Quase que se torna cansativo…

28-06-2009
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O FC Porto continua a ganhar. Até os festejos já perdem algum fulgor, é que são tantas vezes seguidas… Mas ainda bem. É que eu fiz uma aposta já no longínquo ano de 1991, na altura em que o César Brito marcou dois golos pelo Benfica, em pleno Estádio das Antas. Apenas “ouvi” os golos na rádio. A SportTV ainda estaria a ser combinada ali junto aos placards publicitários do sr. Oliveira. Triste com a derrota, revoltado com a afronta, a chorar de nervos, e com a estupidez natural de quem tem 18 anos, apostei naquele preciso momento com a minha família, que por acaso é toda benfiquista e sportinguista, que o FC Porto ainda havia de ser o melhor clube português. Bastava para isso ter mais campeonatos que os outros clubes. Impossível! Em 1991 esta era uma meta demasiado longínqua para ser alcançada. Em 2009, o FC Porto conquista o 24.º título. O Sporting (mas afinal, existem mesmo sportinguistas?) ficou bem para trás. O Benfica (o clube que mais ganha com as vendas de lenços brancos) está apenas a 7 campeonatos e continua a ser a palavra mais vezes associada com “desilusão”.

Depois de anos a ouvir constantemente “falar” de estatísticas com o “nós temos 2 Taças dos Campeões Europeus, coisa que vocês nunca vão ter“, “nós já temos 30 campeonatos, só daqui a 50 anos é que nos passam“, qual será no futuro o grande argumento que permita aos outros clubes não justificar que o FC Porto é de facto, o melhor clube português? Só se for, nunca termos tido Cinco Violinos ou o Eusébio no plantel. É pena que o Fernando Gomes não tenha marcado mais meia dúzia de golos, senão lá se ia a estatística novamente.

Já fui sócio e sempre vi os jogos no meio dos “Super”, com os meus amigos de infância. Mas já não “adoro” o FC Porto como antigamente. No geral, (como em quase tudo) perdeu-se a simplicidade e a inocência do futebol. Está tudo demasiado profissionalizado e industrializado e estes são pormenores que me dão algum amargo de boca. SAD’s, cotações em bolsa e administradores são um trio de ataque que me metem logo na retranca. Penso, se jogadores como o Rui Filipe ou o Domingos, por exemplo, alguma vez conseguiriam emergir no FC Porto com (exagerado) sotaque sul-americano dos dias de hoje.

Ainda assim, nos pormenores, também se vê a diferença para melhor do FC Porto em relação a outros clubes. Com o tratamento à camisola “2”, por exemplo. O FC Porto conseguiu apenas com uma camisola, criar um perpetuador da mística do clube. Apenas com uma camisola, o FC Porto consegue transmitir feitos e anos de experiência de verdadeiros mitos do clube para as gerações seguintes. Outros clubes ainda tentam perceber o que é a mística. Independentemente dos (muitos) bons jogadores do plantel, uma palavra de destaque para um jogador que muito admiro e que acho que fica esquecido: Raul Meireles, o miúdo que era da Boavista e que agora é, para mim, o motor do FC Porto. Tivesse mais “cabedal” e arriscava-se a ser o actual melhor meio-campista português. Ao Pedro Emanuel também, por continuar a ser um exemplo (interno e externo) do que é ser jogador de futebol através de todas as etapas da carreira, até mesmo quando se está para pendurar as botas.

Fica a minha sugestão: vender algum do sotaque sul-americano para dar lugar aos miúdos das camadas jovens. Já este ano tive dificuldade em distinguir as declarações dos jogadores do FC Porto e a telenovela mexicana da vizinha. Senão para o ano será o “Pienta Campionato Puertista”. Acho que já chega, não?

Por último, que FC Porto será esse sem Pinto da Costa? E que Pinto da Costa será esse sem FC Porto? Já não consigo distinguir quem é quem.

A este ritmo e com “este” FC Porto, acho que vou ganhar a aposta na próxima década. Só é pena já não me lembrar do que vou ganhar com a aposta. Parabéns ao FC Porto. Outra vez.

Passe a publicidade (e não é por ter estado envolvido na produção), aproveito para sugerir aos verdadeiros amantes do futebol, uma obra imprescindível de dois verdadeiros crâneos do mundo do futebol e da investigação, grandes amigos e excelentes profissionais: História do Futebol em Portugal – A Paixão do Povo, de João Nuno Coelho e Francisco Pinheiro.

