ABRIL DE NOVO: PREC: Cronologia do Ano de 1975

05-10-2009
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7 de Setembro de 1975 – I Encontro de Operários Agrícolas e Metalúrgicos do Distrito de Beja, aprova uma moção a enviar ao Conselho da Revolução, alertando que a linha de crédito para as novas unidades de produção colectiva disponibilizada pelo governo é insuficiente, motivo pelo qual os trabalhos agrícolas se encontram atrasados e solicitam medidas urgentes «para que sejam eliminadas com a maior rapidez possível as várias resistências».7 de Setembro de 1975 – A Comissão de Luta dos Trabalhadores da Marconi interrompe a greve para analisar a contra-proposta da Administração para o Acordo Colectivo de Trabalho.7 de Setembro de 1975 – O MRPP instiga os retornados a ocuparem novas casas em Mira Sintra, contrariando as decisões do plenário de moradores e instiga os ocupantes a não saírem das habitações que tinham ocupado anteriormente.7 de Setembro de 1975 – Eleições para a Comissão de Defesa dos Direitos dos Trabalhadores da EFACEC-INEL (Sul), com vitória da lista B afecta à ORPC (m-l).7 de Setembro de 1975 – Apresentação dos SUV - Soldados Unidos Vencerão! numa conferência de imprensa dada no Porto por dois soldados e um oficial «embuçados por razões de segurança», transmitida pelo Rádio Clube Português. O oficial seria o aspirante miliciano Ferreira Fernandes.7 de Setembro de 1975 – A Companhia 8246 do Regimento de Polícia Militar recusa embarcar para Angola.7 de Setembro de 1975 – Reunião alargada de militantes do CMLP, OCMLP e ORPC (m-l) para debater a situação política e preparar o congresso de reconstrução do Partido.7 de Setembro de 1975 – Comunicado da Liga Comunista Internacionalista (LCI) afirma que «o desenvolvimento da crise política conhece uma curta pausa» para «a substituição de algumas personagens», antes «dos novos e decisivos conflitos que se aproximam».7 de Setembro de 1975 – Comunicado da direcção do Sindicato dos Jornalistas, afecta ao PS e MRPP, fazendo a autocrítica «por não se ter devidamente demarcado» das «posições anticomunistas e reaccionárias» sobre o saneamento dos jornalistas do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, em especial com a posição «comovente» do CDS, um «partido inteiramente fascista», e reivindicando «uma informação ao serviço do povo».7 de Setembro de 1975 – V Governo Provisório pede a demissão, em anúncio feito à 1 hora da madrugada.7 de Setembro de 1975 – Vice-almirante Pinheiro de Azevedo acelera as diligências para a formação do VI Governo Provisório.7 de Setembro de 1975 – General Costa Gomes recebe um delegação do CDS, liderada por Diogo Freitas do Amaral, para análise da situação política e formação dum novo governo.7 de Setembro de 1975 – Atentado bombista contra a Comissão de Trabalhadores da EFACEC em Matosinhos.8 de Setembro de 1975 – Início da greve dos pilotos da Barra de Lisboa para exigir a nacionalização imediata da companhia. Os navios com doentes e com retornados não estão abrangidos pela convocatória da greve.8 de Setembro de 1975 – Nova reunião das Comissões de Moradores de Paço de Arcos para eleição do Secretariado do Plenário e aprovação do estatuto.8 de Setembro de 1975 – Manifestação nas ruas de Setúbal e junto do Quartel do Regimento de Infantaria 11, convocada pelas comissões de trabalhadores e de moradores e apoiada pela FSP, LCI, LUAR, MDP/CDE, MES, PRP-BR e UDP, para apoiar as lutas operárias e sindicais perante a ofensiva do capitalismo e exigir o poder popular, com confraternização final entre populares e militares.8 de Setembro de 1975 – Manifestação de centenas de soldados e milhares de pessoas em apoio à resistência das Companhias 8243 e 8246 do Regimento de Polícia Militar à mobilização para Angola, sob a palavra de ordem “nem mais um embarque, regresso dos soldados”.8 de Setembro de 1975 – Emitido o primeiro comunicado dos SUV – Soldados Unidos Vencerão!.8 de Setembro de 1975 – Balanço da actividade da Comissão de Moradores do Dafundo, que dá conta da próxima realização de obras na escola primária, do realojamento de diversas famílias em habitações condignas, utilização de desempregados da zona nas obras em curso, a limpeza de zonas que estavam cheias de lixo e subaproveitadas na Quinta do Vinagre, criação de zonas de convívio e ligação à Assembleia Popular da Pontinha.8 de Setembro de 1975 – Publicação do primeiro número da TRIBUNA DO CONGRESSO, órgão da Comissão Organizadora do Congresso de Reconstituição do Partido Comunista, editado pelo CMLP, OCMLP e ORPC (m-l).8 de Setembro de 1975 – O Conselho da Revolução, com nova composição, dominado pelos “moderados” do “Grupo dos Nove”, decide tomar «as necessárias medidas disciplinares» contra os soldados da Polícia Militar por terem recusado embarcar para Angola.8 de Setembro de 1975 – Major Ernesto Melo Antunes, major Vítor Alves e o major Costa Martins são cooptados para integrar o Conselho da Revolução. Carlos Almada Contreiras, Manuel Martins Guerreiro e Ramiro Correia continuam como representantes da Armada.8 de Setembro de 1975 – O Conselho da Revolução analisa as «graves» afirmações de Emídio Guerreiro e Vasco Graça Moura no comício do PPD de 5 de Setembro, mas não tomou qualquer decisão. Aqueles dirigentes defenderam que o MFA, CR e Directório «deviam ser dissolvidos» e que o PPD estava disposto a armar 50 mil homens.8 de Setembro de 1975 – O Conselho da Revolução decide proibir a divulgação «de relatos ou notícias de quaisquer acontecimentos ocorridos em unidades» militares, ou de «tomadas de posições, individuais ou colectivas, de militares», ou a divulgação de «quaisquer comunicados, moções ou documentos». Somente o Presidente da República, o CR e os chefes de Estado-Maior poderão fazer declarações ou tomar posições.8 de Setembro de 1975 – Prosseguem os contactos do general António de Spínola em Paris com militares e civis, o qual afirma estar disposto a pôr-se à cabeça de «um vasto movimento democrático» de oposição à via da Revolução Socialista em Portugal.8 de Setembro de 1975 – Oriana Fallaci, jornalista italiana, afirma que Álvaro Cunhal é «simpático, quase fascinante», que «acredita que é um revolucionário e não entende que é apenas um conformista desactualizado». Sobre Mário Soares diz que é «como um elefante, mas é corajoso e combativo».9 de Setembro de 1975 – Nota política da ORPC (m-l) intitulada “Levantemo-nos Contra as Medidas Fascistas!”, repudiando as últimas decisões do Conselho da Revolução e as ameaças de «reprimir a organização popular e suprimir a liberdade nos quartéis», definindo a Assembleia de Tancos como «um verdadeiro golpe de Estado das forças da direita que se agrupam à volta do programa dos ditos “moderados”» e do PS, de braço dado com a burguesia numa «ofensiva reaccionária» para «reprimir o povo e o avanço da Revolução».9 de Setembro de 1975 – Comunicado do PS intitulado “Sobre a 5.