Arroz do Céu: Um dia Mundial da Poesia fora de data... porque afinal podia ser todos os dias !

01-10-2009
marcar artigo


Se os Poetas Fossem Menos PatetasSe os poetas fossem menos patetasE se fossem menos preguiçososFaziam toda a gente felizPara poderem tratar em pazDos seus sofrimentos literáriosConstruíam casas amarelasCom grandes jardins à frenteE árvores cheias de zavesDe mirliflautas e lizoresDe melfiarufos e toutiverdesDe plumuchos e picapãesE pequenos corvos vermelhosQue soubessem ler a sinaHavia grandes repuxosCom luzes por dentroHavia duzentos peixesDesde o crusco ao ramussãoDa libela ao papamulaDa orfia ao rara curulE da alvela ao canissãoHavia um ar novoPerfumado do odor das folhasComia-se quando se quisesseE trabalhava-se sem pressaA construir escadariasDe formas antes nunca vistasCom madeiras raiadas de lilásLisas como ela sob os dedosMas os poetas são uns patetasEscrevem para começarEm vez de se porem a trabalharE isso traz-lhes um remorsoQue conservam até à morteEncantados de ter sofrido tantoDedicam-lhes grandes discursosE são esquecidos num diaMas se trabalhassem maisSó seriam esquecidos em doisBoris Vian, in "Não Queria Patear"Tradução de Irene Freire Nunes / Fernando Cabral Martins


Se os Poetas Fossem Menos PatetasSe os poetas fossem menos patetasE se fossem menos preguiçososFaziam toda a gente felizPara poderem tratar em pazDos seus sofrimentos literáriosConstruíam casas amarelasCom grandes jardins à frenteE árvores cheias de zavesDe mirliflautas e lizoresDe melfiarufos e toutiverdesDe plumuchos e picapãesE pequenos corvos vermelhosQue soubessem ler a sinaHavia grandes repuxosCom luzes por dentroHavia duzentos peixesDesde o crusco ao ramussãoDa libela ao papamulaDa orfia ao rara curulE da alvela ao canissãoHavia um ar novoPerfumado do odor das folhasComia-se quando se quisesseE trabalhava-se sem pressaA construir escadariasDe formas antes nunca vistasCom madeiras raiadas de lilásLisas como ela sob os dedosMas os poetas são uns patetasEscrevem para começarEm vez de se porem a trabalharE isso traz-lhes um remorsoQue conservam até à morteEncantados de ter sofrido tantoDedicam-lhes grandes discursosE são esquecidos num diaMas se trabalhassem maisSó seriam esquecidos em doisBoris Vian, in "Não Queria Patear"Tradução de Irene Freire Nunes / Fernando Cabral Martins

marcar artigo