Inquietações Pedagógicas

30-09-2009
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O País do “NIM”?

“Facilitismo” ou “Exigência intolerável”?

O Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário (Lei 3/2008), estabelece, entre outras matérias, que:

• os alunos devem recuperar os saberes perdidos nas suas ausências, sejam elas justificadas ou injustificadas.

Não me parece haver nada de preocupante aqui: compete às escolas criar condições para que todos os alunos aprendam.

• as medidas a adoptar devem ser estabelecidas no Regulamento Interno de cada uma das escolas

Também aqui continuo tranquila: defendo a progressiva Autonomia das Escolas e o Regulamento Interno é um instrumento que há 8 anos cumpre esta missão – com base na legislação definir formas contextualizadas de intervenção.

No entanto este Estatuto do Aluno provocou enorme controvérsia na Assembleia da República e na Opinião pública, centrando-se a tónica no princípio do FACILITISMO.

Podemos ler, em “Salteadores da Arca” – 3 de Julho 2008:

A maioria socialista aprovou , com os votos contra de toda a oposição, o novo Estatuto do Aluno, que permite que os estudantes passem de ano sem frequentar as aulas, desde que sejam aprovados nas provas de recuperação, noticia a Lusa.

A proposta dos deputados do PS mantém a possibilidade de um aluno transitar de ano sem comparecer nas aulas, desde que obtenha aprovação na prova de recuperação, não sendo definido qualquer limite para o número de testes a que pode ser sujeito.

«Cuidado do PS em facilitar a vida aos alunos faltosos»

Para o PSD, que hoje propôs que um aluno fique automaticamente na situação de retenção ou exclusão caso volte a faltar injustificadamente depois de realizar a prova, esta medida defendida pela maioria transmite «uma mensagem muito negativa» aos estudantes.

«Há um grande cuidado do PS em facilitar a vida aos alunos faltosos, mas fica completamente esquecida qualquer mensagem aos alunos cumpridores, que agora não têm qualquer estímulo», acusou o deputado social-democrata Emídio Guerreiro.

A crítica foi partilhada pelas restantes bancadas da oposição, que acusam o Governo e a maioria parlamentar de «menosprezar o valor da assiduidade» e «mascarar as estatísticas» do abandono escolar.

«Agora o aluno vai poder faltar o que quiser e não pôr os pés nas aulas, desde que vá passando nas provas de recuperação a que for sendo sujeito, o que põe em causa o princípio fundamental da avaliação contínua», criticou igualmente João Oliveira, do PCP.

O mesmo princípio de “facilitismo” expresso pelo Arouca.Biz (13 de Nov 2007)

O que estão a fazer no sistema educativo é tão ridículo e despropositado que me faltam adjectivos para o qualificar mas talvez "facilitismo" e "balda" se adequem. Os professores são fortemente incentivados a um "laissez faire, laissez passer" porque toda a legislação saída nos últimos tempos encurrala-os de tal forma que vai levar quase inevitavelmente a este tipo de atitude para que o objectivo do governo se concretize, ou seja, boas taxas de "sucesso" escolar. Sucesso?!! criar ineptos? ignorantes? é essa a função da escola? Como se não bastasse ter que passar alunos a todo o transe e agora isto. (estatuto do aluno – 007 ordem para nada fazer, há 1 Ano)

Mas subitamente, tudo se baralha e contra o “facilitismo?” se insurgem os alunos: contra regime de faltas (5. Nov.2008)

Cerca de 1500 estudantes do Secundário manifestaram-se em Lisboa contra o regime de faltas estabelecido pelo Estatuto do Aluno. Estes estudantes querem entregar um conjunto de reivindicações ao Ministério da Educação.

(Lusa – Manifestação de estudantes em Lisboa contra o regime de faltas)

Temos assim, duas posições antagónicas: à ideia do facilitismo de que este Estatuto tem sido acusado, opõe-se, agora, a “revolta” dos estudantes contra as exigências de que, na sua opinião, estão a ser vítimas.

“Democracia” ou “Turbamulta”?

E como é que esta “revolta” juvenil se manifesta?

O movimento estudantil não pára de crescer. Têm ocorrido incidentes um pouco por todo o lado. Esta tarde, a luta dos estudantes contra a política educativa do Governo e, em particular, contra o Estatuto do Aluno, teve o seu epicentro na Escola Secundária D. Dinis, em Lisboa. Os dois secretários de estado, Valter Lemos e Jorge Pedreira, foram mal recebidos pelos alunos que atiraram ovos e tomates contra os carros onde seguiam Valter Lemos e Jorge Pedreira e contra os carros onde seguiam Valter Lemos e Jorge Pedreira e contra as paredes da sala onde os dois governantes estavam reunidos com duas centenas de PCEs. (Luta Social, 13.11.2008)

Comentários do mesmo jaez vão surgindo. E o sorriso de professoras que, surpreendentemente, no meio dos jovens “em luta” e com as paredes da escola cheias de restos de ovos, afirmam que estes alunos são muito bem comportados.

Fico estupefacta. Será que tenho andado enganada sobre o significado de “Democracia”, “Formação Cívica” e, por que não?, “Respeito”?

Será que estamos preparados, nós, professores, para sermos os alvos seguintes de toda esta revolta juvenil?