ª Divisão do EMGFA”.9 de Setembro de 1975 – Américo Duarte, deputado da UDP, solicita informações referentes às medidas que o Conselho da Revolução ameaça tomar contra os soldados da Polícia Militar, e relativamente a vários aspectos da descolonização de Angola e Timor.9 de Setembro de 1975 – Primeira intervenção parlamentar de Avelino Pacheco Gonçalves, deputado do PCP pelo Porto, sobre o parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais, relativo aos direitos e deveres económicos, sociais e culturais.9 de Setembro de 1975 – Alberto de Oliveira e Silva, deputado do PS, procede à leitura do relatório da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais sobre a proposta de aditamento de um novo número ao artigo 27.º (Liberdade de Consciência, Religião e Culto).9 de Setembro de 1975 – Aquilino Ribeiro Machado, deputado do PS, refere-se à descolonização relativamente a Angola, «destroçada pela guerra civil, desmoralizada e arquejante», focando a situação dos retornados.9 de Setembro de 1975 – Prosseguem os contactos com os partidos políticos para formação do VI Governo, sendo recebidos em Belém as delegações da UDP e PPM. Anteriormente tinham sido ouvidos o CDS, PPD, PS, PCP, MDP/CDE e MES.9 de Setembro de 1975 – Lei n.º 11/75, do Conselho da Revolução, que proíbe aos órgãos de comunicação social a divulgação de relatos, notícias, comunicados, moções ou documentos sobre acontecimentos ou tomadas de posição em unidades ou estabelecimentos militares, salvo se provenientes do Presidente da República, Conselho da Revolução, CEMGFA, chefe dos três Ramos das Forças Armadas (CEME, CEMA, CEMFA) e Comandante do COPCON. Ficou conhecida por “Lei da Censura Militar”, e concedia ao Conselho da Revolução a «possibilidade de aplicar sanções por via administrativa aos órgãos da Comunicação Social que cometessem actos ou tivessem comportamentos susceptíveis de pôr em risco» a coesão das Forças Armadas.9 de Setembro de 1975 – O Conselho de Redacção do DIÁRIO POPULAR considera que as restrições impostas pelo Conselho da Revolução são «uma ameaça à liberdade de Imprensa» e «à liberdade dos cidadãos».9 de Setembro de 1975 – Artur Portela Filho, director do JORNAL NOVO, critica as restrições impostas pelo Conselho da Revolução em noticiar acontecimentos militares.9 de Setembro de 1975 – Sophia de Mello Breyner escreve um texto de protesto contra a condenação à morte por garrote dos espanhóis Garmendia e Otaegui, que considera um acto de «puro intolerável» que a «consciência não pode aceitar».9 de Setembro de 1975 – Tenente-coronel Valentino Tavares Galhardo pediu a demissão das funções de presidente do Conselho de Administração da RTP.9 de Setembro de 1975 – Uma delegação de agrários e grandes proprietários é recebida no Quartel-General da Região Militar do Sul pelo brigadeiro graduado Pezarat Correia, a quem exigem o cumprimento da lei e o fim das ocupações selvagens.10 de Setembro de 1975 – Trabalhadores do Grupo MOCAR/SANTOMAR aprovam moção de solidariedade com o povo espanhol e de repúdio à «repressão contra as justas lutas dos trabalhadores nas fábricas, nos campos e nos quartéis», exigindo o repatriamento de José Duarte e Alípio de Freitas, portugueses presos nas «masmorras brasileiros».10 de Setembro de 1975 – As Comissões de Moradores do Alto da Eira, Vale Escuro e Peixinhos, em Lisboa, decidem constituir as Brigadas de Desempedrados para fazerem obras de melhoramento local e como forma de combater o desemprego.10 de Setembro de 1975 – Publicação do “Manifesto da Frente de Unidade Revolucionária”, que analisa o avanço das forças de direita no campo militar e o saneamentos dos militares progressistas e revolucionários, a «ofensiva política da social-democracia», propondo um programa de luta pela organização dos órgãos de Poder Popular, criação de Tribunais Populares, nacionalização sem indemnizações e sob controlo dos trabalhadores, pela generalização do controlo operário sobre a produção, pelo aprofundamento da reforma agrária, contra os despedimentos e pelo pleno emprego, contra a carestia de vida, pela independência nacional face ao imperialismo, dissolução da Assembleia Constituinte burguesa e formação de um Governo Revolucionário do Proletariado.10 de Setembro de 1975 – Comunicado do Secretariado Provisório do Porto da FUR que apoia a convocação de uma manifestação «claramente revolucionária» dos SUV – Soldados Unidos Vencerão!.10 de Setembro de 1975 – Manifestação dos SUV na Praça do General Humberto Delgado, Porto, em luta pela melhoria «dos pré de miséria» e por transportes gratuitos para os soldados, sob o lema “reaccionários fora dos quartéis, já!”, com a presença de 40 000 manifestantes, à cabeça dos quais 2 000 soldados e uma delegação do RALIS. General Carlos Fabião e o brigadeiro graduado Manuel Franco Charais são acusados de «quererem acabar com a revolução».10 de Setembro de 1975 – Capitão Álvaro Fernandes, oficial do COPCON, desvia do Depósito Geral de Material de Guerra, em Beirolas, um milhar de metralhadoras G-3 que mais tarde entrega ao PRP-BR, de Carlos Antunes e Isabel do Carmo.10 de Setembro de 1975 – Plenário de oficiais, sargentos e praças do Regimento de Polícia Militar para adoptar medidas em relação às decisões do Conselho da Revolução.10 de Setembro de 1975 – As estações de rádio, em