Carlos Carranca - neste lugar sem portas

04-10-2009
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A Coragem de Sermos(Prefácio à obra Do Galaico-Português à Lusofonia)Para que não se repita a evidência já cons­tatada por Aquilino: «Dizem que o português é uma língua rica. Ê mas é pobre, tem palavras a mais», vou ser parco em palavras, a propósito desta obra dedicada aos jovens que se iniciam no estudo da cultura portuguesa.Maria Fernanda Godinho Esteves ama Por­tugal e o Brasil, suas duas pátrias, e estuda a sua língua e seus cultores num processo de reu­nificação nacional-afectivo, como traço de união (para utilizar uma expressão de Torga) de uma pátria comum.Mas será que a lusofonia existirá, na reali­dade, como comunidade de países de língua portuguesa? As comemorações oficiais desta comunidade têm revelado aos olhos de todos, uma fraude com intenção de ocultar erros, dis­tribuir medalhas, acumular riquezas; tudo em nome de valores caros, não só ao património histórico dos que falam português, como à Hu­manidade em geral. O nosso tempo, tão com­plexo quanto bárbaro, não nos deixa tempo para vermos «claramente visto». A globaliza­ção, em nome do progresso e da liberdade, es­maga-nos o olhar, a nós, que somos de «uma vaga pátria carinhosa».Como afirmou Eduardo Lourenço, o nosso país «é um país pequeno mas tem imaginário hiperbólico». Anda ansioso, Portugal por re cuperar de uma forma literária e mítica a iden­tidade que «Os Lusíadas» lhe deixou pelo mundo repartida e que hoje lhe falta.Este livro, simples, dedicado aos jovens, re­toma essa necessidade de reencontro com o nosso imaginário.Como um livro, a Pátria é o local de reen­contro, onde se pensa a nossa condição e se re­velam desígnios.A lusofonia tem a dimensão, se assim o qui­sermos, de um mundo que ajudámos a achar, na certeza porém, de que hoje os Oceanos já não estão por desvendar, e que o mais importante é preservar, para todos, o que é de todos, em nome de todos os idiomas; os Oceanos concre­tos que conservam a vida no planeta que pere­cerá se não houver, de novo, a coragem de ser­mos.Monte Estoril,Carlos Carranca


A Coragem de Sermos(Prefácio à obra Do Galaico-Português à Lusofonia)Para que não se repita a evidência já cons­tatada por Aquilino: «Dizem que o português é uma língua rica. Ê mas é pobre, tem palavras a mais», vou ser parco em palavras, a propósito desta obra dedicada aos jovens que se iniciam no estudo da cultura portuguesa.Maria Fernanda Godinho Esteves ama Por­tugal e o Brasil, suas duas pátrias, e estuda a sua língua e seus cultores num processo de reu­nificação nacional-afectivo, como traço de união (para utilizar uma expressão de Torga) de uma pátria comum.Mas será que a lusofonia existirá, na reali­dade, como comunidade de países de língua portuguesa? As comemorações oficiais desta comunidade têm revelado aos olhos de todos, uma fraude com intenção de ocultar erros, dis­tribuir medalhas, acumular riquezas; tudo em nome de valores caros, não só ao património histórico dos que falam português, como à Hu­manidade em geral. O nosso tempo, tão com­plexo quanto bárbaro, não nos deixa tempo para vermos «claramente visto». A globaliza­ção, em nome do progresso e da liberdade, es­maga-nos o olhar, a nós, que somos de «uma vaga pátria carinhosa».Como afirmou Eduardo Lourenço, o nosso país «é um país pequeno mas tem imaginário hiperbólico». Anda ansioso, Portugal por re cuperar de uma forma literária e mítica a iden­tidade que «Os Lusíadas» lhe deixou pelo mundo repartida e que hoje lhe falta.Este livro, simples, dedicado aos jovens, re­toma essa necessidade de reencontro com o nosso imaginário.Como um livro, a Pátria é o local de reen­contro, onde se pensa a nossa condição e se re­velam desígnios.A lusofonia tem a dimensão, se assim o qui­sermos, de um mundo que ajudámos a achar, na certeza porém, de que hoje os Oceanos já não estão por desvendar, e que o mais importante é preservar, para todos, o que é de todos, em nome de todos os idiomas; os Oceanos concre­tos que conservam a vida no planeta que pere­cerá se não houver, de novo, a coragem de ser­mos.Monte Estoril,Carlos Carranca

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