Seteais, pobre tanque... Ontem, ao fim da tarde, alguns cidadãos que se têm preocupado com a série de episódios que, tão negativamente, continuam a ferir o sossego do lugar de Seteais, receberam uma mensagem, através de correio electónico que, sem mais comentários, passo a reproduzir na íntegra: "Exmos Senhores, Na sequência do v/ e-mail de 5 do corrente, venho esclarecer que a intervenção em curso no Hotel de Seteais obrigou à criação de um espaço coberto para abrigar as bombas de água para rega e para as da própria rede contra incêndios. Cientes do impacto negativo que necessariamente adviria duma nova construção nos jardins, com essa finalidade, optou-se pela sua instalação no fundo do tanque poente, que se encontrava vazio e abandonado. A construção em curso será coberta por uma laje impermeabilizada, a qual servirá de fundo a um espelho de água, criando no final da obra a ilusão de um tanque cheio. Com os melhores cumprimentos. Luís de Pinho Lopes Arquitecto Assessor Principal Instituto Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I.P. Palácio Nacional da Ajuda, 1349-021 Lisboa" Imediatamente, tive conhecimento da reacção de vários destinatários do texto supra que, tal como eu, resolveram responder directamente ao Senhor Arquitecto Luís de Pinho Lopes. Creio que o assunto merece a divulgação da carta que já remeti. Nestas circunstâncias, passo à sua transcrição: Exmo Senhor Arquitecto Luís Pinho Lopes Arquitecto Assessor Principal do IGESPAR Senhor Arquitecto, Acuso a recepção do texto que V. Exa. acaba de enviar, através de correio electrónico, acerca da construção de uma casa de máquinas em Seteais, construção essa que, segundo razão apresentada por V. Exa., decorreu da necessidade de, no contexto da intervenção em curso no Hotel de Seteais, criar "(...) um espaço coberto para abrigar as bombas de água para rega e para as da própria rede contra incêndiosda própria rede contra incêndios (...)". Perante a necessidade em apreço e "(...) ciente do impacte negativo que necessariamente adviria de uma nova construção nos jardins (...)", o IGESPAR não hesitou em despachar favoravelmente a proposta de destruição de um tanque, instalado a poente da propriedade, aproveitando a sua estrutura para concretização do propósito supra enunciado. Acabo de ler. Incrédulo e perplexo, leio e releio o texto. V. Exa. deixou-me completamente pasmado. Talvez, dentro de alguns dias, consiga eu classificar a atitude do IGESPAR. Todavia, neste momento, sinto-me incapaz de afirmar seja o que for, para além de adjectivar como incrível a ligeireza com que, de uma penada, sem que se lhe tenha colocado qualquer questão, a mínima dúvida, no âmbito de matérias afins da conservação, preservação e restauro, uma entidade com o perfil daquela onde V. Exa. exerce actividade, terá contribuído para a destruição do equipamento em causa. Porventura, poder-se-ia ter pensado em, enterrar uma insignificante casa de máquinas, em qualquer canto da propriedade, solução que jamais contribuiria para a criação de qualquer impacto negativo, uma vez que, literalmente, remetida para o subsolo, não se veria. Afinal, o tanque estava mais à mão e, quem se mostrava aparentemente preocupado com a criação de impactos negativos, num contexto que os não merece, acabou por destruir um bem patrimonial articulado com um edifício classificado. Para o efeito, travestiu-o, através de uma solução que, em termos estéticos, não só ofende qualquer noção de bom gosto, como também se posiciona contra o espírito do lugar. Se, na Administração Pública, há serviços onde, quotidianamente, se lida com conceitos tão pertinentes, como o do espírito do lugar - tantas e tantas vezes invocado, sempre que se analisa os argumentos pró e contra de uma projectada intervenção, no contexto da fase de diagnóstico de situação - naturalmente, o IGESPAR evidenciar-se-á pela frequência. Porque não se me coloca a dúvida de que o conhecimento de tão básico e comum conceito, não faça parte do conjunto de instrumentos de análise que pressupõe actividade prática e quotidiana dos técnicos do IGESPAR, acreditará V. Exa. que é com a maior dificuldade, com inequívoco pudor, que ouso pôr em causa o discernimento que, a montante, terá justificado e prevalecido na decisão de destruir o tanque. É que, Senhor