Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74

01-10-2009
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Angola > 1961 > Desfile de tropas > O António Rosinha, furriel miliciano, aparece aqui em primeiro plano, assinalado com um X (1)... Repare-se no tipo de armamento das NT: pistola-metralhadora FBP, para os graduados; espingarda Mauser, para as praças...Farda: caqui amarelo... Capacete de aço...A avaliar pelas revelações do 1º episódio da série A Guerra, argumento e realização de Joaquim Furtado, que começou a ser apresentado na RTP 1, no passado dia 16, as NT estavam muito mal preparadas para fazer face à revolta da UPA no Norte de Angola, iniciada em 15 de Março de 1961, com o massacre dos brancos e dos seus aliados negros, nas fazendas de café, postos administrativos e lojas de comércio em povoações mais isoladas. O melhor: segundo a peça televisa do Joaquim Furtado, tudo indica que, devido ao seu autismo, arrogância e incompetência, as autoridades portuguesas, tanto em Lisboa como em Angola, terão sido completamente apanhadas de surpresa pelos acontecimentos em 15 de Março de 1961. Os colonos brancos e os seus serviçais tiveram que se organizar em auto-defesa... e o governador de então é incitado a comprar armas no estrangeiro... Havia então 1500 homens, em armas, de origem metropolitana, e uns escassos milhares, do recrutamento local, para fazer frente aos rebeldes de Holden Roberto, inicialmente apenas armaos de catanas e canhangulos...O primeiro morto militar português, oriundo da metrópole, na guerra do ultramar, terá sido um pára-quedista, em Abril de 1961, no norte de Angola... E o último morto ? Foi já depois do 25 de Abril de 1974, na Guiné, em Angola ou em Moçambique. Enfim, não é uma questão bizantina, tem um grande carga simbólica... Talvez alguém mais tenha estudado esta questão na nossa Tabanca Grande... (LG)Foto: © António Rosinha (2006). Direitos reservados Capa do livro de Nuno Mira Vaz >Guiné, 1968 e 1973. Soldados uma vez, sempre soldados!Lisboa: Tribuna da História, 2003.96 pp.Foto: Livraria do Guarda-Mor (com a devida vénia...)1. Mensagem de ontem, 17 de Outubro, enviada pelo coronel pára-quedista e escritor Nuno Mira Vaz (2):Meu caro Luís Graça:Sou leitor assíduo do blogue que criou e permita-me que o felicite pela obra entretanto realizada (1). Contacto-o porque uma sua afirmação de hoje está muito longe da realidade (2) . De facto, não foi em Canquelifá, em Abril de 74, que morreram os últimos combatentes dos dois lados. Só para lhe dar um exemplo (porque há muitos mais), foi morto pelos guerrilheiros da Frelimo no dia 4 de Agosto de 1974, na região de Inhamiga (Moçambique) o Major Pára-quedista e meu amigo do peito Manuel Lopes Morais.Creia que me move apenas a vontade de honrar um blogue que muito prezo, ao qual desejo, bem como ao seu criador e actuais co-responsáveis, as maiores venturas.O camarada de armasNuno Mira Vaz 2. Resposta do editor L.G.:Caro Nuno: Muito obrigado. É, de facto, um erro factual... Fui induzido em erro pelo trabalho de Joaquim Furtado, que começou a ser divulgado na RTP... Lamento a morte do nosso camarada e seu amigo Manuel Lopes Morais, já tão tardiamente, em Moçambique...Vou publicar o seu comentário, se mo permite, a bem da verdade e da honra... E já agora sentir-me-ei honrado se você quiser escrever no nosso espaço... O blogue é também seu.Cordiais saudações.Luís Graça3. Resposta do Mira Vaz:Caro Luís:Agradeço o amável convite, mas declaro-me impreparado para dar tal passo. Podíamos discorrer a respeito da formatação a que os militares da minha geração foram submetidos, mas o resultado seria sempre o mesmo - ao menos por enquanto. Quem sabe, um dia ...Cumprimento-o com simpatia e admiração pela obra realizada.O camarada de armasNuno Mira vaz_____________Notas de