especial a Rádio Renascença e o Rádio Clube Português, boicotam a chamada “Lei da Censura Militar”, e transmitem notícias da manifestação dos SUV e do plenário da Polícia Militar.10 de Setembro de 1975 – Incidentes entre trabalhadores agrícolas da Herdade das Cujancas e um grupo a mando dos agrários da Casa Hipólito Raposo, na feira do Crato, por causa da posse de cabeças de gado.10 de Setembro de 1975 – Comunicado do PCP que acusa o PPD de fazer um «apelo público à subversão contra-revolucionária, à insurreição de bandos armados contra o Estado democrático».10 de Setembro de 1975 – Realiza-se a Assembleia de Delegados de Unidade do Regimento de Polícia Militar, com a presença de comissões de trabalhadores, de moradores e sindicais, para incentivar as ligações das ADU com as estruturas do Poder Popular. Houve discussões em torno da manipulação partidária e do divisionismo.10 de Setembro de 1975 – Primeira intervenção parlamentar de Hilário Marcelino Teixeira, deputado do PCP por Santarém, que intervém na discussão, na generalidade, do parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais quanto ao título III – Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais.10 de Setembro de 1975 – José Niza Mendes, deputado do PS por Santarém, intervém na discussão do parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais relativo aos Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais.10 de Setembro de 1975 – Decreto-Lei n.º 494/75, da Secretaria de Estado da Descolonização, que cria uma comissão instaladora para gerir o IARN – Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais e estabelece o seu funcionamento.10 de Setembro de 1975 – 1500 refugiados vindos de Angola chegam a Lisboa.11 de Setembro de 1975 – O Secretariado Provisório das Empresas da Cintura Industrial de Lisboa convoca uma manifestação para dia 18 de Setembro, contra o avanço das «forças de direita».11 de Setembro de 1975 – O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portalegre e os trabalhadores da Herdade das Cujancas exigem a devolução do gado apreendido na feira de Crato.11 de Setembro de 1975 – Comício no Pavilhão dos Desportos de Lisboa de solidariedade com os povos brasileiro, chileno, espanhol e português, com a presença da União pela Liberdade e Direitos do Povo – Forças Guerrilheiras do Araguaia (Brasil), Frente del Pueblo (Chile), FRAP (Espanha) e UDP.11 de Setembro de 1975 – Surge o primeiro número da TRIBUNA DO CONGRESSO, órgão da Comissão Organizador do Congresso de Reconstrução do Partido Comunista, editado em Lisboa.11 de Setembro de 1975 – Álvaro Cunhal admite que membros do PCP possam participar no VI Governo Provisório, mas «sem ser em representação oficial» do partido.11 de Setembro de 1975 – Arnaldo de Matos, secretário-geral do MRPP, denuncia existência da «linha negra», uma «contra-corrente reaccionária» sectária e dogmática, composta «por um pequeno punhado de pessoas», que sabota a «justa política do Comité Central e desenvolvendo esforços desesperados para que o nosso Partido mude de cor, a classe operária seja abandonada e traída e a revolução não possa avançar a todo o vapor», sendo «uma corrente direitista em todo o sentido» que se «põe a quatro patas perante o social-fascismo e realiza toda a espécie de alianças sem princípios», apelando ao esmagamento desta «contra-corrente reaccionária», à unidade da «imensa maioria dos quadros e das massas» para «travar mil combates diários», de maneira a «que o nosso Partido não mude de cor, para que o povo não fique abandonado, para que a classe operária não seja traída, para que a Revolução não morra».11 de Setembro de 1975 – A Presidência da República anuncia novos encontros em separado com o PPD, PS e PCP, para formar «um Governo de Unidade Popular».11 de Setembro de 1975 – O Conselho da Revolução nomeia o capitão-de-mar-e-guerra graduado Ramiro Correia para contactar os órgão de comunicação social por causa da Lei n.º 11/75, e reduz os conselheiros de 24 para 19 membros.11 de Setembro de 1975 – Reunião do Governador Civil do Distrito de Vila Real com os núcleos locais do MDP/CDE, MES, PCP e PS para estabelecer uma plataforma de entendimento para a nomeação de uma nova Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Montalegre. O PPD recusou participar na reunião.11 de Setembro de 1975 – Emídio Guerreiro, em entrevista ao semanário TEMPO, esclarece a sua afirmação de pretender armar 50 mil «patriotas». Afirmação que fez depois do vice-almirante Pinheiro de Azevedo lhe ter dito que iria armar uma milícia de 40 mil homens. Reafirma estar disposto a organizar uma «resistência feroz contra qualquer tipo de tentativa de instalação de uma ditadura».11 de Setembro de 1975 – Américo Duarte, deputado da UDP, refere-se a provocações e campanhas contra a UDP, a partir do discurso do «fascista» Galvão de Melo (CDS) e da campanha de «ataques pessoais, provocações e calúnias» «bem orquestrada» dos «partidos burgueses», pois «infelizmente para o sr. Mário Soares a UDP não tem sido a sua filiada AOC ou o seu ajudante MRPP», assim «como para o sr. Álvaro Cunhal a UDP não tem sido o seu filiado MDP/CDE ou ainda o seu ajudante MES ou nessa invenção cunhalista que é a FUP». Manifesta apoio aos trabalhadores da Rádio Renascença e REPÚBLICA e elogia a recusa da Polícia Militar em embarcar para Angola.11 de Setembro de 1075 – José Luís Nunes, deputado do PS, critica uma intervenção de Américo Duarte (UDP) na qual ataca o dirigente socialista Mário Soares.11 de Setembro de 1975 – Brigadeiro graduado Eurico Corvacho é oficialmente exonerado das funções de comandante da Região Militar do Norte.11 de Setembro de 1975 – General graduado Duarte Nuno Pinto Soares retoma a direcção da Academia Militar.11 de Setembro de 1975 – Reunião de oficiais da Armada no Clube Militar Naval com o objectivo de impulsionar a contestação da representatividade da Assembleia da Armada.11 de Setembro de 1975 – Atentado bombista (de madrugada) em Lisboa, com explosão de três engenhos explosivos.11 de Setembro de 1975 – O Governo de Bona, Alemanha, põe a Base Aérea de Beja à disposição