no ponto mais alto do lugar e perto do núcleo da primitiva aldeia. Todo este conjunto – fábrica, equipamentos e bairros – é estruturado pela EN 310 que liga Caniços à Póvoa do Lanhoso.Ora, é nesta estrada, ao longo do muro da fábrica, que mais tarde Raul Ferreira implanta o novo centro urbano de Riba d’Ave, transformando a estrada em alameda e construindo todos os equipamentos representativos de uma centralidade: o mercado; o teatro (Salão Recreativo dos Operários das Fábricas de Riba d’Ave); a estalagem; o quartel de bombeiros e a estação de correios.Esta estratégia de localização reforçou o poder simbólico da fábrica, que está localizada em pleno centro urbano da vila de Riba d’Ave.[26/03/2005] [Diário do Minho]

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