L.G.:(1) vd. post de 29 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1327: Blogoterapia (7): Furriel Miliciano em Angola, em 1961; topógrafo da TECNIL, em Bissau, em 1979 (António Rosinha)(2) Vd. post de 16 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2182: Blogoterapia (35): Programa da RTP1, Prós e Contras: Éramos todos bons rapazes (David Guimarães)(...) Comentário de L.G.:É miserável que o jornalismo de investigação e de arquivo sobre a guerra do ultramar, guerra colonial ou guerra de libertação (ao gosto do freguês) só chegue à televisão pública 46 anos depois do 15 de Março de 1961 (no norte de Angola) e 33 anos depois dos últimos mortos e feridos em combate, de um lado e de outro, em 27 de Abril de 1974, na zona de Canquelifá (Zona Leste, Guiné)...________Notas de L. G.:(1) Vd. post de 10 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1581: O elogio dos pára-quedistas das 121ª e 122ª CCP (Nuno Mira Vaz / Vitor Junqueira)(2) Nota biográfica:Nuno Mira Vaz >(i) Coronel de Cavalaria na reserva;(ii) Mestre em Estratégia e Doutor em Ciências Sociais na área das Relações Internacionais pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa;(iii) Fez toda a vida militar nas Tropas Pára-quedistas, tendo cumprido quatro comissões de serviço em África entre 1961 e 1974;(iv) Entre 1986 e 1989 foi 2º Comandante do Corpo de Tropas Pára-quedistas;(v) Colocado como assessor no Instituto de Defesa Nacional em 1989, foi responsável editorial da revista Nação e Defesa entre 1997 e 2000 e desempenha funções de coordenador da Área de Relações Internacionais, Estratégia e Geoestratégia desde 1994;(vi) Professor de Sociologia Militar na Academia Militar desde 1997;(vii) Autor de diversos livros e colaborador assíduo de publicações que se ocupam de matérias relacionadas com segurança e defesa.Fonte: Instituto de Defesa Nacional > Divulgação > Publicações > Colecção Atena > Autores(com a devida vénia...)


Angola > 1961 > Desfile de tropas > O António Rosinha, furriel miliciano, aparece aqui em primeiro plano, assinalado com um X (1)... Repare-se no tipo de armamento das NT: pistola-metralhadora FBP, para os graduados; espingarda Mauser, para as praças...Farda: caqui amarelo... Capacete de aço...A avaliar pelas revelações do 1º episódio da série A Guerra, argumento e realização de Joaquim Furtado, que começou a ser apresentado na RTP 1, no passado dia 16, as NT estavam muito mal preparadas para fazer face à revolta da UPA no Norte de Angola, iniciada em 15 de Março de 1961, com o massacre dos brancos e dos seus aliados negros, nas fazendas de café, postos administrativos e lojas de comércio em povoações mais isoladas. O melhor: segundo a peça televisa do Joaquim Furtado, tudo indica que, devido ao seu autismo, arrogância e incompetência, as autoridades portuguesas, tanto em Lisboa como em Angola, terão sido completamente apanhadas de surpresa pelos acontecimentos em 15 de Março de 1961. Os colonos brancos e os seus serviçais tiveram que se organizar em auto-defesa... e o governador de então é incitado a comprar armas no estrangeiro... Havia então 1500 homens, em armas, de origem metropolitana, e uns escassos milhares, do recrutamento local, para fazer frente aos rebeldes de Holden Roberto, inicialmente apenas armaos de catanas e canhangulos...O primeiro morto militar português, oriundo da metrópole, na guerra do ultramar, terá sido um pára-quedista, em Abril de 1961, no norte de Angola... E o último morto ? Foi já depois do 25 de Abril de 1974, na Guiné, em Angola ou em Moçambique. Enfim, não é uma questão bizantina, tem um grande carga simbólica... Talvez alguém mais tenha estudado esta questão na nossa Tabanca Grande... (LG)Foto: © António Rosinha (2006). Direitos reservados Capa do livro de Nuno Mira Vaz >Guiné, 1968 e 1973. Soldados uma