Papéis de Alexandria*: Estilhaços à volta da libertação de Ingrid Betancourt

10-10-2009
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Explicação aos leitoresDurante alguns dias, além dos comentários que sobre este assunto fui publicando na barra lateral direita de « o tempo das cerejas», reagi a «posts» de outros blogues colocando comentários nas respectivas caixas. Considero útil reunir aqui, de forma vísivel, esses meus comentários em blogues alheios, esclarecendo entretanto que não sinto nenhum dever ou obrigação de reproduzir os textos alheios que deram origem a esses meus comentários. Em cada caso serão feitos os links para esses textos e sublinho evidentemente que só uma sua consulta permitirá um juízo verdadeiramente fundamentado por parte dos leitores. Diferentemente deste critério, num ou outro caso, publicarei as réplicas que se tenham verificado dentro da própria caixa de comentários.(Os meus textos identificam-se por estarem reproduzidos a vermelho)As razões que me levaram a alterar os propósitos em cima enunciados estão explicadas em «post» em «o tempo das cerejas»(8.7.2008)Em « a terceira noite»Vítor Dias, em Julho 5th, 2008 às 01:07 Disse:Sobre a libertação de Ingrid Betancourt, já escrevi o que tinha a escrever na faixa lateral do meu blogue.Mas não posso deixar passar em claro a má-fé, a cavalar ignorância ou congénito espirito falsificador dos que, como a Cristina aí em cima, continuam a afirmar ou insinuar que as FARC estiveram representadas nas últimas Festas do Avante, quando está repetidamente esclarecido que quem esteve representado foi o Partido Comunista da Colômbia, partido completamente legal naquele país, livre de ter as opiniões que entender sobre a situação colombiana, e que fez parte da coligação que nas últimas municipais ganhou a gestão da capital do país, Bogotá.Será que é assim tão dificil a todas as Cristinas fazerem combate político sem necessidade de recorrer a «clichés» falsificadores e objectivamente mentirosos? Vítor Dias, em Julho 5th, 2008 às 03:07 Disse: É certo que continuará a haver margem para comentários ou apreciações subsequentes, mas hoje ou ontem, não me parece sério falar da «posição do PCP» e ignorar o voto de congratulação pela libertação de Ingrid Betancourt que ontem foi apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP que, como é do domínio público, não é uma entidade qualquer na representação política do PCP e que, como também é sabido, integra Jerónimo de Sousa e vários outros membros da Comissão Política e do Secretariado do PCP.Diz esse voto de congratulação :««Ingrid Betancourt em liberdadeApós seis anos de cativeiro na selva, é motivo de justa satisfação o regresso à liberdade de Ingrid Betancourt, ex-candidata presidencial colombiana.O resgate de Ingrid Betancourt coloca em evidência a gravidade da situação em que se encontram centenas de prisioneiros na posse da guerrilha e nas prisões do regime de Álvaro Uribe e a necessidade de encontrar uma solução humanitária.Assinale-se que, sistematicamente, o Governo da Colômbia tem vindo a sabotar negociações, mediadas por responsáveis de diversos países, no sentido da troca de prisioneiros entre as partes do conflito.Os complexos problemas em presença na Colômbia, exigem uma solução política e negociada de um conflito que se arrasta há mais de 40 anos, indissociável de um regime que promove o agravamento da exploração, da repressão e das perseguições, incluindo milhares de assassinatos e brutais torturas, fortemente condicionado pela ingerência política e militar da administração norte-americana.A necessidade de uma solução negociada para o conflito na Colômbia, torna-se ainda mais urgente num quadro em que os EUA o procuram radicalizar e instrumentalizar, como justificação para o reforço da presença de forças militares e como forma de desestabilização da região e dos países que a integram, com risco de escalada militar e ameaça à paz.Nestes termos, a Assembleia da República:1- Congratula-se pelo regresso à liberdade de Ingrid Betancourt.2- Exprime o seu desejo de que a liberdade de Ingrid Betancourt possa contribuir para um caminho de paz para a Colômbia.3- Apela às partes envolvidas para que encetem