Arquitecto, permita-me lembrar, o tanque, sumarissimamente referido por V. Exa. como vazio e abandonado, na realidade, fazia parte do tal espírito do lugar. Instalado a poente da propriedade, parte integrante do património da propriedade, também fazia parte de um património virtual, de memórias de milhares de sintrenses e forasteiros que, nas suas caminhadas à volta de Seteais, a caminho da Penha Verde ou de Monserrate, sempre ali se detiveram, numa especial relação com o local. Como bem sabem os técnicos do IGESPAR que, tão inadvertida quanto inopinadamente, terão avalizado a decisão de o destruir, aquele não era apenas um ingénuo tanque, num particularmente conhecido recanto da propriedade de Seteais. Tanto não era que bem o demonstra o equipamento de lazer, ainda hoje bem visível, à cota alta, apenas uns dois metros acima. Refiro-me, como V. Exa. e os técnicos do IGESPAR bem conhecem, ao balcão dotado de uma série de bancos, do tipo conversadeira, aliás, muito bem integrados e enquadrados por uma vegetação em íntima afinidade. O tanque, Senhor Arquitecto, era parte integrante de um bem patente, inequívoco e evidente dispositivo de lazer que articulava com a restante propriedade. Verdade é que estava vazio. Não menos verdade é que estava abandonado, muito naturalmente, devido à incúria do concessionário do hotel, cujos objectivos não passavam pela preservação de tal equipamento. Contudo, Senhor Arquitecto, tal situação de abandono que, em normais circunstâncias, animaria o proprietário - o Estado Português, agora localmente representado pela empresa de capitais públicos Parques de Sintra Monte da Lua - à necessidade da recuperação da peça, lamentavelmente, acabou por provocar uma atitude de inqualificável desprezo por parte do IGESPAR, afinal, a última entidade que se consideraria possível a patrocinar um tal desconchavo. Como V. Exa. sabe, Senhor Arquitecto, para que seja considerado objecto a preservar, independentemente da sua eventual classificação, um bem patrimonial pode ser coisa bem simples, ingénua. De qualquer modo, sempre estará afectado por particular sofisticação e sempre, sempre relacionado com a história, com o espírito do lugar e em íntima articulação com as pessoas. Com todos estes items em presença, o simples facto de estar abandonado e vazio não podia ser lido, entendido, como peça a abater. De facto foi abatido, irremediavelmente destruído o tanque. E tudo tem vindo a acontecer, ao longo de meses, apesar de ter suscitado um movimento de opinião, de o assunto ter sido levado a reunião pública do executivo autárquico e a sessão da Assembleia Municipal de Sintra, embora tenha sido enviada correspondência ao IGESPAR manifestando o desagrado da população e de ter sido presente queixa à UNESCO, junto da delegação portuguesa e em Paris, de terem saído artigos na imprensa e publicadas inúmeras mensagens na blogosfera. Consumou-se a destruição. E, por fim, Senhor Arquitecto, como se não nos bastasse a ofensa de que fomos objecto - de ter sido subtraído à memória colectiva um bem que tanto significado tinha para a comunidade, substituindo-o por uma prosaica casa de máquinas - ainda se permite V. Exa., em nome do IGESPAR, vir desassossegar-nos com a confirmação daquilo que já sabíamos há muito, ou seja, que "(...) A construção em curso será coberta por uma laje impermeabilizada, a qual servirá de fundo a um espelho de água, criando no final da obra a ilusão de um tanque cheio." Efectivamente, Senhor Arquitecto, para rematar tanta controvérsia, o IGESPAR não podia ter dado cobertura a solução tão polémica como a cosmética de um ilusionismo de tão flagrante mau gosto, que resvala nos limites do mais pacóvio novo riquismo, algo que, tão sincera e desassombradamente como todas as precedentes palavras, lhe confirmo que não esperava. Há um facto consumado de destruição mas o assunto não está encerrado. E, a propósito, Senhor Arquitecto, encerrado, isso sim, e com o aval do IGESPAR, está o terreiro de Seteais, medida altamente discutível que não esgota o rol de infelizes decisões na zona. Há dias, convém lembrar, outra ofensa, desta feita ao Poder Local, na pessoa do Presidente da Junta de freguesia de São Martinho, a quem o concessionário do hotel se permitiu recusar a entrada no recinto, depois de o autarca se ter identificado e