da ponte aérea entre Angola e Portugal.12 de Setembro de 1975 – As casas inacabadas do então Fundo de Fomento da Habitação, na zona nova de Vale da Amoreira, Baixa da Banheira, no concelho da Moita, foram ocupadas por famílias oriundas das ex-colónias africanas.12 de Setembro de 1975 – A Comissão de Moradores do Fogueteiro decide ocupar 48 fogos do Fundo de Fomento da Habitação que estavam por acabar.12 de Setembro de 1975 – Incidentes entre trabalhadores rurais ocupantes da Herdade das Cujancas e agrários durante uma manifestação em Portalegre.12 de Setembro de 1975 – Comício da FUR – Frente de Unidade Revolucionária no Campo Pequeno, em Lisboa, sob o lema “contra o fascismo e a social-democracia”, com a presença da FSP, LCI, LUAR, MDP/CDE, MES e PRP-BR. Registaram-se intervenções de António Galhordas (MDP), Heitor de Sousa (LCI), Rui Carneiro (FSP), Pedro Goulart (PRP) e Afonso de Barros (MES), que acusa Mário Soares e o PS de estarem «de cócoras perante os seus patrões».12 de Setembro de 1975 – Manifestação de organizações afectas ao MRPP no Rossio, Lisboa, sob o lema “nem fascismo, nem social-fascismo, governo popular”.12 de Setembro de 1975 – Uma lista afecta ao PS vence as eleições para o Sindicato dos Seguros do Sul, à qual pertencia José Torres Couto.12 de Setembro de 1975 – A comissão administrativa militar que geria a Câmara Municipal do Porto desde Maio de 1975, pediu a demissão por entender não ter apoio político-militar devido à exoneração do brigadeiro Corvacho do cargo de comandante da Região Militar do Norte.12 de Setembro de 1975 – Por ordem do Governador Civil do Distrito do Porto, a polícia impede e dissolve uma reunião do Conselho Municipal do Porto, organização que reúne as comissões de moradores, comissões de trabalhadores, comissões sindicais, o SAAL, cooperativas e organizações populares.12 de Setembro de 1975 – Capitão Vasco Lourenço afirma que o “Grupo dos Nove” é «a única hipótese viável de esquerda, neste país» e que «pretendemos uma revolução que seja da maioria do povo».12 de Setembro de 1975 – Capitão-de-mar-e-guerra graduado Ramiro Correia reúne-se com os directores dos jornais de Lisboa e Porto, por causa da chamada “Lei da Censura Militar”. No final do encontro afirmou que iria propor a revogação da lei em causa.12 de Setembro de 1975 – Tenente-coronel António Pires Veloso, com graduação de brigadeiro, toma posse do comando da Região Militar do Norte, coadjuvado pelo coronel graduado Gabriel Teixeira, chefe do Estado-Maior, e capitão David Martelo, chefe de gabinete.12 de Setembro de 1975 – É dado a conhecer um documento aprovado na reunião do Clube Militar Naval por oficiais da Armada onde se contesta a representatividade da Assembleia da Armada.12 de Setembro de 1975 – Decreto n.º 501-A/75, da Presidência da República, que exonera o general Vasco dos Santos Gonçalves do cargo de Primeiro-Ministro do V Governo Provisório, cessando, as suas funções todos os membros do referido Governo.12 de Setembro de 1975 – Américo Duarte, deputado da UDP, apresenta um requerimento sobre os operários da Messe, que ocuparam a fábrica, e outro relativo a uma manifestação em Évora de «latifundiários fascistas», e intervém na discussão do parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais, quanto aos Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais.12 de Setembro de 1975 – João Gomes, deputado do PS, evoca o aniversário do nascimento de Amílcar Cabral, e propõe um voto de saudação aos povos da Guiné-Bissau e Cabo Verde.12 de Setembro de 1975 – Diogo Freitas do Amaral, deputado do CDS, subscreve uma proposta relativa ao artigo 1.º da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais (Garantias e Condições de Efectivação).12 de Setembro de 1975 – General António de Spínola anuncia em Paris que fará brevemente um passeio pelo Norte de Portugal e pelo Norte de Angola, que está em poder da FNLA. Anuncia também um «plano de desestabilização da economia e do clima social» em Portugal e em Angola, e uma campanha de recolha de fundos.13 de Setembro de 1975 – Novos incidentes entre trabalhadores agrícolas e um grupo a mando dos agrários da Casa Hipólito Raposo, no Alto Alentejo, pela posse de cabeças de gado, com confrontos entre indivíduos armados de varapaus, catanas e caçadeiras.13 de Setembro de 1975 – A Comissão Distrital de Beja da UDP exige implementação da Reforma Agrária ao serviço do trabalhadores rurais, o fomento das ocupações de terras, e ao mesmo tempo contesta a validade dos estatutos do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja.13 de Setembro de 1975 – Depois de aprovado pelo PS, PPD e PCP o respectivo programa político, é anunciado que o VI Governo Provisório tomará posse a 18 de Setembro.13 de Setembro de 1975 – Vice-almirante Pinheiro de Azevedo, primeiro-ministro indigitado, ao apresentar o programa do VI Governo Provisório, afirma que deseja «reforçar a autoridade do governo que pretende ser interprete da vontade maioritária do Povo Português pela eficácia e disciplina» e «defender a ordem e a legalidade democrática».13 de Setembro de 1975 – Capitão Sousa e Castro, membro do Conselho da Revolução, advoga que é preciso «impor um pouco de ordem na governação e na conduta do processo revolucionário», pois a hierarquia das Forças Armadas «é sistematicamente posta em causa por novos e auto-proclamados defensores do povo».13 de Setembro de 1975 – O EXPRESSO noticia que têm sido levantadas no Depósito Geral de Material de Guerra, em Beirolas, «armas com requisições para diversas unidades» que «não chegam ao seu destino».13 de Setembro de 1975 – Despacho do Ministério do Planeamento e Coordenação Económica que define as normas do Plano Económico de Transição, visando a «construção da sociedade socialista».13 de Setembro de 1975 – Inicia em Londres a semana de solidariedade com o povo e os trabalhadores portugueses.13 de Setembro de 1975 – General António de Spínola fixa residência provisória na Suíça.13 de Setembro de 1975 – O ELP e o MDLP continuam a organizar-se em Espanha e no Norte de Portugal com vista a efectuar um golpe de Estado.


