O Prof. Alexandre Quintanilha é uma pessoa brilhante, que me habituei a ler e ouvir com atenção. As suas posições são, usualmente, sensatas e coerentes. Para quem não o conhece, trata-se de um universitário de renome (a foto que ilustra esta 'posta' é retirada na National Geographic, onde é responsável pelo Conselho Científico), que esteve imenso tempo na Califórnia, na Universidade de Berkeley, São Francisco, e tem uma visão das coisas polvilhada pelo pragmatismo americano. Vive e trabalha no Porto, no Instituto de Biologia Molecular e Celular e dá uma interessante entrevista ao Público de hoje. Com uma visão desapaixonada, diz aquilo que muita gente só pensa. Sobre o Porto 2001: "Foi uma masturbação interna"; sobre os investimentos: "os investimentos não foram prioritariamente na educação, na ciência, na cultura, nas áreas que constroem aquilo que vamos ser amanhã. E sim para auto-estradas e estádios de futebol. Acho que foi dinheiro a mais, prejudicando a educação. Não só a que se aprende nos livros, mas a da transparência, da discussão, do diálogo, das perguntas. Investiu-se na construção das coisas e não das pessoas"; sobre Rui Rio: "tem-me impressionado pelo facto de não sofrer daquilo que muitos políticos sofrem, que é ser manipulado. Aliás, ele não é político. E isso tem as suas vantagens e desvantagens. Os "lobbies" não têm muita força com ele(...); sobre os vizinhos: "No Porto, há Vila Nova de Gaia, que é um dormitório, e Matosinhos, que é outro dormitório. As coisas tão simples, como fazer a reciclagem do lixo, não são levadas a sério! E o Porto nem está muito mal, tenho visto que, na maior parte das avenidas que estão a construir, estão sempre a pôr árvores";sobre o Norte: "não acho mal que a gente tenha uma ligação com a Galiza, mas é uma maneira de fortalecer mais a noção do Norte, na península toda(...)Os galegos e os portugueses do Norte sentem que são a mesma gente. São celtas.";sobre a Universidade do Porto: "os laboratórios (...) são reconhecidos no estrangeiro (...)está muito melhor do que era há dez anos atrás";sobre o futuro: "continuo a pensar que há gente jovem fabulosa, há miúdos que entram para a faculdade e a gente vê os olhinhos a brilhar. Fico encantado. Vemos nessa gente que chega uma percentagem significativa de jovens que vão mudar as coisas. Tenho a certeza absoluta. Mesmo com essas forças do "statu quo" muito fortes a tentar manter as coisas como estão. O meu lema principal na vida é continuar a ter muita curiosidade pelo desconhecido".E também tem uma pérola: "se eu fosse político, a primeira coisa que fazia era pôr bibliotecas pequeninas em todos os bairros sociais do Porto". Calma, Sr. Prof., que eles já têm mortalhas suficientes para charros...Dupont
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O Prof. Alexandre Quintanilha é uma pessoa brilhante, que me habituei a ler e ouvir com atenção. As suas posições são, usualmente, sensatas e coerentes. Para quem não o conhece, trata-se de um universitário de renome (a foto que ilustra esta 'posta' é retirada na National Geographic, onde é responsável pelo Conselho Científico), que esteve imenso tempo na Califórnia, na Universidade de Berkeley, São Francisco, e tem uma visão das coisas polvilhada pelo pragmatismo americano. Vive e trabalha no Porto, no Instituto de Biologia Molecular e Celular e dá uma interessante entrevista ao Público de hoje. Com uma visão desapaixonada, diz aquilo que muita gente só pensa. Sobre o Porto 2001: "Foi uma masturbação interna"; sobre os investimentos: "os investimentos não foram prioritariamente na educação, na ciência, na cultura, nas áreas que constroem aquilo que vamos ser amanhã. E sim para auto-estradas e estádios de futebol. Acho que foi dinheiro a mais, prejudicando a educação. Não só a que se aprende nos livros, mas a da transparência, da discussão, do diálogo, das perguntas. Investiu-se na construção das coisas e não das pessoas"; sobre Rui Rio: "tem-me impressionado pelo facto de não sofrer daquilo que muitos políticos sofrem, que é ser manipulado. Aliás, ele não é político. E isso tem as suas vantagens e desvantagens. Os "lobbies" não têm muita força com ele(...); sobre os vizinhos: "No Porto, há Vila Nova de Gaia, que é um dormitório, e Matosinhos, que é outro dormitório. As coisas tão simples, como fazer a reciclagem do lixo, não são levadas a sério! E o Porto nem está muito mal, tenho visto que, na maior parte das avenidas que estão a construir, estão sempre a pôr árvores";sobre o Norte: "não acho mal que a gente tenha uma ligação com a Galiza, mas é uma maneira de fortalecer mais a noção do Norte, na península toda(...)Os galegos e os portugueses do Norte sentem que são a mesma gente. São celtas.";sobre a Universidade do Porto: "os laboratórios (...) são reconhecidos no estrangeiro (...)está muito melhor do que era há dez anos atrás";sobre o futuro: "continuo a pensar que há gente jovem fabulosa, há miúdos que entram para a faculdade e a gente vê os olhinhos a brilhar. Fico encantado. Vemos nessa gente que chega uma percentagem significativa de jovens que vão mudar as coisas. Tenho a certeza absoluta. Mesmo com essas forças do "statu quo" muito fortes a tentar manter as coisas como estão. O meu lema principal na vida é continuar a ter muita curiosidade pelo desconhecido".E também tem uma pérola: "se eu fosse político, a primeira coisa que fazia era pôr bibliotecas pequeninas em todos os bairros sociais do Porto". Calma, Sr. Prof., que eles já têm mortalhas suficientes para charros...Dupont