Belém até Morrer: ÉPOCA 2006

08-10-2009
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Apesar disto, fora um desfecho justo e feliz e, ao ver entrar a nossa equipa em campo, no lugar que nos é próprio, na divisão maior, novamente me comovi e senti revigorado, como todas as 3 vezes que tínhamos saído do inferno da divisão secundária. “Meu Deus, do que nos safámos”, pensei, e, ao mesmo tempo que senti algum calor, olhei os que estávamos presentes, menos de 6 mil nossos num domingo solarengo, lembrei outros tempos, e pensei “por este andar, quantos anos durará o Belenenses?”. Ganhámos 2-0, fizemos uma boa 2ª parte, houve alegria, fui para casa mais contente.

.

2ª jornada, rumo a Coimbra. 500 belenenses presentes. Bom para os tempos que correm. Aos 12m já perdíamos mas Jorge Jesus começa a mostrar o que vale, mexendo arrojadamente na equipa, e o empate 1-1, com 20 minutos com menos um jogador, foi visto como positivo. O convívio com as gentes de Coimbra, o respeito com que nos continuam a ver (“desta vez, vocês foram malandrecos a ficar na 1ª, mas está bem, vocês sempre foram um clube de bem, ainda têm um crédito muito grande de respeito”), a alegria da Fúria, o regresso dos aplausos a jogadores, a alegria de estarmos juntos, reconciliou-me com a vida clubística. Voltei a ver: que triste seria o nosso clube sem a presença, as vozes e as cores da Fúria Azul!

Recebemos o Sporting no Restelo. Gostava muito de ganhar. E era importante. Não mais do que 9 /10 mil espectadores, cerca de 50% nossos. A Fúria Azul faz coreografia que colegas meus, espectadores de TV, elogiam: “Afinal o Belém tem juventude!”.

E acaba a 1ª volta. Meio da tabela, mesmo número de vitórias e derrotas, com 3 empates. A linha de água está longe, desvanecendo pesadelos. E lugares mais “nossos” não estão longe. Vamos ver...

Gondomar, jogo marcante. Na terra de Valentim Loureiro (mas de boa gente), oito panteras agridem dois belenenses. Nojo! Cobardes! São “dissidentes” da Fúria, mas nem por isso a mesma Fúria deixa de tentar perseguir os ranhosos. Já não se encontram. Damos a volta ao estádio (estranho percurso) e ao longe já se ouve gritar “Belém” – só “Belém”. Somos muitos. Alguns amigos do Salgueiros. E com a nossa equipa em grande, até Roma parece renascer e faz 1-0. O mais difícil está feito. Mas eles empatam! Outra vez?! Não, logo a nossa equipa pega no jogo! Grande golo de Ruben Amorim, brutal! Agora, nada de facilitar, anh? Silas joga, faz jogar e falha golos, mas enfim marca. 3-1. A Fúria e os restantes adeptos do Belém, todos juntos, fazem a festa. Os 45 minutos finais são um espectáculo! Sem parar! O novo cântico, ensaiado na viagem, impõe-se e pelo resto da época. Eliseu ainda faz 4-1. No fim, outro cântico surge, impressionante: “Oóó, até ao Jamor! Até ao Jamor, até ao Jamor, até ao Jamor”!. Sinto “algo” – que vamos lá mesmo. Daquelas coisas difíceis de explicar. E venho de Gondomar com a alma lavada...