7 de Setembro de 1975 – I Encontro de Operários Agrícolas e Metalúrgicos do Distrito de Beja, aprova uma moção a enviar ao Conselho da Revolução, alertando que a linha de crédito para as novas unidades de produção colectiva disponibilizada pelo governo é insuficiente, motivo pelo qual os trabalhos agrícolas se encontram atrasados e solicitam medidas urgentes «para que sejam eliminadas com a maior rapidez possível as várias resistências».7 de Setembro de 1975 – A Comissão de Luta dos Trabalhadores da Marconi interrompe a greve para analisar a contra-proposta da Administração para o Acordo Colectivo de Trabalho.7 de Setembro de 1975 – O MRPP instiga os retornados a ocuparem novas casas em Mira Sintra, contrariando as decisões do plenário de moradores e instiga os ocupantes a não saírem das habitações que tinham ocupado anteriormente.7 de Setembro de 1975 – Eleições para a Comissão de Defesa dos Direitos dos Trabalhadores da EFACEC-INEL (Sul), com vitória da lista B afecta à ORPC (m-l).7 de Setembro de 1975 – Apresentação dos SUV - Soldados Unidos Vencerão! numa conferência de imprensa dada no Porto por dois soldados e um oficial «embuçados por razões de segurança», transmitida pelo Rádio Clube Português. O oficial seria o aspirante miliciano Ferreira Fernandes.7 de Setembro de 1975 – A Companhia 8246 do Regimento de Polícia Militar recusa embarcar para Angola.7 de Setembro de 1975 – Reunião alargada de militantes do CMLP, OCMLP e ORPC (m-l) para debater a situação política e preparar o congresso de reconstrução do Partido.7 de Setembro de 1975 – Comunicado da Liga Comunista Internacionalista (LCI) afirma que «o desenvolvimento da crise política conhece uma curta pausa» para «a substituição de algumas personagens», antes «dos novos e decisivos conflitos que se aproximam».7 de Setembro de 1975 – Comunicado da direcção do Sindicato dos Jornalistas, afecta ao PS e MRPP, fazendo a autocrítica «por não se ter devidamente demarcado» das «posições anticomunistas e reaccionárias» sobre o saneamento dos jornalistas do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, em especial com a posição «comovente» do CDS, um «partido inteiramente fascista», e reivindicando «uma informação ao serviço do povo».7 de Setembro de 1975 – V Governo Provisório pede a demissão, em anúncio feito à 1 hora da madrugada.7 de Setembro de 1975 – Vice-almirante Pinheiro de Azevedo acelera as diligências para a formação do VI Governo Provisório.7 de Setembro de 1975 – General Costa Gomes recebe um delegação do CDS, liderada por Diogo Freitas do Amaral, para análise da situação política e formação dum novo governo.7 de Setembro de 1975 – Atentado bombista contra a Comissão de Trabalhadores da EFACEC em Matosinhos.8 de Setembro de 1975 – Início da greve dos pilotos da Barra de Lisboa para exigir a nacionalização imediata da companhia. Os navios com doentes e com retornados não estão abrangidos pela convocatória da greve.8 de Setembro de 1975 – Nova reunião das Comissões de Moradores de Paço de Arcos para eleição do Secretariado do Plenário e aprovação do estatuto.8 de Setembro de 1975 – Manifestação nas ruas de Setúbal e junto do Quartel do Regimento de Infantaria 11, convocada pelas comissões de trabalhadores e de moradores e apoiada pela FSP, LCI, LUAR, MDP/CDE, MES, PRP-BR e UDP, para apoiar as lutas operárias e sindicais perante a ofensiva do capitalismo e exigir o poder popular, com confraternização final entre populares e militares.8 de Setembro de 1975 – Manifestação de centenas de soldados e milhares de pessoas em apoio à resistência das Companhias 8243 e 8246 do Regimento de Polícia Militar à mobilização para Angola, sob a palavra de ordem “nem mais um embarque, regresso dos soldados”.8 de Setembro de 1975 – Emitido o primeiro comunicado dos SUV – Soldados Unidos Vencerão!.8 de Setembro de 1975 – Balanço da actividade da Comissão de Moradores do Dafundo, que dá conta da próxima realização de obras na escola primária, do realojamento de diversas famílias em habitações condignas, utilização de desempregados da zona nas obras em curso, a limpeza de zonas que estavam cheias de lixo e subaproveitadas na Quinta do Vinagre, criação de zonas de convívio e ligação à Assembleia Popular da Pontinha.8 de Setembro de 1975 – Publicação do primeiro número da TRIBUNA DO CONGRESSO, órgão da Comissão Organizadora do Congresso de Reconstituição do Partido Comunista, editado pelo CMLP, OCMLP e ORPC (m-l).8 de Setembro de 1975 – O Conselho da Revolução, com nova composição, dominado pelos “moderados” do “Grupo dos Nove”, decide tomar «as necessárias medidas disciplinares» contra os soldados da Polícia Militar por terem recusado embarcar para Angola.8 de Setembro de 1975 – Major Ernesto Melo Antunes, major Vítor Alves e o major Costa Martins são cooptados para integrar o Conselho da Revolução. Carlos Almada Contreiras, Manuel Martins Guerreiro e Ramiro Correia continuam como representantes da Armada.8 de Setembro de 1975 – O Conselho da Revolução analisa as «graves» afirmações de Emídio Guerreiro e Vasco Graça Moura no comício do PPD de 5 de Setembro, mas não tomou qualquer decisão. Aqueles dirigentes defenderam que o MFA, CR e Directório «deviam ser dissolvidos» e que o PPD estava disposto a armar 50 mil homens.8 de Setembro de 1975 – O Conselho da Revolução decide proibir a divulgação «de relatos ou notícias de quaisquer acontecimentos ocorridos em unidades» militares, ou de «tomadas de posições, individuais ou colectivas, de militares», ou a divulgação de «quaisquer comunicados, moções ou documentos». Somente o Presidente da República, o CR e os chefes de Estado-Maior poderão fazer declarações ou tomar posições.8 de Setembro de 1975 – Prosseguem os contactos do general António de Spínola em Paris com militares e civis, o qual afirma estar disposto a pôr-se à cabeça de «um vasto movimento democrático» de oposição à via da Revolução Socialista em Portugal.8 de Setembro de 1975 – Oriana Fallaci, jornalista italiana, afirma que Álvaro Cunhal é «simpático, quase fascinante», que «acredita que é um revolucionário e não entende que é apenas um conformista desactualizado». Sobre Mário Soares diz que é «como um elefante, mas é corajoso e combativo».9 de Setembro de 1975 – Nota política da ORPC (m-l) intitulada “Levantemo-nos Contra as Medidas Fascistas!”, repudiando as últimas decisões do Conselho da Revolução e as ameaças de «reprimir a organização popular e suprimir a liberdade nos quartéis», definindo a Assembleia de Tancos como «um verdadeiro golpe de Estado das forças da direita que se agrupam à volta do programa dos ditos “moderados”» e do PS, de braço dado com a burguesia numa «ofensiva reaccionária» para «reprimir o povo e o avanço da Revolução».9 de Setembro de 1975 – Comunicado do PS intitulado “Sobre a 5.