A Casa de Fenrir: Agronegócio vs. Teologia da Esculhambação

02-07-2005
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Aqui vai uma entrevista com um falso padreco no último número da 'Caros Imorais'...Entrevista dom Tomás Balduíno Revelações explosivas de dom Tomás Balduíno, dirigente da Comissão Pastoral da Terra, nesta entrevista à Caros Amigos: existe uma tabela para os pagamentos aos pistoleiros no Pará, conforme a categoria da vítima a ser morta: um padre, um líder de grupo sem-terra, um deputado, 20.000 reais; um vereador, 15.000 reais; um sindicalista, 10.000 reais... O agronegócio, de que tanto se fala, produz apenas 21 por cento da soja brasileira, embora esteja acabando com o cerrado, e apenas 0,8 por cento de tantas aves que são exportadas. Por sua ação em defesa dos índios e camponeses, houve uma tentativa de matar dom Tomás, que falhou por que ele não estava no local previsto: tinha ido ao enterro de dois assassinados...["Agronegócio acabando com o cerrado"... qual agricultura não altera o ambiente? Acaso seus coleguinhas do MST não o fazem pior, isto é, de forma mais primitiva ainda? E, formas de extrativismo, como o comércio de aves são passíveis de serem classificadas como "agronegócio"? Isto é puro maniqueísmo.]Entrevistadores: Natalia Viana, Marina Amaral, Nicodemus Pessoa, Palmério Dória, Mylton Severiano, João de Barros, Thiago Domenici e Sérgio de Souza.Fotos: Nino AndrésTRECHO 1 Natalia Viana - Começando pelo começo. Onde o senhor nasceu? Em Posse, uma cidade no limite leste de Goiás com Bahia. Uma região interessante, interseção Minas-Goiás-Bahia, um pouco daquele grande cenário, de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Cenário de Canudos. Pega depois, na vertente, o São Francisco, o cenário de Canudos... é o meu mundo. Uma terra que foi palco do cangaço. Minha infância foi dividida entre Posse e Formosa. Meu pai foi promotor e depois juiz na cidade de Formosa. Minha infância é povoada de muita excitação, muita animação pelo sítio do cangaço. A cidade foi sitiada, pessoal se armando... Marina Amaral - Família grande? Somos doze filhos. E temos um ramo paulista, Ortiz. Sou primo do Plínio de Arruda Sampaio. Nós dois somos primos de Monteiro Lobato pelo lado da mãe. Meu pai veio estudar no Rio, se casou com filha de fazendeiro e a levou lá pro sertão. Marina Amaral - Há outros parentes ligados à Igreja? Três tios padres. Isso influenciou minha vida no início, mas acho que nasci padre... Desde criança celebrava missa. Sérgio de Souza - De brincadeira? É, de brincadeira. Era paga a troco de um torrão de açúcar. Tinha algum dízimo... Mas era a animação da família ver o menino rezar, naquele latim que nenhum padre entendia... TRECHO 2 Mylton Severiano - Já que lembramos da ditadura, qual foi sua visão dentro da Igreja, onde grande parte apoiou as passeatas da Família, com Deus pela Liberdade? Não fui eu só. Um bom grupo dentro da Igreja repudiou o golpe, porque houve aquela declaração da alta hierarquia, dos cardeais louvando a Deus pelo fato de o Brasil ter se livrado do perigo comunista sem derramamento de sangue. Nesse tempo, eu ainda não era bispo. Só fui a partir de 67, mas assisti à reviravolta acontecida na Conferência Episcopal. Foi através de um pequeno grupo que até hoje se reúne, um grupo informal, que dom Fernando Gomes dos Santos carinhosamente chamava “grupo não grupo”. Dom Helder, dom Paulo Evaristo, dom José Maria Pires, o próprio dom Fernando, dom Pedro Casaldáliga, eu, dom Valdir Calheiros, vários outros. E decidimos formar o grupo, dom Helder resistiu muito a essa proposta, “não façam isso, vão interpretar como cismático”, mas acabou entrando. O grupo procurou ajudar a Conferência Episcopal. Não se colocar contra as bobagens que eram declaradas, mas procurar se reunir para fazer a leitura da conjuntura. Nos reuníamos