Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74

01-10-2009
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Joaquim Mexia Alves, à esquerda da foto, no lançamento do livro Diário da Guiné, 1968-1969, de Mário Beja Santos, que está ao centro. À direita está o Henrique Matos que foi o 1.º CMDT do Pel Caç Nat 52Foto: © Henrique Matos (2008). Direitos reservados.1. Caros camaradasPorque a informática nem sempre ajuda, por vezes desajuda, enquanto o nosso Luís andou por terras da Guiné-Bissau a minha ligação à Internete falhou insistentemente.Por coincidência houve o lançamento do Diário da Guiné do nosso camarada Mário Beja Santos que também veio aumentar um pouco o trabalho editorial do Blogue. Quem se manteve firme no seu posto de comando? O nosso companheiro Briote. Claro que não chegou para tudo e agora há que pôr o trabalho em dia.Esta introdução, para quê?Primeiro para pedir desculpas públicas ao nosso camarigo Joaquim Mexia Alves, porque nos enviou um bonito poema com o título Recado para uma ida à Guiné, que classifico como um roteiro de saudade e não foi publicado na devida altura.A sua publicação, agora, pode parecer despropositada, pois o Luís já foi à Guiné-Bissau e, tendo regressado, não poderá cumprir o itinerário proposto.Deixo-vos o texto para apreciarem e, se um dia lá forem, aproveitem a sugestão.Com renovadas desculpas ao Mexia Alves, leiam e deliciem-se.Carlos Vinhal2. Recado para uma ida à Guiné, por Joaquim Mexia Alves (2)Vai, Luís,Para essa terra quenteQue viveu dor e sofrimentoPara se fazer País.Vai e leva o meu abraçoPorque num dia,Num momento,Também aí fui feliz.Passa por MansoaE sobe para MansabáE ao carreiro da mortePára e contemplaDas árvores do MorésO seu porte.Deixa uma lágrimaE um votoPor todos os que aí ficaram.Depois desce a JugudulE segue a estrada novaQue tanto sacrifício me deu.Passa por PortogoleE mais à frente um bocadoSobe ao Mato Cão,E fica ali sentadoCom uma cerveja na mãoA assistir ao Pôr-do-Sol.Agora que vês BambadincaDepois de parares um poucoSegue em frentePela estrada do meu suorA caminho do Mansambo,Que fica à tua direita.Na Ponte dos FulasVai a pé,Ali para a tua esquerda,Sim dentro da mata,Vá, anda,Porque vais encontrar,Se agora não me engano,Uma mata de cajuOnde o macaco cãoFaz barulho que ensurdece.Volta à estradaPara o XitoleE, quando lá chegares,Senta-te naquela varanda,Mesmo que destruída,(reconheci-a entre mil),E bebe por mim um uísqueEm memória do Jamil.Segue para o Saltinho,Banha-te naquelas águasE não pares,Arranja um barcoE sobe o Corubal.Quando chegares ao Xime,Desembarca na lama pretaE sobe por um bocado,Apenas para ver a vista.Regressa ao Geba.Lá está a Nau CatrinetaQue tem muito que contar,Embarca agora nela,Deixa a maré te levar,Porque assim à noiteEstarás em Bissau, a varar.Já é tarde,Estás cansado,No físico, no coração,Então senta-te no Pelicano,E come…Um ninho de camarão.Vai, Luís,Leva-me contigo,Mata feridas, mata mágoas,Mata saudades até,E abraça por mimA Guiné…Joaquim Mexia AlvesMonte Real, 27 de Fevereiro de 2008


Joaquim Mexia Alves, à esquerda da foto, no lançamento do livro Diário da Guiné, 1968-1969, de Mário Beja Santos, que está ao centro. À direita está o Henrique Matos que foi o 1.º CMDT do Pel Caç Nat 52Foto: © Henrique Matos (2008). Direitos reservados.1. Caros camaradasPorque a informática nem sempre ajuda, por vezes desajuda, enquanto o nosso Luís andou por terras da Guiné-Bissau a minha ligação à Internete falhou insistentemente.Por coincidência houve o lançamento do Diário da Guiné do nosso camarada Mário Beja Santos que também veio aumentar um pouco o trabalho editorial do Blogue. Quem se manteve firme no seu posto de comando? O nosso companheiro Briote. Claro que não chegou para tudo e agora há que pôr o trabalho em dia.Esta introdução, para quê?Primeiro para pedir desculpas públicas ao nosso camarigo Joaquim Mexia Alves, porque nos enviou um bonito poema com o título Recado para uma ida à Guiné, que classifico como um roteiro de saudade e não foi publicado na devida altura.A sua publicação, agora, pode parecer despropositada, pois o Luís já foi à Guiné-Bissau e, tendo regressado, não poderá cumprir o itinerário proposto.Deixo-vos o texto para apreciarem e, se um dia lá forem, aproveitem a sugestão.Com renovadas desculpas ao Mexia Alves, leiam e deliciem-se.Carlos Vinhal2. Recado para uma ida à Guiné, por Joaquim Mexia Alves (2)Vai, Luís,Para essa terra quenteQue viveu dor e sofrimentoPara se fazer País.Vai e leva o meu abraçoPorque num dia,Num momento,Também aí fui feliz.Passa por MansoaE sobe para MansabáE ao carreiro da mortePára e contemplaDas árvores do MorésO seu porte.Deixa uma lágrimaE um votoPor todos os que aí ficaram.Depois desce a JugudulE segue a estrada novaQue tanto sacrifício me deu.Passa por PortogoleE mais à frente um bocadoSobe ao Mato Cão,E fica ali sentadoCom uma cerveja na mãoA assistir ao Pôr-do-Sol.Agora que vês BambadincaDepois de parares um poucoSegue em frentePela estrada do meu suorA caminho do Mansambo,Que fica à tua direita.Na Ponte dos FulasVai a pé,Ali para a tua esquerda,Sim dentro da mata,Vá, anda,Porque vais encontrar,Se agora não me engano,Uma mata de cajuOnde o macaco cãoFaz barulho que ensurdece.Volta à estradaPara o XitoleE, quando lá chegares,Senta-te naquela varanda,Mesmo que destruída,(reconheci-a entre mil),E bebe por mim um uísqueEm memória do Jamil.Segue para o Saltinho,Banha-te naquelas águasE não pares,Arranja um barcoE sobe o Corubal.Quando chegares ao Xime,Desembarca na lama pretaE sobe por um bocado,Apenas para ver a vista.Regressa ao Geba.Lá está a Nau CatrinetaQue tem muito que contar,Embarca agora nela,Deixa a maré te levar,Porque assim à noiteEstarás em Bissau, a varar.Já é tarde,Estás cansado,No físico, no coração,Então senta-te no Pelicano,E come…Um ninho de camarão.Vai, Luís,Leva-me contigo,Mata feridas, mata mágoas,Mata saudades até,E abraça por mimA Guiné…Joaquim Mexia AlvesMonte Real, 27 de Fevereiro de 2008

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