negociações no sentido da libertação de todos os prisioneiros.4- Valoriza todos os esforços orientados para alcançar uma solução política negociada.5- Apela às partes para que se empenhem na busca de uma solução política negociada do conflito, que dura há mais de quatro décadas.6- Manifesta-se pelo respeito da soberania do povo colombiano na definição dos destinos do seu país.Assembleia da República, 4 de Julho de 2008[ver ainda aqui - em http://papeisdealexandria.blogspot.com/2008/07/bernardino-soares-sobre-libertao-de.html - a intervenção de Bernardino Soares no debate] Vítor Dias, em Julho 5th, 2008 às 10:07 Disse:Caro Rui Bebiano :Calculo que ache que isto já é conversa a mais e que esteja tudo esclarecido. Conto porém com a sua boa-vontade para ainda me permitir apenas duas observações:1. Não fazia ideia que dizer, com uma certa naturalidade ,«a Cristina aí em cima» era uma espécie de papel de tournesol sobre a capacidade de convivência com opiniões diferentes ou revelação de uma qualquer matriz. É preciso muito preconceito ou teias de aranha nas circunvoluções para não entender que o «aí em cima» é para indicar ais leitores onde está o que contestei e que «a Cristina» (só primeiro nome) não tem nada de deselegante - eu que me lembre já tratei o M. Portas, o M. Sousa Tavares, o V. Pulido Valente como «Migueis» e como «o vasco». Está visto que estou a precisar de um novo curso ou manual de etiqueta.2. Registo embevecido e espantado o valioso dom que lhe permite afirmar que «qualquer cidadão razoavelmente informado sabe muito bem que, neste caso, a verdadeira posição da maioria do PCP - aquela que se manifesta longe dos microfones e no «partido real» - não é a dos comunicados oficiais, mas sim essa outra, mais paleontológica, que a resistir.info emite». Fico assim a saber que o resistir.info é a bíblia da alma do povo comunista e que interpreta muito melhor o pensamento «da maioria do PCP» que os seus órgãos de direcção democraticamente eleitos. Veja lá como as coisas são: eu há muitssimos anos que não me atrevo a jurar ou adivinhar o que se pode passar maioritariamente na cabeça de 50 ou 100 mil comunistas, militantes ou simpatizantes; o Rui Bebiano atreve-se e SABE e ainda por cima acha que «qualquer cidadão razoavelmente informado» também sabe.Concluo, afirmando que cá está mais um exemplo em que uns têm a fama e outros o proveito.Vítor Dias, em Julho 5th, 2008 às 10:07 Disse: Caro Nuno Granja:Ao longo de várias décadas já dei o suficiente para o peditório sobre o famigerado pacto germano-soviético.A mim, bastar-me-ia que o Nuno Granja lembrasse aos leitores qual é a data do pacto germano-soviético e qual é a data do pacto de Munique (se não se lembrar, eu informo-o que é aquele que Chamberlain festejou agitando um papelinho ao regressar a Londres). vitor dias, em Julho 6th, 2008 às 11:07 Disse: Para Cristina Gomes da Silva:O seu último comentário chega a ser não só bonito como a enunciar uma atitude geral que não me merece nenhuma reseva.Desculpará, mas entretanto há uma coisa estranha. É que a Cristina ( é melhor acrescentar : Gomes da Silva) tinha dito lá atrás que «(vai voltar a haver tenda [pressupõe-se que das FARC] na Festa do Avante)» e eu tinha negado firmemnete qualquer representação das FARC nas últimas Festas do Avante. Sinceramente acha que o seu silêncio sobre este ponto concreto é compatível e está à altura da sua bonita afirmação de que a aflige «todo e qualquer fundamentalismo e confinamento, fechamento e rejeição da diversidade. O fechamento que considero tão contrário às cores da vida.» ?.Apesar de tudo, ou por causa de tudo, saudações.vitor dias, em Julho 6th, 2008 às 11:07 Disse: Para Nuno Granja:Espero que o fim-de-semana lhe dê a disponibilidade para trazer aqui aos leitores de «a terceira noite» a data do pacto germano-soviético e a data do Pacto de Munique.Oh homem, é coisa que se descobre na Wikipedia com tanta rapidez que nem sequer lhe estraga o merecido descanso deste domingo.Em «entre as brumas da memória»VÍTOR DIAS disse...Embora esta observação não diga directamente respeito ao seu blogue, mesmo continuando porventura a haver margem para comentários ou apreciações subsequentes, não me