Três semanas infindáveis sem jogar. Então, 1º jogo da Taça, em Paredes. Por vezes, estes jogos dão mau resultado. Temos tudo a perder e pouco a ganhar. Acidente impede-me de ir. Via sms, as boas notícias chegam cedo. Ainda não há 20 minutos e já ganhamos 2-0. Penso que está ganho. Subitamente, 1-2. Preocupo-me: ”se eles crescem...”. A 2ª parte corre. Sms diz-me que não estamos bem. E o golpe: 2-2. Inquietação. Grande porra! Prolongamento, sofrer... e o alívio 3-2. E para acabar as dúvidas 4-2. Bem, esta já está! E “ganda” Atlético! Bolas, não sequem tudo, queriam lixá-los com um penalty! Sempre o mesmo! Os três metralhas querem comer tudo, seja como for.Recebemos o Sporting no Restelo. Gostava muito de ganhar. E era importante. Não mais do que 9 /10 mil espectadores, cerca de 50% nossos. A Fúria Azul faz coreografia que colegas meus, espectadores de TV, elogiam: “Afinal o Belém tem juventude!”. Controlamos o jogo na 1ª parte, 0-0. Na 2ª parte, começamos a dominar. Silas vai fazer golo, já gritamos, o frémito de emoção...incrível, sobre o risco um jogador deles salva. Eles estão à nora, expulsão, Sporting só com 10. Não nos adaptamos à situação, passamos a jogar pior. Tivemos a vitória ao alcance mas deixámo-la escapar. Jogo sem golos.E acaba a 1ª volta. Meio da tabela, mesmo número de vitórias e derrotas, com 3 empates. A linha de água está longe, desvanecendo pesadelos. E lugares mais “nossos” não estão longe. Vamos ver...Gondomar, jogo marcante. Na terra de Valentim Loureiro (mas de boa gente), oito panteras agridem dois belenenses. Nojo! Cobardes! São “dissidentes” da Fúria, mas nem por isso a mesma Fúria deixa de tentar perseguir os ranhosos. Já não se encontram. Damos a volta ao estádio (estranho percurso) e ao longe já se ouve gritar “Belém” – só “Belém”. Somos muitos. Alguns amigos do Salgueiros. E com a nossa equipa em grande, até Roma parece renascer e faz 1-0. O mais difícil está feito. Mas eles empatam! Outra vez?! Não, logo a nossa equipa pega no jogo! Grande golo de Ruben Amorim, brutal! Agora, nada de facilitar, anh? Silas joga, faz jogar e falha golos, mas enfim marca. 3-1. A Fúria e os restantes adeptos do Belém, todos juntos, fazem a festa. Os 45 minutos finais são um espectáculo! Sem parar! O novo cântico, ensaiado na viagem, impõe-se e pelo resto da época. Eliseu ainda faz 4-1. No fim, outro cântico surge, impressionante: “Oóó, até ao Jamor! Até ao Jamor, até ao Jamor, até ao Jamor”!. Sinto “algo” – que vamos lá mesmo. Daquelas coisas difíceis de explicar. E venho de Gondomar com a alma lavada...

3ª jornada, sábado à noite, 4.500 pessoas no Restelo. Empate decepcionante com a Naval, sem golos. Apesar de tudo, Jesus foi inteligente, porque Couceiro teria deixado fugir o ponto. Roma confirmou os receios de Coimbra: tecnicamente bom mas com deficit físico. A comoção veio no intervalo: dezenas de filiais de todo o mundo a desfilar na pista, mostrando onde chegou a grandeza do Belenenses! Sim, o Belenenses teve que ser enorme, para depois de tudo, ainda resistir! Foi para mim um ponto alto de muitas celebrações de 2006, que foram fraquinhas ou ignoradas.4ª jornada, a maldição do Boavista no Restelo. Há quantos anos há um golo no primeiro ou no último remate dos “gajos”. Não jogam nada, como o campeonato mostrou, mas levaram-nos os 3 pontos. Primeira grande irritação da época!5ª jornada, vamos à Madeira defrontar o Nacional. Vemos em casa de amigo pastel, 4 beléns reunidos. Grande golo de Alvim, a confirmar que não é só bom a defender. Dady a mostrar-se, com grande tiro a esbarrar na trave. Perdemos, aceita-se – bolas, o 2º golo do Nacional estava a adivinhar-se –, mas não jogámos mal. Um problema começa a atormentar: e quem marca golos? E outro: com 2 jogos fora e 3 em casa, a média de pontos é inferior ao ano passado. Temos que ganhar ao Paços!Ganhámos. 2-0. Com relativa facilidade. Na altura pensámos: que belos 3 pontos para dar tranquilidade! Mais tarde veríamos que teriam importância para outras contas. Voltou a calma mas também a desolação das bancadas, numa noite com chuva.Vamos às Aves, lugar da desolação na época anterior. A comoção: ver Belenenses daquela vila, fazer com que um pastel pudesse ver um jogo 45 anos depois. Malta porreira, os avenses. Jogo mal jogado, num terreno em péssimo estado. O Belenenses parecia que não queria ganhar... mas finalmente Dady estreia-se a marcar. O rapaz já merecia. E nós já mereciámos voltar a ganhar fora. Volta a alegria: “Eu, tu e nós todos, somos Belenenses, porque ele é bom, porque ele é o maior”. A Marcha de Pompa e Circunstância. Azul. 3 vitórias, 2 empates, 2 derrotas. Saldo positivo. Anh?! Estranho.Leiria no Restelo. Entramos a dormir, a dormir estávamos quando eles fazem 1-0. Pessimismo: não temos quem marque. Na 2ª parte entramos com atitude. Vem a tempestade. O Restelo torna-se um lago. A equipa demora a adaptar-se. Naquele terreno só pode ser pontapé para o barulho. Os jogadores lutam, correm, mas já é tarde.Amadora. Os lampiões com riscas verdes da Reboleira. Nunca vi tão poucos pastéis na Amadora. Tenho um mau pressentimento. Surgiu depois do jogo magnífico de andebol com o ABC, 2 dias antes, bela assistência no Acácio Rosa, bela vitória da equipa mais “o povo”. As coisas nunca correm bem várias vezes seguidas. O fio de esperança de que o Belenenses possa voltar a ser grande tinha que ser quebrado. Piores receios confirmados. Derrota e exibição paupérrima. O medo de descer, com toda a gozação que traria, instala-se. Manoel, pá, ao menos mexe-te!Recebemos o Porto em casa. A confiança está quase no grau zero. Insólito: penso menos no futebol que no andebol, nesse dia. Como em 94, quando deixei a meio um jogo com o Boavista, para ir ver o Belenenses ser campeão no nosso Pavilhão. Foi lá que também festejámos o golo do 2-1 ao Boavista, do jogo de futebol que continuava. 19 de Março de 1994. O último campeonato de Andebol que ganhámos, em jogo decisivo com o Benfica, com o Pavilhão a rebentar pelas costuras. Empate que valeu o título. Agora, de novo o Benfica. E de novo um empate. Mas valeu a pena. 60 minutos sempre a gritar Belém, um ambiente fantástico, bela assistência, menos que em 94, claro, mas mesmo assim, mil pessoas. Com a nossa equipa no 1º lugar, viu-se o velho Belenenses. E viu-se um público sedento de orgulho, de vitórias, de lideranças, de rivalidades com outros grandes clubes. Pena a desconcentração a meio da 2º parte – ou terá sido melhor assim? Não sei, porque valeu a emoção da garra e querer da equipa, levada ao colo pela assistência, recuperando 3 golos de desvantagem. Chiça, a lendária “vaca” do Benfica: no último segundo a bola bate-lhes em 2 postes...e não entra!