ª Divisão do EMGFA”.9 de Setembro de 1975 – Américo Duarte, deputado da UDP, solicita informações referentes às medidas que o Conselho da Revolução ameaça tomar contra os soldados da Polícia Militar, e relativamente a vários aspectos da descolonização de Angola e Timor.9 de Setembro de 1975 – Primeira intervenção parlamentar de Avelino Pacheco Gonçalves, deputado do PCP pelo Porto, sobre o parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais, relativo aos direitos e deveres económicos, sociais e culturais.9 de Setembro de 1975 – Alberto de Oliveira e Silva, deputado do PS, procede à leitura do relatório da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais sobre a proposta de aditamento de um novo número ao artigo 27.º (Liberdade de Consciência, Religião e Culto).9 de Setembro de 1975 – Aquilino Ribeiro Machado, deputado do PS, refere-se à descolonização relativamente a Angola, «destroçada pela guerra civil, desmoralizada e arquejante», focando a situação dos retornados.9 de Setembro de 1975 – Prosseguem os contactos com os partidos políticos para formação do VI Governo, sendo recebidos em Belém as delegações da UDP e PPM. Anteriormente tinham sido ouvidos o CDS, PPD, PS, PCP, MDP/CDE e MES.9 de Setembro de 1975 – Lei n.º 11/75, do Conselho da Revolução, que proíbe aos órgãos de comunicação social a divulgação de relatos, notícias, comunicados, moções ou documentos sobre acontecimentos ou tomadas de posição em unidades ou estabelecimentos militares, salvo se provenientes do Presidente da República, Conselho da Revolução, CEMGFA, chefe dos três Ramos das Forças Armadas (CEME, CEMA, CEMFA) e Comandante do COPCON. Ficou conhecida por “Lei da Censura Militar”, e concedia ao Conselho da Revolução a «possibilidade de aplicar sanções por via administrativa aos órgãos da Comunicação Social que cometessem actos ou tivessem comportamentos susceptíveis de pôr em risco» a coesão das Forças Armadas.9 de Setembro de 1975 – O Conselho de Redacção do DIÁRIO POPULAR considera que as restrições impostas pelo Conselho da Revolução são «uma ameaça à liberdade de Imprensa» e «à liberdade dos cidadãos».9 de Setembro de 1975 – Artur Portela Filho, director do JORNAL NOVO, critica as restrições impostas pelo Conselho da Revolução em noticiar acontecimentos militares.9 de Setembro de 1975 – Sophia de Mello Breyner escreve um texto de protesto contra a condenação à morte por garrote dos espanhóis Garmendia e Otaegui, que considera um acto de «puro intolerável» que a «consciência não pode aceitar».9 de Setembro de 1975 – Tenente-coronel Valentino Tavares Galhardo pediu a demissão das funções de presidente do Conselho de Administração da RTP.9 de Setembro de 1975 – Uma delegação de agrários e grandes proprietários é recebida no Quartel-General da Região Militar do Sul pelo brigadeiro graduado Pezarat Correia, a quem exigem o cumprimento da lei e o fim das ocupações selvagens.10 de Setembro de 1975 – Trabalhadores do Grupo MOCAR/SANTOMAR aprovam moção de solidariedade com o povo espanhol e de repúdio à «repressão contra as justas lutas dos trabalhadores nas fábricas, nos campos e nos quartéis», exigindo o repatriamento de José Duarte e Alípio de Freitas, portugueses presos nas «masmorras brasileiros».10 de Setembro de 1975 – As Comissões de Moradores do Alto da Eira, Vale Escuro e Peixinhos, em Lisboa, decidem constituir as Brigadas de Desempedrados para fazerem obras de melhoramento local e como forma de combater o desemprego.10 de Setembro de 1975 – Publicação do “Manifesto da Frente de Unidade Revolucionária”, que analisa o avanço das forças de direita no campo militar e o saneamentos dos militares progressistas e revolucionários, a «ofensiva política da social-democracia», propondo um programa de luta pela organização dos órgãos de Poder Popular, criação de Tribunais Populares, nacionalização sem indemnizações e sob controlo dos trabalhadores, pela generalização do controlo operário sobre a produção, pelo aprofundamento da reforma agrária, contra os despedimentos e pelo pleno emprego, contra a carestia de vida, pela independência nacional face ao imperialismo, dissolução da Assembleia Constituinte burguesa e formação de um Governo Revolucionário do Proletariado.10 de Setembro de 1975 – Comunicado do Secretariado Provisório do Porto da FUR que apoia a convocação de uma manifestação «claramente revolucionária» dos SUV – Soldados Unidos Vencerão!.10 de Setembro de 1975 – Manifestação dos SUV na Praça do General Humberto Delgado, Porto, em luta pela melhoria «dos pré de miséria» e por transportes gratuitos para os soldados, sob o lema “reaccionários fora dos quartéis, já!”, com a presença de 40 000 manifestantes, à cabeça dos quais 2 000 soldados e uma delegação do RALIS. General Carlos Fabião e o brigadeiro graduado Manuel Franco Charais são acusados de «quererem acabar com a revolução».10 de Setembro de 1975 – Capitão Álvaro Fernandes, oficial do COPCON, desvia do Depósito Geral de Material de Guerra, em Beirolas, um milhar de metralhadoras G-3 que mais tarde entrega ao PRP-BR, de Carlos Antunes e Isabel do Carmo.10 de Setembro de 1975 – Plenário de oficiais, sargentos e praças do Regimento de Polícia Militar para adoptar medidas em relação às decisões do Conselho da Revolução.10 de Setembro de 1975 – As estações de rádio, em especial a Rádio Renascença e o Rádio Clube Português, boicotam a chamada “Lei da