parece sério falar, hoje ou ontem, da «posição do PCP» e ignorar o voto de congratulação pela libertação de Ingrid Betancourt que ontem foi apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP que, como é do domínio público, não é uma entidade qualquer na representação política do PCP e que, como também é sabido, integra o seu secretário-geral Jerónimo de Sousa e vários outros membros da Comissão Política e do Secretariado do PCP. [segue voto do PCP] VÍTOR DIAS disse...Carissima Joana:Julgava eu que o problema maior com o PCP era a falta de regozijo coma libertação de Ingrid. Agora passa-se para que não acompanhou outros partidos na condenação das FARC.E eu poderia responder que os outros partidos não acompanharam o PCP na condenação do regime de Uribe cimentado em milhares de mortos, designadamente sindicalistas, candidatos de esquerda etc.etc ( matéria que vejo pouco tratada na blogoesfera).Por respeito consigo, há outra coisa que lhe quero dizer: faz-me pena que tenha apreciado o artigo de Ferreira Fernandes em que, não sei se reparou na perfidia de se atribuir aos deputados do PCP uma formulação ( que obiamente eu não acompanho) usada no sitio resistir.info.Cara Joana: acha que, como seria curial, amanhã, o Ferreira Fernandes vai atribuir aos membros do resistir.info as formulações do voto de CONGRATULAÇÃO do GP do PCP ? Ou afinal as etiquetagens ou contaminações são só de sentido único ?5 de Julho de 2008 20:12VÍTOR DIAS disse...Cara Joana Lopes:É claro que não lhe contesto o direito (politico e de propriedade) de pôr os pontos finais que muito bem decidir.Quando diz que não responde a meu último comentário, fica possivel e injustamente no ar a suspeita de que, de vez em quando, também dá jeito não nos confrontarmos com certos argumentos concretos.Finalmente, não percebo por que é que é «proselitismo» eu colocar o mesmo texto em vários blogues de cara descoberta e com nome verdadeiro e já não é proselitismo vozes distintas dizerem o mesmo mas em sentido contrário.E também não percebo porque é um texto como o meu, que contém informação concreta pouco conhecida, merece ser classificado de «proselitismo».Teria imensa pena se, de um ponto de vista estritamente objectivo, a Joana Lopes agisse como se houvesse - os comunistas - de quem se pode dizer tudo e há outros que devem ser poupados ao contraditório e ao debate do que dizem ou escrevem.Em boa verdade, não acredito que isso seja possível consigo.Lembro que, polémicas à parte, nada afecta a minha consideração e estima por si.5 de Julho de 2008 23:37Em «corta-fitas»DE vítor dias a 5 de Julho de 2008 às 23:56É impressionante como é que um jornalista como Pedro Correia, nem que fosse por recurso aos recortes antigos, faz de conta que não sabe que nos últimos anos, não houve nenhuma representação das FARC na Festa do Avante! mas sim do Partido Comunista da Colômbia, que é um partido inteiramente legal, a quem não pode ser negado o direito de ter as opiniões que melhor entender sobre os problemas do seu país e que, coisa curiosa, integrou a coligação de esquerda que nas últimas eleições municipais ganhou a gestão da capital do país, Bogotá.Se a matéria de facto que acabo de expor não é aqui contestada ou negada, fazendo-se a prova do contrário, há uma interpelação ética que tem de ser feita a todos os que falam milhares de vezes do «pavilhão», do «stand» da FARC e do convite e presença das FARC na Festa do Avante.E que é apenas esta: porque razão mentem e porque continuam, nesse ponto, a mentir ?De vítor dias a 6 de Julho de 2008 às 20:07Caro Pedro Correia:Desculpa que lhe diga, mas quando me responde, devia ter em conta que eu sou bastante mais velho e, por razões óbvios de escolha e de compromissos de vida, tenho mais experiência quanto a métodos e truques de argumentação e de debate.Infelizmente tenho de dizer que a sua resposta espelha um truque clássico ; você lançou uma discussão em que os alhos tinham um certo relevo e desempenhavam um certo papel (a alegada presença das FARC na Festa do Avante!); eu desminto esse ponto e, a partir daí, lanço uma interpelação ética sustentada em que quem não provar o contrário deve então explicar porque mente e porque continua a mentir.A