Pedra Formosa: Recordando o Palácio de Vila Flor em 1884

23-05-2009
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O palacete que vai passar a acolher o Centro Cultural de Vila Flor foi palco, em 1884, de uma iniciativa dinamizada pela Sociedade Martins Sarmento que contribuiria para a renovação económica e cultural de Guimarães. O texto que se segue é o início de um artigo em que Joaquim de Vasconcelos descrevia, no Comércio do Porto (depois transcrito em O Minho Pitoresco), alguns aspectos deliciosos daquele acontecimento:"O andar nobre do palacete está dividido, em toda a sua extensão, em duas linhas de salas, que correm paralelas, a partir do grande átrio do lado do jardim, cinco; do lado oposto, na frontaria, apenas três, mas muito maiores. Estas duas linhas estão ligadas, na extremidade da ala, por dois pequenos gabinetes transversais com um vestíbulo de entrada, que dá saída para um dos lados do jardim. O andar superior, talhado em mansarda, seguindo a moda francesa do século XVIII, é de menor altura, mas não tem divisão paralela."São três salas, uma das quais ainda está vazia."Quem subir a elegante escada encontrará na primeira sala o que há de mais apetitoso no género doces, desde o pão-de-ló monumental de 0,60 centímetros de diâmetro, até à fruta confeitada de maior preço, oculta entre as flores e rendas de uma boceta vistosíssima. Os visitantes lançam por todas aquelas maravilhas um olhar melancólico: muito bonito, sim, mas invioláveis; só o júri é que gozará do privilégio de examinar, a fundo, todas aquelas sedutoras gulodices. O único remédio é pedir, suplicar aos srs. Serafim Barbosa, Mendes Guimarães, Sousa Júnior, às sras. D. Maria dos Prazeres Varandas, D. Maria Mendes, etc., que favoreçam as visitas com um bom sortimento no próprio restaurante da exposição."Foi uma excelente ideia estabelecer ali um elegante chalet com refrescos, mas pôr os belos doces tão longe, precisamente quando o viajante chega fatigado ao termo da sua jornada através do andar nobre, isso não foi bem calculado. Solicita-se, pois, um fornecimento em duplicado. Não pediremos outro tanto às sras. D. Antónia Amália Viegas, D. Ana Moreira, D. Isabel Freitas Costa, que apresentam as mais primorosas bocetas: é difícil esgotar qualquer desses exemplares numa tarde, mas não faltaria quem o levasse para casa como lembrança."

O palacete que vai passar a acolher o Centro Cultural de Vila Flor foi palco, em 1884, de uma iniciativa dinamizada pela Sociedade Martins Sarmento que contribuiria para a renovação económica e cultural de Guimarães. O texto que se segue é o início de um artigo em que Joaquim de Vasconcelos descrevia, no Comércio do Porto (depois transcrito em O Minho Pitoresco), alguns aspectos deliciosos daquele acontecimento:"O andar nobre do palacete está dividido, em toda a sua extensão, em duas linhas de salas, que correm paralelas, a partir do grande átrio do lado do jardim, cinco; do lado oposto, na frontaria, apenas três, mas muito maiores. Estas duas linhas estão ligadas, na extremidade da ala, por dois pequenos gabinetes transversais com um vestíbulo de entrada, que dá saída para um dos lados do jardim. O andar superior, talhado em mansarda, seguindo a moda francesa do século XVIII, é de menor altura, mas não tem divisão paralela."São três salas, uma das quais ainda está vazia."Quem subir a elegante escada encontrará na primeira sala o que há de mais apetitoso no género doces, desde o pão-de-ló monumental de 0,60 centímetros de diâmetro, até à fruta confeitada de maior preço, oculta entre as flores e rendas de uma boceta vistosíssima. Os visitantes lançam por todas aquelas maravilhas um olhar melancólico: muito bonito, sim, mas invioláveis; só o júri é que gozará do privilégio de examinar, a fundo, todas aquelas sedutoras gulodices. O único remédio é pedir, suplicar aos srs. Serafim Barbosa, Mendes Guimarães, Sousa Júnior, às sras. D. Maria dos Prazeres Varandas, D. Maria Mendes, etc., que favoreçam as visitas com um bom sortimento no próprio restaurante da exposição."Foi uma excelente ideia estabelecer ali um elegante chalet com refrescos, mas pôr os belos doces tão longe, precisamente quando o viajante chega fatigado ao termo da sua jornada através do andar nobre, isso não foi bem calculado. Solicita-se, pois, um fornecimento em duplicado. Não pediremos outro tanto às sras. D. Antónia Amália Viegas, D. Ana Moreira, D. Isabel Freitas Costa, que apresentam as mais primorosas bocetas: é difícil esgotar qualquer desses exemplares numa tarde, mas não faltaria quem o levasse para casa como lembrança."

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