dentro do quadro das assembléias, porque, se a gente se reunisse fora, seria perigoso. E graças a isso o grupo foi se tornando uma referência dentro do episcopado, sendo procurado pelos outros irmãos bispos. A gente teve forte influência até nas eleições da presidência da CNBB. Começou então com essa mudança e os outros conteúdos. Sérgio de Souza - E o Vaticano como via isso? Mal. Já tinha tentado desfazer. Nós nos valemos da tradição histórica do poder do bispo de se reunir com outro irmão bispo. Foi isso que tapou a boca do núncio. Mas houve repressão a grupos, assim, por exemplo, no Equador, vinte bispos foram presos. Um grupo grande de bispos do Brasil e da América Latina sofreu a repressão. TRECHO 3 João de Barros - Anapu é governada por uma família? Anapu tem várias fazendas ali. É um pessoal unido, articulado. Uma UDR de plantão permanente. Quando houve aquele outro protesto porque o governo não cumpria as liminares de juízes contra ocupações de terra, eles trancaram a rodovia com 5.000 bois! Foi gente até aqui do Pontal do Paranapanema para dar apoio. Essa gente está em todas! Sérgio de Souza - Desde o Congresso, não é? Desde o Congresso. A bancada ruralista. Essa eleição que houve agora não foi a favor do Severino, foi contra o Luís Eduardo Greenhalgh, porque ele apóia isso que eu estou falando. É quase um Estado paralelo. Sérgio de Souza - É invencível? O senhor vê esperança nisso? O governo tem que fazer acordo, porque está estruturado na maneira deles.Thiago Domenici - Mas que tipo de acordo poderia ser feito com essa gente? Um acordo porque a gente acha que esse pessoal, diante do que é legal, não tem muita força de tergiversar ou reagir. Pelo menos na aparência. Eles falam em legalidade, e é tudo ilegal. Tudo grilado. Acho que seria um acordo com a própria nação, em vez de fazer acordo com um grupo de fazendeiros no sentido de legalizar, ordenar, a questão fundiária no Estado do Pará, do Amazonas, de Mato Grosso, de Rondônia, de Roraima. Quer dizer, efetivar as exigências da lei, porque é tudo patrimônio público. [Será que o padre tem noção do que é efetivamente grilado no país? Que a base de grandes propriedades, inclusive algumas que foram parceladas foram griladas no passado? A ausência de estado outrora propiciou esta situação. Tentar agora tirar esta gente de onde estão, soa absurdo. O que tem que se fazer é prevenir.]TRECHO 4 João de Barros - E é bom lembrar que, dos mais de mil assassinatos no campo, só nove mandantes foram condenados e nenhum deles está na cadeia. Deixa eu dar esse dado com mais precisão. Primeiro, o das famílias despejadas: nos dados da CPT de 2003, 35.292 famílias despejadas. São famílias que ocupam a terra de viver e trabalhar. O juiz se baseia num título apresentado por um pretenso dono da terra e dá esse despejo. Do ano de 2004. TRECHO 5 Marina Amaral - O senhor acha que esse caso da irmã Dorothy tem força para mudar essa situação, ou vai se juntar a Chico Mendes, Eldorado de Carajás e os lavradores não conhecidos nem americanos vão continuar sendo mortos sem ninguém se incomodar? A repercussão, da mesma forma que explode, pode ser abafada. Um abafamento no caso da Dorothy é punição imediata dos culpados e pronto. O governo lavou as mãos. Então, manda um aparato de soldados lá – e eu fico até com medo pelas meninas, com tanto soldado. Diante da opinião pública, aí é que está, hoje é diferente. Hoje existem as organizações do campo. E o pessoal assumiu isso, essa reivindicação, essa cobrança. Já participei de n reuniões e ainda tem mais. Logo em seguida houve reunião do Fórum Nacional pela Reforma Agrária. É diferente.TRECHO 6 Mylton Severiano - O senhor já foi ameaçado? Sim, sim. TRECHO 7 Marina Amaral - O senhor acha que, para quem está no campo, o governo Lula vai trazer algum tipo de progresso? O senhor falou que o Fome Zero