Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74

02-10-2009
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Lisboa, Museu da Farmácia, 11 de Novembro de 2008. Cerimónia de lançamento do livro Diário da Guiné: 1969-1970: O Tigre Vadio, da autoria do nosso camarada Mário Beja Santos (Lisboa: Círculo de Leitores, e Temas & Debates, 2008, 440 pp.). O mestre guineense, mandinga do Gabu, a viver em Portugal desde 1998, Braima Galissá, tocador de kora, e cantor (dídjio), executa o nosso Hino Nacional. Uma surpresa do Braima, um momento muito bonito, que emocionou o Mário, com toda a assistência de pé (*).Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo (1' 27') alojado em: You Tube >Nhabijoes.1. Mensagem de 13 do corrente, do Beja Santos:Assunto - O meu profundo agradecimentoQueridos amigos, queridos camaradas, queridos tertulianos,Estou profundamente sensibilizado por tudo o que se disse e escreveu em torno do lançamento de O Tigre Vadio. Foi muito lindo o que se viu no Museu da Farmácia, com a constituição de núcleos museológicos que tem a ver com a guerra que vivemos:(i) o fardamento de uma enfermeira pára-quedista,(ii) os medicamentos que usávamos,(iii) os estojos de primeiros socorros que existiam nas aeronaves que vinham buscar os nossos feridos,(iv) um aerograma onde se fala de medicamentos.Tocou-me a sugestão do Braima Galissá em interpretar o hino nacional com o seu prodigioso korá.Tocou-me estar rodeado de amigos tão grandes, alguns que vieram de tão longe e que me dirigiram expressões tão calorosas.O Luís Graça foi, é e será a locomotiva deste entreposto de afectos, recebi o apoio incomparável do Humberto Reis, ele foi o primeiro dos fotógrafos, ainda estou para saber como é que ele desencadeou pressão sobre as minhas memórias mais subterrâneas.Em suma, e fugindo às lamechices, é um privilégio poder contar com a vossa estima e tão elevado apreço.Como está dito, não só fico a intervir no blogue como já estou a escrever mergulhado na Guiné, estou agora precisamente em Teixeira Pinto em 1954 e a recolher impressões dolorosas da mulher do administrador Artur Meireles (ainda hoje o maior estudioso da cultura Manjaca) que viu o exercício do colonialismo nos seus aspectos mais brutais.Darei ao blogue, entretanto, impressões sobre as minhas leituras em terras da Guiné.Um outro projecto que tenho em mente é registar as minhas recordações de Mafra até à reintegração após o regresso da Guiné e a constante presença dos militares e civis com quem convivi. Estou a tentar clarificar a viagem desse branco que se africanizou para toda a vida...Por muito que vos surpreenda, não registei tudo nos dois livros do que ficou nos meus apontamentos. Recentemente, entreguei alguns registos na Sociedade de Geografia de Lisboa e, imprevistamente, apareceu-me uma folha solta que tem a data de 30 de Julho de 1970 e onde escrevi:“Logo que possa, tenho que conhecer mais sobre a obra de Sarmento Rodrigues, governador da Guiné entre 1945 e 1948, mais tarde ministro das Colónias, certamente que o comandante Teixeira da Mota me vai ajudar, foi seu ajudante de campo. Um homem que se despede dos guineenses dizendo “queria dizer adeus a todos, um por um, como a um e um tenho falado e conhecido”, que escreve “a Guiné nada me fica a dever. Eu é que agradeço o ter me dado a ocasião de a servir sem reservas,” é um homem que amou intensamente o que fez, é um homem incomum.” É uma nota solta, a que não soube dar destino, agora já não pode caber no diário.Acima de tudo, o que pretendo dizer-vos agora é que foi uma honra ter escrito o relato da minha comissão tendo como primeiros leitores toda a malta do blogue e assegurar-vos que aqui vou continuar.Aceitem um grande abraço por tudo o que me disseram e como me consideram,Mário Beja Santos_________Nota de L.G.:(*) Vd. último poste da série > 13 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3449: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (8): Apresentação do Maj Gen Lemos Pires (I)


