Fado Falado: O velho-gagá (RPS)

01-10-2009
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"O jovem mais velho de Portugal". Assim era designado, há uns anos, no Contra-Informação, o dirigente socialista António José Seguro. Pela imagem que dele tinha e por uns escassos contactos mantidos, parecia-me uma designação bem apropriada.Confirmei a justeza do epíteto, aquando das Legislativas de 2002, nas quais, por razões profissionais, acompanhei a campanha do PS. Foram vários os contactos prévios mantidos antes das três semanas de convivência diária. Seguro revelou-se educado, simpático, disponível e cumpria o seu papel, sem aqueles truques e jogadas baixas muito típicos de dirigentes partidários, principalmente em campanha eleitoral. Mostrava-se, contudo, um velho - nas conversas, na atitude, nas opiniões. Era afável, mas um velho afável como os outros velhos afáveis. E levava-se a sério demais.Lembro-me de um jantar de campanha, em Braga, numa noite fria. Estava presente Emídio Guerreiro, firme nos seus 102 ou 103 anos. Não se queixou do frio, comeu como um leão, conversou com toda a gente, riu-se, aturou os jornalistas que lhe faziam perguntas. Também conversei e, para além disso, observei longamente Emídio Guerreiro. Pareceu-me filho de Ferro Rodrigues e neto de Seguro.Com ambições de ser líder do PS, Seguro teve que assitir, impotente, à ascensão do seu rival Sócrates e remeteu-se, então, a um low-profile. À espera de ver chegar a sua hora (que, mesmo que venha a chegar, vai tardar...), puserem-no a estudar propostas de reforma do Parlamento, para que matasse o tempo.Leio nos jornais que uma das propostas é tornar o edifício da Assembleia da República "totalmente livre de fumo". Não só o plenário - que já o é - mas todo o edifício, impedindo qualquer deputado, jornalista, funcionário, cidadão visitante ou outrém de, por exemplo, fumar um cigarro enquanto caga nas casas de banho de São Bento. Quando assim for, Seguro declarará, decerto, o seu orgulho pelas medidas reformadoras que lançou.Nasceu velho, foi sempre velho e virou, definitivamente, velho-gagá.

"O jovem mais velho de Portugal". Assim era designado, há uns anos, no Contra-Informação, o dirigente socialista António José Seguro. Pela imagem que dele tinha e por uns escassos contactos mantidos, parecia-me uma designação bem apropriada.Confirmei a justeza do epíteto, aquando das Legislativas de 2002, nas quais, por razões profissionais, acompanhei a campanha do PS. Foram vários os contactos prévios mantidos antes das três semanas de convivência diária. Seguro revelou-se educado, simpático, disponível e cumpria o seu papel, sem aqueles truques e jogadas baixas muito típicos de dirigentes partidários, principalmente em campanha eleitoral. Mostrava-se, contudo, um velho - nas conversas, na atitude, nas opiniões. Era afável, mas um velho afável como os outros velhos afáveis. E levava-se a sério demais.Lembro-me de um jantar de campanha, em Braga, numa noite fria. Estava presente Emídio Guerreiro, firme nos seus 102 ou 103 anos. Não se queixou do frio, comeu como um leão, conversou com toda a gente, riu-se, aturou os jornalistas que lhe faziam perguntas. Também conversei e, para além disso, observei longamente Emídio Guerreiro. Pareceu-me filho de Ferro Rodrigues e neto de Seguro.Com ambições de ser líder do PS, Seguro teve que assitir, impotente, à ascensão do seu rival Sócrates e remeteu-se, então, a um low-profile. À espera de ver chegar a sua hora (que, mesmo que venha a chegar, vai tardar...), puserem-no a estudar propostas de reforma do Parlamento, para que matasse o tempo.Leio nos jornais que uma das propostas é tornar o edifício da Assembleia da República "totalmente livre de fumo". Não só o plenário - que já o é - mas todo o edifício, impedindo qualquer deputado, jornalista, funcionário, cidadão visitante ou outrém de, por exemplo, fumar um cigarro enquanto caga nas casas de banho de São Bento. Quando assim for, Seguro declarará, decerto, o seu orgulho pelas medidas reformadoras que lançou.Nasceu velho, foi sempre velho e virou, definitivamente, velho-gagá.

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