Censura Militar”, e transmitem notícias da manifestação dos SUV e do plenário da Polícia Militar.10 de Setembro de 1975 – Incidentes entre trabalhadores agrícolas da Herdade das Cujancas e um grupo a mando dos agrários da Casa Hipólito Raposo, na feira do Crato, por causa da posse de cabeças de gado.10 de Setembro de 1975 – Comunicado do PCP que acusa o PPD de fazer um «apelo público à subversão contra-revolucionária, à insurreição de bandos armados contra o Estado democrático».10 de Setembro de 1975 – Realiza-se a Assembleia de Delegados de Unidade do Regimento de Polícia Militar, com a presença de comissões de trabalhadores, de moradores e sindicais, para incentivar as ligações das ADU com as estruturas do Poder Popular. Houve discussões em torno da manipulação partidária e do divisionismo.10 de Setembro de 1975 – Primeira intervenção parlamentar de Hilário Marcelino Teixeira, deputado do PCP por Santarém, que intervém na discussão, na generalidade, do parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais quanto ao título III – Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais.10 de Setembro de 1975 – José Niza Mendes, deputado do PS por Santarém, intervém na discussão do parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais relativo aos Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais.10 de Setembro de 1975 – Decreto-Lei n.º 494/75, da Secretaria de Estado da Descolonização, que cria uma comissão instaladora para gerir o IARN – Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais e estabelece o seu funcionamento.10 de Setembro de 1975 – 1500 refugiados vindos de Angola chegam a Lisboa.11 de Setembro de 1975 – O Secretariado Provisório das Empresas da Cintura Industrial de Lisboa convoca uma manifestação para dia 18 de Setembro, contra o avanço das «forças de direita».11 de Setembro de 1975 – O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portalegre e os trabalhadores da Herdade das Cujancas exigem a devolução do gado apreendido na feira de Crato.11 de Setembro de 1975 – Comício no Pavilhão dos Desportos de Lisboa de solidariedade com os povos brasileiro, chileno, espanhol e português, com a presença da União pela Liberdade e Direitos do Povo – Forças Guerrilheiras do Araguaia (Brasil), Frente del Pueblo (Chile), FRAP (Espanha) e UDP.11 de Setembro de 1975 – Surge o primeiro número da TRIBUNA DO CONGRESSO, órgão da Comissão Organizador do Congresso de Reconstrução do Partido Comunista, editado em Lisboa.11 de Setembro de 1975 – Álvaro Cunhal admite que membros do PCP possam participar no VI Governo Provisório, mas «sem ser em representação oficial» do partido.11 de Setembro de 1975 – Arnaldo de Matos, secretário-geral do MRPP, denuncia existência da «linha negra», uma «contra-corrente reaccionária» sectária e dogmática, composta «por um pequeno punhado de pessoas», que sabota a «justa política do Comité Central e desenvolvendo esforços desesperados para que o nosso Partido mude de cor, a classe operária seja abandonada e traída e a revolução não possa avançar a todo o vapor», sendo «uma corrente direitista em todo o sentido» que se «põe a quatro patas perante o social-fascismo e realiza toda a espécie de alianças sem princípios», apelando ao esmagamento desta «contra-corrente reaccionária», à unidade da «imensa maioria dos quadros e das massas» para «travar mil combates diários», de maneira a «que o nosso Partido não mude de cor, para que o povo não fique abandonado, para que a classe operária não seja traída, para que a Revolução não morra».11 de Setembro de 1975 – A Presidência da República anuncia novos encontros em separado com o PPD, PS e PCP, para formar «um Governo de Unidade Popular».11 de Setembro de 1975 – O Conselho da Revolução nomeia o capitão-de-mar-e-guerra graduado Ramiro Correia para contactar os órgão de comunicação social por causa da Lei n.º 11/75, e reduz os conselheiros de 24 para 19 membros.11 de Setembro de 1975 – Reunião do Governador Civil do Distrito de Vila Real com os núcleos locais do MDP/CDE, MES, PCP e PS para estabelecer uma plataforma de entendimento para a nomeação de uma nova Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Montalegre. O PPD recusou participar na reunião.11 de Setembro de 1975 – Emídio Guerreiro, em entrevista ao semanário TEMPO, esclarece a sua afirmação de pretender armar 50 mil «patriotas». Afirmação que fez depois do vice-almirante Pinheiro de Azevedo lhe ter dito que iria armar uma milícia de 40 mil homens. Reafirma estar disposto a organizar uma «resistência feroz contra qualquer tipo de tentativa de instalação de uma ditadura».11 de Setembro de 1975 – Américo Duarte, deputado da UDP, refere-se a provocações e campanhas contra a UDP, a partir do discurso do «fascista» Galvão de Melo (CDS) e da campanha de «ataques pessoais, provocações e calúnias» «bem orquestrada» dos «partidos burgueses», pois «infelizmente para o sr. Mário Soares a UDP não tem sido a sua filiada AOC ou o seu ajudante MRPP», assim «como para o sr. Álvaro Cunhal a UDP não tem sido o seu filiado MDP/CDE ou ainda o seu ajudante MES ou nessa invenção cunhalista que é a FUP». Manifesta apoio aos trabalhadores da Rádio Renascença e REPÚBLICA e elogia a recusa da Polícia Militar em embarcar para Angola.11 de Setembro de 1075 – José Luís Nunes, deputado do PS, critica uma intervenção de Américo Duarte (UDP) na qual ataca o dirigente socialista Mário Soares.11 de Setembro de 1975 – Brigadeiro graduado Eurico Corvacho é oficialmente exonerado das funções de comandante da Região Militar do Norte.11 de Setembro de 1975 – General graduado Duarte Nuno Pinto Soares retoma a direcção da Academia Militar.11 de Setembro de 1975 – Reunião de oficiais da Armada no Clube Militar Naval com o objectivo de impulsionar a contestação da representatividade da Assembleia da Armada.11 de Setembro de 1975 – Atentado bombista (de madrugada) em Lisboa, com explosão de três engenhos explosivos.11 de Setembro de 1975 – O Governo de Bona, Alemanha, põe a Base Aérea de Beja à disposição da ponte aérea entre Angola e Portugal.12 de Setembro de 1975 – As