tudo isto o Pedro Correia responde zero, nicles, nada e para disfarçar o aperto vai buscar os bugalhos.Mas quanto aos bugalhos, sempre lhe digo o que o Pedro Correia não diz por parcialidade ao olhar a realidade e ao relatá-la: o PCP apresentou o seu próprio voto de congratulação, não se limitou a recusar o dos outros.E depois, cada um vê como quer ; eu posso então escrever que PS, PSD e CDS não só se recusaram a condenar o regime de Uribe e apaniguados que têm na consciência rios de sangue e um terrível cortejo de mortes de milhares de trabalhadores, sindicalistas, camponeses, candidatos de esquerda, etc. como quase elogiaram e louvaram esse regime e as forças em que se apoia.Por uma vez, Pedro, voltemos aos alhos: é ou não capaz de reconhecer perante os seus leitores que as FARC nunca estiveram representadas na Festa do Avante?E se, por milagre, for capaz de o reconhecer, já agora, por uma vez na vida, não quer dar a sua contribuição para a resposta à interpelação ética que eu lancei ?. Ou seja, porque continua essa mentira ?De vítor dias a 6 de Julho de 2008 às 14:09É claro que não há pressa nem o fim-de-semana ajuda.Mas não posso deixar de registar que passadas 14 horas ninguém respondeu ao meu comentário anterior e sobretudo à interpelação ética com que termina.Estou porém certo que Pedro Correia, terminados compreensieis afazeres ou insuperáveis impedimentos, não o deixará de fazer.responder a comentário início da discussão discussãoDe vitor dias a 7 de Julho de 2008 às 15:29Caro Pedro Correia :Aproveito para encerrar o debate fazendo breves comentários a vários seus, porque a verdade é quanto mais discutimos mais parece que desconversamos. Assim sendo:1. Pedro Correia depois de ter dito vezes sem conta ao lado de outros ( o tal «brado da blogosfera» que pelos vistos tem de passar a ser considerado como um atestado de verdade factual em vez de ser visto como um amontoado de meras opiniões) que as FARC tinham estado representadas na Festa vem agora reconhecer que quem esteve foi o PC da Colmôbia mas considerando-o um « braço legal» das FARC.Ora, sobre isto, é preciso, nunca ter consultado nem sites nem jornais colombianos para ignorar a falsidade desta tese e até as diferenças de posições entre o PC da Colombia e as FARC. Se, como veremos adiante, o Pedro Correia dá tanto valor aos votos ganhadores de Uribe (acompanhando uma frase de Ingrid Betancourt), então vai ter de reconhecer que o alegado «braço legal» das FARC participa na governação da capital do país, uma vez que integrou a coligação de esuqerda que ganhou as últimas eleições municipais naquela importantissima autarquia.2. Lamento sinceramente que o Pedro Correia seja dos que parece entender que a vitória eleitoral de Uribe (ocorrida no país do mundo em que mais candidatos são assassinados durante a campanha e onde os grupos para-militares bem velam pelo «acerto» dos votos dos eleitores) basta para limpar todo o rasto de corrupção, crimes e assassinatos aos milhares que a clique uribiana carrega sobre a consciência. Resguardando as proporções, seria caso para dizer, volta ADOLFO porque, como foste eleito, estás perdoado.3. Finalmente, voltando aos que chamou «os brados da blogosfera», não acha estranho o silêncio de chumbo que existe na blogosfera em relação à documentação oficial americana sobre Uribe e outros políticos colombianos cuja capa estampei de forma bem vísivel no rosto do meu blogue «o tempo das cerejas» e de forma integral em «os papéis de alexandria» ?Vítor Dias disse em 7/7:Caro Pedro Correia:Creio que não podiamos ter terminado da melhor maneira. Você acha eu devia criticar o meu amigo e camarada Miguel Urbano Rodrigues. Parece que não confia na inteligência dos leitores que repararão no que escrevo e no que ele escreve, cada um assumindo a responsabilidade do que escreve, sem necessidade de demarcações públicas recíprocas. Por essa lógica, sólhe falta desafiar o MUR a demarcar-se de mim.Mas, quando digo que não podiamos ter terminado de maneira melhor é porque eu acho que qualquer leitor reparará que eu levanto questões concretas e o Pedro Correia na resposta passa ao lado de quase todas elas.Ora isto há-de querer dizer alguma coisa, não ?


