Literatura Portuguesa do Século XX: Camilo Pessanha (1867-1926)

04-07-2009
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"e lhe regou de lágrimas os pés, e os enxugava com os cabelos da sua cabeça."Evangelho de S. LucasÓ Madalena, ó cabelos de rastos,Lírio poluído, branca flor inútil,Meu coração, velha moeda fútil,E sem relevo, os caracteres gastos,De resignar-se torpemente dúctil,Desespero, nudez de seios castos,Quem também fosse, ó cabelos de rastos,Ensanguentado, enxovalhado, inútil,Dentro do peito, abominável cómico!Morrer tranquilo, – o fastio da cama.Ó redenção do mármore anatómico,Amargura, nudez de seios castos,Sangrar, poluir-se, ir de rastos na lama,Ó Madalena, ó cabelos de rastos!(Primeira publicação: O Intermezzo, 1890.)A Poesia de Camilo Pessanha,ed. Carlos Morais José e Rui Cascais,Macau, Instituto Internacional de Macau, 2004


"e lhe regou de lágrimas os pés, e os enxugava com os cabelos da sua cabeça."Evangelho de S. LucasÓ Madalena, ó cabelos de rastos,Lírio poluído, branca flor inútil,Meu coração, velha moeda fútil,E sem relevo, os caracteres gastos,De resignar-se torpemente dúctil,Desespero, nudez de seios castos,Quem também fosse, ó cabelos de rastos,Ensanguentado, enxovalhado, inútil,Dentro do peito, abominável cómico!Morrer tranquilo, – o fastio da cama.Ó redenção do mármore anatómico,Amargura, nudez de seios castos,Sangrar, poluir-se, ir de rastos na lama,Ó Madalena, ó cabelos de rastos!(Primeira publicação: O Intermezzo, 1890.)A Poesia de Camilo Pessanha,ed. Carlos Morais José e Rui Cascais,Macau, Instituto Internacional de Macau, 2004

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