Lisboa, Museu da Farmácia, 11 de Novembro de 2008. Cerimónia de lançamento do livro Diário da Guiné: 1969-1970: O Tigre Vadio, da autoria do nosso camarada Mário Beja Santos (Lisboa: Círculo de Leitores, e Temas & Debates, 2008, 440 pp.). O mestre guineense, mandinga do Gabu, a viver em Portugal desde 1998, Braima Galissá, tocador de kora, e cantor (dídjio), executa o nosso Hino Nacional. Uma surpresa do Braima, um momento muito bonito, que emocionou o Mário, com toda a assistência de pé (*).Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo (1' 27') alojado em: You Tube >Nhabijoes.1. Mensagem de 13 do corrente, do Beja Santos:Assunto - O meu profundo agradecimentoQueridos amigos, queridos camaradas, queridos tertulianos,Estou profundamente sensibilizado por tudo o que se disse e escreveu em torno do lançamento de O Tigre Vadio. Foi muito lindo o que se viu no Museu da Farmácia, com a constituição de núcleos museológicos que tem a ver com a guerra que vivemos:(i) o fardamento de uma enfermeira pára-quedista,(ii) os medicamentos que usávamos,(iii) os estojos de primeiros socorros que existiam nas aeronaves que vinham buscar os nossos feridos,(iv) um aerograma onde se fala de medicamentos.Tocou-me a sugestão do Braima Galissá em interpretar o hino nacional com o seu prodigioso korá.Tocou-me estar rodeado de amigos tão grandes, alguns que vieram de tão longe e que me dirigiram expressões tão calorosas.O Luís Graça foi, é e será a locomotiva deste entreposto de afectos, recebi o apoio incomparável do Humberto Reis, ele foi o primeiro dos fotógrafos, ainda estou para saber como é que ele desencadeou pressão sobre as minhas memórias mais subterrâneas.Em suma, e fugindo às lamechices, é um privilégio poder contar com a vossa estima e tão elevado apreço.Como está dito, não só fico a intervir no blogue como já estou a escrever mergulhado na Guiné, estou agora precisamente em Teixeira Pinto em 1954 e a recolher impressões dolorosas da mulher do administrador Artur Meireles (ainda hoje o maior estudioso da cultura Manjaca) que viu o exercício do colonialismo nos seus aspectos mais brutais.Darei ao blogue, entretanto, impressões sobre as minhas leituras em terras da Guiné.Um outro projecto que tenho em mente é registar as minhas recordações de Mafra até à reintegração após o regresso da Guiné e a constante presença dos militares e civis com quem convivi. Estou a tentar clarificar a viagem desse branco que se africanizou para toda a vida...Por muito que vos surpreenda, não registei tudo nos dois livros do que ficou nos meus apontamentos. Recentemente, entreguei alguns registos na Sociedade de Geografia de Lisboa e, imprevistamente, apareceu-me uma folha solta que tem a data de 30 de Julho de 1970 e onde escrevi:“Logo que possa, tenho que conhecer mais sobre a obra de Sarmento Rodrigues, governador da Guiné entre 1945 e 1948, mais tarde ministro das Colónias, certamente que o comandante Teixeira da Mota me vai ajudar, foi seu ajudante de campo. Um homem que se despede dos guineenses dizendo “queria dizer adeus a todos, um por um, como a um e um tenho falado e conhecido”, que escreve “a Guiné nada me fica a dever. Eu é que agradeço o ter me dado a ocasião de a servir sem reservas,” é um homem que amou intensamente o que fez, é um homem incomum.” É uma nota solta, a que não soube dar destino, agora já não pode caber no diário.Acima de tudo, o que pretendo dizer-vos agora é que foi uma honra ter escrito o relato da minha comissão tendo como primeiros leitores toda a malta do blogue e assegurar-vos que aqui vou continuar.Aceitem um grande abraço por tudo o que me disseram e como me consideram,Mário Beja Santos_________Nota de L.G.:(*) Vd. último poste da série > 13 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3449: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (8): Apresentação do Maj Gen Lemos Pires (I)

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