Explicação aos leitoresDurante alguns dias, além dos comentários que sobre este assunto fui publicando na barra lateral direita de « o tempo das cerejas», reagi a «posts» de outros blogues colocando comentários nas respectivas caixas. Considero útil reunir aqui, de forma vísivel, esses meus comentários em blogues alheios, esclarecendo entretanto que não sinto nenhum dever ou obrigação de reproduzir os textos alheios que deram origem a esses meus comentários. Em cada caso serão feitos os links para esses textos e sublinho evidentemente que só uma sua consulta permitirá um juízo verdadeiramente fundamentado por parte dos leitores. Diferentemente deste critério, num ou outro caso, publicarei as réplicas que se tenham verificado dentro da própria caixa de comentários.(Os meus textos identificam-se por estarem reproduzidos a vermelho)As razões que me levaram a alterar os propósitos em cima enunciados estão explicadas em «post» em «o tempo das cerejas»(8.7.2008)Em « a terceira noite»Vítor Dias, em Julho 5th, 2008 às 01:07 Disse:Sobre a libertação de Ingrid Betancourt, já escrevi o que tinha a escrever na faixa lateral do meu blogue.Mas não posso deixar passar em claro a má-fé, a cavalar ignorância ou congénito espirito falsificador dos que, como a Cristina aí em cima, continuam a afirmar ou insinuar que as FARC estiveram representadas nas últimas Festas do Avante, quando está repetidamente esclarecido que quem esteve representado foi o Partido Comunista da Colômbia, partido completamente legal naquele país, livre de ter as opiniões que entender sobre a situação colombiana, e que fez parte da coligação que nas últimas municipais ganhou a gestão da capital do país, Bogotá.Será que é assim tão dificil a todas as Cristinas fazerem combate político sem necessidade de recorrer a «clichés» falsificadores e objectivamente mentirosos? Vítor Dias, em Julho 5th, 2008 às 03:07 Disse: É certo que continuará a haver margem para comentários ou apreciações subsequentes, mas hoje ou ontem, não me parece sério falar da «posição do PCP» e ignorar o voto de congratulação pela libertação de Ingrid Betancourt que ontem foi apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP que, como é do domínio público, não é uma entidade qualquer na representação política do PCP e que, como também é sabido, integra Jerónimo de Sousa e vários outros membros da Comissão Política e do Secretariado do PCP.Diz esse voto de congratulação :««Ingrid Betancourt em liberdadeApós seis anos de cativeiro na selva, é motivo de justa satisfação o regresso à liberdade de Ingrid Betancourt, ex-candidata presidencial colombiana.O resgate de Ingrid Betancourt coloca em evidência a gravidade da situação em que se encontram centenas de prisioneiros na posse da guerrilha e nas prisões do regime de Álvaro Uribe e a necessidade de encontrar uma solução humanitária.Assinale-se que, sistematicamente, o Governo da Colômbia tem vindo a sabotar negociações, mediadas por responsáveis de diversos países, no sentido da troca de prisioneiros entre as partes do conflito.Os complexos problemas em presença na Colômbia, exigem uma solução política e negociada de um conflito que se arrasta há mais de 40 anos, indissociável de um regime que promove o agravamento da exploração, da repressão e das perseguições, incluindo milhares de assassinatos e brutais torturas, fortemente condicionado pela ingerência política e militar da administração norte-americana.A necessidade de uma solução negociada para o conflito na Colômbia, torna-se ainda mais urgente num quadro em que os EUA o procuram radicalizar e instrumentalizar, como justificação para o reforço da presença de forças militares e como forma de desestabilização da região e dos países que a integram, com risco de escalada militar e ameaça à paz.Nestes termos, a Assembleia da República:1- Congratula-se pelo regresso à liberdade de Ingrid Betancourt.2- Exprime o seu desejo de que a liberdade de Ingrid Betancourt possa contribuir para um caminho de paz para a Colômbia.3- Apela às partes envolvidas para que encetem negociações no sentido da libertação de todos os prisioneiros.4- Valoriza todos os esforços orientados para alcançar