Maria Armandina Soares

O País do “NIM”?

“Facilitismo” ou “Exigência intolerável”?

O Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário (Lei 3/2008), estabelece, entre outras matérias, que:

• os alunos devem recuperar os saberes perdidos nas suas ausências, sejam elas justificadas ou injustificadas.

Não me parece haver nada de preocupante aqui: compete às escolas criar condições para que todos os alunos aprendam.

• as medidas a adoptar devem ser estabelecidas no Regulamento Interno de cada uma das escolas

Também aqui continuo tranquila: defendo a progressiva Autonomia das Escolas e o Regulamento Interno é um instrumento que há 8 anos cumpre esta missão – com base na legislação definir formas contextualizadas de intervenção.

No entanto este Estatuto do Aluno provocou enorme controvérsia na Assembleia da República e na Opinião pública, centrando-se a tónica no princípio do FACILITISMO.

Podemos ler, em “Salteadores da Arca” – 3 de Julho 2008:

A maioria socialista aprovou , com os votos contra de toda a oposição, o novo Estatuto do Aluno, que permite que os estudantes passem de ano sem frequentar as aulas, desde que sejam aprovados nas provas de recuperação, noticia a Lusa.

A proposta dos deputados do PS mantém a possibilidade de um aluno transitar de ano sem comparecer nas aulas, desde que obtenha aprovação na prova de recuperação, não sendo definido qualquer limite para o número de testes a que pode ser sujeito.

«Cuidado do PS em facilitar a vida aos alunos faltosos»

Para o PSD, que hoje propôs que um aluno fique automaticamente na situação de retenção ou exclusão caso volte a faltar injustificadamente depois de realizar a prova, esta medida defendida pela maioria transmite «uma mensagem muito negativa» aos estudantes.

«Há um grande cuidado do PS em facilitar a vida aos alunos faltosos, mas fica completamente esquecida qualquer mensagem aos alunos cumpridores, que agora não têm qualquer estímulo», acusou o deputado social-democrata Emídio Guerreiro.

A crítica foi partilhada pelas restantes bancadas da oposição, que acusam o Governo e a maioria parlamentar de «menosprezar o valor da assiduidade» e «mascarar as estatísticas» do abandono escolar.

«Agora o aluno vai poder faltar o que quiser e não pôr os pés nas aulas, desde que vá passando nas provas de recuperação a que for sendo sujeito, o que põe em causa o princípio fundamental da avaliação contínua», criticou igualmente João Oliveira, do PCP.

O mesmo princípio de “facilitismo” expresso pelo Arouca.Biz (13 de Nov 2007)

O que estão a fazer no sistema educativo é tão ridículo e despropositado que me faltam adjectivos para o qualificar mas talvez "facilitismo" e "balda" se adequem. Os professores são fortemente incentivados a um "laissez faire, laissez passer" porque toda a legislação saída nos últimos tempos encurrala-os de tal forma que vai levar quase inevitavelmente a este tipo de atitude para que o objectivo do governo se concretize, ou seja, boas taxas de "sucesso" escolar. Sucesso?!! criar ineptos? ignorantes? é essa a função da escola? Como se não bastasse ter que passar alunos a todo o transe e agora isto. (estatuto do aluno – 007 ordem para nada fazer, há 1 Ano)

Mas subitamente, tudo se baralha e contra o “facilitismo?” se insurgem os alunos: contra regime de faltas (5. Nov.2008)

Cerca de 1500 estudantes do Secundário manifestaram-se em Lisboa contra o regime de faltas estabelecido pelo Estatuto do Aluno. Estes estudantes querem entregar um conjunto de reivindicações ao Ministério da Educação.

(Lusa – Manifestação de estudantes em Lisboa contra o regime de faltas)

Temos assim, duas posições antagónicas: à ideia do facilitismo de que este Estatuto tem sido acusado, opõe-se, agora, a “revolta” dos estudantes contra as exigências de que, na sua opinião, estão a ser vítimas.

“Democracia” ou “Turbamulta”?

E como é que esta “revolta” juvenil se manifesta?

O movimento estudantil não pára de crescer. Têm ocorrido incidentes um pouco por todo o lado. Esta tarde, a luta dos estudantes contra a política educativa do Governo e, em particular, contra o Estatuto do Aluno, teve o seu epicentro na Escola Secundária D. Dinis, em Lisboa. Os dois secretários de estado, Valter Lemos e Jorge Pedreira, foram mal recebidos pelos alunos que atiraram ovos e tomates contra os carros onde seguiam Valter Lemos e Jorge Pedreira e contra os carros onde seguiam Valter Lemos e Jorge Pedreira e contra as paredes da sala onde os dois governantes estavam reunidos com duas centenas de PCEs. (Luta Social, 13.11.2008)

Comentários do mesmo jaez vão surgindo. E o sorriso de professoras que, surpreendentemente, no meio dos jovens “em luta” e com as paredes da escola cheias de restos de ovos, afirmam que estes alunos são muito bem comportados.

Fico estupefacta. Será que tenho andado enganada sobre o significado de “Democracia”, “Formação Cívica” e, por que não?, “Respeito”?

Será que estamos preparados, nós, professores, para sermos os alvos seguintes de toda esta revolta juvenil?

Maria Armandina Soares

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