PRESENÇA AFRICANA E apesar de tudo, ainda sou a mesma! Livre esguia, filha eterna de quanta rebeldia me sagrou. Mãe-África! Mãe forte da floresta e do deserto, ainda sou, a Irmã-Mulher de tudo o que em ti vibra puro e incerto... A dos coqueiros, de cabeleiras verdes e corpos arrojados sobre o azul... A do dendém nascendo dos abraços das palmeiras... A do sol bom, mordendo o chão das Ingombotas... A das acácias rubras, salpicando de sangue as avenidas, longas e floridas... Sim!, ainda sou a mesma. A do amor transbordando pelos carregadores do cais suados e confusos, pelos bairros imundos e dormentes (Rua 11!...Rua 11!...) pelos meninos de barriga inchada e olhos fundos... Sem dores nem alegrias, de tronco nu e musculoso, a raça escreve a prumo, a força destes dias... E eu revendo ainda, e sempre, nela, aquela longa historia inconsequente... Minha terra... Minha, eternamente... Terra das acácias, dos dongos, dos cólios baloiçando, mansamente... Terra! Ainda sou a mesma. Ainda sou a que num canto novo pura e livre, me levanto, ao aceno do teu povo!(Alda Lara - 1930 / 1962)(Angola)
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PRESENÇA AFRICANA E apesar de tudo, ainda sou a mesma! Livre esguia, filha eterna de quanta rebeldia me sagrou. Mãe-África! Mãe forte da floresta e do deserto, ainda sou, a Irmã-Mulher de tudo o que em ti vibra puro e incerto... A dos coqueiros, de cabeleiras verdes e corpos arrojados sobre o azul... A do dendém nascendo dos abraços das palmeiras... A do sol bom, mordendo o chão das Ingombotas... A das acácias rubras, salpicando de sangue as avenidas, longas e floridas... Sim!, ainda sou a mesma. A do amor transbordando pelos carregadores do cais suados e confusos, pelos bairros imundos e dormentes (Rua 11!...Rua 11!...) pelos meninos de barriga inchada e olhos fundos... Sem dores nem alegrias, de tronco nu e musculoso, a raça escreve a prumo, a força destes dias... E eu revendo ainda, e sempre, nela, aquela longa historia inconsequente... Minha terra... Minha, eternamente... Terra das acácias, dos dongos, dos cólios baloiçando, mansamente... Terra! Ainda sou a mesma. Ainda sou a que num canto novo pura e livre, me levanto, ao aceno do teu povo!(Alda Lara - 1930 / 1962)(Angola)