Apesar disto, fora um desfecho justo e feliz e, ao ver entrar a nossa equipa em campo, no lugar que nos é próprio, na divisão maior, novamente me comovi e senti revigorado, como todas as 3 vezes que tínhamos saído do inferno da divisão secundária. “Meu Deus, do que nos safámos”, pensei, e, ao mesmo tempo que senti algum calor, olhei os que estávamos presentes, menos de 6 mil nossos num domingo solarengo, lembrei outros tempos, e pensei “por este andar, quantos anos durará o Belenenses?”. Ganhámos 2-0, fizemos uma boa 2ª parte, houve alegria, fui para casa mais contente.

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2ª jornada, rumo a Coimbra. 500 belenenses presentes. Bom para os tempos que correm. Aos 12m já perdíamos mas Jorge Jesus começa a mostrar o que vale, mexendo arrojadamente na equipa, e o empate 1-1, com 20 minutos com menos um jogador, foi visto como positivo. O convívio com as gentes de Coimbra, o respeito com que nos continuam a ver (“desta vez, vocês foram malandrecos a ficar na 1ª, mas está bem, vocês sempre foram um clube de bem, ainda têm um crédito muito grande de respeito”), a alegria da Fúria, o regresso dos aplausos a jogadores, a alegria de estarmos juntos, reconciliou-me com a vida clubística. Voltei a ver: que triste seria o nosso clube sem a presença, as vozes e as cores da Fúria Azul!

Recebemos o Sporting no Restelo. Gostava muito de ganhar. E era importante. Não mais do que 9 /10 mil espectadores, cerca de 50% nossos. A Fúria Azul faz coreografia que colegas meus, espectadores de TV, elogiam: “Afinal o Belém tem juventude!”.

E acaba a 1ª volta. Meio da tabela, mesmo número de vitórias e derrotas, com 3 empates. A linha de água está longe, desvanecendo pesadelos. E lugares mais “nossos” não estão longe. Vamos ver...