uma solução política negociada.5- Apela às partes para que se empenhem na busca de uma solução política negociada do conflito, que dura há mais de quatro décadas.6- Manifesta-se pelo respeito da soberania do povo colombiano na definição dos destinos do seu país.Assembleia da República, 4 de Julho de 2008[ver ainda aqui - em http://papeisdealexandria.blogspot.com/2008/07/bernardino-soares-sobre-libertao-de.html - a intervenção de Bernardino Soares no debate] Vítor Dias, em Julho 5th, 2008 às 10:07 Disse:Caro Rui Bebiano :Calculo que ache que isto já é conversa a mais e que esteja tudo esclarecido. Conto porém com a sua boa-vontade para ainda me permitir apenas duas observações:1. Não fazia ideia que dizer, com uma certa naturalidade ,«a Cristina aí em cima» era uma espécie de papel de tournesol sobre a capacidade de convivência com opiniões diferentes ou revelação de uma qualquer matriz. É preciso muito preconceito ou teias de aranha nas circunvoluções para não entender que o «aí em cima» é para indicar ais leitores onde está o que contestei e que «a Cristina» (só primeiro nome) não tem nada de deselegante - eu que me lembre já tratei o M. Portas, o M. Sousa Tavares, o V. Pulido Valente como «Migueis» e como «o vasco». Está visto que estou a precisar de um novo curso ou manual de etiqueta.2. Registo embevecido e espantado o valioso dom que lhe permite afirmar que «qualquer cidadão razoavelmente informado sabe muito bem que, neste caso, a verdadeira posição da maioria do PCP - aquela que se manifesta longe dos microfones e no «partido real» - não é a dos comunicados oficiais, mas sim essa outra, mais paleontológica, que a resistir.info emite». Fico assim a saber que o resistir.info é a bíblia da alma do povo comunista e que interpreta muito melhor o pensamento «da maioria do PCP» que os seus órgãos de direcção democraticamente eleitos. Veja lá como as coisas são: eu há muitssimos anos que não me atrevo a jurar ou adivinhar o que se pode passar maioritariamente na cabeça de 50 ou 100 mil comunistas, militantes ou simpatizantes; o Rui Bebiano atreve-se e SABE e ainda por cima acha que «qualquer cidadão razoavelmente informado» também sabe.Concluo, afirmando que cá está mais um exemplo em que uns têm a fama e outros o proveito.Vítor Dias, em Julho 5th, 2008 às 10:07 Disse: Caro Nuno Granja:Ao longo de várias décadas já dei o suficiente para o peditório sobre o famigerado pacto germano-soviético.A mim, bastar-me-ia que o Nuno Granja lembrasse aos leitores qual é a data do pacto germano-soviético e qual é a data do pacto de Munique (se não se lembrar, eu informo-o que é aquele que Chamberlain festejou agitando um papelinho ao regressar a Londres). vitor dias, em Julho 6th, 2008 às 11:07 Disse: Para Cristina Gomes da Silva:O seu último comentário chega a ser não só bonito como a enunciar uma atitude geral que não me merece nenhuma reseva.Desculpará, mas entretanto há uma coisa estranha. É que a Cristina ( é melhor acrescentar : Gomes da Silva) tinha dito lá atrás que «(vai voltar a haver tenda [pressupõe-se que das FARC] na Festa do Avante)» e eu tinha negado firmemnete qualquer representação das FARC nas últimas Festas do Avante. Sinceramente acha que o seu silêncio sobre este ponto concreto é compatível e está à altura da sua bonita afirmação de que a aflige «todo e qualquer fundamentalismo e confinamento, fechamento e rejeição da diversidade. O fechamento que considero tão contrário às cores da vida.» ?.Apesar de tudo, ou por causa de tudo, saudações.vitor dias, em Julho 6th, 2008 às 11:07 Disse: Para Nuno Granja:Espero que o fim-de-semana lhe dê a disponibilidade para trazer aqui aos leitores de «a terceira noite» a data do pacto germano-soviético e a data do Pacto de Munique.Oh homem, é coisa que se descobre na Wikipedia com tanta rapidez que nem sequer lhe estraga o merecido descanso deste domingo.Em «entre as brumas da memória»VÍTOR DIAS disse...Embora esta observação não diga directamente respeito ao seu blogue, mesmo continuando porventura a haver margem para comentários ou apreciações subsequentes, não me parece sério falar, hoje ou ontem, da «posição do PCP» e ignorar o voto de congratulação pela