anunciado que ia em missão de esclarecimento. Mesmo defronte, na Quinta do Vale dos Anjos, está em curso a designada reconstrução de uma casa de habitação, licenciada pela Câmara Municipal de Sintra, cujo processo já está nas mãos do douto Tribunal Administrativo local. A história de Seteais, em particular a luta pela manutenção de um acesso público ao local, ao longo de mais de duzentos anos, salpicados de curiosas peripécias, faz parte da História e prossegue, nos nossos dias, com o acrescento destes lamentáveis episódios. No entanto, apesar dos erros de percurso, as instituições continuam a funcionar e, como outrora, com os cidadãos atentos ao desenrolar dos factos, honrando a dignidade de uma nobre herança, plasmada nas posições de tantos sintrenses, que José Alfredo da Costa Azevedo tão bem relatou. Finalmente, cumpre destacar que o IGESPAR se tem dado ao cuidado de responder às tomadas de posição que lhe têm dirigido alguns cidadãos, entre os quais me incluo. Pela raridade da atitude, não deixo de a assinalar, ao subscrever-me, Com os melhores cumprimentos, João Cachado ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ Cumpre agora perguntar: Em Seteais, o que mais nos reservará o próximo futuro? Com o tipo de atitudes com que, tão amiúde, temos sido confrontados, só podemos concluir que eles consideram poder fazer o que lhes aprouver, contando com a proverbial aquiescência da maioria dos cidadãos. Todavia, é inequívoco que o grupo em que me incluo já assumiu não se enquadrar nessa maioria, providencialmente adormecida, mesmo a jeito para a consecução de todas as arbitrariedades. Portanto, sejam quais forem as novidades, apenas nos resta continuar, consequentes com os princípios que afirmamos e defendemos. E apenas mais uma palavra, acerca de quem continua afirmando-se se agente da Defesa do Património de Sintra, embora mantenha uma postura de estratégica ausência, em resultado de compromissos vários e atávicos receios, incompatível com os ataques sistemáticos de que Sintra é vítima permanente. Concedamos-lhes, portanto, o lugar de doce adormecimento que decidiram privilegiar...
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Seteais, pobre tanque... Ontem, ao fim da tarde, alguns cidadãos que se têm preocupado com a série de episódios que, tão negativamente, continuam a ferir o sossego do lugar de Seteais, receberam uma mensagem, através de correio electónico que, sem mais comentários, passo a reproduzir na íntegra: "Exmos Senhores, Na sequência do v/ e-mail de 5 do corrente, venho esclarecer que a intervenção em curso no Hotel de Seteais obrigou à criação de um espaço coberto para abrigar as bombas de água para rega e para as da própria rede contra incêndios. Cientes do impacto negativo que necessariamente adviria duma nova construção nos jardins, com essa finalidade, optou-se pela sua instalação no fundo do tanque poente, que se encontrava vazio e abandonado. A construção em curso será coberta por uma laje impermeabilizada, a qual servirá de fundo a um espelho de água, criando no final da obra a ilusão de um tanque cheio. Com os melhores cumprimentos. Luís de Pinho Lopes Arquitecto Assessor Principal Instituto Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I.P. Palácio Nacional da Ajuda, 1349-021 Lisboa" Imediatamente, tive conhecimento da reacção de vários destinatários do texto supra que, tal como eu, resolveram responder directamente ao Senhor Arquitecto Luís de Pinho Lopes. Creio que o assunto merece a divulgação da carta que já remeti. Nestas circunstâncias, passo à sua transcrição: Exmo Senhor Arquitecto Luís Pinho Lopes Arquitecto Assessor Principal do IGESPAR Senhor Arquitecto, Acuso a recepção do texto que V. Exa. acaba de enviar, através de correio electrónico, acerca da construção de uma casa de máquinas em Seteais, construção essa que, segundo razão apresentada por V. Exa., decorreu da necessidade de, no contexto da intervenção em curso no Hotel de Seteais, criar "(...) um espaço coberto para abrigar as bombas de água para rega e para as da própria rede contra incêndiosda própria rede contra incêndios (...)". Perante a necessidade em apreço e "(...) ciente do impacte negativo que necessariamente adviria de uma nova construção nos jardins (...)", o IGESPAR não hesitou em despachar favoravelmente