Rumo a Bombordo: O país rural

30-09-2009
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São 9 horas da manhã de uma segunda-feira chuvosa, numa Agência bancária de Mogadouro, distrito de Bragança. Lá dentro, impaciente, aguardo pela minha vez de ser atendido, pensando que tenho de chegar a Lisboa a tempo do almoço que marquei...A fila porém não se move. À minha frente uma senhora de negro vestido, com o mapa da vida marcado na sua face. Olhos molhados e olhar triste. Ao seu lado, presumo que a sua filha, deficiente, também de preto vestida.A referida senhora, traz em sua posse um cheque para pagamento, presumo que da segurança social. No balcão, o funcionário que a atende pede-lhe uma identificação. Ela diz que não tem. Pergunta-lhe então o nome, mas nada que ajude, pois Marias como ela há, só naquele balcão, mais sete. Pergunta-lhe então quando nasceu. A senhora não lhe sabe responder. Vai mexendo na carteira e mostrando velhos papeis sem qualquer préstimo. Perante aquele cenário fico atónito. A pobre senhora, que aparentava necessitar bastante daquele dinheiro, não tinha como lhe aceder. O funcionário diz-lhe que, enquanto ela não tiver algo que a identifique, não lhe poderá pagar, tal como já lhe havia dito outras vezes.A fila não anda mas não me sinto com coragem de reclamar, a senhora sem saber o que fazer não arreda pé e o funcionário apesar de diligente nada pode fazer!Este é o país rural, real, que aqui da cidade não conseguimos vislumbrar. É um país onde instalar internet (ainda não existe banda larga) demora um mês e arranjar uma simples máquina de lavar loiça três!Este é o país onde os problemas se nos deparam a cada esquina, e é neste país que temos que pensar se não queremos ter um Portugal cada vez mais adornado ao Litoral, com súburbios a rebentar de cheios e de falta de qualidade de vida. Todas as medidas que não passem pelo desenvolvimento sério do nosso interior, não passarão nunca de meros paliativos para uma política de (des)ordenamento do território que se encontra moribunda.


São 9 horas da manhã de uma segunda-feira chuvosa, numa Agência bancária de Mogadouro, distrito de Bragança. Lá dentro, impaciente, aguardo pela minha vez de ser atendido, pensando que tenho de chegar a Lisboa a tempo do almoço que marquei...A fila porém não se move. À minha frente uma senhora de negro vestido, com o mapa da vida marcado na sua face. Olhos molhados e olhar triste. Ao seu lado, presumo que a sua filha, deficiente, também de preto vestida.A referida senhora, traz em sua posse um cheque para pagamento, presumo que da segurança social. No balcão, o funcionário que a atende pede-lhe uma identificação. Ela diz que não tem. Pergunta-lhe então o nome, mas nada que ajude, pois Marias como ela há, só naquele balcão, mais sete. Pergunta-lhe então quando nasceu. A senhora não lhe sabe responder. Vai mexendo na carteira e mostrando velhos papeis sem qualquer préstimo. Perante aquele cenário fico atónito. A pobre senhora, que aparentava necessitar bastante daquele dinheiro, não tinha como lhe aceder. O funcionário diz-lhe que, enquanto ela não tiver algo que a identifique, não lhe poderá pagar, tal como já lhe havia dito outras vezes.A fila não anda mas não me sinto com coragem de reclamar, a senhora sem saber o que fazer não arreda pé e o funcionário apesar de diligente nada pode fazer!Este é o país rural, real, que aqui da cidade não conseguimos vislumbrar. É um país onde instalar internet (ainda não existe banda larga) demora um mês e arranjar uma simples máquina de lavar loiça três!Este é o país onde os problemas se nos deparam a cada esquina, e é neste país que temos que pensar se não queremos ter um Portugal cada vez mais adornado ao Litoral, com súburbios a rebentar de cheios e de falta de qualidade de vida. Todas as medidas que não passem pelo desenvolvimento sério do nosso interior, não passarão nunca de meros paliativos para uma política de (des)ordenamento do território que se encontra moribunda.

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