não tinha o mesmo tipo de inspiração do que, por exemplo, um trabalho como o de vocês. O senhor vê alguma ação do governo que pode ter mudado, o mínimo que seja, a realidade dessas pessoas? Olha, dou graças a Deus que o Lula está aí e ao mesmo tempo o critico fortemente e mais ainda o PT dele. Mas a gente tem que reconhecer que mudou. Por exemplo, a questão da repressão, não tem repressão aos movimentos populares. Marina Amaral - Com Fernando Henrique tinha? Sim, sim, demais! E tem coisa que até hoje perdura do Fernando Henrique, por exemplo, a punição de uma ocupação. Até juiz do Supremo já deu razão a ocupação de terra, por reconhecer que não é em vista de ficar com aquela terra, mas de pressionar para que haja a reforma agrária. Isso é legítimo. Mas, veja, o governo do Pará continua policialesco com relação a essas organizações populares. Em Goiás, houve agora um despejo da cidade de Goiânia de 20.000 pessoas, são 4.000 famílias. Quer dizer, são outros governos, inclusive são PSDB. E aqui em São Paulo também, o aparato policial é muito forte. Olha, com relação ao Lula, você pode fazer a crítica que quiser, mas nesse ponto o pessoal respira, age até mais confiante, eu creio que faz a diferença. Porque o que é que aconteceu no Brasil? O Estado foi feito pela elite e aquela cadeira ser ocupada pela elite. Por um acidente de percurso, foi um ex-operário e migrante nordestino, e isso o pessoal não tolera, tem que votar para qualquer Serra da vida. E a preocupação da gente é quando chegar o termo daquilo, com todos os desgastes, com todas as manobras, que volte atrás, volte simplesmente para a elite, aí é como a mão na luva, o encaixe é perfeito. TRECHO 8 Marina Amaral - Posso fazer uma pergunta fútil? Como o senhor se mantém nessa elegância com 82 anos feitos? Já dei essa resposta para um jornalista e repito: deitar na rede e balançar. [Nisto eu acredito, pois o que mais faz um teólogo da libertação ou integrante do MST?]


Aqui vai uma entrevista com um falso padreco no último número da 'Caros Imorais'...Entrevista dom Tomás Balduíno Revelações explosivas de dom Tomás Balduíno, dirigente da Comissão Pastoral da Terra, nesta entrevista à Caros Amigos: existe uma tabela para os pagamentos aos pistoleiros no Pará, conforme a categoria da vítima a ser morta: um padre, um líder de grupo sem-terra, um deputado, 20.000 reais; um vereador, 15.000 reais; um sindicalista, 10.000 reais... O agronegócio, de que tanto se fala, produz apenas 21 por cento da soja brasileira, embora esteja acabando com o cerrado, e apenas 0,8 por cento de tantas aves que são exportadas. Por sua ação em defesa dos índios e camponeses, houve uma tentativa de matar dom Tomás, que falhou por que ele não estava no local previsto: tinha ido ao enterro de dois assassinados...["Agronegócio acabando com o cerrado"... qual agricultura não altera o ambiente? Acaso seus coleguinhas do MST não o fazem pior, isto é, de forma mais primitiva ainda? E, formas de extrativismo, como o comércio de aves são passíveis de serem classificadas como "agronegócio"? Isto é puro maniqueísmo.]Entrevistadores: Natalia Viana, Marina Amaral, Nicodemus Pessoa, Palmério Dória, Mylton Severiano, João de Barros, Thiago Domenici e Sérgio de Souza.Fotos: Nino AndrésTRECHO 1 Natalia Viana - Começando pelo começo. Onde o senhor nasceu? Em Posse, uma cidade no limite leste de Goiás com Bahia. Uma região interessante, interseção Minas-Goiás-Bahia, um pouco daquele grande cenário, de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Cenário de Canudos. Pega depois, na vertente, o São Francisco, o cenário de Canudos... é o meu mundo. Uma terra que foi palco do cangaço. Minha infância foi dividida entre Posse e Formosa. Meu pai foi promotor e depois juiz na cidade de Formosa. Minha infância é povoada de muita excitação, muita animação pelo sítio