a proposta de destruição de um tanque, instalado a poente da propriedade, aproveitando a sua estrutura para concretização do propósito supra enunciado. Acabo de ler. Incrédulo e perplexo, leio e releio o texto. V. Exa. deixou-me completamente pasmado. Talvez, dentro de alguns dias, consiga eu classificar a atitude do IGESPAR. Todavia, neste momento, sinto-me incapaz de afirmar seja o que for, para além de adjectivar como incrível a ligeireza com que, de uma penada, sem que se lhe tenha colocado qualquer questão, a mínima dúvida, no âmbito de matérias afins da conservação, preservação e restauro, uma entidade com o perfil daquela onde V. Exa. exerce actividade, terá contribuído para a destruição do equipamento em causa. Porventura, poder-se-ia ter pensado em, enterrar uma insignificante casa de máquinas, em qualquer canto da propriedade, solução que jamais contribuiria para a criação de qualquer impacto negativo, uma vez que, literalmente, remetida para o subsolo, não se veria. Afinal, o tanque estava mais à mão e, quem se mostrava aparentemente preocupado com a criação de impactos negativos, num contexto que os não merece, acabou por destruir um bem patrimonial articulado com um edifício classificado. Para o efeito, travestiu-o, através de uma solução que, em termos estéticos, não só ofende qualquer noção de bom gosto, como também se posiciona contra o espírito do lugar. Se, na Administração Pública, há serviços onde, quotidianamente, se lida com conceitos tão pertinentes, como o do espírito do lugar - tantas e tantas vezes invocado, sempre que se analisa os argumentos pró e contra de uma projectada intervenção, no contexto da fase de diagnóstico de situação - naturalmente, o IGESPAR evidenciar-se-á pela frequência. Porque não se me coloca a dúvida de que o conhecimento de tão básico e comum conceito, não faça parte do conjunto de instrumentos de análise que pressupõe actividade prática e quotidiana dos técnicos do IGESPAR, acreditará V. Exa. que é com a maior dificuldade, com inequívoco pudor, que ouso pôr em causa o discernimento que, a montante, terá justificado e prevalecido na decisão de destruir o tanque. É que, Senhor Arquitecto, permita-me lembrar, o tanque, sumarissimamente referido por V. Exa. como vazio e abandonado, na realidade, fazia parte do tal espírito do lugar. Instalado a poente da propriedade, parte integrante do património da propriedade, também fazia parte de um património virtual, de memórias de milhares de sintrenses e forasteiros que, nas suas caminhadas à volta de Seteais, a caminho da Penha Verde ou de Monserrate, sempre ali se detiveram, numa especial relação com o local. Como bem sabem os técnicos do IGESPAR que, tão inadvertida quanto inopinadamente, terão avalizado a decisão de o destruir, aquele não era apenas um ingénuo tanque, num particularmente conhecido recanto da propriedade de Seteais. Tanto não era que bem o demonstra o equipamento de lazer, ainda hoje bem visível, à cota alta, apenas uns dois metros acima. Refiro-me, como V. Exa. e os técnicos do IGESPAR bem conhecem, ao balcão dotado de uma série de bancos, do tipo conversadeira, aliás, muito bem integrados e enquadrados por uma vegetação em íntima afinidade. O tanque, Senhor Arquitecto, era parte integrante de um bem patente, inequívoco e evidente dispositivo de lazer que articulava com a restante propriedade. Verdade é que estava vazio. Não menos verdade é que estava abandonado, muito naturalmente, devido à incúria do concessionário do hotel, cujos objectivos não passavam pela preservação de tal equipamento. Contudo, Senhor Arquitecto, tal situação de abandono que, em normais circunstâncias, animaria o proprietário - o Estado Português, agora localmente representado pela empresa de capitais públicos Parques de Sintra Monte da Lua - à necessidade da recuperação da peça, lamentavelmente, acabou por provocar uma atitude de inqualificável desprezo por parte do IGESPAR, afinal, a última entidade que se consideraria possível a patrocinar um tal desconchavo. Como V. Exa. sabe, Senhor Arquitecto, para que seja considerado objecto a preservar, independentemente da sua eventual classificação, um bem patrimonial pode ser coisa bem simples, ingénua. De qualquer modo, sempre estará afectado por particular sofisticação e sempre, sempre