libertação de Ingrid Betancourt que ontem foi apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP que, como é do domínio público, não é uma entidade qualquer na representação política do PCP e que, como também é sabido, integra o seu secretário-geral Jerónimo de Sousa e vários outros membros da Comissão Política e do Secretariado do PCP. [segue voto do PCP] VÍTOR DIAS disse...Carissima Joana:Julgava eu que o problema maior com o PCP era a falta de regozijo coma libertação de Ingrid. Agora passa-se para que não acompanhou outros partidos na condenação das FARC.E eu poderia responder que os outros partidos não acompanharam o PCP na condenação do regime de Uribe cimentado em milhares de mortos, designadamente sindicalistas, candidatos de esquerda etc.etc ( matéria que vejo pouco tratada na blogoesfera).Por respeito consigo, há outra coisa que lhe quero dizer: faz-me pena que tenha apreciado o artigo de Ferreira Fernandes em que, não sei se reparou na perfidia de se atribuir aos deputados do PCP uma formulação ( que obiamente eu não acompanho) usada no sitio resistir.info.Cara Joana: acha que, como seria curial, amanhã, o Ferreira Fernandes vai atribuir aos membros do resistir.info as formulações do voto de CONGRATULAÇÃO do GP do PCP ? Ou afinal as etiquetagens ou contaminações são só de sentido único ?5 de Julho de 2008 20:12VÍTOR DIAS disse...Cara Joana Lopes:É claro que não lhe contesto o direito (politico e de propriedade) de pôr os pontos finais que muito bem decidir.Quando diz que não responde a meu último comentário, fica possivel e injustamente no ar a suspeita de que, de vez em quando, também dá jeito não nos confrontarmos com certos argumentos concretos.Finalmente, não percebo por que é que é «proselitismo» eu colocar o mesmo texto em vários blogues de cara descoberta e com nome verdadeiro e já não é proselitismo vozes distintas dizerem o mesmo mas em sentido contrário.E também não percebo porque é um texto como o meu, que contém informação concreta pouco conhecida, merece ser classificado de «proselitismo».Teria imensa pena se, de um ponto de vista estritamente objectivo, a Joana Lopes agisse como se houvesse - os comunistas - de quem se pode dizer tudo e há outros que devem ser poupados ao contraditório e ao debate do que dizem ou escrevem.Em boa verdade, não acredito que isso seja possível consigo.Lembro que, polémicas à parte, nada afecta a minha consideração e estima por si.5 de Julho de 2008 23:37Em «corta-fitas»DE vítor dias a 5 de Julho de 2008 às 23:56É impressionante como é que um jornalista como Pedro Correia, nem que fosse por recurso aos recortes antigos, faz de conta que não sabe que nos últimos anos, não houve nenhuma representação das FARC na Festa do Avante! mas sim do Partido Comunista da Colômbia, que é um partido inteiramente legal, a quem não pode ser negado o direito de ter as opiniões que melhor entender sobre os problemas do seu país e que, coisa curiosa, integrou a coligação de esquerda que nas últimas eleições municipais ganhou a gestão da capital do país, Bogotá.Se a matéria de facto que acabo de expor não é aqui contestada ou negada, fazendo-se a prova do contrário, há uma interpelação ética que tem de ser feita a todos os que falam milhares de vezes do «pavilhão», do «stand» da FARC e do convite e presença das FARC na Festa do Avante.E que é apenas esta: porque razão mentem e porque continuam, nesse ponto, a mentir ?De vítor dias a 6 de Julho de 2008 às 20:07Caro Pedro Correia:Desculpa que lhe diga, mas quando me responde, devia ter em conta que eu sou bastante mais velho e, por razões óbvios de escolha e de compromissos de vida, tenho mais experiência quanto a métodos e truques de argumentação e de debate.Infelizmente tenho de dizer que a sua resposta espelha um truque clássico ; você lançou uma discussão em que os alhos tinham um certo relevo e desempenhavam um certo papel (a alegada presença das FARC na Festa do Avante!); eu desminto esse ponto e, a partir daí, lanço uma interpelação ética sustentada em que quem não provar o contrário deve então explicar porque mente e porque continua a mentir.A tudo isto o Pedro Correia responde zero, nicles, nada e para disfarçar