vez, sempre soldados!Lisboa: Tribuna da História, 2003.96 pp.Foto: Livraria do Guarda-Mor (com a devida vénia...)1. Mensagem de ontem, 17 de Outubro, enviada pelo coronel pára-quedista e escritor Nuno Mira Vaz (2):Meu caro Luís Graça:Sou leitor assíduo do blogue que criou e permita-me que o felicite pela obra entretanto realizada (1). Contacto-o porque uma sua afirmação de hoje está muito longe da realidade (2) . De facto, não foi em Canquelifá, em Abril de 74, que morreram os últimos combatentes dos dois lados. Só para lhe dar um exemplo (porque há muitos mais), foi morto pelos guerrilheiros da Frelimo no dia 4 de Agosto de 1974, na região de Inhamiga (Moçambique) o Major Pára-quedista e meu amigo do peito Manuel Lopes Morais.Creia que me move apenas a vontade de honrar um blogue que muito prezo, ao qual desejo, bem como ao seu criador e actuais co-responsáveis, as maiores venturas.O camarada de armasNuno Mira Vaz 2. Resposta do editor L.G.:Caro Nuno: Muito obrigado. É, de facto, um erro factual... Fui induzido em erro pelo trabalho de Joaquim Furtado, que começou a ser divulgado na RTP... Lamento a morte do nosso camarada e seu amigo Manuel Lopes Morais, já tão tardiamente, em Moçambique...Vou publicar o seu comentário, se mo permite, a bem da verdade e da honra... E já agora sentir-me-ei honrado se você quiser escrever no nosso espaço... O blogue é também seu.Cordiais saudações.Luís Graça3. Resposta do Mira Vaz:Caro Luís:Agradeço o amável convite, mas declaro-me impreparado para dar tal passo. Podíamos discorrer a respeito da formatação a que os militares da minha geração foram submetidos, mas o resultado seria sempre o mesmo - ao menos por enquanto. Quem sabe, um dia ...Cumprimento-o com simpatia e admiração pela obra realizada.O camarada de armasNuno Mira vaz_____________Notas de L.G.:(1) vd. post de 29 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1327: Blogoterapia (7): Furriel Miliciano em Angola, em 1961; topógrafo da TECNIL, em Bissau, em 1979 (António Rosinha)(2) Vd. post de 16 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2182: Blogoterapia (35): Programa da RTP1, Prós e Contras: Éramos todos bons rapazes (David Guimarães)(...) Comentário de L.G.:É miserável que o jornalismo de investigação e de arquivo sobre a guerra do ultramar, guerra colonial ou guerra de libertação (ao gosto do freguês) só chegue à televisão pública 46 anos depois do 15 de Março de 1961 (no norte de Angola) e 33 anos depois dos últimos mortos e feridos em combate, de um lado e de outro, em 27 de Abril de 1974, na zona de Canquelifá (Zona Leste, Guiné)...________Notas de L. G.:(1) Vd. post de 10 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1581: O elogio dos pára-quedistas das 121ª e 122ª CCP (Nuno Mira Vaz / Vitor Junqueira)(2) Nota biográfica:Nuno Mira Vaz >(i) Coronel de Cavalaria na reserva;(ii) Mestre em Estratégia e Doutor em Ciências Sociais na área das Relações Internacionais pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa;(iii) Fez toda a vida militar nas Tropas Pára-quedistas, tendo cumprido quatro comissões de serviço em África entre 1961 e 1974;(iv) Entre 1986 e 1989 foi 2º Comandante do Corpo de Tropas Pára-quedistas;(v) Colocado como assessor no Instituto de Defesa Nacional em 1989, foi responsável editorial da revista Nação e Defesa entre 1997 e 2000 e desempenha funções de coordenador da Área de Relações Internacionais, Estratégia e Geoestratégia desde 1994;(vi) Professor de Sociologia Militar na Academia Militar desde 1997;(vii) Autor de diversos livros e colaborador assíduo de publicações que se ocupam de matérias relacionadas com segurança e defesa.Fonte: Instituto de Defesa Nacional > Divulgação > Publicações > Colecção Atena > Autores(com a devida vénia...)

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