casas inacabadas do então Fundo de Fomento da Habitação, na zona nova de Vale da Amoreira, Baixa da Banheira, no concelho da Moita, foram ocupadas por famílias oriundas das ex-colónias africanas.12 de Setembro de 1975 – A Comissão de Moradores do Fogueteiro decide ocupar 48 fogos do Fundo de Fomento da Habitação que estavam por acabar.12 de Setembro de 1975 – Incidentes entre trabalhadores rurais ocupantes da Herdade das Cujancas e agrários durante uma manifestação em Portalegre.12 de Setembro de 1975 – Comício da FUR – Frente de Unidade Revolucionária no Campo Pequeno, em Lisboa, sob o lema “contra o fascismo e a social-democracia”, com a presença da FSP, LCI, LUAR, MDP/CDE, MES e PRP-BR. Registaram-se intervenções de António Galhordas (MDP), Heitor de Sousa (LCI), Rui Carneiro (FSP), Pedro Goulart (PRP) e Afonso de Barros (MES), que acusa Mário Soares e o PS de estarem «de cócoras perante os seus patrões».12 de Setembro de 1975 – Manifestação de organizações afectas ao MRPP no Rossio, Lisboa, sob o lema “nem fascismo, nem social-fascismo, governo popular”.12 de Setembro de 1975 – Uma lista afecta ao PS vence as eleições para o Sindicato dos Seguros do Sul, à qual pertencia José Torres Couto.12 de Setembro de 1975 – A comissão administrativa militar que geria a Câmara Municipal do Porto desde Maio de 1975, pediu a demissão por entender não ter apoio político-militar devido à exoneração do brigadeiro Corvacho do cargo de comandante da Região Militar do Norte.12 de Setembro de 1975 – Por ordem do Governador Civil do Distrito do Porto, a polícia impede e dissolve uma reunião do Conselho Municipal do Porto, organização que reúne as comissões de moradores, comissões de trabalhadores, comissões sindicais, o SAAL, cooperativas e organizações populares.12 de Setembro de 1975 – Capitão Vasco Lourenço afirma que o “Grupo dos Nove” é «a única hipótese viável de esquerda, neste país» e que «pretendemos uma revolução que seja da maioria do povo».12 de Setembro de 1975 – Capitão-de-mar-e-guerra graduado Ramiro Correia reúne-se com os directores dos jornais de Lisboa e Porto, por causa da chamada “Lei da Censura Militar”. No final do encontro afirmou que iria propor a revogação da lei em causa.12 de Setembro de 1975 – Tenente-coronel António Pires Veloso, com graduação de brigadeiro, toma posse do comando da Região Militar do Norte, coadjuvado pelo coronel graduado Gabriel Teixeira, chefe do Estado-Maior, e capitão David Martelo, chefe de gabinete.12 de Setembro de 1975 – É dado a conhecer um documento aprovado na reunião do Clube Militar Naval por oficiais da Armada onde se contesta a representatividade da Assembleia da Armada.12 de Setembro de 1975 – Decreto n.º 501-A/75, da Presidência da República, que exonera o general Vasco dos Santos Gonçalves do cargo de Primeiro-Ministro do V Governo Provisório, cessando, as suas funções todos os membros do referido Governo.12 de Setembro de 1975 – Américo Duarte, deputado da UDP, apresenta um requerimento sobre os operários da Messe, que ocuparam a fábrica, e outro relativo a uma manifestação em Évora de «latifundiários fascistas», e intervém na discussão do parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais, quanto aos Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais.12 de Setembro de 1975 – João Gomes, deputado do PS, evoca o aniversário do nascimento de Amílcar Cabral, e propõe um voto de saudação aos povos da Guiné-Bissau e Cabo Verde.12 de Setembro de 1975 – Diogo Freitas do Amaral, deputado do CDS, subscreve uma proposta relativa ao artigo 1.º da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais (Garantias e Condições de Efectivação).12 de Setembro de 1975 – General António de Spínola anuncia em Paris que fará brevemente um passeio pelo Norte de Portugal e pelo Norte de Angola, que está em poder da FNLA. Anuncia também um «plano de desestabilização da economia e do clima social» em Portugal e em Angola, e uma campanha de recolha de fundos.13 de Setembro de 1975 – Novos incidentes entre trabalhadores agrícolas e um grupo a mando dos agrários da Casa Hipólito Raposo, no Alto Alentejo, pela posse de cabeças de gado, com confrontos entre indivíduos armados de varapaus, catanas e caçadeiras.13 de Setembro de 1975 – A Comissão Distrital de Beja da UDP exige implementação da Reforma Agrária ao serviço do trabalhadores rurais, o fomento das ocupações de terras, e ao mesmo tempo contesta a validade dos estatutos do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja.13 de Setembro de 1975 – Depois de aprovado pelo PS, PPD e PCP o respectivo programa político, é anunciado que o VI Governo Provisório tomará posse a 18 de Setembro.13 de Setembro de 1975 – Vice-almirante Pinheiro de Azevedo, primeiro-ministro indigitado, ao apresentar o programa do VI Governo Provisório, afirma que deseja «reforçar a autoridade do governo que pretende ser interprete da vontade maioritária do Povo Português pela eficácia e disciplina» e «defender a ordem e a legalidade democrática».13 de Setembro de 1975 – Capitão Sousa e Castro, membro do Conselho da Revolução, advoga que é preciso «impor um pouco de ordem na governação e na conduta do processo revolucionário», pois a hierarquia das Forças Armadas «é sistematicamente posta em causa por novos e auto-proclamados defensores do povo».13 de Setembro de 1975 – O EXPRESSO noticia que têm sido levantadas no Depósito Geral de Material de Guerra, em Beirolas, «armas com requisições para diversas unidades» que «não chegam ao seu destino».13 de Setembro de 1975 – Despacho do Ministério do Planeamento e Coordenação Económica que define as normas do Plano Económico de Transição, visando a «construção da sociedade socialista».13 de Setembro de 1975 – Inicia em Londres a semana de solidariedade com o povo e os trabalhadores portugueses.13 de Setembro de 1975 – General António de Spínola fixa residência provisória na Suíça.13 de Setembro de 1975 – O ELP e o MDLP continuam a organizar-se em Espanha e no Norte de Portugal com vista a efectuar um golpe de Estado.

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