padaria de fernando antunes, as letras na platibanda

29-09-2009
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Comprei centenas (para não dizer milhares) de papo-secos, ali.A padaria do Sr. Fernando Antunes.Portela de Santa Margarida da Coutada (como o nome indica) era a entrada para o mundo.No início dos anos setenta (do século passado) não me preocupava com a duração dos sacos plásticos (nunca tinha visto nenhum) preocupava-me com o peso do saco de pano que tinha de carregar nos sábados de manhã com sessenta, setenta papo-secos.Sentia-me importante por já ter idade suficiente por ir ao pão sozinho, gostava dos rituais, dos cumprimentos, do cheiro a pão fresco (quente), das conversas (calhandrices) das senhoras, de ser parte de algo, de ser o filho de. Conforme vamos envelhecendo, vemos coisas que nunca tínhamos visto.Nunca tinha reparado naquela platibanda, devem existir poucas casas comerciais com inscrições na platibanda (devem existir poucos imóveis com platibanda) no concelho de Constância.Aquela padaria arruína-se e com ela ruem parte das nossas memórias, parte das recordações de meninos como eu, quando as ATL (actividades de tempos livres) era corrermos em liberdade pelas ruas, quando perícia era conseguirmos fazer habilidades com um velho pneu de motorizada empurrado (conduzido) com um pau, mostrarmo-nos certeiros com os berlindes e eficazes com a fisga.Olho-me hoje a escrever para a internet, pensando nos meninos d' hoje que não serão os putos qu' eu fui, muitos serão crianças cujos pais se demitiram de as educar, muitos obrigados a permanecer na escola (não disse a estudar) sem exigências, sem retenções, sem futuro mas, provavelmente, com novas oportunidades no final...Fazer melhor não seria difícil, bastaria abandonar o conformismo, agir na terra.

Comprei centenas (para não dizer milhares) de papo-secos, ali.A padaria do Sr. Fernando Antunes.Portela de Santa Margarida da Coutada (como o nome indica) era a entrada para o mundo.No início dos anos setenta (do século passado) não me preocupava com a duração dos sacos plásticos (nunca tinha visto nenhum) preocupava-me com o peso do saco de pano que tinha de carregar nos sábados de manhã com sessenta, setenta papo-secos.Sentia-me importante por já ter idade suficiente por ir ao pão sozinho, gostava dos rituais, dos cumprimentos, do cheiro a pão fresco (quente), das conversas (calhandrices) das senhoras, de ser parte de algo, de ser o filho de. Conforme vamos envelhecendo, vemos coisas que nunca tínhamos visto.Nunca tinha reparado naquela platibanda, devem existir poucas casas comerciais com inscrições na platibanda (devem existir poucos imóveis com platibanda) no concelho de Constância.Aquela padaria arruína-se e com ela ruem parte das nossas memórias, parte das recordações de meninos como eu, quando as ATL (actividades de tempos livres) era corrermos em liberdade pelas ruas, quando perícia era conseguirmos fazer habilidades com um velho pneu de motorizada empurrado (conduzido) com um pau, mostrarmo-nos certeiros com os berlindes e eficazes com a fisga.Olho-me hoje a escrever para a internet, pensando nos meninos d' hoje que não serão os putos qu' eu fui, muitos serão crianças cujos pais se demitiram de as educar, muitos obrigados a permanecer na escola (não disse a estudar) sem exigências, sem retenções, sem futuro mas, provavelmente, com novas oportunidades no final...Fazer melhor não seria difícil, bastaria abandonar o conformismo, agir na terra.

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