Gondomar, jogo marcante. Na terra de Valentim Loureiro (mas de boa gente), oito panteras agridem dois belenenses. Nojo! Cobardes! São “dissidentes” da Fúria, mas nem por isso a mesma Fúria deixa de tentar perseguir os ranhosos. Já não se encontram. Damos a volta ao estádio (estranho percurso) e ao longe já se ouve gritar “Belém” – só “Belém”. Somos muitos. Alguns amigos do Salgueiros. E com a nossa equipa em grande, até Roma parece renascer e faz 1-0. O mais difícil está feito. Mas eles empatam! Outra vez?! Não, logo a nossa equipa pega no jogo! Grande golo de Ruben Amorim, brutal! Agora, nada de facilitar, anh? Silas joga, faz jogar e falha golos, mas enfim marca. 3-1. A Fúria e os restantes adeptos do Belém, todos juntos, fazem a festa. Os 45 minutos finais são um espectáculo! Sem parar! O novo cântico, ensaiado na viagem, impõe-se e pelo resto da época. Eliseu ainda faz 4-1. No fim, outro cântico surge, impressionante: “Oóó, até ao Jamor! Até ao Jamor, até ao Jamor, até ao Jamor”!. Sinto “algo” – que vamos lá mesmo. Daquelas coisas difíceis de explicar. E venho de Gondomar com a alma lavada...

Três semanas infindáveis sem jogar. Então, 1º jogo da Taça, em Paredes. Por vezes, estes jogos dão mau resultado. Temos tudo a perder e pouco a ganhar. Acidente impede-me de ir. Via sms, as boas notícias chegam cedo. Ainda não há 20 minutos e já ganhamos 2-0. Penso que está ganho. Subitamente, 1-2. Preocupo-me: ”se eles crescem...”. A 2ª parte corre. Sms diz-me que não estamos bem. E o golpe: 2-2. Inquietação. Grande porra! Prolongamento, sofrer... e o alívio 3-2. E para acabar as dúvidas 4-2. Bem, esta já está! E “ganda” Atlético! Bolas, não sequem tudo, queriam lixá-los com um penalty! Sempre o mesmo! Os três metralhas querem comer tudo, seja como for.Recebemos o Sporting no Restelo. Gostava muito de ganhar. E era importante. Não mais do que 9 /10 mil espectadores, cerca de 50% nossos. A Fúria Azul faz coreografia que colegas meus, espectadores de TV, elogiam: “Afinal o Belém tem juventude!”. Controlamos o jogo na 1ª parte, 0-0. Na 2ª parte, começamos a dominar. Silas vai fazer golo, já gritamos, o frémito de emoção...incrível, sobre o risco um jogador deles salva. Eles estão à nora, expulsão, Sporting só com 10. Não nos adaptamos à situação, passamos a jogar pior. Tivemos a vitória ao alcance mas deixámo-la escapar. Jogo sem golos.E acaba a 1ª volta. Meio da tabela, mesmo número de vitórias e derrotas, com 3 empates. A linha de água está longe, desvanecendo pesadelos. E lugares mais “nossos” não estão longe. Vamos ver...Gondomar, jogo marcante. Na terra de Valentim Loureiro (mas de boa gente), oito panteras agridem dois belenenses. Nojo! Cobardes! São “dissidentes” da Fúria, mas nem por isso a mesma Fúria deixa de tentar perseguir os ranhosos. Já não se encontram. Damos a volta ao estádio (estranho percurso) e ao longe já se ouve gritar “Belém” – só “Belém”. Somos muitos. Alguns amigos do Salgueiros. E com a nossa equipa em grande, até Roma parece renascer e faz 1-0. O mais difícil está feito. Mas eles empatam! Outra vez?! Não, logo a nossa equipa pega no jogo! Grande golo de Ruben Amorim, brutal! Agora, nada de facilitar, anh? Silas joga, faz jogar e falha golos, mas enfim marca. 3-1. A Fúria e os restantes adeptos do Belém, todos juntos, fazem a festa. Os 45 minutos finais são um espectáculo! Sem parar! O novo cântico, ensaiado na viagem, impõe-se e pelo resto da época. Eliseu ainda faz 4-1. No fim, outro cântico surge, impressionante: “Oóó, até ao Jamor! Até ao Jamor, até ao Jamor, até ao Jamor”!. Sinto “algo” – que vamos lá mesmo. Daquelas coisas difíceis de explicar. E venho de Gondomar com a alma lavada...