o aperto vai buscar os bugalhos.Mas quanto aos bugalhos, sempre lhe digo o que o Pedro Correia não diz por parcialidade ao olhar a realidade e ao relatá-la: o PCP apresentou o seu próprio voto de congratulação, não se limitou a recusar o dos outros.E depois, cada um vê como quer ; eu posso então escrever que PS, PSD e CDS não só se recusaram a condenar o regime de Uribe e apaniguados que têm na consciência rios de sangue e um terrível cortejo de mortes de milhares de trabalhadores, sindicalistas, camponeses, candidatos de esquerda, etc. como quase elogiaram e louvaram esse regime e as forças em que se apoia.Por uma vez, Pedro, voltemos aos alhos: é ou não capaz de reconhecer perante os seus leitores que as FARC nunca estiveram representadas na Festa do Avante?E se, por milagre, for capaz de o reconhecer, já agora, por uma vez na vida, não quer dar a sua contribuição para a resposta à interpelação ética que eu lancei ?. Ou seja, porque continua essa mentira ?De vítor dias a 6 de Julho de 2008 às 14:09É claro que não há pressa nem o fim-de-semana ajuda.Mas não posso deixar de registar que passadas 14 horas ninguém respondeu ao meu comentário anterior e sobretudo à interpelação ética com que termina.Estou porém certo que Pedro Correia, terminados compreensieis afazeres ou insuperáveis impedimentos, não o deixará de fazer.responder a comentário início da discussão discussãoDe vitor dias a 7 de Julho de 2008 às 15:29Caro Pedro Correia :Aproveito para encerrar o debate fazendo breves comentários a vários seus, porque a verdade é quanto mais discutimos mais parece que desconversamos. Assim sendo:1. Pedro Correia depois de ter dito vezes sem conta ao lado de outros ( o tal «brado da blogosfera» que pelos vistos tem de passar a ser considerado como um atestado de verdade factual em vez de ser visto como um amontoado de meras opiniões) que as FARC tinham estado representadas na Festa vem agora reconhecer que quem esteve foi o PC da Colmôbia mas considerando-o um « braço legal» das FARC.Ora, sobre isto, é preciso, nunca ter consultado nem sites nem jornais colombianos para ignorar a falsidade desta tese e até as diferenças de posições entre o PC da Colombia e as FARC. Se, como veremos adiante, o Pedro Correia dá tanto valor aos votos ganhadores de Uribe (acompanhando uma frase de Ingrid Betancourt), então vai ter de reconhecer que o alegado «braço legal» das FARC participa na governação da capital do país, uma vez que integrou a coligação de esuqerda que ganhou as últimas eleições municipais naquela importantissima autarquia.2. Lamento sinceramente que o Pedro Correia seja dos que parece entender que a vitória eleitoral de Uribe (ocorrida no país do mundo em que mais candidatos são assassinados durante a campanha e onde os grupos para-militares bem velam pelo «acerto» dos votos dos eleitores) basta para limpar todo o rasto de corrupção, crimes e assassinatos aos milhares que a clique uribiana carrega sobre a consciência. Resguardando as proporções, seria caso para dizer, volta ADOLFO porque, como foste eleito, estás perdoado.3. Finalmente, voltando aos que chamou «os brados da blogosfera», não acha estranho o silêncio de chumbo que existe na blogosfera em relação à documentação oficial americana sobre Uribe e outros políticos colombianos cuja capa estampei de forma bem vísivel no rosto do meu blogue «o tempo das cerejas» e de forma integral em «os papéis de alexandria» ?Vítor Dias disse em 7/7:Caro Pedro Correia:Creio que não podiamos ter terminado da melhor maneira. Você acha eu devia criticar o meu amigo e camarada Miguel Urbano Rodrigues. Parece que não confia na inteligência dos leitores que repararão no que escrevo e no que ele escreve, cada um assumindo a responsabilidade do que escreve, sem necessidade de demarcações públicas recíprocas. Por essa lógica, sólhe falta desafiar o MUR a demarcar-se de mim.Mas, quando digo que não podiamos ter terminado de maneira melhor é porque eu acho que qualquer leitor reparará que eu levanto questões concretas e o Pedro Correia na resposta passa ao lado de quase todas elas.Ora isto há-de querer dizer alguma coisa, não ?

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