do cangaço. A cidade foi sitiada, pessoal se armando... Marina Amaral - Família grande? Somos doze filhos. E temos um ramo paulista, Ortiz. Sou primo do Plínio de Arruda Sampaio. Nós dois somos primos de Monteiro Lobato pelo lado da mãe. Meu pai veio estudar no Rio, se casou com filha de fazendeiro e a levou lá pro sertão. Marina Amaral - Há outros parentes ligados à Igreja? Três tios padres. Isso influenciou minha vida no início, mas acho que nasci padre... Desde criança celebrava missa. Sérgio de Souza - De brincadeira? É, de brincadeira. Era paga a troco de um torrão de açúcar. Tinha algum dízimo... Mas era a animação da família ver o menino rezar, naquele latim que nenhum padre entendia... TRECHO 2 Mylton Severiano - Já que lembramos da ditadura, qual foi sua visão dentro da Igreja, onde grande parte apoiou as passeatas da Família, com Deus pela Liberdade? Não fui eu só. Um bom grupo dentro da Igreja repudiou o golpe, porque houve aquela declaração da alta hierarquia, dos cardeais louvando a Deus pelo fato de o Brasil ter se livrado do perigo comunista sem derramamento de sangue. Nesse tempo, eu ainda não era bispo. Só fui a partir de 67, mas assisti à reviravolta acontecida na Conferência Episcopal. Foi através de um pequeno grupo que até hoje se reúne, um grupo informal, que dom Fernando Gomes dos Santos carinhosamente chamava “grupo não grupo”. Dom Helder, dom Paulo Evaristo, dom José Maria Pires, o próprio dom Fernando, dom Pedro Casaldáliga, eu, dom Valdir Calheiros, vários outros. E decidimos formar o grupo, dom Helder resistiu muito a essa proposta, “não façam isso, vão interpretar como cismático”, mas acabou entrando. O grupo procurou ajudar a Conferência Episcopal. Não se colocar contra as bobagens que eram declaradas, mas procurar se reunir para fazer a leitura da conjuntura. Nos reuníamos dentro do quadro das assembléias, porque, se a gente se reunisse fora, seria perigoso. E graças a isso o grupo foi se tornando uma referência dentro do episcopado, sendo procurado pelos outros irmãos bispos. A gente teve forte influência até nas eleições da presidência da CNBB. Começou então com essa mudança e os outros conteúdos. Sérgio de Souza - E o Vaticano como via isso? Mal. Já tinha tentado desfazer. Nós nos valemos da tradição histórica do poder do bispo de se reunir com outro irmão bispo. Foi isso que tapou a boca do núncio. Mas houve repressão a grupos, assim, por exemplo, no Equador, vinte bispos foram presos. Um grupo grande de bispos do Brasil e da América Latina sofreu a repressão. TRECHO 3 João de Barros - Anapu é governada por uma família? Anapu tem várias fazendas ali. É um pessoal unido, articulado. Uma UDR de plantão permanente. Quando houve aquele outro protesto porque o governo não cumpria as liminares de juízes contra ocupações de terra, eles trancaram a rodovia com 5.000 bois! Foi gente até aqui do Pontal do Paranapanema para dar apoio. Essa gente está em todas! Sérgio de Souza - Desde o Congresso, não é? Desde o Congresso. A bancada ruralista. Essa eleição que houve agora não foi a favor do Severino, foi contra o Luís Eduardo Greenhalgh, porque ele apóia isso que eu estou falando. É quase um Estado paralelo. Sérgio de Souza - É invencível? O senhor vê esperança nisso? O governo tem que fazer acordo, porque está estruturado na maneira deles.Thiago Domenici - Mas que tipo de acordo poderia ser feito com essa gente? Um acordo porque a gente acha que esse pessoal, diante do que é legal, não tem muita força de tergiversar ou reagir. Pelo menos na aparência. Eles falam em legalidade, e é tudo ilegal. Tudo grilado. Acho que seria um acordo com a própria nação, em vez de fazer acordo com um grupo de fazendeiros no sentido de legalizar, ordenar, a questão fundiária no Estado do Pará, do Amazonas, de Mato Grosso, de Rondônia, de Roraima. Quer dizer, efetivar