Literatura Portuguesa do Século XX: CRONOLOGIA DO NEO-REALISMO LITERÁRIO PORTUGUÊS

04-07-2009
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** *1934-Realização em Moscovo do primeiro Congresso dos Escritores Soviéticos, em que se torna orientação oficial o Realismo Socialista (teorizado, entre outros, por Jdanov).O Diabo, revista literária de Lisboa (publicada até 1940).1936-«Arte», conferência de Alves Redol (inspirada pelo recém-traduzido livro de Plekhanov A Arte e a Vida Social): «a arte deve servir também para algum proveito essencial e não deve, apenas, ser um prazer estéril».1937 (até 1940)-Sol Nascente, revista literária do Porto, onde Armando Martins ataca a «constante obsecação de si» de José Régio, que lhe responde recusando a acusação de «onanismo psíquico».João Gaspar Simões publica na Revista de Portugal o artigo «Discurso sobre a Inutilidade da Arte», outra peça da polémica entre a presença e o Neo-Realismo. Este último afasta-se tanto da presença como do Modernismo de Orpheu, que é considerado um movimento de «agonia» ou o «canto de cisne de uma certa vida».Quer em O Diabo quer em Sol Nascente publicam-se artigos sobre a recente literatura brasileira, como Jorge Amado, Graciliano Ramos ou José Lins do Rego.1939-A primeira revista do Neo-Realismo sai em Coimbra: Altitude, dirigida por Coriolano Ferreira, Fernando Namora, João José Cochofel e Joaquim NamoradoGaibéus, romance de Alves Redol, com a epígrafe: «Este romance não pretende ficar na literatura como obra de arte. Quer ser, antes de tudo, um documentário humano fixado no Ribatejo. Depois disso, será o que os outros entenderem».Em Sol Nascente, Álvaro Cunhal publica uma violenta diatribe contra o «umbilicalismo» da presença.Na Seara Nova desenrola-se uma importante polémica entre José Régio e Álvaro Cunhal.1940-Grande Exposição do Mundo Português.Primeira série dos Cadernos de Poesia: José Blanc de Portugal, Rui Cinatti, Jorge de Sena. O seu lema: «a poesia é só uma».Rosa dos Ventos, poemas, primeiro livro de Manuel da Fonseca.1941 (até 1944)-Terra, de Fernando Namora, início da publicação em Coimbra de «Novo Cancioneiro», uma colecção de poesia.Os outros volumes publicados neste ano são: Poemas, de Mário Dionísio; Sol de Agosto, de João José Cochofel; Aviso à Navegação, de Joaquim Namorado; Poemas de Álvaro Feijó; Planície, de Manuel da Fonseca.O livro de Miguel Torga Contos da Montanha é retirado do mercado.Publicado o romance Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, com capa e desenhos de Álvaro Cunhal.1942-Fundada a revista Vértice, dirigida por Raul Gomes, com João José Cochofel e Carlos de Oliveira entre os redactores, que tem uma primeira fase até 1944.Outros volumes de «Novo Cancioneiro»: Turismo, de Carlos de Oliveira; Passagem de Nível, de Sidónio Muralha; e Ilha de Nome Santo, de Francisco José Tenreiro.Romance de Alves Redol, Avieiros, e contos de Manuel da Fonseca, Aldeia Nova.Aniki-Bóbó, filme de Manuel de Oliveira.1943-O romance de Fernando Namora Fogo na Noite Escura dá início à publicação de «Novos Prosadores», colecção em que se segue Casa na Duna, de Carlos de Oliveira.Romances de Manuel da Fonseca, Cerromaior, de Domingos Monteiro, Enfermaria, Prisão, Casa Mortuária e o primeiro de Virgílio Ferreira, O Caminho Fica Longe.Na Seara Nova desenrola-se uma importante polémica entre Mário Dionísio e João Pedro de Andrade.1944-Último volume da colecção «Novo Cancioneiro»: Voz que Escuta, de Políbio Gomes dos Santos.Num artigo na revista Afinidades, Jean-Paul Sarrault afirma que «grande parte do espírito da presença passou para o “Novo Cancioneiro”» - o que será também opinião de Fernando Guimarães em A Poesia da Presença e o Aparecimento do Neo-Realismo (1969).Na colecção «Novos Prosadores» sai Onde Tudo Foi Morrendo, romance de Vergílio Ferreira, e o volume de contos de Mário Braga Nevoeiro.Mário Dionísio publica os contos de O Dia Cinzento.Romance de Carlos de Oliveira, Alcateia.1945-Mário Dionísio publica o livro de poemas As Solicitações e as Emboscadas, e escreve num artigo da Seara Nova: «Se alguém me perguntar qual o mais belo, mais poético, mais humano tema para um poeta neste momento, eu lhe responderei sem hesitação: eleições livres, eleições livres, eleições livres».Bento de Jesus Caraça mantém com António Sérgio uma polémica na Vértice.Joaquim Namorado publica Incomodidade, recolha da sua poesia.Romances de Faure da Rosa, Fuga, e de Fernando Namora, Casa de Malta.1946-Vergílio Ferreira publica o romance Vagão J.1947-Rodrigo Soares publica o volume de ensaios Por um Novo Humanismo.1948-Romance de Carlos de Oliveira, Pequenos Burgueses.José Gomes Ferreira publica o volume Poesia I (o II sairá em 1950).1949-Romances de Fernando Namora, Retalhos da Vida de um Médico e A Noite e a Madrugada.José Gomes Ferreira, O Mundo dos Outros.Castro Soromenho, Terra Morta.1954-António Vale, aliás Álvaro Cunhal, discute com Mário Dionísio, nas páginas da Vértice, acerca da especificidade da arte.* * *