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O FC Porto continua a ganhar. Até os festejos já perdem algum fulgor, é que são tantas vezes seguidas… Mas ainda bem. É que eu fiz uma aposta já no longínquo ano de 1991, na altura em que o César Brito marcou dois golos pelo Benfica, em pleno Estádio das Antas. Apenas “ouvi” os golos na rádio. A SportTV ainda estaria a ser combinada ali junto aos placards publicitários do sr. Oliveira. Triste com a derrota, revoltado com a afronta, a chorar de nervos, e com a estupidez natural de quem tem 18 anos, apostei naquele preciso momento com a minha família, que por acaso é toda benfiquista e sportinguista, que o FC Porto ainda havia de ser o melhor clube português. Bastava para isso ter mais campeonatos que os outros clubes. Impossível! Em 1991 esta era uma meta demasiado longínqua para ser alcançada. Em 2009, o FC Porto conquista o 24.º título. O Sporting (mas afinal, existem mesmo sportinguistas?) ficou bem para trás. O Benfica (o clube que mais ganha com as vendas de lenços brancos) está apenas a 7 campeonatos e continua a ser a palavra mais vezes associada com “desilusão”.

Depois de anos a ouvir constantemente “falar” de estatísticas com o “nós temos 2 Taças dos Campeões Europeus, coisa que vocês nunca vão ter“, “nós já temos 30 campeonatos, só daqui a 50 anos é que nos passam“, qual será no futuro o grande argumento que permita aos outros clubes não justificar que o FC Porto é de facto, o melhor clube português? Só se for, nunca termos tido Cinco Violinos ou o Eusébio no plantel. É pena que o Fernando Gomes não tenha marcado mais meia dúzia de golos, senão lá se ia a estatística novamente.

Já fui sócio e sempre vi os jogos no meio dos “Super”, com os meus amigos de infância. Mas já não “adoro” o FC Porto como antigamente. No geral, (como em quase tudo) perdeu-se a simplicidade e a inocência do futebol. Está tudo demasiado profissionalizado e industrializado e estes são pormenores que me dão algum amargo de boca. SAD’s, cotações em bolsa e administradores são um trio de ataque que me metem logo na retranca. Penso, se jogadores como o Rui Filipe ou o Domingos, por exemplo, alguma vez conseguiriam emergir no FC Porto com (exagerado) sotaque sul-americano dos dias de hoje.

Ainda assim, nos pormenores, também se vê a diferença para melhor do FC Porto em relação a outros clubes. Com o tratamento à camisola “2”, por exemplo. O FC Porto conseguiu apenas com uma camisola, criar um perpetuador da mística do clube. Apenas com uma camisola, o FC Porto consegue transmitir feitos e anos de experiência de verdadeiros mitos do clube para as gerações seguintes. Outros clubes ainda tentam perceber o que é a mística. Independentemente dos (muitos) bons jogadores do plantel, uma palavra de destaque para um jogador que muito admiro e que acho que fica esquecido: Raul Meireles, o miúdo que era da Boavista e que agora é, para mim, o motor do FC Porto. Tivesse mais “cabedal” e arriscava-se a ser o actual melhor meio-campista português. Ao Pedro Emanuel também, por continuar a ser um exemplo (interno e externo) do que é ser jogador de futebol através de todas as etapas da carreira, até mesmo quando se está para pendurar as botas.

Fica a minha sugestão: vender algum do sotaque sul-americano para dar lugar aos miúdos das camadas jovens. Já este ano tive dificuldade em distinguir as declarações dos jogadores do FC Porto e a telenovela mexicana da vizinha. Senão para o ano será o “Pienta Campionato Puertista”. Acho que já chega, não?

Por último, que FC Porto será esse sem Pinto da Costa? E que Pinto da Costa será esse sem FC Porto? Já não consigo distinguir quem é quem.

A este ritmo e com “este” FC Porto, acho que vou ganhar a aposta na próxima década. Só é pena já não me lembrar do que vou ganhar com a aposta. Parabéns ao FC Porto. Outra vez.

Passe a publicidade (e não é por ter estado envolvido na produção), aproveito para sugerir aos verdadeiros amantes do futebol, uma obra imprescindível de dois verdadeiros crâneos do mundo do futebol e da investigação, grandes amigos e excelentes profissionais: História do Futebol em Portugal – A Paixão do Povo, de João Nuno Coelho e Francisco Pinheiro.

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