as exigências da lei, porque é tudo patrimônio público. [Será que o padre tem noção do que é efetivamente grilado no país? Que a base de grandes propriedades, inclusive algumas que foram parceladas foram griladas no passado? A ausência de estado outrora propiciou esta situação. Tentar agora tirar esta gente de onde estão, soa absurdo. O que tem que se fazer é prevenir.]TRECHO 4 João de Barros - E é bom lembrar que, dos mais de mil assassinatos no campo, só nove mandantes foram condenados e nenhum deles está na cadeia. Deixa eu dar esse dado com mais precisão. Primeiro, o das famílias despejadas: nos dados da CPT de 2003, 35.292 famílias despejadas. São famílias que ocupam a terra de viver e trabalhar. O juiz se baseia num título apresentado por um pretenso dono da terra e dá esse despejo. Do ano de 2004. TRECHO 5 Marina Amaral - O senhor acha que esse caso da irmã Dorothy tem força para mudar essa situação, ou vai se juntar a Chico Mendes, Eldorado de Carajás e os lavradores não conhecidos nem americanos vão continuar sendo mortos sem ninguém se incomodar? A repercussão, da mesma forma que explode, pode ser abafada. Um abafamento no caso da Dorothy é punição imediata dos culpados e pronto. O governo lavou as mãos. Então, manda um aparato de soldados lá – e eu fico até com medo pelas meninas, com tanto soldado. Diante da opinião pública, aí é que está, hoje é diferente. Hoje existem as organizações do campo. E o pessoal assumiu isso, essa reivindicação, essa cobrança. Já participei de n reuniões e ainda tem mais. Logo em seguida houve reunião do Fórum Nacional pela Reforma Agrária. É diferente.TRECHO 6 Mylton Severiano - O senhor já foi ameaçado? Sim, sim. TRECHO 7 Marina Amaral - O senhor acha que, para quem está no campo, o governo Lula vai trazer algum tipo de progresso? O senhor falou que o Fome Zero não tinha o mesmo tipo de inspiração do que, por exemplo, um trabalho como o de vocês. O senhor vê alguma ação do governo que pode ter mudado, o mínimo que seja, a realidade dessas pessoas? Olha, dou graças a Deus que o Lula está aí e ao mesmo tempo o critico fortemente e mais ainda o PT dele. Mas a gente tem que reconhecer que mudou. Por exemplo, a questão da repressão, não tem repressão aos movimentos populares. Marina Amaral - Com Fernando Henrique tinha? Sim, sim, demais! E tem coisa que até hoje perdura do Fernando Henrique, por exemplo, a punição de uma ocupação. Até juiz do Supremo já deu razão a ocupação de terra, por reconhecer que não é em vista de ficar com aquela terra, mas de pressionar para que haja a reforma agrária. Isso é legítimo. Mas, veja, o governo do Pará continua policialesco com relação a essas organizações populares. Em Goiás, houve agora um despejo da cidade de Goiânia de 20.000 pessoas, são 4.000 famílias. Quer dizer, são outros governos, inclusive são PSDB. E aqui em São Paulo também, o aparato policial é muito forte. Olha, com relação ao Lula, você pode fazer a crítica que quiser, mas nesse ponto o pessoal respira, age até mais confiante, eu creio que faz a diferença. Porque o que é que aconteceu no Brasil? O Estado foi feito pela elite e aquela cadeira ser ocupada pela elite. Por um acidente de percurso, foi um ex-operário e migrante nordestino, e isso o pessoal não tolera, tem que votar para qualquer Serra da vida. E a preocupação da gente é quando chegar o termo daquilo, com todos os desgastes, com todas as manobras, que volte atrás, volte simplesmente para a elite, aí é como a mão na luva, o encaixe é perfeito. TRECHO 8 Marina Amaral - Posso fazer uma pergunta fútil? Como o senhor se mantém nessa elegância com 82 anos feitos? Já dei essa resposta para um jornalista e repito: deitar na rede e balançar. [Nisto eu acredito, pois o que mais faz um teólogo da libertação ou integrante do MST?]

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