** *1934-Realização em Moscovo do primeiro Congresso dos Escritores Soviéticos, em que se torna orientação oficial o Realismo Socialista (teorizado, entre outros, por Jdanov).O Diabo, revista literária de Lisboa (publicada até 1940).1936-«Arte», conferência de Alves Redol (inspirada pelo recém-traduzido livro de Plekhanov A Arte e a Vida Social): «a arte deve servir também para algum proveito essencial e não deve, apenas, ser um prazer estéril».1937 (até 1940)-Sol Nascente, revista literária do Porto, onde Armando Martins ataca a «constante obsecação de si» de José Régio, que lhe responde recusando a acusação de «onanismo psíquico».João Gaspar Simões publica na Revista de Portugal o artigo «Discurso sobre a Inutilidade da Arte», outra peça da polémica entre a presença e o Neo-Realismo. Este último afasta-se tanto da presença como do Modernismo de Orpheu, que é considerado um movimento de «agonia» ou o «canto de cisne de uma certa vida».Quer em O Diabo quer em Sol Nascente publicam-se artigos sobre a recente literatura brasileira, como Jorge Amado, Graciliano Ramos ou José Lins do Rego.1939-A primeira revista do Neo-Realismo sai em Coimbra: Altitude, dirigida por Coriolano Ferreira, Fernando Namora, João José Cochofel e Joaquim NamoradoGaibéus, romance de Alves Redol, com a epígrafe: «Este romance não pretende ficar na literatura como obra de arte. Quer ser, antes de tudo, um documentário humano fixado no Ribatejo. Depois disso, será o que os outros entenderem».Em Sol Nascente, Álvaro Cunhal publica uma violenta diatribe contra o «umbilicalismo» da presença.Na Seara Nova desenrola-se uma importante polémica entre José Régio e Álvaro Cunhal.1940-Grande Exposição do Mundo Português.Primeira série dos Cadernos de Poesia: José Blanc de Portugal, Rui Cinatti, Jorge de Sena. O seu lema: «a poesia é só uma».Rosa dos Ventos, poemas, primeiro livro de Manuel da Fonseca.1941 (até 1944)-Terra, de Fernando Namora, início da publicação em Coimbra de «Novo Cancioneiro», uma colecção de poesia.Os outros volumes publicados neste ano são: Poemas, de Mário Dionísio; Sol de Agosto, de João José Cochofel; Aviso à Navegação, de Joaquim Namorado; Poemas de Álvaro Feijó; Planície, de Manuel da Fonseca.O livro de Miguel Torga Contos da Montanha é retirado do mercado.Publicado o romance Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, com capa e desenhos de Álvaro Cunhal.1942-Fundada a revista Vértice, dirigida por Raul Gomes, com João José Cochofel e Carlos de Oliveira entre os redactores, que tem uma primeira fase até 1944.Outros volumes de «Novo Cancioneiro»: Turismo, de Carlos de Oliveira; Passagem de Nível, de Sidónio Muralha; e Ilha de Nome Santo, de Francisco José Tenreiro.Romance de Alves Redol, Avieiros, e contos de Manuel da Fonseca, Aldeia Nova.Aniki-Bóbó, filme de Manuel de Oliveira.1943-O romance de Fernando Namora Fogo na Noite Escura dá início à publicação de «Novos Prosadores», colecção em que se segue Casa na Duna, de Carlos de Oliveira.Romances de Manuel da Fonseca, Cerromaior, de Domingos Monteiro, Enfermaria, Prisão, Casa Mortuária e o primeiro de Virgílio Ferreira, O Caminho Fica Longe.Na Seara Nova desenrola-se uma importante polémica entre Mário Dionísio e João Pedro de Andrade.1944-Último volume da colecção «Novo Cancioneiro»: Voz que Escuta, de Políbio Gomes dos Santos.Num artigo na revista Afinidades, Jean-Paul Sarrault afirma que «grande parte do espírito da presença passou para o “Novo Cancioneiro”» - o que será também opinião de Fernando Guimarães em A Poesia da Presença e o Aparecimento do Neo-Realismo (1969).Na colecção «Novos Prosadores» sai Onde Tudo Foi Morrendo, romance de Vergílio Ferreira, e o volume de contos de Mário Braga Nevoeiro.Mário Dionísio publica os contos de O Dia Cinzento.Romance de Carlos de Oliveira, Alcateia.1945-Mário Dionísio publica o livro de poemas As Solicitações e as Emboscadas, e escreve num artigo da Seara Nova: «Se alguém me perguntar qual o mais belo, mais poético, mais humano tema para um poeta neste momento, eu lhe responderei sem hesitação: eleições livres, eleições livres, eleições livres».Bento de Jesus Caraça mantém com António Sérgio uma polémica na Vértice.Joaquim Namorado publica Incomodidade, recolha da sua poesia.Romances de Faure da Rosa, Fuga, e de Fernando Namora, Casa de Malta.1946-Vergílio Ferreira publica o romance Vagão J.1947-Rodrigo Soares publica o volume de ensaios Por um Novo Humanismo.1948-Romance de Carlos de Oliveira, Pequenos Burgueses.José Gomes Ferreira publica o volume Poesia I (o II sairá em 1950).1949-Romances de Fernando Namora, Retalhos da Vida de um Médico e A Noite e a Madrugada.José Gomes Ferreira, O Mundo dos Outros.Castro Soromenho, Terra Morta.1954-António Vale, aliás Álvaro Cunhal, discute com Mário Dionísio, nas páginas da Vértice, acerca da especificidade da arte.* * *

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