XimPi

28-06-2009
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Setúbal - A Notável-Vila * João Benard da CostaPela primeira vez, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra-se em Setúbal. Vale a pena atentar no esquecimento – se esquecimento foi. Capital de distrito mais próxima de Lisboa, foi, tantas vezes, a que está mais longe das preferências e critérios dominantes. Leiam-se os nossos clássicos ou os nossos modernos. Se nunca ninguém regateou elogios às maravilhas do décor que a envolve (a Arrábida, Palmela, o Outão, Tróia) a cidade, quase tão devastada como Lisboa pelo terramoto de 1755, permaneceu singularmente desconhecida, ressalvando-se apenas desse olvido o Convento de Jesus, com a série de magníficos quadros quinhentistas incomparável a qualquer outro tesouro pictórico das cidades portuguesas, com a eventual excepção de Évora, embora em Évora predomine a pintura flamenga e não, como em Setúbal, a portuguesa quinhentista.A História pareceu igualmente esquecer Setúbal, pelo menos até meados do século XIII, quando se sagrou e abriu ao culto a igreja de Santa Maria da Graça.Setúbal, parafraseando o poeta, foi sobretudo o sal e o sol essa "marinha única de harmonia" de que falou Fialho e essa indústria (as marinhas do Sado) que até ao século XVIII fez a prosperidade da cidade, antes dela se tornar, nas primeiras décadas do século XX, no mais importante porto de pesca de Portugal e no seu centro mais importante de conserva de peixe.Essa é a imagem que perdura da cidade, mesmo que a indústria-conservareira tenha perdido o esplendor de outrora. [1]Depois, é Setúbal dos poetas com Bocage como figura cimeira; da maior cantora lírica portuguesa de todos os tempos que foi Luísa Todi; de João Vaz, esse pintor que não se esqueceu de pintar a sua terra; de Sebastião da Gama, o poeta da Serra-Mãe, entre tantos outros.Cidade plena de memórias históricas, cidade eleita do Príncipe Perfeito que nela se casou, foi, na segunda metade do século XX, cidade atormentada por muitos males mas que a todos foi vencendo. Senhora das Águas e Senhora do Sado, merecendo, tanto como em 1525, o título de notável-vila com que D. Manuel I a distinguiu.João Bénard da CostaPresidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas[1] Existem vestígios manuelinos em inúmeras portas de casas «pobres» e belos e lavrados portais manuelinos no que resta do Convento de S. João ou na reconstruída Igreja de S. Julião (na foto supra), destruída por um qualquer terramoto. Quanto à indústria conserveira despareceu completamente, pois baseava-se em trabalho semi-escravo, sem direitos e sem adopção de novas tecnologias. Paulatinamente as fábricas vão semdo derrubadas, resistindo descaracterizada a de Periennes, transformada no Museu do Trabalho Michel Giacometti.VN -


Setúbal - A Notável-Vila * João Benard da CostaPela primeira vez, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra-se em Setúbal. Vale a pena atentar no esquecimento – se esquecimento foi. Capital de distrito mais próxima de Lisboa, foi, tantas vezes, a que está mais longe das preferências e critérios dominantes. Leiam-se os nossos clássicos ou os nossos modernos. Se nunca ninguém regateou elogios às maravilhas do décor que a envolve (a Arrábida, Palmela, o Outão, Tróia) a cidade, quase tão devastada como Lisboa pelo terramoto de 1755, permaneceu singularmente desconhecida, ressalvando-se apenas desse olvido o Convento de Jesus, com a série de magníficos quadros quinhentistas incomparável a qualquer outro tesouro pictórico das cidades portuguesas, com a eventual excepção de Évora, embora em Évora predomine a pintura flamenga e não, como em Setúbal, a portuguesa quinhentista.A História pareceu igualmente esquecer Setúbal, pelo menos até meados do século XIII, quando se sagrou e abriu ao culto a igreja de Santa Maria da Graça.Setúbal, parafraseando o poeta, foi sobretudo o sal e o sol essa "marinha única de harmonia" de que falou Fialho e essa indústria (as marinhas do Sado) que até ao século XVIII fez a prosperidade da cidade, antes dela se tornar, nas primeiras décadas do século XX, no mais importante porto de pesca de Portugal e no seu centro mais importante de conserva de peixe.Essa é a imagem que perdura da cidade, mesmo que a indústria-conservareira tenha perdido o esplendor de outrora. [1]Depois, é Setúbal dos poetas com Bocage como figura cimeira; da maior cantora lírica portuguesa de todos os tempos que foi Luísa Todi; de João Vaz, esse pintor que não se esqueceu de pintar a sua terra; de Sebastião da Gama, o poeta da Serra-Mãe, entre tantos outros.Cidade plena de memórias históricas, cidade eleita do Príncipe Perfeito que nela se casou, foi, na segunda metade do século XX, cidade atormentada por muitos males mas que a todos foi vencendo. Senhora das Águas e Senhora do Sado, merecendo, tanto como em 1525, o título de notável-vila com que D. Manuel I a distinguiu.João Bénard da CostaPresidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas[1] Existem vestígios manuelinos em inúmeras portas de casas «pobres» e belos e lavrados portais manuelinos no que resta do Convento de S. João ou na reconstruída Igreja de S. Julião (na foto supra), destruída por um qualquer terramoto. Quanto à indústria conserveira despareceu completamente, pois baseava-se em trabalho semi-escravo, sem direitos e sem adopção de novas tecnologias. Paulatinamente as fábricas vão semdo derrubadas, resistindo descaracterizada a de Periennes, transformada no Museu do Trabalho Michel Giacometti.VN -

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