relacionado com a história, com o espírito do lugar e em íntima articulação com as pessoas. Com todos estes items em presença, o simples facto de estar abandonado e vazio não podia ser lido, entendido, como peça a abater. De facto foi abatido, irremediavelmente destruído o tanque. E tudo tem vindo a acontecer, ao longo de meses, apesar de ter suscitado um movimento de opinião, de o assunto ter sido levado a reunião pública do executivo autárquico e a sessão da Assembleia Municipal de Sintra, embora tenha sido enviada correspondência ao IGESPAR manifestando o desagrado da população e de ter sido presente queixa à UNESCO, junto da delegação portuguesa e em Paris, de terem saído artigos na imprensa e publicadas inúmeras mensagens na blogosfera. Consumou-se a destruição. E, por fim, Senhor Arquitecto, como se não nos bastasse a ofensa de que fomos objecto - de ter sido subtraído à memória colectiva um bem que tanto significado tinha para a comunidade, substituindo-o por uma prosaica casa de máquinas - ainda se permite V. Exa., em nome do IGESPAR, vir desassossegar-nos com a confirmação daquilo que já sabíamos há muito, ou seja, que "(...) A construção em curso será coberta por uma laje impermeabilizada, a qual servirá de fundo a um espelho de água, criando no final da obra a ilusão de um tanque cheio." Efectivamente, Senhor Arquitecto, para rematar tanta controvérsia, o IGESPAR não podia ter dado cobertura a solução tão polémica como a cosmética de um ilusionismo de tão flagrante mau gosto, que resvala nos limites do mais pacóvio novo riquismo, algo que, tão sincera e desassombradamente como todas as precedentes palavras, lhe confirmo que não esperava. Há um facto consumado de destruição mas o assunto não está encerrado. E, a propósito, Senhor Arquitecto, encerrado, isso sim, e com o aval do IGESPAR, está o terreiro de Seteais, medida altamente discutível que não esgota o rol de infelizes decisões na zona. Há dias, convém lembrar, outra ofensa, desta feita ao Poder Local, na pessoa do Presidente da Junta de freguesia de São Martinho, a quem o concessionário do hotel se permitiu recusar a entrada no recinto, depois de o autarca se ter identificado e anunciado que ia em missão de esclarecimento. Mesmo defronte, na Quinta do Vale dos Anjos, está em curso a designada reconstrução de uma casa de habitação, licenciada pela Câmara Municipal de Sintra, cujo processo já está nas mãos do douto Tribunal Administrativo local. A história de Seteais, em particular a luta pela manutenção de um acesso público ao local, ao longo de mais de duzentos anos, salpicados de curiosas peripécias, faz parte da História e prossegue, nos nossos dias, com o acrescento destes lamentáveis episódios. No entanto, apesar dos erros de percurso, as instituições continuam a funcionar e, como outrora, com os cidadãos atentos ao desenrolar dos factos, honrando a dignidade de uma nobre herança, plasmada nas posições de tantos sintrenses, que José Alfredo da Costa Azevedo tão bem relatou. Finalmente, cumpre destacar que o IGESPAR se tem dado ao cuidado de responder às tomadas de posição que lhe têm dirigido alguns cidadãos, entre os quais me incluo. Pela raridade da atitude, não deixo de a assinalar, ao subscrever-me, Com os melhores cumprimentos, João Cachado ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨ Cumpre agora perguntar: Em Seteais, o que mais nos reservará o próximo futuro? Com o tipo de atitudes com que, tão amiúde, temos sido confrontados, só podemos concluir que eles consideram poder fazer o que lhes aprouver, contando com a proverbial aquiescência da maioria dos cidadãos. Todavia, é inequívoco que o grupo em que me incluo já assumiu não se enquadrar nessa maioria, providencialmente adormecida, mesmo a jeito para a consecução de todas as arbitrariedades. Portanto, sejam quais forem as novidades, apenas nos resta continuar, consequentes com os princípios que afirmamos e defendemos. E apenas mais uma palavra, acerca de quem continua afirmando-se se agente da Defesa do Património de Sintra, embora mantenha uma postura de estratégica ausência, em resultado de compromissos vários e atávicos receios, incompatível com os ataques sistemáticos de que Sintra é vítima permanente. Concedamos-lhes, portanto, o lugar de doce adormecimento que decidiram privilegiar...