3ª jornada, sábado à noite, 4.500 pessoas no Restelo. Empate decepcionante com a Naval, sem golos. Apesar de tudo, Jesus foi inteligente, porque Couceiro teria deixado fugir o ponto. Roma confirmou os receios de Coimbra: tecnicamente bom mas com deficit físico. A comoção veio no intervalo: dezenas de filiais de todo o mundo a desfilar na pista, mostrando onde chegou a grandeza do Belenenses! Sim, o Belenenses teve que ser enorme, para depois de tudo, ainda resistir! Foi para mim um ponto alto de muitas celebrações de 2006, que foram fraquinhas ou ignoradas.4ª jornada, a maldição do Boavista no Restelo. Há quantos anos há um golo no primeiro ou no último remate dos “gajos”. Não jogam nada, como o campeonato mostrou, mas levaram-nos os 3 pontos. Primeira grande irritação da época!5ª jornada, vamos à Madeira defrontar o Nacional. Vemos em casa de amigo pastel, 4 beléns reunidos. Grande golo de Alvim, a confirmar que não é só bom a defender. Dady a mostrar-se, com grande tiro a esbarrar na trave. Perdemos, aceita-se – bolas, o 2º golo do Nacional estava a adivinhar-se –, mas não jogámos mal. Um problema começa a atormentar: e quem marca golos? E outro: com 2 jogos fora e 3 em casa, a média de pontos é inferior ao ano passado. Temos que ganhar ao Paços!Ganhámos. 2-0. Com relativa facilidade. Na altura pensámos: que belos 3 pontos para dar tranquilidade! Mais tarde veríamos que teriam importância para outras contas. Voltou a calma mas também a desolação das bancadas, numa noite com chuva.Vamos às Aves, lugar da desolação na época anterior. A comoção: ver Belenenses daquela vila, fazer com que um pastel pudesse ver um jogo 45 anos depois. Malta porreira, os avenses. Jogo mal jogado, num terreno em péssimo estado. O Belenenses parecia que não queria ganhar... mas finalmente Dady estreia-se a marcar. O rapaz já merecia. E nós já mereciámos voltar a ganhar fora. Volta a alegria: “Eu, tu e nós todos, somos Belenenses, porque ele é bom, porque ele é o maior”. A Marcha de Pompa e Circunstância. Azul. 3 vitórias, 2 empates, 2 derrotas. Saldo positivo. Anh?! Estranho.Leiria no Restelo. Entramos a dormir, a dormir estávamos quando eles fazem 1-0. Pessimismo: não temos quem marque. Na 2ª parte entramos com atitude. Vem a tempestade. O Restelo torna-se um lago. A equipa demora a adaptar-se. Naquele terreno só pode ser pontapé para o barulho. Os jogadores lutam, correm, mas já é tarde.Amadora. Os lampiões com riscas verdes da Reboleira. Nunca vi tão poucos pastéis na Amadora. Tenho um mau pressentimento. Surgiu depois do jogo magnífico de andebol com o ABC, 2 dias antes, bela assistência no Acácio Rosa, bela vitória da equipa mais “o povo”. As coisas nunca correm bem várias vezes seguidas. O fio de esperança de que o Belenenses possa voltar a ser grande tinha que ser quebrado. Piores receios confirmados. Derrota e exibição paupérrima. O medo de descer, com toda a gozação que traria, instala-se. Manoel, pá, ao menos mexe-te!Recebemos o Porto em casa. A confiança está quase no grau zero. Insólito: penso menos no futebol que no andebol, nesse dia. Como em 94, quando deixei a meio um jogo com o Boavista, para ir ver o Belenenses ser campeão no nosso Pavilhão. Foi lá que também festejámos o golo do 2-1 ao Boavista, do jogo de futebol que continuava. 19 de Março de 1994. O último campeonato de Andebol que ganhámos, em jogo decisivo com o Benfica, com o Pavilhão a rebentar pelas costuras. Empate que valeu o título. Agora, de novo o Benfica. E de novo um empate. Mas valeu a pena. 60 minutos sempre a gritar Belém, um ambiente fantástico, bela assistência, menos que em 94, claro, mas mesmo assim, mil pessoas. Com a nossa equipa no 1º lugar, viu-se o velho Belenenses. E viu-se um público sedento de orgulho, de vitórias, de lideranças, de rivalidades com outros grandes clubes. Pena a desconcentração a meio da 2º parte – ou terá sido melhor assim? Não sei, porque valeu a emoção da garra e querer da equipa, levada ao colo pela assistência, recuperando 3 golos de desvantagem. Chiça, a lendária “vaca” do Benfica: no último segundo a bola bate-lhes em 2 postes...e não entra!

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